quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tristeza coral. Santa Cruz rebaixado

Marcos Pastich/Arquivo Folha



Vitória do Caxias/RS, ontem, sacramentou a terceira queda consecutiva do Tricolor
Há três anos, os torcedores corais só fazem colecionar derrotas e vexames
Filipe Assis


A esperança de continuar na Série C no próximo ano, que vinha mantendo o Santa Cruz vivo na competição, não existe mais. O milagre não aconteceu, e o coração tricolor parou de bater. Com a vitória do Caxias sobre o Brasil de Pelotas por 5x1, ontem à noite, o Mais Querido não tem chance de ser um dos quatro melhores times não-classificados para a próxima fase, e está matematicamente rebaixado de divisão. Pela terceira vez seguida. Agora, terá que lutar por uma vaga na Série D de 2009, fazendo uma boa campanha no Pernambucano. Da lamentável participação na Série C, sobraram apenas as lembranças de mais um fiasco. O consolo é saber que, pelo menos neste ano, o sofrimento acabou. O pior é que, há tão pouco tempo, o clube vivia momento de glória.

Estádio do Arruda, dia 26 de novembro de 2005. O Santa Cruz retornava à Primeira Divisão, como vice-campeão da Série B, após uma vitória por 2x1, de virada, sobre a Portuguesa. Uma conquista testemunhada por mais de 60 mil pessoas, e que não sairá da cabeça do torcedor tricolor tão breve. Não só pela grandeza da festa, mas também porque aquela foi a última comemoração no clube. Daquela data em diante, o Terror do Nordeste acumulou fracassos. A ponto de tornar-se a primeira agremiação na história do futebol nacional a ser rebaixada três vezes consecutivas em campeonatos brasileiros.

A vitoriosa campanha de 2005 garantiu ao Santa Cruz uma vaga no grupo dos 20 melhores times do País. Acima dos rivais Sport e Náutico, que naquele ano ficaram na Série B. Mas não foi só isso. Abaixo do Tricolor também estavam adversários de tradição no Nordeste, como Vitória e Bahia - na Série C -, além de Coritiba e Atlético/MG - na Segunda Divisão. Parecia que o time estaria pronto para reviver as glórias do passado. Apenas parecia.

A primeira decepção do ano de 2006 foi a perda do bicampeonato estadual. A segunda, bem mais angustiante, foi a vergonhosa campanha na Série A. O clube não teve tempo sequer para enganar a torcida. Nas dez primeiras rodadas disputadas, nenhuma vitória conquistada. O rebaixamento à Série B era previsível, e acabou se concretizando, antecipadamente. Enquanto isso, alvirrubros e rubro-negros comemoravam a volta à Primeira Divisão.

Sozinho na Série B, o Mais Querido tinha tudo para fazer uma grande campanha: contava com o apoio da torcida, e os adversários não eram tão fortes como em anos anteriores. Entretanto, o time deu inúmeros vexames em campo, como, por exemplo, as goleadas sofridas por 6x0 e 5x1, contra Ponte Preta e Barueri, respectivamente. Acabou sendo condenado a conhecer o inferno da Série C. E novamente por antecipação.

Em 2008, a Terceira Divisão parecia ser o fundo do poço. Mas ainda não era. O que parecia ser impossível aconteceu: o peso da camisa, a tradição e a força da torcida até conseguiram empurrar o fraco elenco para a segunda fase, mas não foram suficientes para garantir a equipe entre as 16 melhores. A Cobra Coral caiu sem oferecer perigo aos adversários, sem esboçar uma reação. Agora, a nação tricolor torce para que o poço não seja ainda mais fundo.

Ontem à noite, a torcida era por uma vitória do Brasil de Pelotas sobre o Caxias. Mesmo que isso acontecesse, o Tricolor seria obrigado a golear o Salgueiro e torcer por uma combinação de nove resultados. E o Brasil de Pelotas até começou ganhando, dando uma falsa expectativa aos corais. Entretanto, a reação do Caxias veio no segundo tempo, com uma goleada que, de uma vez por todas, rebaixou o Santa Cruz.

