segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Chance matemática de permanência do Santa na Série C é quase 0%


A matemática passou a ser a pior inimiga do Santa Cruz. Após o empate com o Campinense, no domingo (24), o time já deu adeus ao campeonato deste ano, e agora luta para conquistar uma das quatro vagas reservadas aos melhores terceiros colocados das oito chaves da competição. Mas só um milagre salva o Santa de cair para a Série D.

Para garantir uma vaga na Terceira Divisão em 2009, o Santa teria que contar com uma combinação de resultados cuja possibilidade é estatisticamente desprezível. A equipe do Recife teria que vencer o Salgueiro, fora de casa, no domingo (31), por goleada, e torcer por derrota do Campinense-PB em casa para o Icasa-CE, também por goleada.

Mas apenas isso não seria suficiente. O Santa ainda teria que torcer para que cinco dos oito times que terminarem a segunda fase da Série C em terceiro lugar somem, no máximo, seis pontos cada. Neste caso, a manutenção do Santa na Série C seria decidida no saldo de gols. E até aí o time tricolor bem mal, já que conta com saldo negativo de dois.

O Blog dos Números, site especializado em estatísticas, já vê o Santa com 0% de possibilidade de manutenção na Série C.

Da Redação do pe360graus.com

Eleição urgente


O último compromisso do Santa Cruz na Série C será contra o Salgueiro, no sábado (06/09). Porém, até lá muita coisa deve acontecer no clube. A primeira delas, e mais esperada por todos, será a antecipação das eleições marcadas para a primeira quinzena de dezembro. Provavelmente, deve acontecer na segunda quinzena de setembro. O presidente Edson Nogueira havia confessado isso a alguns assessores mais próximos.

A oposição esperava por isso há bastante tempo. Hoje várias frentes já se colocam na sucessão do clube. No mínimo cinco chapas devem ser formadas. O conselheiro Fernando Veloso, já colocou seu nome na disputa. O ex-presidente da Comissão Patrimonial, Ricardo de Paula; o vice-Executivo licenciado, Fred Arruda; um grupo independente e até mesmo o ex-presidente Romerito Jatobá, que, inclusive, já anunciou seu treinador: o ex-goleiro Birigüi.

O técnico Bagé deve deixar o comando da equipe ainda hoje. Junto com ele boa parte da comissão técnica. "Estou com vergonha até de voltar para o Rio Grande do Sul", confessou o treinador na coletiva depois da partida.

Depoimentos

"Vim para o estádio hoje acreditando e estarei sempre aqui independente de divisão. Esse amor pelo Santa Cruz recebi de herança do meu pai e nunca vou abandonar."

- Daniel Sandro Amaral Pereira, 30 anos

"Estou envergonhado. Nunca vi um time tão medíocre como o Santa Cruz de hoje. Mas nunca vou deixar de torcer. Se o Santa Cruz acabasse hoje, eu torceria para o Santa Cruz pelo resto da minha vida."

- Renildo Silva, 40 anos


Quase impossível


O empate com o Campinense, enterrou as chances do Santa Cruz disputar a Série B em 2009 José Gustavo e Marcel Tito // Diario
josé.gustavo@diariodepernambuco.com.br
marcel.tito@diariodepernambuco.com.br
Aos 44 minutos do segundo tempo, o lateral-esquerdo Fernandes, do Campinense, acabou de vez a esperança do Santa Cruz de retornar à Série B neste ano. O gol do empate da equipe paraibana fez os tricolores desabarem em campo e nas arquibancadas, incrédulos e frustrados. Decepção expressa na incerteza do futuro, que muitos já definiam como a Série D. O resultado de 1 x 1, ontem, no Arruda, nem mesmo permitiu os tricolores acreditarem no milagre de permanecer na Terceirona em 2009. Por incrível que pareça, matematicamente, ainda é possível.

O ofício publicado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que "distribui" as vagas da Série C do próximo ano determina que as 16 vagas restantes - quatro serão dos rebaixados da Segundona -, destina 12 para os clubes que vão disputar a terceira fase e não conseguirem o acesso no final. Restam quatro. É onde reside a brecha para o milagre.

Até o momento,11 equipes conseguiram ultrapassar os seis pontos, contagem máxima que o Santa Cruz pode atingir - alguns já estão classificados para a próxima fase. Outras duas equipes estão com exatamente seis pontos. Para permanecer na Série C em 2009, o Santa Cruz precisaria vencer o Salgueiro e torcer para ficar entre os 16 melhores classificados desta fase. Torcer contra quem está embaixo na classificação dos outros grupos e, quando eles se enfrentarem, torcer pelo empate.

O jogo - Foi o único vacilo da zaga coral. Depois de uma partida praticamente perfeita, a desatenção acabou sendo fatal. Logo eles que conseguiram parar os atacantes adversários e, também, desarmar os principais contra-ataques paraibanos criados em erros de passes dos homens do meio-campo tricolor. O Santa Cruz acabou pagando caro por vários pecados acumulados durante toda a temporada. Erros que culminaram com o empate de ontem e o fim do sonho de retornar à Série B. Pior, o pesadelo de disputar a Série D, que inicia-se em 2009, ainda atormenta. Senão conseguir segurar o índice técnico, o clube terá que buscar a vaga no Pernambucano do próximo ano.

Todo o empenho e todo o esforço da grande maioria dos jogadores em campo, durante todo o jogo, ruiu aos 45 minutos da etapa final. O gol de Gonçalves, no primeiro tempo, aos 11 minutos. Tudo foi reduzido a pó. As lembranças viam da péssima atuação do meia Juninho e do improvisado ala Jefferson. Das mudanças erradas do técnico Bagé. Das insistências da atual diretoria do clube em não ouvir os apelos do torcedores e se isolar em uma redoma.

Quando se perde é assim. Esse atual elenco e também diretoria do Santa Cruz vai ficar marcada pelo fracasso. Titular absoluto, capitão do time, torcedor do Santa, o volante Alexandre Oliveira era o símbolo da decepção. Aos prantos, como uma criança, o jogador chorou ao final da partida. "Eu vou ter uma dívida eterna com o Santa Cruz".

Outro dia de fúria

A revolta tricolor com o empate de ontem era esperada. Tanto que, após o gol do Campinense, o Batalhão de Choque começou se preparar para os conflitos no vestiário tricolor, como aconteceu após a derrota para o Icasa. A estratégia surtiu efeito e a tentativa de invadir a área onde fica o vestiário por parte de alguns torcedores foi abafada. Não o choro, a decepção e a raiva contra os "eleitos" responsáveis pela tragédia ocorrida com o Santa Cruz.

O principal alvo, como de costume, foi o presidente Édson Nogueira. A maioria dos xingamentos foram direcionados à ele. Houve quem pedisse para o "líder" coral "mostrar a cara". Ele não apareceu. Até então, o protesto era apenas verbal. As palavras, porém, inflamaram o espírito.

Alguns mais exaltados começaram a balançar as grades querendo invadir. Sempre protestando contra o presidente, pedindo a sua renúncia. "A diretoria / do meu santinha / só tem ladrão", cantavam - mesmo "cântico" entoado na época do rebaixamento à Série B em 2006. A polícia interveio de maneira preventiva e sufocou o movimento.

Pouco depois, os torcedores voltaram a se reunir em maior número. Novamente se exaltaram. Chegaram a jogar pedras e, de novo, quiseram invadir. Desta vez a PM, já com o reforço dos policiais que estavam dentro do estádio e da cavalaria, agiram com mais eficiência, retirando os torcedores das dependências do Arruda.

Ficha técnica

Santa Cruz 1

Glédson; Rafael Mineiro, Stanley e Gonçalves; Marcos Vinícius, Alexandre Oliveira, Vágner Rosa, Juninho (Uesclei) e Jefferson (Camilo); Rosembrick e Edmundo (Patrick). Técnico: Bagé.

Campinense 1

Pantera; Thiago B., Jádson (Henrique), Cícero e Fernandes; Charles, Marquinhos M. (Barata), Jean Alisson (Paulinho M.) e Washington; Marquinhos Marabá e Vanderley. Técnico: Freitas Nascimento.

Local: Arruda. Árbitro: André Luis M. Lopes (MG). Assistentes: Ubiratan B. Viana (RN) e Luiz Carlos C. Bezerra (RN). Gols: Gonçalves (SC); Fernandes (C). C. Amarelos: Rosembrick, Stanley, M. Vinícius e V. Rosa (SC); Cícero e Wanderley (C). C. Vermelho: Rafael Mineiro (SC). Público: 17.455. Renda: R$ 18.515,00.

Chupa sangue

Juninho cansou de irritar o torcedor do Santa durante o tempo que ficou em campo. O jogador foi a peça destoante da equipe coral, pois não produziu nada na partida.

Classificação

Santa Cruz 4º

Campinense 3º

Pontos

Santa Cruz 3

Campinense 6


Uma agonia que parece não ter fim

Marcos Pastich



Empate no final elimina o Santa Cruz da Série C e deixa clube a um passo da D
Desatento, time levou um gol aos 44 do segundo tempo
Filipe Assis

Primeiro, a empolgação. Logo em seguida, a desconfiança. Pouco a pouco, vieram o sofrimento, o desespero e a agonia. Até que, ontem à tarde, ao empatar com o Campinense em 1x1, no Arruda, o sonho de se livrar da Série C foi desfeito, com um gol aos 44 minutos do segundo tempo. E o roteiro sobre a participação do Santa Cruz em Campeonatos Brasileiros deixou de ser um drama, para se transformar em terror. Ao Tricolor, restou apenas a esperança de um milagre para garantir uma vaga na Terceira Divisão do próximo ano, como um dos quatro melhores times entre os que não se classificarem para a próxima fase.

Quanto ao tropeço de ontem - a sétima partida do Santa Cruz sem vencer -, os jogadores, após o apito final, não encontraram palavras para resumir o que havia acontecido. Entretanto, é fácil explicar o empate. Porque os erros cometidos foram os mesmos de toda a campanha na Série C: As finalizações erradas, de uma equipe que demonstrou uma carência gritante nesse fundamento, a falta de volume de jogo, característica de um time sem conjunto, e, por fim, a desatenção. Esta foi a grande causa de mais um vexame coral.

Embora tenha finalizado pouco e mal, o Santa Cruz “achou” um gol logo aos 11 minutos de partida, quando Rosembrick cobrou uma falta, e o zagueiro Gonçalves apareceu para desviar a bola. A partir de então recuou, atraindo para seu campo o Campinense. Apesar do sufoco, defendeu-se bem, na base da vontade. Parecia que o fim do jejum de vitórias estaria próximo.

Essa impressão ficou ainda mais nítida no segundo tempo, quando o time melhorou, e passou a criar algumas chances de gol. Poderia até ter marcado o segundo gol, mas, uma vitória simples bastaria para o Santa Cruz ter chance de avançar na competição. Aos 44 minutos, o time paraibano armou um contra-ataque. Bastava para a jogada, pois poderia ser o último lance de jogo. E foi.

A mesma desatenção de sempre permitiu que os tricolores deixassem o lateral Fernandes livre pelo lado direito. Ele recebeu um lançamento, aproveitou o amplo espaço à frente, avançou, e fuzilou a meta de Gledson. O Estádio do Arruda, com 17 mil pessoas, ficou calado. Era o silêncio de quem não queria acreditar no que estava vendo.

A equipe volta a campo agora no dia 6 de setembro, contra o Salgueiro, no Sertão pernambucano, na rodada de encerramento da Terceira Divisão. Se ganhar, o Tricolor pode, dependendo de uma combinação de resultados, continuar na Série C do próximo ano. No caso de um empate ou uma derrota, o Santa Cruz terá de garantir, no Pernambucano, uma vaga na Série D.

Santa Cruz
Glédson; Rafael Mineiro, Gonçalves e Stanley; Marcos Vinícius, Vágner Rosa, Alexandre Oliveira, Juninho (Wesley), Rosembrick e Jéfferson (Camilo); Edmundo (Patrick)
Técnico: Bagé
Campinense
Pantera; Tiago Bastos, Jadson (Henrique), Cícero e Fernandes; Charles Wagner, Marquinhos Mossoró (Barata), Jean Alysson (Paulinho Macaíba) e Washington; Marabá e Vanderley
Técnico: Freitas Nascimento

Local: Arruda
Árbitro: André Luís Martins (MG)
Assistentes: Ubiratan Viana e Luís Carlos Bezerra (ambos do RN)
Cartões amarelos: Stanley, Marcos Vinícius, Vágner Rosa e Rosembrick pelo Santa Cruz; Cícero e Vanderley (pelo Campinense)
Cartão vermelho: Rafael Mineiro
Gols: Gonçalves (11 do 1ºT) e Fernandes (44 do 2ºT)
Público: 17.455
Renda: R$ 18.515.

Bagé sai e diz que teve “pouca culpa”

A confirmação deve ser feita hoje, mas, desde ontem à noite, Bagé não é mais técnico do Santa Cruz. O desastre contra o Campinense foi a última partida do treinador à frente do Tricolor. A eliminação na Série C, a seqüência de sete partidas sem vencer e as crescentes cobranças da torcida fizeram com que o profissional não tivesse mais condições de continuar no Arruda.

A postura adotada por Bagé ao final da partida, durante a entrevista coletiva, denunciou que ele estava de saída. Abatido, disse estar triste e, em tom de despedida, lamentou a situação. Como quem não precisa mais ter o cuidado de expor problemas internos, criticou o fato de o clube não ter contratado os reforços que ele queria. “O Bagé tem muito pouca culpa no que aconteceu”, frisou, ao falar de si próprio.

Até chegar a essa constatação, o treinador lembrou que alguns jogadores vieram fora de forma, disse que pediu reforços de peso, mas não foi atendido, e criticou a preparação feita para a competição. “A falta de planejamento reflete até na nossa casa”, concluiu.

Ao ser questionado por um repórter se continuaria no cargo, Bagé revidou: “Você, no meu caso, continuaria?” E ao ouvir um não como resposta, ele disse que precisava conversar com o presidente. Nessa conversa, segundo informações extra-oficiais, ele entregou o cargo.

O diretor de futebol Jomar Rocha ponderou ao falar sobre o treinador. Disse apenas que era preciso ter cautela, para “não tomar nenhuma decisão precipitada”, frase típica usada para retardar o anúncio da queda do treinador.

CAMPANHA

O retrospecto de Bagé no comando técnico coral justifica a sua saída. Em oito jogos, ele ganhou apenas na estréia, na vitória por 2x0 contra o Potiguar, no Arruda, ainda na Primeira Fase. Depois disso, foram duas derrotas, ambas para o Icasa, e cinco empates, inclusive o de ontem.

PM arma esquema de guerra e evita confusões

Costa Neto


Ação da polícia impediu protestos e violência dentro do clube
Batalhão de Choque escoltou torcedores que protestavam para fora do Arruda
Alexandre Barbosa

Já prevendo que o pior pudesse acontecer, a Polícia Militar (PM) foi para o jogo entre Santa Cruz e Campinense, ontem, no Arruda, preparada para evitar que cenas de violência como as vistas na partida contra o Icasa, há duas semanas, no mesmo José do Rêgo Maciel, se repetissem. Assim, desta vez, quando o pior realmente acabou acontecendo, o policiamento, que foi reforçado (cerca de 100 homens foram escalados para fazer a segurança do confronto), agiu rapidamente, conseguindo manter a paz, após o apito final do juiz.

Antes mesmo do final do jogo, minutos depois do Campinense marcar o gol de empate, cerca de 15 policiais do Batalhão de Choque, além de seguranças particulares, já guardavam a frente do vestiário tricolor. A grande diferença para o jogo contra o Icasa foi que, desta vez, o portão que dá acesso ao pátio interno do clube foi fechado, impedindo a entrada de torcedores vindos das arquibancadas no local. Outra medida foi a escolta da organizada Inferno Coral para fora do estádio.

