segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Secretário de Desenvolvimento Econômico pode assumir o Santa


Após enfrentar alguma turbulência, a candidatura do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, à Presidência do Santa Cruz começa a decolar. O político, que vinha sendo cauteloso nas declarações sobre a possibilidade de assumir o clube, mudou o discurso e agora já considera a candidatura como fato concreto.

O aparecimento do nome de Bezerra Coelho não teve a participação dele. Na semana passada, ao verem que a eleição poderia ter muitos candidatos, alguns dirigentes do Santa passaram a costurar o secretário como nome de consenso, capaz de reunir todas as correntes que disputam o poder no clube. Ele tem fama de ser bom administrador, possui trânsito nas áreas política e econômica de Pernambuco e nunca integrou qualquer diretoria do Santa Cruz.

No entanto, esta inexperiência, inicialmente vista como dado positivo, pode causar problemas à candidatura. Dirigentes como Romerito Jatobá, ex-presidente entre 2004 e 2006, acreditam que ele precisa se cercar de pessoas que conheçam o Santa – e isso é algo que os grupos de oposição, como o liderado pelo jornalista Fernando Veloso, não querem.

Esta semana, Bezerra Coelho começa a discutir com todas as facções. Depois de receber sinal verde do governador Eduardo Campos para se candidatar, ele marcou reunião, na noite desta segunda (8), com vários cartolas do Santa. Esses encontros devem se repetir durante a semana. O objetivo é unir o clube e conseguir uma candidatura única à eleição, marcada para o dia 30 de setembro.

Da Redação do pe360graus.com

Chapa encabeçada por Fernando Bezerra Coelho deve ser fechada nesta segunda


Após o secretário de desenvolvimento do Governo do Estado, Fernando Bezerra Coelho, receber a permissão do governador Eduardo Campos para concorrer à presidência do Santa Cruz nas eleições presidenciais do próximo dia 30, os grupos de oposição tricolor devem se reunir nesta segunda-feira à noite para fechar a chapa.


De acordo com informações preliminares, todos os candidatos devem fechar com Fernando Bezerra Coelho e retirar a intenção de se candidatar. De acordo com o vice-presidente licenciado do clube, Fred Arruda, tudo deve ocorrer de forma tranqüila.


“Vamos nos reunir nesta noite. Não deveremos ter problemas. Acho que todos estão unidos em prol do nome de Fernando Bezerra Coelho”, declarou Fred Arruda.


Após conversar com o governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho falou sobre sua expectativa em torno da eleição. “O Santa Cruz tem um grande patrimônio que é a sua torcida. Mesmo com uma campanha como a deste ano, o clube tem a quinta maior média de público do Brasileiro. Esse é um momento de recuperação. Todos querem ver o Santa Cruz voltar a ser forte. Esse é o momento de voltar a crescer. O Estado está recebendo uma série de investimentos que pode nos ajudar também”, afirmou.


Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

América pode anunciar zagueiro do Santa Cruz


O América pode anunciar nesta segunda-feira a contratação do zagueiro Gonçalves, de 26 anos, que estava disputando a Série C pelo Santa Cruz. O jogador viria para o lugar de Márcio Rosário, que há duas semanas deixou o clube.

A negociação está sendo intermediada pelo dirigente Eduardo Rocha, um dos quatro integrantes do G-4. Nesta segunda, devem ser acertados os últimos detalhes para assinatura do contrato.

Teoclécio Gonçalves da Silva, o Gonçalves, tem 1,81m e pesa 79 Kg. Ele é natural de Aracajú e foi contratado pelo Santa Cruz junto ao Central de Caruaru. O jogador fez sua última partida pelo time coral ontem à tarde, contra o Salgueiro.

Apesar da fraca campanha dos pernambucanos na Série C, foram eliminados, o site oficial do clube coral coloca Gonçalves entre os quatros que se destacaram.

"Apesar de ser zagueiro e de ter participado dos 990 minutos (mais os acréscimos), ele recebeu apenas dois cartões amarelos. O jogador se destacou na Série C por sua tranqüilidade e pela eficiência na marcação. Além disso, quando Gonçalves foi ao ataque marcou dois gols, o que o torna vice-artilheiro do time na competição", diz o site do Santa.

Dn Online

Destaque na partida de sábado, Jaílson jogou com febre e dor na garganta


Mesmo febril, goleiro teve boa atuação no empate com o Salgueiro

Pe360graus.com
Recife


Em meio a péssima campanha do Santa Cruz na Série C do Campeonato Brasileiro, o goleiro Jaílson vem agradando a torcida e a diretoria. O jogador substituiu o goleiro Gledson, negociado com o Náutico, e foi um dos destaques do time, nesse sábado, no empate em 2 a 2 com o Salgueiro. Jaílson jogou com febre e sentindo dores na garganta.

Sem culpa nos gols sofridos pela equipe, o goleiro teve atuação destacada e foi muito elogiado. Por causa de uma virose, o atleta participou de apenas 20 minutos do coletivo realizado na quinta-feira. Febril, o goleiro participou da partida de sábado e chegou a receber atendimento médico, durante o jogo, para aliviar as dores que sentia na garganta.

O atleta de 21 anos, repetiu as boas atuações das vezes que precisou entrar no lugar de Gledson e de algumas partidas na Copa Pernambuco, quando foi o titular da equipe. O elenco do Santa Cruz irá se reapresentar na quinta-feira pela manhã.

Fernando Bezerra Coelho liberado

Helder Tavares/Arquivo Folha



Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado recebeu o aval do governador
Fernando é o mais cotado para assumir a presidência do Santa Cruz, em outubro
GUSTAVO LUCCHESI

Mal das pernas dentro das quatro linhas, o Santa Cruz deu um grande passo, ontem, para iniciar a “reconstrução” de um clube falido e entupido de problemas. Nome de consenso entre todos os blocos políticos para assumir o comando do Tricolor no biênio 2009/2010, e sendo visto como “o salvador da pátria” por boa parte deles, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Fernando Bezerra Coelho, recebeu o “sim” do governador Eduardo Campos, para se tornar candidato à eleição coral, marcada para o dia 30 deste mês.

Com o aval de Campos, o próximo passo de Bezerra Coelho é passar o dia de hoje reunido com algumas lideranças políticas da Cobra Coral, para tentar uma união entre antigos adversários, e, só assim, oficializar a sua candidatura ao cargo maior do executivo. “Conversei rapidamente com o governador na noite de ontem (sábado) e ele me autorizou a aceitar o convite, explicando a importância do Santa Cruz para o Estado. A única ressalva que ele fez é que continuará cobrando resultados na minha área do Governo. Porém, ainda é um pouco cedo para afirmar que sou candidato. Se der tudo certo e não houver resistência em relação ao meu nome, é grande a chance de se tornar oficial”, declarou Fernando.

E se depender das chapas já formadas, não haverá problemas para o nome do secretário ser oficializado, com isso sendo deixado bem claro através de uma carta distribuída à imprensa ontem, e assinada por nomes como Fernando Veloso, Romerito Jatobá, Antônio Luiz Neto, Ricardo de Paula e Felipe Rêgo Barros. No documento, os envolvidos informam que, assim que Bezerra Coelho oficializar a sua intenção, todas as candidaturas serão retiradas. “Nos reunimos neste fim de semana, e foi decidido que o nome de Fernando é o melhor para o futuro do Santa Cruz. Todos nós, sem exceção, concordamos e por isso escrevemos a carta”, declarou Antônio Luiz Neto, candidato da chapa União de Verdade.

Apesar de toda a euforia, o nome de Bezerra Coelho vem gerando dois questionamentos: o que ele irá fazer para unir num único bloco político, desafetos antigos, como Fernando Veloso de um lado e Romerito Jatobá e Ricardo de Paula do outro? Além disso, como ele irá conciliar os cargos de secretário do Estado, presidente do Porto de Suape e mandatário do Santa Cruz? “Não haverá problemas, se eu entender que não está havendo união para tirar o clube de onde está, não aceitarei me candidatar. Já em relação ao tempo, vai dar para conciliar sim, até porque não será um projeto só meu, mas sim de todos os tricolores envolvidos”, comentou Bezerra Coelho.

Semana promete ser bem agitada

Mesmo com a temporada 2008 tendo se encerrado para o Santa Cruz, com o clube só voltando a disputar partidas oficias no Estadual do próximo ano, em janeiro, o Tricolor terá uma semana bastante decisiva para o seu futuro. Além da expectativa para a oficialização da candidatura de Fernando Bezerra Coelho, será publicada na quinta-feira, a lista de sócios aptos a votarem na eleição do fim do mês. Caso seja confirmado o nome do secretário, ela perde força, já que o mesmo declarou que só concorre ao cargo caso seja candidato único no pleito.

Para o mesmo dia, está marcada a reapresentação e despedida do elenco coral, com apenas 12 atletas da base coral continuando no elenco profissional. Essa data foi escolhida pelos dirigentes tricolores com o intuito de criar tempo hábil para que seja solucionada algumas pendências financeiras, como por exemplo, as passagens para os jogadores retornarem aos seus estados.

Santa Cruz empata na despedida


Tricolor, com uma equipe cheia de pratas-da-casa, ficou no 2x2 com o Salgueiro
GUSTAVO LUCCHESI

Apesar de toda a melancolia que envolvia a precoce despedida do Santa Cruz da temporada 2008, os atletas corais que ficaram para lutar e honrar os 94 anos que o clube carrega em sua história, conseguiram arrancar um suado empate, em 2x2, contra a competente e bem armada equipe do Salgueiro, fora de casa, no último sábado. Mesmo com a partida servindo apenas para os tricolores cumprirem tabela, o preparador físico e técnico interino, Charles Muniz, apostou na mescla da raça e vontade de alguns atletas da base que não vinham sendo aproveitados, como Jaílson, Max, George e Miller, com a experiência de Vágner Rosa e Alexandre Oliveira. E não é que a fórmula acabou surpreendendo?

E diferentemente de quase todos os jogos da temporada, a surpresa foi para melhor, já que a nova formação - derivada da livre e espontânea “necessidade”, já que 13 atletas haviam deixado o clube antes do confronto diante do Carcará -, rendeu o segundo ponto coral conquistado longe do Arruda no Brasileiro da Série C, com o primeiro tendo acontecido também dentro do Estado, no empate diante do Central, em Caruaru, ainda na primeira fase. Para se ter noção do péssimo desempenho do Mais Querido nesta Terceirona, atuando fora de casa, em cinco jogos, o time só havia marcado um gol distante de seus domínios, na estréia da competição, quando foi derrotado pelo Campinense/PB, por 2x1.

Ciente dessa “dificuldade” coral, o técnico Neco armou um esquema bem ofensivo, com o intuito de carimbar a classificação à terceira fase da disputa o mais rápido possível. Porém, apesar de conseguir controlar as ações da partida, o Carcará acabou sendo surpreendido, graças a um “frangaço” do goleiro Bruno, aos 43 minutos, após fraco chute de Vágner Rosa.

Na etapa final, os donos da casa continuaram pressionando. Aos 13 minutos, em seu primeiro lance no jogo, Júlio César mandou uma bomba de fora da área e deixou tudo igual no placar. Sentindo bastante o tento, porém, sem entregar os pontos, o Tricolor respondeu com Thomas Anderson, aos 25, mas a bola tocou na trave e saiu. Um minuto depois veio o castigo coral. Em rápido contra-ataque, Émerson deixou Rosivaldo na cara do gol, e o meia não desperdiçou, virando o placar. Valente, a Cobra Coral foi em busca do empate e conseguiu, com Jéfferson, aos 38 minutos, aproveitando rebote da zaga. Fim de temporada para o Santa Cruz e festa para o Salgueiro, que carimbou a inédita passagem para a terceira fase da Série C e, de quebra, garantiu vaga na competição do próximo ano.

Ficha Técnica


Salgueiro - 2

Bruno; Rogério, Mazinho, Alisson e Oziel; Vitor Caicó, Renato Frota, Paulinho (Júlio César) e Rosivaldo; Marcelo Fumaça (Émerson) e Zé Paulo (Rodrigão). Técnico: Neco

Santa Cruz - 2
Jaílson; George, Gonçalves, Stanley (Patrick) e Max; Leandro Biton, Alexandre Oliveira, Vágner Rosa e Miller; Rosembrick (Jéfferson) e Thomas Anderson (Memo). Técnico: Charles Muniz

Local: Cornélio de Barros (em Salgueiro)
Árbitro: Patrício Souza (PE)
Assistentes: Jossemar Diniz e Élan Vieira (ambos de PE)
Gols: Vágner Rosa (aos 43 do 1°T), Júlio César (aos 13 do 2°T), Rosivaldo (aos 26 do 2°T) e Jéfferson (aos 38 do 2°)
Cartões amarelos: Renato Frota (Salgueiro); Leandro Biton, Gonçalves e Stanley (Santa Cruz)
Cartão vermelho: Leandro Biton (Santa)
Público: 4.701
Renda: R$ 9.279.

Torcida tricolor promete fidelidade


Apesar de ver o Santa Cruz passar pela pior crise de sua história, de ser eliminado das disputas do Brasileiro e de ver os jogadores sofrendo humilhações, a torcida do Santa Cruz promete seguir firme. Prenúncio de um futuro promissor. E é pensando na frente que os bastidores começam a ferver. Hoje o secretário Fernando Bezerra Coelho pode oficializar a candidatura à presidência do clube.

Torcida coral sente golpe, mas promete se levantar

Dia 6 de julho, 10h. Mesmo após o sétimo lugar no Campeonato Pernambucano e a eliminação na Copa do Brasil para o Fast Club-AM, a torcida do Santa Cruz era só entusiasmo em Goiana, na primeira parada da caravana que rumava a Campina Grande para assistir à estréia na Série C contra o Campinense. Dois meses depois, a massa tricolor está cabisbaixa. Não para menos, o Santa, por enquanto, é um clube sem série a disputar no Campeonato Brasileiro de 2009. No entanto, nada como um dia após o outro. A galera coral acusa que sentiu o golpe, mas promete não abandonar o clube jamais e aguarda com ansiedade a definição do novo mandatário coral. Sofrendo duplamente, ex-craques dão sugestões para o Santinha voltar a ser grande. Esse é o tema de hoje da série A cruz do Santa. Amanhã, um raio-X do Arruda.

Marcos Leandro

mleandro@jc.com.br

Eles extrapolaram o conceito de fidelidade a um clube de futebol. Dentro ou fora de casa, a torcida do Santa Cruz foi nota 10 na Série C do Campeonato Brasileiro. Nos seis jogos no Arruda, o público acumulado foi de 119.364 – média de 19.894, a melhor da Terceira Divisão. Contabilizando as três séries do Nacional, o tricolor tem a oitava melhor média de público (ver quadro ao lado). Em caravanas fretadas ou em carros particulares, a torcida coral também acompanhou o time em Campina Grande (duas vezes, sendo que na estréia, invadiu a cidade com cerca de seis mil pessoas), Caruaru, Mossoró e Juazeiro do Norte. Essa apaixonada torcida, hoje, é alvo de gozação dos rivais e anda de cabeça baixa devido a situação do clube – rebaixado pela terceira vez consecutiva e que em 2009 só jogará a Série D se for bem no Estadual.

Mesmo com toda a dor e incredulidade, os tricolores prometem dar a volta cima e jamais abandonar o clube. “A humilhação que estamos passando é muito grande. Às vezes, ainda me pego chorando. Porém, quero viver meu clube todos os dias, seja no céu ou no inferno. Inclusive, gostaria de ter ido para Salgueiro no sábado, mas não organizaram nenhuma caravana”, disse a psicopedagoga Ana Maria Tenório, 56 anos, que mesmo com a tragédia que assola o Santinha, não deixa de usar a camisa tricolor, como também pulseiras e colares do clube. “Depois de Deus e a minha família está o Santa”, diz Tenório.

Organizadora das caravanas do Santa Cruz para as cidades dos rivais nesta Série C – ao todo, o grupo rodou 3.456 km entre ida e volta (só não viajou para a despedida contra o Salgueiro) – a comerciante Danielle Leal, 27, chegou ao ponto de mobilizar até uma palestra motivacional para os jogadores, antes do último encontro diante do Campinense, no Arruda, que acabou 1x1 e praticamente sepultou as chances do Santa de seguir na competição.

“A gente sabia que o time era limitado e não seria campeão, mas daí ser eliminado na segunda fase foi um absurdo. Convenci um psicólogo amigo meu a dar uma palestra para os jogadores antes do duelo contra o Campinense. O treinador Bagé tinha concordado, mas quando chegamos na sexta-feira (22/8), Bagé tinha acabado o treinamento cedo e não tinha mais ninguém no Arruda. Poderia ser que não adiantasse nada, mas as pessoas no Santa Cruz não quiseram nem ser ajudadas”, desabafou Danielle, conhecida como Dani tricolor. Desgastada com a situação, Dani promete dar um tempo e acompanhar as eleições presidenciais para o biênio 2009/10 de longe. Mas como apaixonada torcedora, no Campeonato Pernambucano, seja na arquibancada ou na social, ele vai estar novamente no Arruda.

O interessante é que, quanto mais o Santa se afunda, mas a torcida mostra sinais de amor incondicional. No Blog do Santinha (www.blogdosantinha.com), que transformou-se no principal fórum de debates sobre o tricolor, o recorde de comentários (400) até hoje foi justamente após o empate por 1x1 com o Campinense, na segunda fase.

Preocupação com o futuro da massa tricolor

Ela tem apenas 11 anos, mas sua paixão pelo Santa Cruz já é de uma pessoa adulta. Yasmin Alexandre da Silva não esconde sua tristeza com a situação do seu clube de coração, mas afirma que jamais vai deixar de amar o vermelho, preto e branco. “Às vezes, me irrito quando ficam soltando gracinha na escola. Mas vou continuar torcendo, mesmo que o time caia para a Série Z”, falou ela, sem tom de brincadeira. “Em dias de jogos do Santa Cruz, ela não deixa ninguém se aproximar da televisão”, entregou o pai Nivaldo Alexandre da Silva, que por sinal, torce para o Sport.

A grande pergunta que fica daqui para frente é saber quantas crianças vão ter esse comportamento. De acordo com especialistas, a seqüência de maus resultados do Santa abala a penetração do clube entre os mais jovens. “Quem já acompanha há muito tempo não será problema. Mas a tendência é que a garotada deixe de torcer pelo clube, sobretudo quando um rival consegue bons resultados (Sport). O Santa Cruz perdeu a credibilidade, precisa de um choque de gestão e deixar de ser um clube de plataforma política”, enfatiza José Carlos Brunoro, especialista em marketing esportivo. Ele conheceu a realidade do Santa em 1995, na época da parceira com a multinacional Parmalat.

Vale a pena destacar que de acordo com uma pesquisa recente da Faculdade de Filosofia do Recife (Fafire), a torcida do Sport é que mais cresce entre os jovens. Cinqüenta e três por cento dos rubro-negros têm entre 16 e 35 anos. E 28% do total têm menos de 25. Já a maior parte dos torcedores do Santa Cruz (53%) tem entre 46 e 60 anos.

Tristes, craques do passado dão sugestões

O caótico momento que passa o Santa Cruz mexe também com ex-jogadores que ajudaram a construir a história do clube. Pentacampeões estaduais (1969/70/71/72/73), Luciano Veloso e Fernando Santana, dois dois maiores ídolos do tricolor, reconhecem que nunca imaginaram que o Santa pudesse atravessar uma crise como esta. Ambos defendem mudanças daqui para frente. Hoje administrador de empresas, Fernando Santana é o mais radical. Para ele, o clube deveria parar suas atividades por uma ano.

“Não sei se seria a solução, mas alguma atitude precisa ser tomada e essa é a minha sugestão. O Santa Cruz ficaria ausente por um ano para que uma completa reestruturação fosse realizada. Uma equipe da grandeza do Santa Cruz tem urgência por resultados e isso impede que o novo presidente equacione as dívidas, pois tem que destinar a maior parte do orçamento para a montagem do time. É preciso parar e repensar a forma de condução do clube”, disse Santana, que foi artilheiro do Campeonato Pernambucano em três oportunidades, 1969/70/72. Nos três anos, Fernando marcou 53 gols, sendo 23 na primeira temporada e 15 nas outras duas.

Ficar um ano parado, segundo ele, não seria uma humilhação para a torcida do Santa Cruz. “Hoje isso já acontece. O torcedor comparece ao estádio porque é apaixonado, mas o clube não vem apresentando bons resultados há muito tempo. E vergonha é pedir socorro à Federação Pernambucana de Futebol, com a cuia na mão, porque não tem dinheiro para restituir os jogadores”, complementou Santana. Na semana passada, o presidente Edson Nogueira, Edinho, admitiu que não tinha R$ 23 mil em caixa para liberar os atletas para seus estados de origem.

Por sua vez, Luciano Veloso não chega a esse extremo de afirmar que o clube precisa parar suas atividades por um ano, mas também prega uma ampla reviravolta no clube. “Precisam urgentemente recuperar a instituição Santa Cruz, pois tudo está decadente. É uma situação que deixa nós, ex-atletas, muito tristes. Ficaram (dirigentes) um querendo mostrar que era mais tricolor do que o outro e levaram o clube a esse caos. Pobre da torcida, que chegou a roubar tijolos dos armazéns para ajudar na reforma do Arruda, nos anos 70. Mas agora é deixar as lágrimas de lado e trabalhar”, enfatizou Veloso, 59 anos, que hoje atua empresariando jogadores. Luciano Veloso fez 409 jogos com a camisa tricolor, entre 1966 e 75, e marcou 174 gols.

Preocupado em não deixar a história do clube morrer, o Blog do Santinha vai começar a publicar artigos de momentos gloriosos vividos pelo clube. “O torcedor, sobretudo o mais jovem, precisa saber quem foi um Ramon, artilheiro do Brasileiro de 1973 com 21 gols”, lembra Anízio Silva, designer da página virtual.

Meninos chamam a responsabilidade no adeus

No último jogo do Santa Cruz na Série C, coube aos jogadores da casa defender as cores do tricolor

Marcelo Sá Barreto

mhenrique@jc.com.br

Enviado Especial

SALGUEIRO – No futebol, faz parte do jogo passar por adversários mesmo sem ter chances de prosseguir numa competição. E acionar garotos forjados em “casa” é um remédio para evitar a apatia do desclassificado. Esta foi a idéia do técnico Charles Muniz, no último encontro do Santa Cruz na Terceira Divisão, diante do Salgueiro. A cartada deu certo. Em vez de um elenco rancoroso ou amargurado, meninos cheios de vitalidade passaram um dia leve, na cidade onde ocorreu o confronto, sábado passado.

Pela manhã, como um grupo sem problemas, os jogadores tomaram o café da manhã e retornaram, logo após, aos seus quartos, antes de ouvir a palavra do professor, marcada para as 11h40. Mas, o que dizer num momento ruim? Charles encontrou o caminho. Antes da reunião, a conversa informal. Contador de histórias, o técnico dava cores a lances de sua vida, passados em outros Estados. O riso discreto tomava conta dos rostos tricolores. De portas fechadas, sem a interferência da imprensa, o recado: “Cada um tem de fazer o melhor, independentemente de vitória. Para chegar em casa e poder olhar com dignidade para a família”, disse.

O glamour, com a desclassificação, esvaiu-se por completo. Não espere torcedores olhando curiosos do lado de fora do restaurante, onde almoçou, ao meio-dia, o elenco. O preço por não estar no ápice é esse: o esquecimento quase total. Um ou outro simpatizante chegou junto para o tradicional “tapinha nas costas”. Nada mais que isso.

A saída para ao último jogo do ano para o Santa Cruz – e para alguns jogadores – aconteceu sem atropelos, às 14h40. A chegada ao Estádio Cornélio de Barros, com direito a escolta policial, idem. Para quebrar o marasmo, um torcedor avisou: “Sou alvirrubro”, disse. “Mas meu coração está com vocês. Vamos lá ganhar. Santa Cruz é tradição”, gritou.

Os últimos toques de Charles foram repassados às 15h30. Sem pressão, pelo menos era o que aparentavam, os meninos entraram em campo. Queriam honrar a camisa coral. A vitória seria o ideal, até para aliviar a tristeza. Ela não veio – por falta de melhor técnica. Raça, vontade e determinação existiram. Até parecia que os tricolores respiravam na competição.

Na volta, em meio à multidão que comemorava a classificação à terceira fase do Carcará, e não estava nem aí para o regresso tricolor, uma certa alegria no ar. Jefferson fez gol, Wagner Rosa também. Nem tudo estava perdido. Ainda de uniforme, entrando no hotel, onde se trocariam para partir para o Recife, por volta das 20h, a certeza de que se os erros não tivessem sido tantos e em doses cavalares, a situação poderia ser bem diferente.

Sinal verde para Bezerra Coelho

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial de Suape, Fernando Bezerra Coelho, recebeu o sinal positivo do governador Eduardo Campos para ser candidato à presidência do Santa Cruz. A reunião foi no sábado. Mas a candidatura vai depender de um entendimento entre todas as lideranças do clube e dos grupos envolvidos nas eleições.

“A minha disposição de ser candidato à presidência do Santa Cruz continua. Mas vai depender de um consenso, do apoio de todos no clube. O governador sinalizou de forma positiva. Portanto, tenho que conversar com as lideranças do Santa Cruz”, explicou o secretário.

Para chegar ao consenso, Fernando Bezerra Coelho adiantou que haverá uma reunião no final da tarde de hoje. No entanto, o secretário não sabe ainda o local e se será com todos os grupos envolvidos na sucessão de Édson Nogueira. “Vamos tentar uma reunião conjunta. Não se for possível, irei me reunir separadamente com cada grupo. Mas só vou entrar com a minha candidatura se houver união.”

Um dos pontos fundamentais para o secretário Fernando Bezerra Coelho confirmar a sua candidatura é ter uma relatório completo da situação do Santa Cruz, como a questão do patrimônio, financeira, jurídica e outros aspectos que envolve a atual crise do clube. “Tenho que saber tudo, em que terreno vamos pisar para podermos fazer um projeto, um planejamento para o clube.”

As eleições do Santa Cruz, que seriam em dezembro, foram antecipadas para o dia 30 deste mês pelo Conselho Deliberativo. As inscrições das chapas irão até o dia 22. O grupo de Fernando Veloso e Fred Arruda confirmou o apoio a Fernando Bezerra Coelho. O ex-presidente Romero Jatobá, Romerito, também aprova o nome do secretário, mas colocou que antes é preciso conversar, pois o seu candidato é Antônio Luiz Neto.

“O nome de Fernando Bezerra Coelho é uma unanimidade. Mas ainda não nos reunimos. A meu candidato é Antônio Luiz Neto. Mas podemos chegar a um consenso e passar a apoiar o nome de Fernando”, disse Romerito, ontem à noite, por telefone ao Jornal do Commercio.

É com você, Bezerra Coelho


Governador autorizou o atual secretário de Desenvolvimento Econômico a disputar a presidência do Santa. Ele é candidato único e tem o desafio de levantar a equipe tricolor

José Gustavo // Diario
jose.gustavo@diariodepernambuco.com.br

A palavra estava com o governador Eduardo Campos. E no sábado à noite veio o "ok" que todos os tricolores esperavam. Fernando Bezerra Coelho foi "liberado" para concorrer à presidência do Santa Cruz como candidato único. O Diario, com exclusividade, já havia antecipado desde a quarta-feira passada a articulação feita em prol da candidatura do Secretário de Desenvolvimento Econômico do estado. A confirmação foi dada pelo próprio Bezerra Coelho. "O governador foi favorável a minha indicação e amanhã (hoje), às 18h, sentarei com todas as lideranças do clube para fechar os detalhes que ainda estão faltando", disse o agora candidato único à sucessão de Edson Nogueira. A eleição tricolor está marcada para 30 de setembro.

Assim, o único postulante até então, Antônio Luiz Neto, acabou retirando ontem seu nome da disputa em busca de uma união total no clube. "Tudo que fiz até agora foi trabalhar pela união do Santa Cruz. Fernando Bezerra Coelho é, sem dúvida, o melhor nome para o clube neste momento. Retiro a minha candidatura para somar ainda mais", disse Antônio Luiz Neto.

Em suas palavras, Bezerra Coelho mostrou muita empolgação em assumir um dos maiores desafios de sua vida pública. O Secretário de Desenvolvimento Econômico deixou claro que sua candidatura só prosperou pelo empenho de todas as lideranças corais em pregar a unidade no clube. "Eu sempre fui um mero torcedor e nunca participei da vida política do Santa Cruz. Mas não poderia fugir a um pedido de alguns amigos mais próximos. Nos últimos 15 dias, percebi que existia disposição em torno de uma união. Não queria participar de disputas. Agora vamos seguir todos dias", disse Bezerra Coelho na Rádio Clube AM.

Questionado como via o atual momento do Santa Cruz, o futuro presidente coral foi enfático: "Estou muito chateado. Todos os tricolores estão envergonhados. Ficar fora da Série C foi o soco final. Precisamos nos unir. Agora é esquecer os erros do passado, trabalhar duro e voltar a dar alegriasao torcedor", completou.

Lideranças dão apoio

As reuniões se multiplicaram durante todo o final de semana. Cada facção fez a sua e, ao final, todos bateram o martelo em prol do nome de Fernando Bezerra Coelho. No sábado mesmo, a Aliança Coral, Revolução, Nova Geração e Veneno Coral fecharam o apoio. Ontem foi a vez de Antônio Luiz Neto confirmar a retirada de sua candidatura.

Uma nota oficial será publicada amanhã em todos os jornais da cidade referendando a importância do nome do Secretário de Desenvolvimento Econômico do estado em comandar o Santa Cruz no próximo biênio. A nota será assinada por Fernando Veloso, Fred Arruda, Paulo Pereira, Romerito Jatobá, Antônio Luiz Neto, Ricardo de Paula, Felipe Rêgo e Osmundo Bezerra.

O Diario não teve acesso ao teor da nota oficial, mas um dos articuladores do processo, o ex-presidente João Caixero, disse um pouco o tom que foi usado na elaboração do texto. "Todas essas lideranças se solidarizam com Fernando Bezerra Coelho e pedem uma chapa ampla para comandar o clube. Afinal, todos queremajudar o Santa Cruz", disse.

Sobreviventes do Arruda


O drama dos funcionários comove até o mais duro coração. Eles pagam pela incompetência da direção e do futebol, que teve menos de 6 meses de ação. Amanhã, o amor e o sofrimento da torcida. João de Andrade Neto

jneto@jc.com.br

Sofrer em dobro. Pelo clube do coração e pelo bolso vazio. Essa vem sendo a rotina dos 112 funcionários do Santa Cruz, que há três anos convivem com atrasos de salários. Atualmente, já são nove meses sem receber a remuneração devida. Fora 13º salário e férias. São as maiores vítimas do gravíssimo caos administrativo coral. Se o torcedor comum chora a eliminação da Série C, esses trabalhadores sofrem por, muitas vezes, não conseguirem levar comida para casa. A dívida com os funcionários chega a R$ 700 mil.

Ao chegar no casebre de dois cômodos, localizado em uma viela do Alto do Pascoal, no Zona Norte do Recife, onde o auxiliar de serviços gerais José Ferreira da Silva mora com a esposa e cinco filhos, é possível ter noção das dificuldades.

No telhado, há uma bandeira do Santa Cruz, prova que o orgulho de ser tricolor não morreu. O problema é a fome. E a escuridão, pois há muito a energia foi cortada. Já são 12 contas sem pagamento.

No dia em que a equipe do Jornal do Commercio visitou os Ferreira, José, o único membro da família “empregado” mostrou a despensa vazia e o pouco que tinha para alimentar a família: um punhado de arroz em uma sacola de supermercado. “O dinheiro que recebo para a passagem (R$ 3,50 por dia) eu uso para comprar o pão. Vou andando todos os dias para o Arruda. Muitos fazem o mesmo”, revela o auxiliar, que caminha aproximadamente uma hora e vinte minutos para ir e voltar do local de trabalho.

“Já passamos necessidade várias vezes. Já levei meus cinco filhos para a porta do Arruda para pedir algum auxílio. Ninguém ajudou. Estamos morando aqui porque minha mãe cedeu a casa. Antes ficávamos pulando de casa em casa porque não tínhamos dinheiro para pagar o aluguel”, conta a dona de casa Vilma Maria da Silva, esposa de José.

Com tanta desilusão, já foram vários os pedidos da família para que José largasse o Santa Cruz e procurasse uma ocupação em outro local. O desejo esbarra em um misto de resignação e esperança. “O problema é ele perder o que tem para receber. Resta esperar por uma melhora”, diz Vilma.

José é funcionário com carteira assinada no Santa Cruz há 22 anos, metade do que tem de idade.

Assim como José, a dupla de irmãos Eciélio e Djalma Felipe Santiago, conhece a fundo o Santa. Para ser mais preciso desde 1966. São os funcionários mais antigos do clube. De um tempo em que o clube pagava em dia. Com conhecimento de causa, garantem que nunca presenciaram tamanha penúria. “Esse é o pior momento do Santa, mesmo assim não consigo ficar muito tempo em casa. É triste ver o clube assim, fechado”, lamenta Eciélio, conhecido como Mago, 63 anos, auxiliar geral.

Contido nessa rotina de viver mais tempo no clube do que em casa podem estar muitos fatores. Mas um deles, com certeza, é a preocupação de arrumar, de alguma maneira, algum dinheiro para a família. Sem salário e perspectivas de melhora para muitos o que resta é contar com a boa vontade de alguns tricolores.

“Me deram três dias de folga, mas o que eu vou fazer em casa? Prefiro estar no Arruda e esperar para ver se aparece algum serviço extra ou se alguém para nos ajudar. Ramon, Zé do Carmo e Luciano Veloso (ex-jogadores do Santa) são alguns que sempre ajudam”, conta Djalma, encarregado por cuidar do gramado do Arruda.

Foi assim que José Ferreira conseguiu R$ 6 no dia em que a reportagem do JC esteve no abandonado Arruda. O bem-feitor da vez foi o meia Juninho, que passou no clube para acertar detalhes da sua rescisão de contrato.

E assim esses sobreviventes vão tentando levar a vida. Esperando por dias melhores. Para o Santa Cruz e para a família, já que muitas vezes ambos se confundem.

Futebol teve só 162 dias de ação

Assistir a um jogo do Santa Cruz foi algo raro para o torcedor coral em 2008. A despedida da Série C ontem contra o Salgueiro foi só a 36ª partida do tricolor na temporada – desde que começou a disputar o Campeonato Brasileiro, em 1971, o time não disputava tão poucos jogos num ano. A título de comparação, as Séries A e B do Campeonato Brasileiro possuem 38 rodadas.

Foram só 162 dias envolvido com uma competição oficial, o que dá pouco mais de cinco meses de atividade no ano. Algo impensável para um clube que leva futebol até no nome. Os rivais Sport e Náutico terão 72 e 69 compromissos, respectivamente, até o fim do ano.

Sem jogos, sem receitas – já que a administração do clube adota essa “lógica ilógica” nos últimos 20 anos como foi mostrado na última sexta-feira nesta série. Com dois grandes hiatos na temporada (de abril a julho e de setembro a janeiro de 2009), o já combalido cofre do Santa sofre com perda de rendas, arrecadação com bar e diminuição no número de sócios.

Além disso, as poucas receitas de patrocinadores já foram adiantadas. “No dia em que Edinho (presidente do clube) anunciou a antecipação da eleição, o clube teve uma arrecadação de apenas R$ 90, por exemplo”, revelou o superintendente tricolor Luís Cláudio.

Para tentar sanar um pouco o prejuízo e levar o clube até o término da atual administração, a diretoria determinou, há duas semanas, o funcionamento da sede em apenas meio expediente, tática já utilizada no intervalo de 77 dias entre o Pernambucano e a Série C. Nos sábados e domingos, o clube ficará fechado.

Para se ter uma idéia do prejuízo, em um dia normal é necessário aproximadamente R$ 1.150 para o funcionamento do tricolor. “Com um clube do tamanho do Santa é impensável passar tantos dias sem jogos oficiais. Sinceramente não sei como o clube vai se virar até a eleição. Muitas vezes é preciso Edinho e outros diretores pagarem do próprio bolso”, diz Luís Cláudio.

Para piorar, em nenhuma das 18 partidas disputadas no Arruda este ano, o Santa Cruz pôde contar com boas rendas. Por força do esdrúxulo regulamento do Campeonato Pernambucano, o tricolor não jogou clássicos contra Sport e Náutico. “Na Série C, cada ingresso nosso custava R$ 3,50, mas para o clube, descontado o acordo com a Justiça, sobrava pouco menos de R$ 2 por bilhete trocado. É impossível fazer futebol assim. Não tivemos uma só renda que nos garantisse a semana tranqüila”, revelou o dirigente. A maior renda do Santa no ano foi no jogo contra o Central, pelo 2ª rodada da Série C. R$ 53.642,78 líquidos.

Para o especialista em marketing esportivo, José Carlos Brunoro, que trabalhou no tricolor em 1995, o clube tem que ser reestruturado. “Qualquer empresa quebraria com esse tempo de inatividade. É preciso aproveitar esses meses parados para repensar o clube”, destaca.

Vinte anos de pesadelos


Maior torcida do Estado até a década de 80, o Santa Cruz vem diminuindo. A perda de espaço para os rivais Sport e Náutico em número de torcedores é reflexo não apenas da falta de modernização do clube ou da falta de estrutura. Está diretamente ligada à ausência de títulos e de ídolos. Foram apenas quatro estaduais nos últimos 20 anos. E quatro desastrosas participações em Nacionais. A série A cruz do Santa lembra isso e a perda de jogadores de graça. Amanhã, a crise atinge os funcionários do clube e pára futebol por mais de 6 meses.

Carlyle Paes Barreto

carlyle@jc.com.br

Até a década de 80, o Santa Cruz não era apenas conhecido por conta do Colosso do Arruda. Um gigante também dentro de campo. Então com a maior torcida do Estado, era o clube que melhor trabalhava as categorias de base e quem mais levava público aos estádios, além de demonstrar potencial em formar times que sempre chegavam às decisões. Mas uma crise que começou ainda nos anos 70, e que foi crescendo, passou a ter reflexo nos gramados a partir de 1988. De lá para cá, o tricolor diminuiu. E deu poucas glórias ao povão.

Após o hexacampeonato do rival Náutico (63-68), o Santa Cruz se uniu, idealizou um colegiado e apostou nas crias formadas no próprio clube. O resultado foi o pentacampeonato de 1969 a 73 e as boas campanhas nos Campeonatos Brasileiros de 75 (quarto colocado), 77 (décimo) e 78 (quinto). Sem falar nas revelações como Givanildo, Luciano Veloso, Fernando Santana e Ramon – único artilheiro de um Brasileiro atuando por um time pernambucano, em 73.

Mas os cardeais tricolores foram embora. O colegiado acabou. E a crise financeira começou a assolar o clube, que já não conseguia suportar os gastos com o estádio e com os jogadores. Ano após ano, o buraco foi crescendo. E nenhum dirigente mudou a forma de gestão. Em 84, o então presidente Aristófanes de Andrade renunciou. O primeiro na história tricolor. Assumia Zé Neves, um conselheiro que ganhou visibilidade pelo modo populista como se comunicava com a torcida.

E Zé Neves conseguiu o bicampeonato em 86 e 87, com o goleiro Birigüi, o volante Zé do Carmo, os meias Ataíde e Sérgio China, além dos atacantes Edson, Marlon, Dadinho e Gílson Gênio. Também colocou o clube na Copa União, vendida como a primeira divisão do futebol brasileiro. Mas o dirigente conseguiu os títulos sem planejamento. O rombo só fez crescer, apesar das taças.

E depois das épicas voltas olímpicas, ambas na Ilha, com direito a bandeira fincada no centro do gramado leonino, veio a derrocada. Não de uma vez. Em doses pequenas que estão sendo sentidas até hoje. Desde então, o Santa voltou à elite nacional quatro vezes. E em todas decepcionou (ver quadro ao lado). Ficou nas últimas posições em todas as oportunidades – 1988, 2000, 2001 e 2006. Desceu quando houve rebaixamento (88, 2001 e 2006). E até em nível local, involuiu. Foram somente quatro taças (90, 93, 95 e 2005). Nos dois últimos anos, pífias campanhas. Sexto colocado, em 2007, e sétimo, neste ano, correndo risco até de cair para a Segundona Estadual.

Zé Neves, no entanto, discorda da tese de crise contínua. “Já está provado que quando o futebol está embalado, o clube também vai bem. Em 2006, estava tudo bem no clube. Mas bastou Lecheva perder o pênalti na final do Pernambucano daquele ano diante do Sport para a situação complicar e o clube descer ladeira abaixo”, diz o ex-presidente, responsabilizando o jogador por tudo o que está aí.

Ele, no entanto, admite que não há uma seqüência de modelo de gestão no Santa.

Jogadores perdidos por negligência

Mesmo com a ausência de títulos, em meio a uma crise que parece sem fim, o Santa Cruz conseguiu revelar bons jogadores. E sem um Centro de Treinamento ou mesmo um campo auxiliar para trabalhar os futuros craques tricolores. Mas aí vem o outro lado do descaso dos dirigentes corais: a perda dos direitos federativos desses talentos por pura negligência.

E não foram casos isolados. O tricolor deixou escapar mais de um time de suas fileiras. Jogadores que estavam no auge de suas formas, que eram titulares e poderiam ter rendido alguns milhões de reais aos sangrados cofres do clube.

Jogadores como os zagueiros Bebeto, Rovérsio, Hugo e Valnei, os meias Kássio, Marcelinho e Ricardinho, ou os atacantes Romarinho e, por último, Thiago Capixaba, entre os mais conhecidos.

Todos deixaram o Santa Cruz pela falta de pagamento de salários ou depósito das obrigações sociais, como o FGTS. Numa conta rápida, de empresários ouvidos pelo JC, estimaram um prejuízo que beira os R$ 10 milhões.

Somente Kássio, que passou seis anos no Arruda e deixou o que era sua segunda casa na época, após ter passado sete meses sem receber ajuda de custo, em 2006, tem hoje os direitos avaliados em R$ 4 milhões. “Eu cresci no Santa Cruz. Era perto da minha casa. Foi lá que comecei a minha carreira, mas não dava mais para ficar”, recorda o jogador, agora titular do Sport. “Ganhava apenas ajuda de custo, mas eles (a diretoria) deixaram de pagar”, acrescentou.

O pior é que em quase todos os casos, o tricolor não tentou reaver o seu patrimônio. Kássio foi um deles. O então presidente Romerito Jatobá deixou para lá.

E outros dirigentes fizeram o mesmo. Valnei chegou a ir para o Flamengo. Bebeto foi para o Palmeiras, assim como Thiago Capixaba. Hugo acertou com o Vasco. Jaílson rodou o mundo e hoje está no Coritiba. Retorno zero para o clube revelador.

Nas últimas duas décadas, o Santa Cruz conseguiu arrecadar pouco dinheiro com a negociação de jogadores. Apenas dois atletas formados no clube deram retorno financeiro. O primeiro foi o atacante Maurício Pantera, negociado em 1997 ao Compostela, da Espanha, por US$ 1,5 milhão. O outro foi Carlinhos Bala, que rendeu R$ 1 milhão em 2006, quando trocou o Arruda pelo Cruzeiro.