quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Conselho se reúne para decir data da eleição presidencial


O Conselho Deliberativo do Santa Cruz vai se reunir nesta quinta-feira à noite para decidir qual será o dia da eleição presidencial do clube. O presidente do Executivo, Edson Nogueira, afirmou que gostaria que o pleito fosse realizado no dia 30 de setembro. A idéia está sendo bem aceita pelos conselheiros, que devem aceitar a sugestão.

O único problema dessa reunião está no fato de o Arruda estar sem luz elétrica desde o último final de semana. O gerador utilizado pelo clube para suprir a necessidade está com uma peça quebrada.


Outro problema ocorreu nesta quinta-feira pela manhã. Assim que acabou o treinamento os jogadores descobriram que além de energia elétrica o clube também está sem água e não conseguiram tomar banho.

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

Após rebaixamento confirmado, Santa Cruz dispensa mais dois jogadores


Um dia após amargar o rebaixamento da Série C do campeonato brasileiro de futebol, o Santa Cruz dispensou mais dois jogadores. Os zagueiros Sandro e Uésclei, que não poderiam atuar na última partida do time na competição, foram liberados na manhã desta quinta-feira (4).

Ao todo, onze jogadores foram dispensados pelo Santa Cruz nos últimos sete dias, além do técnico Bagé. O presidente do clube, Edson Nogueira, também pediu afastamento, e o Arruda vive atualmente muita movimentação nos bastidores, para que se decida quais os candidatos que vão disputar a eleição, a ser realizada em setembro.

O Santa Cruz não está confirmado sequer na Série D do Brasileirão em 2009. Para garantir uma das duas vagas reservadas a Pernambuco na competição, o time tricolor vai ter que se sair bem no campeonato estadual. Uma má campanha na competição local pode deixar o time sem jogar durante todo o segundo semestre.

Da Redação do pe360graus.com

Charge - Folha de Pernambuco

Ricardo Rocha: 'Estou sofrendo muito'


Ex-jogador, que defendeu o Santa Cruz no início da carreira, diz que rebaixamento da equipe na Série C é triste mas merecido

Bernardo Ferreira
Rio de Janeiro

saiba mais

O ex-zagueiro Ricardo Rocha começou sua carreira no Santo Amaro, mas aparaceu para o futebol brasileiro no Santa Cruz, em 1983 e 1984. Seu ex-time deu a ele neste ano dois motivos para lamentar: uma participação frustrada na administração do clube e o rebaixamento para a Série D do Brasileirão.

O agora empresário de 45 anos foi convidado no início do ano para gerenciar o futebol tricolor. Mas disse ter ficado decepcionado com a falta de seriedade e organização e pediu para sair menos de dois meses depois. Hoje, não se surpreende com o fracasso do time na Terceira Divisão.

- Estou sofrendo muito, não queria ver o Santa Cruz nessa situação. Mas o rebaixamento é merecido. Não existe seriedade lá. Se continuarem agindo dessa maneira, vão cair para as Séries E, F, G...

Agência/Lancepress

Hoje empresário, Ricardo Rocha diz que nenhum jogador quer atuar pelo Santa Cruz

Ricardo Rocha garante ser amigo do presidente Edson Nogueira, mas acusa o dirigente de ter mentido sobre o orçamento do departamento de futebol - o que fez com que o pagamento dos salários atrasasse após a contratação de jogadores.

- Saí porque estava manchando o meu nome. No meu tempo, já existiam problemas, mas os salários eram pagos. Hoje ninguém mais quer jogar no Santa Cruz.

O ex-jogador faz uma crítica comum em Pernambuco ao presidente: de que ele centralizou demais o poder no clube tricolor. No entanto, acha que ele também foi abandonado por outros dirigentes. Edson Nogueira chegou ao cargo após o rebaixamento para a Série B, no fim de 2006. Foi a primeira vitória da oposição na história do clube.

Edinho, como é conhecido, deixará o cargo neste ano, após dois rebaixamentos. O dirigente foi procurado nesta quarta-feira para falar sobre a situação no Santa, mas passou o dia em reunião ou com o celular desligado.

Após rebaixamento, Santa Cruz dispensa dois zagueiros


Poucas horas depois de ver seu rebaixamento da Série C do Campeonato Brasileiro confirmado, o Santa Cruz anunciou a dispensa de dois zagueiros na manhã desta quinta-feira. Sandro e Wescley não estão mais nos planos do time pernambucano.

» Santa Cruz é rebaixado da Série C
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Ambos foram liberados após conversarem com o diretor de futebol Jomar Rocha. A dupla não tem condições de atuar no confronto com o Salgueiro, no próximo sábado, na despedida do Santa Cruz da competição.

O experiente Sandro está lesionado. Já Wescley foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva por sua expulsão na partida contra o Campinense, disputada no dia 10 de agosto. Enquadrado no artigo 250 ("praticar ato desleal"), ele pegou um gancho de três jogos.

Na manhã desta quinta-feira, o técnico Charles Muniz comandou um coletivo no Estádio do Arruda. O treinador começou as atividades com a mesma formação dos trabalhos realizados na última terça-feira. A única novidade foi a confirmação do retorno de Alexandre Oliveira no lugar de Gedeil.

Diante do Salgueiro, a tendência é que o time entre em campo com a seguinte escalação: Jaílson, George, Gonçalves, Stanley e Max; Leandro, Alexandre Oliveira, Vagner Rosa e Miller; Rosembrick e Thomas Anderson.

O volante Memo, com uma virose, não participou das atividades. O goleiro Jaílson apresentou o mesmo quadro, mas melhorou durante a última quarta-feira e conseguiu trabalhar normalmente.

Redação Terra

Santa Cruz é rebaixado na Série C


Recife (PE) - Sem sequer entrar em campo nesta quarta-feira, o Santa Cruz viu a confirmação de um dos piores episódios de sua história, ao ter confirmado seu rebaixamento na Série C do Campeonato Brasileiro.

O tradicional time pernambucano dependia de uma vitória do Caxias-RS sobre o Brasil-RS, além de uma combinação de outros resultados para sobreviver na competição. Com a goleada de 5 a 1 do time de Pelotas, o time não tem mais chances de classificação na segunda fase da disputa.

Assim, com somente três pontos conquistados nesta etapa da Série C, o Santa Cruz não tem mais possibilidades de ficar entre os 20 melhores colocados da competição, critério estabelecido pela CBF para permanecer na divisão para a próxima temporada. O time é somente o 30º colocado, entre os 32 clubes que estão na disputa.

Além disso, para garantir uma vaga na Série D do nacional, que estreará na próxima temporada, o Mais Querido ainda terá de ter bom desempenho no Campeonato Pernambucano de 2009 – o critério de escolha dos 40 clubes que disputarão a quarta divisão é a participação nos Estaduais.

E o Santa Cruz ainda pode ter a companhia de outros clubes de alguma tradição no cenário nacional: Remo-PA, América-MG, Noroeste-SP e o próprio Caxias-RS são outros candidatos ao rebaixamento na Série C do Brasileirão.

Santa Cruz cai para a Série D do Brasileiro


Tricolor é prejudicado pelos resultados do Grupo 24


LANCEPRESS!

Com a rodada desta quarta-feira, o Santa Cruz está oficialmente fora do Campeonato Brasileiro da Terceira Divisão e foi rebaixado para a nova Série D do Nacional. O fator que determinou a queda, foi a vitória do Caxias-RS sobre o Brasil-RS por 5 a 1 em Caxias do Sul, acabando com as pretensões do Santa de ficar na Série C.

O Caxias chegou aos seis pontos em duas vitórias e como o Santa só poderá chegar a seis pontos com uma vitória, já que resta apenas enfrentar o Salgueiro, o Tricolor já está matematicamente rebaixado. O Santa está na 30ª colocação da tabela e como a Série C de 2009 terá 24 clubes, o Santa está matematicamente desclassificado.

A péssima situação do Santa Cruz não começou neste ano, em 2005 o clube venceu o Campeonato Pernambucano no ano do centenário do arqui-rival Sport e ainda conseguiu o acesso para a Primeira Divisão do Nacional. Em 2006 fez uma péssima campanha no Brasileiro e foi rebaixado como lanterna da competição.

Em 2007, os sócios do clube, cansados da administração do então presidente Romerito Jatobá, elegeram Edson Nogueira, e pela primeira vez na história do Tricolor, um candidato de oposição venceu as eleições do clube. Nem assim o Santa fez boa campanha, pois mais uma vez foi rebaixado, desta vez, para a Terceira Divisão.

Já em 2008, a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) modificou a fórmula do Campeonato Pernambucano, segundo ela, para ajudar o Tricolor. Pela tabela, não existiria clássicos na primeira fase. Mesmo com isso, o Santa Cruz quase foi rebaixado para a Segunda Divisão, sem mesmo sequer ter enfrentando o Sport ou o Náutico.

Santa Cruz bate recorde negativo ao sofrer terceiro rebaixamento seguido


Time vê o poço ficar mais fundo com a estréia da Quarta Divisão em 2009. Outros despencaram da Série A para a C recentemente

Bernardo Ferreira
Rio de Janeiro

A Cobra Coral desceu três divisões desde 2006

O Santa Cruz conseguiu um feito inédito na história do futebol brasileiro: ser rebaixado por três anos consecutivos. O time pernambucano, que estava na Primeira Divisão em 2006, jogou a Segundona em 2007 e a Terceirona neste ano. Com uma campanha ruim, não conseguiu ficar entre os 20 que disputarão a reformulada Série C do ano que vem. Sobrou para ele a recém-criada Série D - isso se conseguir se classificar, segundo critérios que ainda serão adotados pela Federação Pernambucana.

O rebaixamento foi confirmado nesta quarta-feira, a uma rodada do fim da segunda fase, com a goleada do Caxias sobre o Brasil de Pelotas.

- Era mais fácil chover dois meses no sertão do que o Santa Cruz sair dessa - resignou-se o volante Alexandre Oliveira, ao saber do resultado em Caxias do Sul.

O Santa Cruz, fundado em 1914, já conquistou o Campeonato Pernambucano 24 vezes (mais do que o Náutico, que tem 21 títulos, e menos do que o Sport, com 37). O time ocupa a 21ª colocação do ranking da CBF, logo à frente do rival Náutico, que está na Primeira Divisão.

Queda livre tem sido freqüente no Brasileirão

Despencar da Primeira para a Terceira Divisão em apenas dois anos tem sido freqüente no Campeonato Brasileiro. A maldição nos últimos anos começou com o Criciúma, que foi rebaixado em 2004 e em 2005. O segundo foi o Paysandu, com quedas em 2005 e 2006. O Santa Cruz passou pelo mesmo processo e ainda deu azar de ver o poço ficar mais fundo, com a criação da Série D.

Dois times podem manter a fila andando. Paraná e América-RN, que deram adeus à elite em 2007, estão mal na Série B deste ano. O primeiro já está entre os quatro últimos colocados (em 18º lugar), e o segundo tem boas chances de entrar na zona de rebaixamento na noite de sexta-feira.

Reprodução/Reprodução

Site do Santa exibe mensagem de apoio após o rebaixamento no ano passado

Apenas a partir de 2001 o Campeonato Brasileiro viu se estabilizarem o sistema de rebaixamento e a disputa em três divisões. Antes disso, era comum a competição não ter times rebaixados ou sofrer viradas de mesa. O Fluminense, assim como acontece agora com o Santa Cruz, também teve três rebaixamentos seguidos (1996 e 1997 na Série A e 1998 na Série B), mas só os dois últimos valeram.

A CBF já divulgou o calendário para a temporada de 2009, com a inclusão da Série D. A competição - assim como acontecia com a Série C até este ano - terá seus times determinados por critérios das federações estaduais.


O declínio do Santa Cruz no Campeonato Brasileiro

Primeiro rebaixamento (2006): o pior na elite

Contra o Vasco, a pior derrota: 4 a 0 em casa

Campanha: foi o lanterna entre os 20 times, com sete vitórias, sete empates e 24 derrotas (marcou 41 gols e sofreu 76).

Pior derrota: 4 a 0 para o Vasco, no Arruda.

Principais jogadores: Jorge Henrique, Carlinhos Bala e Márcio Mixirica.

Prévia: na Copa do Brasil, o Santa passou raspando na primeira fase, contra o Vila Aurora (MT). Em seguida, foi eliminado pelo Vitória. No Pernambucano, o time sofreu uma dolorosa derrota na final. Após perder para o Sport por 2 a 1 na primeira partida, o Tricolor arrancou uma vitória por 1 a 0 no segundo jogo, com um gol no finzinho. Na disputa por pênaltis, entretanto, deu Sport.

Segundo rebaixamento (2007): na Série B, queda na reta final

Derrota para o Criciúma em reta final desastrosa

Campanha: ficou em 18º lugar, com dez vitórias, 12 empates e 16 derrotas (47 gols a favor e 65 contra). O time despencou na reta final - nas últimas 11 rodadas, acumulou sete derrotas e quatro empates.

Pior derrota: 6 a 0 para a Ponte Preta, em Campinas.

Principais jogadores: Marcelo Ramos, Kuki e Carlinhos Paraíba.

Prévia: foi eliminado logo na primeira fase da Copa do Brasil, com duas derrotas para o Ulbra Ji-Paraná (RO). No Pernambucano, ficou em sexto lugar. O consolo foi ter o artilheiro pela segunda vez seguida, com Marcelo Ramos sucedendo Carlinhos Bala.

Terceiro rebaixamento (2008): eliminação no meio do caminho

Jogadores se reúnem para uma corrente

Campanha: classificou-se com dificuldade na primeira fase, num grupo com Campinense-PB, Potiguar de Mossoró-RN e Central-PE. A uma rodada do fim da segunda fase, está na lanterna, atrás de Salgueiro-PE, Icasa-CE e Campinense-PB. Dezesseis times continuarão na disputa.

Pior derrota: 3 a 0 para o Potiguar de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Principais jogadores: Rosembrick e Sandro.

Prévia: foi eliminado novamente na primeira fase da Copa do Brasil, desta vez pelo Fast (AM). A campanha no Pernambucano não foi menos vexatória: ficou em sétimo lugar entre 12 times e foi obrigado a disputar o hexagonal da morte para fugir do rebaixamento.

Rivais lamentam queda do Santa Cruz

Presidentes de Sport e Náutico dizem que fracasso do Tricolor representa o enfraquecimento do futebol pernambucano

Bernardo Ferreira
Rio de Janeiro

Jogadores do Santa Cruz se reúnem antes do apito do juiz: time não se manteve na Série C

Nada de tripudiar. O momento desesperador vivido pelo Santa Cruz, rebaixado para a Quarta Divisão, foi motivo de lamentação nos rivais Sport e Náutico, que estão na elite do futebol brasileiro. Os presidentes dos dois clubes disseram que a queda do Tricolor é um baque para o futebol do estado e do Nordeste. No ano que vem, o Santa terá ainda de confirmar sua participação na Série D, de acordo com critérios a serem adotados pela Federação Pernambucana.

- Um clube se fortalece quando seus rivais estão fortes, pois faz com que não baixe a guarda. A queda do Santa Cruz é muito ruim para Pernambuco e para o Nordeste - lamenta Maurício Cardoso, do Náutico.

Milton Bivar, do Sport, tem opinião igual, mas ressalta que os torcedores não pensam da mesma maneira.

- A torcida não perde tempo. A gozação predomina, o que é normal no futebol.

Na verdade, nem mesmo os torcedores rubro-negros são unânimes em festejar a desgraça alheia. No site de relacionamentos Orkut, na maior comunidade do time, alguns lamentavam a perda de prestígio do clássico e demonstravam até pena. A maioria, no entanto, comemorou.

A rivalidade ainda fez com que o atacante Kuki, do Náutico, preferisse não lamentar ou mesmo comentar a situação do Santa.

- Alguns torcedores do Náutico podem pegar no meu pé depois - justificou o jogador, que participou do rebaixamento do Santa Cruz na Série B em 2007.

Dirigente diz que Sport é modelo para o Santa

Milton Bivar vê o futebol pernambucano mais fraco, mas não acha que seu clube seja atingido pela crise do rival. Segundo ele, o principal problema será a polarização entre Sport e Náutico na briga pela hegemonia em Pernambuco, já que "o Santa Cruz não terá condições de montar um time em condições de brigar por título".

O dirigente, que imagina que o orgulho impediria o rival de aceitar qualquer ajuda do Sport, vê seu clube como modelo para que o Santa Cruz saia dessa situação.

- Na área administrativa e financeira, podemos servir como modelo, sim. Temos uma política de pés no chão que diminuiu o número de ações na Justiça contra o clube.

O Sport é o atual campeão da Copa do Brasil e por isso tem vaga assegurada na Libertadores do ano que vem. No Brasileirão, ocupa uma posição intermediária na tabela de classificação - atualmente é o décimo colocado. Já o Náutico, em 18º, corre o risco de rebaixamento.

Os presidentes dos dois rivais estão juntos no lamento e também na esperança de que o Santa Cruz volte aos seus melhores dias.

- O clube tem força, tradição e torcida. O caminho a percorrer é mais longo, mas ele voltará à elite - aposta Maurício Cardoso.

Time de Quarta, torcida de Primeira

Santa Cruz tem a oitava melhor média de público entre os times das Séries A, B e C do Brasileiro, à frente de São Paulo, Vasco e Atlético-MG

Bernardo Ferreira
Rio de Janeiro

A melhor atuação do Santa Cruz na Série C do Campeonato Brasileiro aconteceu na arquibancada. A torcida levou ao estádio do Arruda quase 20 mil pessoas por jogo, apesar da má campanha do time, que foi incapaz de ficar entre os 20 melhores e acabou rebaixado.

Agência/Lance

Torcida foi sempre em bom número ao Arruda e acompanhou o time mesmo fora de casa

- O Santa Cruz hoje só tem uma coisa boa: a sua torcida. Ela é impressionante, maravilhosa - elogia o ex-jogador Ricardo Rocha, que defendeu o Tricolor no início da carreira, em 1983 e 1984.

A média de 19.894 torcedores por partida deixa o Santa Cruz na oitava colocação entre as 103 equipes que disputaram as Séries A, B e C. Está na frente de vários grandes que estão na elite, como São Paulo, Palmeiras, Vasco, Botafogo, Fluminense e Atlético-MG.

Por outro lado, não supera o rival Sport, que tem média de público um pouco superior: 21.639. Essa derrota na arquibancada reflete o melhor momento vivido pelos rubro-negros nos últimos anos. De acordo com as últimas pesquisas, o Sport já tem o triplo de torcedores do Santa em Pernambuco (e o dobro em Recife).

- O amor que o torcedor do Santa Cruz tem pelo seu time é comparável ao de Flamengo e Corinthians. Se o Santa chegasse às fases finais da Série C, ia ter público de Série A - compara o meia Alexandre Oliveira.