Resultados comprovam o inferno astral tricolor

Filipe Assis

O inferno astral do Santa Cruz não se limita aos Campeonatos Brasileiros. As atuações do clube na Copa do Brasil e no Estadual nos últimos dois anos foram, rapidamente, do ridículo ao trágico. Em ambas as competições, o Tricolor perdeu, repetidas vezes, para times sem expressão. Em algumas ocasiões, dentro do Arruda, com o apoio de sua torcida.

No Campeonato Pernambucano de 2007, a Cobra Coral terminou na sexta colocação, depois de amargar revezes surpreendentes. Como as derrotas por 5x2 e por 3x2 - esta no Arruda - para a Cabense, time que, naquele ano, foi rebaixado para a Série A2. Mas os vexames não pararam por aí. Na Copa do Brasil, o time foi eliminado pelo Ulbra/RO, tendo perdido os dois confrontos: 2x0, em Roraima, e 2x1, no José do Rego Maciel.

Em 2008, um novo regulamento no Campeonato Pernambucano colocou o Santa Cruz como cabeça-de-chave em um dos três grupos formados no Primeiro Turno. O objetivo era facilitar a vida do Tricolor, que vinha do rebaixamento à Terceira Divisão no Brasileiro. Entretanto, o time não conseguiu ficar entre os seis primeiros, apesar da ausência de clássicos. Acabou indo parar no Hexagonal da Morte, onde ficou em primeiro, garantindo o sétimo lugar no Estadual.

Ainda em 2008, a participação na Copa do Brasil foi, mais uma vez, digna de vergonha. Contra o desconhecido Fast Clube, uma derrota por 3x1, em Manaus, e uma magra vitória por 1x0, na Ilha do Retiro - o Arruda não havia sido liberado para a competição. Por ter um gol a menos de saldo, quando comparados os dois confrontos, o time foi eliminado.

Reunião do Conselho define hoje a data da eleição coral

GUSTAVO LUCCHESI

Os candidatos a comandar o Santa Cruz no biênio 2009/2010 devem dar uma trégua na batalha política hoje à noite, quando acontece a tão esperada reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, às 19h30, na auditório do clube. No encontro, deverá ser homologado o pedido do atual presidente Édson Nogueira, para que seja antecipada a eleição que elegerá o seu sucessor, com o único impasse devendo ser a data escolhida para a votação.

Enquanto a intenção de Edinho era realizar o pleito no dia 30 deste mês, o artigo 29 do estatuto do Mais Querido prevê que isso só pode ocorrer mediante a um edital publicado três vezes em jornal de grande circulação, e na página oficial do clube, com a antecedência de 20, 30 e 45 dias, respectivamente. Com isso, a votação só poderia ser realizada em 20 de outubro.

“Não haverá problema em relação à data proposta por Edinho. Como o clube vive uma situação bastante delicada, todos entenderão que o bom senso deve ser seguido e que o estatuto não precisa ser seguido à risca neste caso”, acredita Jomar Rocha, diretor de futebol. “Não vejo motivos para a eleição demorar mais para acontecer. Cada minuto que se passa são 60 segundos desperdiçados para trabalhar”, comentou Fernando Veloso, candidato pela chapa Aliança Coral.

Mesmo com toda a expectativa em cima da data oficial da eleição, a reunião de hoje à noite corre risco de não acontecer. Sem energia desde o início da semana, devido a uma dívida - em torno de R$ 16 mil - à empresa que fornece o gerador ao clube, os dirigentes corais correm para solucionar o problema.
UNIÃO
Após almoço, ontem, a chapa União de Verdade - nome ainda provisório -, anunciou Antônio Luiz Neto como candidato a presidente, com Romerito Jatobá como seu vice. Sonhando com um possível consenso com a chapa Aliança Coral, liderada por Fernando Veloso e Fred Arruda, as vagas para a presidência do Conselho Deliberativo e da Comissão Patrimonial foram deixadas em branco, com muitos acreditando que elas possam ser oferecidas a Veloso e Arruda.

Nenhum comentário: