quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Reforma do Arruda começa hoje


Robert Fabisak


No dia da posse, Bezerra Coelho anunciou três obras, que juntas custarão R$ 4 mi
Novo presidente do Santa foi recebido com festa no primeiro dia do mandato
GUSTAVO LUCCHESI

Agora é oficial. Num raro dia de festa em 2008, as Repúblicas Independentes do Arruda se enfeitaram como não se via há tempos, para receber o seu novo rei. Diante de um salão lotado de esperançosos tricolores, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado e presidente do Porto de Suape, Fernando Bezerra Coelho, foi empossado, ontem à noite, na sede social do Mais Querido, no cargo de presidente executivo do Santa Cruz Futebol Clube durante o biênio 2009/2010.

E para delírio geral da nação tricolor, o novo mandatário coral não só anunciou, como assinou seis contratos, com três deles somando cerca de R$ 4 milhões, destinados a investimentos imediatos no estádio José do Rego Maciel. O primeiro acordo assinado foi o de recuperação dos anéis superior e inferior do José do Rêgo Maciel, com o valor do acordo sendo de R$ 650 mil. Em seguida, Bezerra Coelho oficializou a troca de toda a parte elétrica e iluminação do Arruda, onde serão gastos R$ 2,7 milhões, e os tricolores contarão com o apoio da Phillips. Para finalizar com chave de ouro, o presidente coral assinou o contrato para a troca de todo o gramado do estádio. A obra custará R$ 600 mil e será feita pela mesma empresa carioca que plantou a grama do estádio João Havelange, o Engenhão.

Além dessas obras estruturais, outros quatro acordos foram anunciados. São os seguintes: o contrato para iniciar o cadastramento de todos os torcedores do Santa Cruz, o chamado Censo Tricolor; a reativação das campanhas de arrecadação com os sócios; a autorização para o departamento jurídico do clube rever todos os contratos vigentes no clube; e a prorrogação do contrato, por mais três meses, com a empresa de auditoria que vem trabalhando no Tricolor.

Não querendo perder tempo e, estrategicamente, quebrando qualquer princípio de desconfiança por parte dos torcedores, Fernando Bezerra Coelho guardou para o final a notícia mais impactante. “As obras começam amanhã (hoje). Essa noite é para todos nós tricolores. Iremos nos reunir amanhã (hoje), às 8h30, para dividirmos melhor as tarefas. Eu quero ver as máquinas trabalhando no Arruda o mais rápido possível”, declarou.

Partindo para o quesito “promessas”, Bezerra Coelho informou que terá uma reunião com o novo Conselho Deliberativo, na quinta-feira da próxima semana, para tratar das mudanças no estatuto coral e dar início à criação do Santa Cruz S/A. De acordo com Fernando, a expectativa é que, até o fim deste ano, o fundo de investimento coral esteja com R$ 1,5 milhão, e até o final de 2009, some a quantia de R$ 25 milhões, prometendo ainda a entrega de um Centro de Treinamento no final do ano que vem. O diretor de futebol remunerado será anunciado até o dia 20 deste mês.

Além da torcida, algumas presenças ilustres marcaram presença na solenidade, como o vice-governador de Pernambuco, João Lyra (PDT), e o ex-governador Mendonça Filho (DEM).

Mais uma vez, torcida não poupou Edinho das vaias

Nem tudo foi alegria na tão festejada posse do novo presidente do Santa Cruz. Destoando de todos os gritos de apoio a Fernando Bezerra Coelho, bastou o ex-mandatário do Tricolor, Édson Nogueira, o Edinho, aparecer no salão e ser anunciado como integrante da mesa de cerimônia, para as vaias se apresentarem como penetras oficiais da festa coral.

Como já havia revelado em entrevista à Folha de Pernambuco, publicada na edição do último domingo, Edinho não abriu mão de fazer o seu discurso de despedida da presidência do clube, e como era esperado por todos, a torcida despejou toda as suas tristezas e decepções dos últimos anos no ex-presidente coral.

Com bastante dificuldade para se fazer ouvido pelos presentes ao salão, o ex-dirigente até tentou, mas a torcida passou cerca de 15 longos minutos entoando em alto e bom som gritos de repúdio a Edinho e de amor ao clube, como o famoso “e eu não paro, não paro não, sou Santa Cruz, sou tricolor de coração”. Aparentando não se incomodar com a reação da torcida, Nogueira completou o seu discurso final com os seguintes dizeres: “Para concluir, restam-me duas palavras: gratidão e perdão”, finalizou, para em seguida, deixar a cerimônia e o clube. “Como disse antes, saio de cabeça erguida. O que fiz (referindo-se ao discurso) não é qualquer um que tem moral para fazer não. Saio com o diploma de dignidade, pois nunca me omiti, nem nas situações mais adversas, como hoje (ontem), quando eu sabia que ia ser vaiado. Não tenho motivos para ter vergonha de mim”, disse Edinho, por telefone.

PAGAMENTO

Ao contrário do que estava programado, o pagamento aos funcionários do clube e integrantes da categoria de base do Santa Cruz, com salários até R$ 1 mil, não aconteceu através de um cheque simbólico. Com as contas do Tricolor bloqueadas pela Justiça do Trabalho, a solução encontrada foi depositar os cerca de R$ 70 mil, em dinheiro vivo, no setor administrativo do Tricolor, e repassar diretamente aos funcionários.

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