Os campeões de público em 2008 no Campeonato Brasileiro

Time Divisão Jogos Média de público Média de renda
1º Flamengo 11 37.013 R$ 641.899
2º Grêmio 12 30.166 R$ 569.950
3º Inter 11 22.600 R$ 293.150
4º Corinthians 11 22.012 R$ 430.121
5º Sport 11 21.639 R$ 252.374
6º Coritiba 11 21.379 R$ 340.129
7º Cruzeiro 12 20.889 R$ 304.122
8º Santa Cruz 6 19.894 R$ 99.193
OBS: Computados os jogos realizados até o dia 3 de setembror

Sonho de infância é frustrado em meio à pior fase da história do clube

Jogador, que esperou até os 29 anos para vestir a camisa do time do coração, participa do capítulo mais triste da história do Santa Cruz

Bernardo Ferreira
Rio de Janeiro

Alexandre vira Guerreiro na bandeira da torcida

Alexandre Oliveira esperou até os 29 anos para ver seu sonho de infância realizado: vestir a camisa do Santa Cruz. Mas 2008 será sempre lembrado por ele com tristeza. O pernambucano de Igarassu, que freqüentou muito a arquibancada do Arruda quando era garoto, viu de perto o time do coração escrever o pior capítulo da sua história, com o rebaixamento para a recém-criada Série D do Brasileirão.

- É a pior fase do clube desde a fundação. Não tem como ser pior. Antes não tinha para onde ir, mas agora inventaram a Série D. Se o time não tem recursos para disputar a Série C, imagina a D - lamenta o jogador (agora aos 30 anos), que chegou no início do ano e, graças à identificação com o clube, ganhou uma rara homenagem da torcida: uma bandeira personalizada.

Em São Paulo, torcida pelo rádio

O volante também presenciou a classificação do Santa Cruz para a elite do futebol brasileiro, em 2005. Ele estava em campo quando o time venceu a partida que valia vaga na Série A, mas do lado adversário. Na época, vestia a camisa da Portuguesa, que perdeu por 2 a 1 em Recife.

- Foi uma situação difícil. O Arruda estava lotado, com a torcida fazendo festa. Mas sou profissional e fiquei triste.

Nos dois anos seguintes, ainda defendendo a Lusa, acompanhou pela internet e pelo rádio o Santa Cruz sendo rebaixado na Série A e depois na Série B. Enquanto isso, o time paulista conseguia a sua volta à elite no Paulistão e no Brasileiro. Sem acordo para renovar o contrato no fim de 2007, Alexandre foi passar férias em Pernambuco e acertou com o Santa Cruz.

Jogador diz que Santa se tornou clube perdedor

- A minha idéia era disputar só o estadual. Mas o bicho foi pegando, e a minha vontade de sair dessa situação aumentava - conta o jogador. - Eu gostaria de comemorar o acesso à Série B. Outros jogadores vão embora, mas minha família é daqui, mora na Ilha do Itamaracá (na Grande Recife). Vou ouvir falarem desse rebaixamento para sempre.

Para Alexandre, a troca de treinadores e o entra-e-sai de jogadores contribuíram para o terceiro dos rebaixamentos do Santa Cruz.

- O trabalho começou com o Fito Neves, e com ele chegaram vários jogadores. Depois entrou o Bagé. Vieram mais alguns jogadores, mas ele disse que não tinha sido ele a formar o grupo. E isso gerou mal-estar - opina o jogador. - Não adianta: quando vem coisa ruim, é uma atrás da outra.

A única coisa boa do Santa Cruz na Série C, segundo Alexandre, foi a participação da torcida. Para ele, o apoio vindo da arquibancada evitou um vexame ainda maior, a eliminação na primeira fase.

- O Santa sempre esteve acostumado a grandes jogos e a disputar títulos. Mas se tornou um clube perdedor - lamenta.

Tristeza coral. Santa Cruz rebaixado

Marcos Pastich/Arquivo Folha



Vitória do Caxias/RS, ontem, sacramentou a terceira queda consecutiva do Tricolor
Há três anos, os torcedores corais só fazem colecionar derrotas e vexames
Filipe Assis


A esperança de continuar na Série C no próximo ano, que vinha mantendo o Santa Cruz vivo na competição, não existe mais. O milagre não aconteceu, e o coração tricolor parou de bater. Com a vitória do Caxias sobre o Brasil de Pelotas por 5x1, ontem à noite, o Mais Querido não tem chance de ser um dos quatro melhores times não-classificados para a próxima fase, e está matematicamente rebaixado de divisão. Pela terceira vez seguida. Agora, terá que lutar por uma vaga na Série D de 2009, fazendo uma boa campanha no Pernambucano. Da lamentável participação na Série C, sobraram apenas as lembranças de mais um fiasco. O consolo é saber que, pelo menos neste ano, o sofrimento acabou. O pior é que, há tão pouco tempo, o clube vivia momento de glória.

Estádio do Arruda, dia 26 de novembro de 2005. O Santa Cruz retornava à Primeira Divisão, como vice-campeão da Série B, após uma vitória por 2x1, de virada, sobre a Portuguesa. Uma conquista testemunhada por mais de 60 mil pessoas, e que não sairá da cabeça do torcedor tricolor tão breve. Não só pela grandeza da festa, mas também porque aquela foi a última comemoração no clube. Daquela data em diante, o Terror do Nordeste acumulou fracassos. A ponto de tornar-se a primeira agremiação na história do futebol nacional a ser rebaixada três vezes consecutivas em campeonatos brasileiros.

A vitoriosa campanha de 2005 garantiu ao Santa Cruz uma vaga no grupo dos 20 melhores times do País. Acima dos rivais Sport e Náutico, que naquele ano ficaram na Série B. Mas não foi só isso. Abaixo do Tricolor também estavam adversários de tradição no Nordeste, como Vitória e Bahia - na Série C -, além de Coritiba e Atlético/MG - na Segunda Divisão. Parecia que o time estaria pronto para reviver as glórias do passado. Apenas parecia.

A primeira decepção do ano de 2006 foi a perda do bicampeonato estadual. A segunda, bem mais angustiante, foi a vergonhosa campanha na Série A. O clube não teve tempo sequer para enganar a torcida. Nas dez primeiras rodadas disputadas, nenhuma vitória conquistada. O rebaixamento à Série B era previsível, e acabou se concretizando, antecipadamente. Enquanto isso, alvirrubros e rubro-negros comemoravam a volta à Primeira Divisão.

Sozinho na Série B, o Mais Querido tinha tudo para fazer uma grande campanha: contava com o apoio da torcida, e os adversários não eram tão fortes como em anos anteriores. Entretanto, o time deu inúmeros vexames em campo, como, por exemplo, as goleadas sofridas por 6x0 e 5x1, contra Ponte Preta e Barueri, respectivamente. Acabou sendo condenado a conhecer o inferno da Série C. E novamente por antecipação.

Em 2008, a Terceira Divisão parecia ser o fundo do poço. Mas ainda não era. O que parecia ser impossível aconteceu: o peso da camisa, a tradição e a força da torcida até conseguiram empurrar o fraco elenco para a segunda fase, mas não foram suficientes para garantir a equipe entre as 16 melhores. A Cobra Coral caiu sem oferecer perigo aos adversários, sem esboçar uma reação. Agora, a nação tricolor torce para que o poço não seja ainda mais fundo.

Ontem à noite, a torcida era por uma vitória do Brasil de Pelotas sobre o Caxias. Mesmo que isso acontecesse, o Tricolor seria obrigado a golear o Salgueiro e torcer por uma combinação de nove resultados. E o Brasil de Pelotas até começou ganhando, dando uma falsa expectativa aos corais. Entretanto, a reação do Caxias veio no segundo tempo, com uma goleada que, de uma vez por todas, rebaixou o Santa Cruz.

Resultados comprovam o inferno astral tricolor

Filipe Assis

O inferno astral do Santa Cruz não se limita aos Campeonatos Brasileiros. As atuações do clube na Copa do Brasil e no Estadual nos últimos dois anos foram, rapidamente, do ridículo ao trágico. Em ambas as competições, o Tricolor perdeu, repetidas vezes, para times sem expressão. Em algumas ocasiões, dentro do Arruda, com o apoio de sua torcida.

No Campeonato Pernambucano de 2007, a Cobra Coral terminou na sexta colocação, depois de amargar revezes surpreendentes. Como as derrotas por 5x2 e por 3x2 - esta no Arruda - para a Cabense, time que, naquele ano, foi rebaixado para a Série A2. Mas os vexames não pararam por aí. Na Copa do Brasil, o time foi eliminado pelo Ulbra/RO, tendo perdido os dois confrontos: 2x0, em Roraima, e 2x1, no José do Rego Maciel.

Em 2008, um novo regulamento no Campeonato Pernambucano colocou o Santa Cruz como cabeça-de-chave em um dos três grupos formados no Primeiro Turno. O objetivo era facilitar a vida do Tricolor, que vinha do rebaixamento à Terceira Divisão no Brasileiro. Entretanto, o time não conseguiu ficar entre os seis primeiros, apesar da ausência de clássicos. Acabou indo parar no Hexagonal da Morte, onde ficou em primeiro, garantindo o sétimo lugar no Estadual.

Ainda em 2008, a participação na Copa do Brasil foi, mais uma vez, digna de vergonha. Contra o desconhecido Fast Clube, uma derrota por 3x1, em Manaus, e uma magra vitória por 1x0, na Ilha do Retiro - o Arruda não havia sido liberado para a competição. Por ter um gol a menos de saldo, quando comparados os dois confrontos, o time foi eliminado.

Reunião do Conselho define hoje a data da eleição coral

GUSTAVO LUCCHESI

Os candidatos a comandar o Santa Cruz no biênio 2009/2010 devem dar uma trégua na batalha política hoje à noite, quando acontece a tão esperada reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, às 19h30, na auditório do clube. No encontro, deverá ser homologado o pedido do atual presidente Édson Nogueira, para que seja antecipada a eleição que elegerá o seu sucessor, com o único impasse devendo ser a data escolhida para a votação.

Enquanto a intenção de Edinho era realizar o pleito no dia 30 deste mês, o artigo 29 do estatuto do Mais Querido prevê que isso só pode ocorrer mediante a um edital publicado três vezes em jornal de grande circulação, e na página oficial do clube, com a antecedência de 20, 30 e 45 dias, respectivamente. Com isso, a votação só poderia ser realizada em 20 de outubro.

“Não haverá problema em relação à data proposta por Edinho. Como o clube vive uma situação bastante delicada, todos entenderão que o bom senso deve ser seguido e que o estatuto não precisa ser seguido à risca neste caso”, acredita Jomar Rocha, diretor de futebol. “Não vejo motivos para a eleição demorar mais para acontecer. Cada minuto que se passa são 60 segundos desperdiçados para trabalhar”, comentou Fernando Veloso, candidato pela chapa Aliança Coral.

Mesmo com toda a expectativa em cima da data oficial da eleição, a reunião de hoje à noite corre risco de não acontecer. Sem energia desde o início da semana, devido a uma dívida - em torno de R$ 16 mil - à empresa que fornece o gerador ao clube, os dirigentes corais correm para solucionar o problema.
UNIÃO
Após almoço, ontem, a chapa União de Verdade - nome ainda provisório -, anunciou Antônio Luiz Neto como candidato a presidente, com Romerito Jatobá como seu vice. Sonhando com um possível consenso com a chapa Aliança Coral, liderada por Fernando Veloso e Fred Arruda, as vagas para a presidência do Conselho Deliberativo e da Comissão Patrimonial foram deixadas em branco, com muitos acreditando que elas possam ser oferecidas a Veloso e Arruda.

Tristeza e tragédia em três cores


O Santa chegou aonde não imaginava: excluído da Série C do Brasileiro. A vitória do Caxias sobre o Brasil-RS, ontem, foi o último golpe – as últimas três temporadas foram de quedas seguidas. Agora, terá de obter um bom rendimento no Pernambucano de 2009 para disputar a recém-criada Série D. De hoje até a próxima quarta-feira, o JC publica a série de reportagens A cruz do Santa que analisa o desastre e abre discussão sobre os caminhos a serem trilhados pelo clube. O primeiro dia trata da gestão Edinho e a cronologia da pior fase em 94 anos de fundação. Amanhã, o modelo de administração – adotado por muitos presidentes – que afundou o Santa.
Marcos Leandro

mleandro@jc.com.br

Rafael Carvalheira

rvieira@jc.com.br

Reduzir toda a culpa da crise do Santa Cruz ao presidente Edson Nogueira, Edinho, é minimizar a história recente do clube, que nos últimos 20 anos só conquistou quatro títulos estaduais – 1990/93/95/2005 – e não conseguiu se segurar na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro nas duas vezes em que obteve o acesso em 1999 e 2005. Tudo isso reflexo de más gestões administrativas.

No entanto, Edinho, que em dezembro de 2006 assumiu a presidência nos braços do povo em uma eleição histórica, na qual derrotou o candidato da situação, Alberto Lisboa, apoiado pelo grupo do então presidente Romerito Jatobá, é crucificado pela torcida como o principal responsável pelo colapso que vive o clube. De fato, Edinho assumiu sua grande parcela de culpa por seus quase dois anos de fracassos e quedas.

Chegou ao poder dizendo que era um vencedor. Em meio a inúmeras frases de efeito, afirmou que “entre mais de um milhão de espermatozóides, fui o único a fecundar”. Mas a situação não permitia brincadeiras. Levou, logo de cara, o primeiro golpe. Anunciou Evaristo de Macedo, um companheiro antigo, como novo treinador. Evaristo recusou a proposta. Veio então Givanildo Oliveira, que ainda no Estadual foi para o Vitória-BA. No seu lugar assumiu Charles Muniz, que levou o clube à sexta colocação no Campeonato Pernambucano.

Ao passo que os resultados não davam certo dentro de campo na Série B, Edinho sofria outras derrotas. O vice-presidente, Fred Arruda pediu licença do cargo alegando centralização de poder por parte do presidente. Curiosamente, o mesmo discurso adotado por Edinho ao deixar o clube em 2005, quando era vice de Romerito. Outros diretores, como Sylvio Belém, foram e voltaram.

Essa turbulência nos bastidores fez com que a política do clube muitas vezes tomasse o espaço e a preocupação que deveriam ser destinados ao time dentro de campo, acumulando uma péssima campanha na Segundona. A queda era uma ameaça latente.

Mesmo contrariando a torcida, Edinho manteve Charles Muniz no comando do time até a 12ª rodada. Para o lugar dele, veio Mauro Fernandes. A troca foi um desastre. Sem vitórias, Mauro abandonou o Santa praticamente rebaixado. No desespero, o zagueiro Adriano comandou o time na derrota para o Criciúma, pondo os corais na Série C. Para desviar o foco do fracasso, Edinho ofereceu denúncia de uma suposta nova máfia do apito. Até agora, sem repercussão.

Virou o ano e em 2008 esperava-se uma reação. A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) deu uma “mãozinha” ao arquitetar um regulamento que evitava o confronto com os rivais Sport e Náutico, integrantes da elite do Brasileiro.

Edinho firmou parceira com Ricardo Rocha, ex-zagueiro do clube e agente de atletas. Zé do Carmo, outro ídolo, foi colocado como treinador, mesmo com a rejeição da maioria. Zé do Carmo não terminou o primeiro turno, assim como a sociedade com Ricardo Rocha. Demitido após derrotas para Ypiranga e Central, Zé deu lugar a Fito Neves. A substituição não salvou o Santa do hexagonal da morte, que rebaixaria duas equipes para a Segundona Estadual em 2009, “punição” da qual o Santa escapou.

O novo vexame no Pernambucano fez florescer rixas entre grupos políticos. Liderados pelo conselheiro Fernando Veloso, o Veneno Coral pediu a cassação de Edson Nogueira. Após batalhas de liminares, ficou tudo no mais do mesmo. Edinho continuou e começou a montar, com um desmotivado Fito Neves, o time para a disputa da Série C. Contratou alguns destaques de times do interior do Estado e apostou em indicações do futebol paraibano, mais precisamente do Treze-PB, vice-campeão estadual.

O time não se acertou. Mesmo com o apoio irrestrito da torcida, no Arruda e fora de casa. Bagé, ex-Icasa-CE, chegou para o lugar de Fito Neves e classificou o time à segunda fase. Mas, com um jejum de sete jogos sem vitória, o Santa está eliminado do Campeonato Brasileiro, pela primeira vez – para disputar a Série D deverá ficar entre os melhores do Pernambucano 2009.

“Desligava o rádio para não escutar”

Eleito como “salvador-da-pátria”, Edson Domingues Nogueira assume a culpa pelo caos em que o Santa está hoje e diz que passará a real situação ao sucessor.

JC – O senhor errou?

EDINHO – Todas as falhas fui eu que cometi, o regime é presidencialista. Se houve acertos, foram de todos. As falhas são exclusivas do presidente. Não posso estar fazendo caça às bruxas, dizer que toda esta situação vem de décadas. Não, não, não, não...Quando alguém assume um cargo desse, sabe de tudo.

JC – Como o sucessor vai encontrar o clube?

EDINHO – Em seriíssimas dificuldades. E vai ser tudo passado de forma clara. A situação do clube é realmente ruim. Mas, se houver um consenso, porque união é balela, é possível torná-lo viável novamente.

JC – O senhor aconselharia um amigo a ocupar o cargo?

EDINHO – Desde que viesse disposto a ouvir todas as partes e sofrer várias decepções. Todo mundo sabe que vou para todo lugar, ando sempre só e com a consciência tranqüila. Tenho certeza de que fiz o melhor. Não foi o melhor em termos de resultados. Mas procurei dignificar o cargo. Infelizmente, serei avaliado pelos resultados.

JC – A sua relação com pessoas próximas mudou por conta da crise?

EDINHO – Muda porque obviamente cada um tem o seu ponto de vista. Quem vive em coletividade convive com a discórdia e a divergência. Mas isso eu respeito. Nunca houve aqui, sob momento nenhum, falta de respeito às pessoas. Houve os desencontros e vão continuar havendo. São problemas corriqueiros e que acontecem até mesmo nas nossas casas.

JC – Com, pelo menos, oito possíveis candidatos, o processo eleitoral começa mal para um consenso?

EDINHO – Pior do que isso era a Espanha. A Espanha hoje é uma potência. Lá, não houve unanimidade, mas houve o consenso. Saiu da ditadura e atualmente é essa força. Espero que no Santa Cruz, pela sua grandeza, pela sua pujança, as pessoas, no mínimo, ajudem o clube, independentemente de gostarem ou não do próximo presidente.

JC – Como será conduzida a transferência do cargo, inclusive com os vários documentos perdidos?

EDINHO – Tudo aparece. Quando existe a boa vontade e a dignidade, não há nada para esconder. A notícia mal dada pode virar sensacionalismo. Notícia dada com verdade é feito estou dizendo. O clube atravessa situação difícil, de arrumar passagens de volta para os atletas, de honrar os compromissos com os funcionários, de comprar o diesel para o gerador. Tenho de mostrar para tentarem resolver.

JC – O senhor teme uma auditoria em sua administração?

EDINHO – Não vou pedir auditoria, nem ninguém vai pedir isso. Há uma auditoria feita na nossa gestão. O encarregado disso é inclusive da Receita Federal, que é Jomar Rocha (diretor de futebol). Quer maior lisura do que isso? O máximo de facilidade vou repassar.

JC – Como se comportou o torcedor Édson Nogueira nas derrotas?

EDINHO – Choro, rio, brinco, tenho sensibilidade, sou normalíssimo. Óbvio que não me sentia bem. Nos jogos em que ficava ouvindo, meu Deus do Céu, pensava que as transmissões iam me matar. Começava numa rádio, mudava para outra. Depois não conseguia mais e desligava.

JC – O Santa volta para a Série A?

EDINHO – Volta. Mas não será fácil.

JC – Com Édson Nogueira?

EDINHO – Deixa a juventude vir. Entendo que não sou muito acessível. Tenho meus conceitos. Você não colabora e quer mandar, não manda. Você não ajuda e liga dando pitaco, não vou ouvir. Sou assim mesmo. Você vem e participa, manda. Não vem e não participa, não manda.

Pênalti de Lecheva vira uma maldição

Certa vez, perguntado em entrevista pelo JC o que havia causado o rebaixamento do Santa Cruz da Série A para a B do Campeonato Brasileiro, no fim da temporada de 2006, o ex-presidente Romero Jatobá Filho – que concorrerá a eleição como vice de Antônio Luiz Neto, na chapa União de Verdade – disse que um dos grandes motivos foi o pênalti perdido pelo meia Lecheva, no dia 9 de abril daquele mesmo ano, na Ilha do Retiro, dando o título do Pernambucano ao Sport. A partir de então, os corais estariam condenados a viver uma sucessão de tragédias e provações.

Não sabia Romerito, na ocasião, que um pênalti perdido por um jogador tivesse tantos poderes sobrenaturais para seguir castigando dirigentes, jogadores e, sobretudo, os torcedores. O catastrófico desfecho é a eliminação do Brasileiro. Transformado em profecia e maldição, o lance de Lecheva, na verdade, contém uma representação de incompetência. Não de um mero erro esportivo. Mas serve como símbolo de mais uma desculpa encontrada para esconder equívocos e mais equívocos administrativos.

Afinal, seria no mínimo inocência debitar na conta de um pênalti perdido por um atleta profissional todas as amarguras de, pelo menos, dois anos e meio seguidos. O exemplo vem de perto. O próprio Náutico perdeu o Estadual de 1983 nos pênaltis para o Santa Cruz. Não sucumbiu. Nos dois anos seguintes, sagrou-se bicampeão pernambucano e ainda terminou na sexta colocação da edição de 1984 da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro.

Ou ainda a Itália, com Roberto Baggio. Em 1994, o meia, considerado um dos mais inteligentes jogadores de todos os tempos, errou feio o pênalti que concedeu o tetracampeonato mundial ao Brasil, nos Estados Unidos. Em 1998, foi a vez de sair nas quartas-de-final para a dona da casa França, novamente nas cobranças de penalidades. Ninguém baixou a cabeça ou deixou de classificar a seleção para as edições seguintes da competição. Em 2006, na Alemanha, veio o tetra...E nos pênaltis.

Para ficar apenas dentro de campo, desde aquela trágica noite na Ilha do Retiro, 160 jogadores vestiram a camisa do Santa Cruz em, pelo menos, uma partida oficial. Mais recentemente, no intervalo de dois meses e meio do Estadual para o Brasileiro, foram 22 contratações, na maioria “achados” nos clubes do interior de Pernambuco e da Paraíba. Muitos deles não atuaram mais que uma partida na Terceirona. Houve inclusive quem não conseguiu sequer estrear.

Treinadores também são um capítulo à parte. De Lecheva até hoje, 13 pessoas estiveram à frente do comando técnico coral, fosse de forma efetiva, fosse interinamente. Fito Neves, por exemplo, passou duas vezes pelo Santa nesse período sem obter sucesso. A primeira delas, durante a Série A de 2006, a outra, entre a segunda fase do primeiro turno do Estadual desta temporada e as três primeiras rodadas do Grupo 5 da primeira fase da Série C. Ao todo, foram cinco interinos e oito contratados.

Papel dá vitória ao Caxias e mata o Santa


Ex-atacante do Sport faz os gols da virada e sacramenta a eliminação do tricolor da Série C do Brasileiro 2009

O Santa Cruz está, momentaneamente, fora do Nacional. A goleada do Caxias por 5x1 sobre o Brasil-RS, ontem à noite, pela quinta rodada do Grupo 24, matou o sonho tricolor de ficar com a quarta melhor campanha entre os 16 times que não passarem à terceira fase da Série C.

Agora, para disputar em 2009 a recém-criada Série D, os corais precisam de um bom desempenho no próximo Campeonato Pernambucano, que classificará apenas duas equipes para a nova competição criada pela CBF. Sport e Náutico (hoje na Série A) e o Salgueiro – que deve, ao menos, se segurar na C ou subir para a B –, não competem com o Santa pelas vagas na D.

O carrasco dos corais, foi o ex-rubro-negro Valdir Papel. Ele marcou os dois primeiros, dos cinco gols do time de Caxias do Sul, que chegou a seis pontos e duas vitórias.

Assim, quatro chaves já têm três times com mais de seis pontos ou com seis pontos e duas vitórias. O Santa, caso passe pelo Salgueiro, sábado, no Cornélio de Barros, no Sertão pernambucano, chegaria ao seu sexto ponto, mas só teria uma vitória. No outro jogo de ontem, Marcílio Dias-SC 2x1 Toledo-PR.

ELEIÇÃO

Com a consumação do desastre coral, o clube passa a respirar só a sucessão presidencial. Hoje, às 19h, o Conselho Deliberativo tem uma reunião importante, na qual deve ser homologada a antecipação das eleições presidenciais para o biênio 2009/10 de 12 de dezembro para 30 de setembro. A nova data foi proposta pelo atual mandatário, Edson Nogueira, Edinho.

A decisão não agradou a algumas lideranças do clube, como o ex-presidente José Neves Filho. Segundo ele, se a eleição ocorrer no dia 30 de setembro, o Estatuto do clube será desrespeitado, já que o regimento manda que três editais de convocação sejam publicados com 45, 30 e 15 dias de antecedência ao pleito. “A antecipação da eleição é um caso omisso, por isso será analisado pelo Conselho Deliberativo, como prevê o Estatuto”, disse o advogado do Santa, Eduardo Lopes.

A tendência é que ocorra uma redução entre os prazos de publicação dos três editais.

Antigos inimigos aliam-se em chapa

Tanto no futebol quanto na política, a realidade de hoje pode não ser a de amanhã. E quando estão juntos, futebol e política, muito menos. Outrora adversários, o vereador Antônio Luiz Neto e o ex-presidente Romero Jatobá Filho, Romerito, decidiram se unir para a disputa presidencial do Santa Cruz para o biênio 2009/10. Os dois ficaram de lados opostos em 2004, quando Romerito venceu o pleito.

A chapa União de Verdade, encabeçada por Antônio Luiz Neto e com Romerito como vice do executivo, foi costurada ontem à tarde, em um almoço que contou com várias lideranças corais – os ex-mandatários João Caixero e José Neves Filho –, além de Ricardo de Paula, que comandou a Comissão Patrimonial na gestão do próprio Romerito.

“O Santa Cruz atravessa um momento de muita dificuldade e só uma grande coalizão vai conseguir recuperar o clube. É hora de esquecer o passado. Estamos dispostos a conversar com outros grupos, por isso deixamos alguns cargos em aberto”, disse Antônio Luiz Neto, acrescentando que não há impedimento legal na sua candidatura, já que ele concorre também às eleições municipais. O advogado do Santa, Eduardo Lopes, não quis se pronunciar.

“Pessoalmente, não tenho nada contra as pessoas do grupo de Romerito, mas no campo político, não vejo como fazermos as mudanças que o clube precisa tendo uma chapa encabeçada por eles”, disse Fernando Veloso, também candidato à presidência.

Mais três chapas devem ser lançadas oficialmente nos próximos dias: a Reconstrução, do empresário Felipe Rego Barros, a da Nova Geração, liderada pelo empresário Paulo Pereira, além da Renova Santa Cruz, do bacharel em Direito, Rui Monteiro. Vale a pena ressaltar que esses três grupos podem se unir.

Chapão


Fernando Bezerra Coelho é colocado como nome de consenso para presidir o Santa no próximo biênio José Gustavo // Diario
Jose.gustavo@diariodepernambuco.com.br

O que parecia improvável no turbulento processo eleitoral do Santa Cruz vai acontecer nos próximos dias: a união dos grupos políticos em prol de uma candidatura única. E não será em torno do nome de Antônio Luiz Neto, que lançou sua candidatura, ontem à tarde, com Romerito Jatobá. Pelo contrário. Essa chapa implodiu menos de seis horas depois de composta. Em um trabalho de formiguinha, muito bem feito por algumas lideranças tricolores, no início da noite, foi confirmado o nome de Fernando Bezerra Coelho, atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, como candidato único à presidência executiva do Santa Cruz Futebol Clube.

Em uma reunião na casa do ex-vice-presidente Tonico Araújo, Bezerra Coelho, recebeu o aval de um amplo grupo - formado por mais de dez pessoas - representando a esmagadora maioria dos grupos políticos que compõem o Tricolor. Estavam nesta reunião, inclusive, José Neves Filho e Ricardo de Paula, que representaram a chapa de Antônio Luiz Neto e Romerito Jatobá.

Como Fred Arruda e Fernando Veloso estão viajando, Roberto Freire representou Fred e também Felipe Rêgo. Tonico Araújo falou por Veloso. Além deles, João Braga deu o aval da atual gestão esclarecendo, inclusive, que o presidente Edson Nogueira abrirá o clube e concederá apoio irrestrito. Alguns outros tricolores independentes também se fizeram presente.

Nos próximos dias, os trabalhos de costura continuam para compor o restante da chapa, que deve ser bastante ampla. Comenta-se que Fred Arruda, do grupo Aliança Coral, tem tudo para assumir a vice-executiva. Fernando Veloso, do Ninho das Cobras, ficaria com a presidência do Conselho. A Comissão Patrimonial ainda continua aberta.

Conselho - Hoje, às 19h30, acontece a tão esperada reunião do Conselho Deliberativo, que deve homologar 30 de setembro como a data para a realização do pleito coral.

Articulação sem alarde

Foi um trabalho realizado sem alarde, minucioso e bem articulado. O nome de Fernando Bezerra Coelho chega com muita força e, praticamente, sem ser questionado por nenhuma liderança do clube. Um nome que conseguiu agregar todos os tricolores em prol do soerguimento do Santa Cruz. Um novo horizonte. Em uma rápida e exclusiva conversa com o Diario, o agora candidato único não conseguiu esconder o sorriso.

"Foi uma convocação. Me pegou até de surpresa, mas alguns amigos começaram a cogitar e como foi para unir o clube eu resolvi aceitar", afirmou dizendo que precisa ainda consultar o governador Eduardo Campos, que não deve colocar obstáculos. "Precisamos traçar novos caminhos para o clube. O momento é difícil e precisamos de todos os tricolores juntos", completou.

Um dos principais articuladores do nome de Fernando Bezerra Coelho foi o ex-vice-presidente tricolor, Tonico Araújo. "Esta é uma prova que o Santa Cruz é muito grande e forte e que não tem mais espaço para divergências. Todos os candidatos e seus representantes retiraram os nomes em prol de uma união no clube. Vamos caminhar todos juntos para trilhar novos dias de glorias", disse antes de completar: "Bezerra coelho, inclusive, foi um dos responsáveis pela recuperação do anel superior do Arruda", completou.

A queda anunciada

Aconteceu como em uma eutanásia. Somente a frieza da matemática ainda mantinha viva a esperança tricolor de permanecer na Série C do próximo ano. Não mais. Ontem à noite, os números condenaram o Santa Cruz ao seu mais profundo abismo. A vitória do Caxias sobre o Brasil por 5 x 1, ontem, em Caxias do Sul, empurrou o clube pernambucano para uma queda de conseqüências desconhecidas. Atualmente, o Mais Querido está excluído da disputa do Brasileiro.

Para participar da competição na próxima temporada, o Santa Cruz vai precisar assegurar a sua vaga com um bom desempenho no Estadual. A vaga na inédita Série D não está garantida. É necessário conquistá-la. Condição preocupante. Os dois lugares reservados a Pernambuco serão destinados aos times de melhor colocação no Estadual, excluindo as equipes participantes das três primeiras divisões nacionais - leia-se Náutico, Sport e Salgueiro.