Mesmo assim, conforme iam deixando o Arruda, alguns torcedores passaram a se aglomerar à frente do portão, gritando palavras de protesto como “time sem vergonha”, além de xingamentos direcionados ao presidente do clube Edson Nogueira - pedras também chegaram a ser atiradas. Rapidamente, o Batalhão de Choque, que teve o apoio do grupamento de cães e da cavalaria, agiu, dispersando o grupo que se formou. Em formação de batalha, eles iniciaram, então, a “limpeza” da área do estacionamento, retirando todas as pessoas que ainda permaneciam na sede coral.

O mesmo procedimento foi realizado nas ruas em torno do Arruda. O Choque formou um cordão que dispersou os torcedores em direção à avenida Beberibe. Desse modo, nenhuma confusão de grande porte foi detectada. Segundo a PM, algumas pessoas foram autuadas durante a partida - nesses casos, é lavrado apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Houve também um flagrante de roubo, que foi encaminhado para a delegacia.

Um caso mais sério foi o de um funcionário do Santa Cruz, identificado apenas como Humberto, agredido com um murro por um torcedor. Ele foi socorrido para a Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto, com suspeita de afundamento do malar.

Chance de ficar na Série C é remota

Apesar do empate em 1x1 com o Campinense e a eliminação da Série C, o Santa Cruz ainda não está, pelo menos matematicamente, fora da Terceirona no ano que vem - o que o forçaria a disputar uma vaga no Pernambucano para a recém-criada Série D. Com apenas três pontos conquistados, o Tricolor ainda tem a remota possibilidade de ficar entre os quatro melhores times que não passarem à fase seguinte.

A tarefa para tornar isso real, no entanto, será bastante árdua. Primeiro, o Santa Cruz tem que fazer o seu papel e vencer o Salgueiro, no dia 6 de setembro, no Cornélio de Barros, chegando aos seis pontos. Daí então, o segundo passo é torcer contra outros times que têm a mesma pretensão. A situação do Tricolor é complicada, principalmente porque a equipe já realizou cinco jogos, enquanto clubes de outros grupos têm pontuação no mesmo patamar, mas com partidas a menos.

Certo mesmo é que o Santa Cruz não pode alcançar o Sampaio Corrêa, atual terceiro colocado do grupo 18, que já chegou aos sete pontos, em cinco confrontos. Além disso, a equipe coral briga contra o próprio Campinense, que já tem seis pontos e caso não venha a se classificar para a fase seguinte da competição, também lutará por uma das quatro vagas dos melhores classificados.

Santa frustra torcida de novo e fica à beira do inferno


Sem chance de classificação, tricolor tem remota possibilidade de se manter na Série C 2009. Vai precisar de combinação de resultados

A linha que separa o Santa Cruz da Série D do Brasileiro é tênue. Eliminado ontem da Série C – e da luta pela B – com o empate por 1x1 diante do Campinense, no Arruda, pela penúltima rodada do Grupo 19 da segunda fase, resta ao time comandado por Ronaldo Bagé tentar a difícil missão de terminar com uma das quatro melhores campanhas entre os 16 desclassificados e, desta forma, garantir a vaga na Terceirona da próxima temporada.

A eliminação da Série C veio de forma dolorida. O Santa não apresentava o futebol dos sonhos do torcedor. Aliás, jogava em certos momentos até de forma bisonha. Mesmo assim, vencia, por 1x0, até os 44 minutos do segundo. Foi quando o lateral-esquerdo Fernandes recebeu a bola do meia Washington dentro da área e decretou o empate. O último ato do time nesta temporada será somente dia 6 de setembro, contra o Salgueiro, no Cornélio de Barros.

Com três empates e duas derrotas nesta fase, o Santa ocupa atualmente a lanterna do quadrangular. Os rubro-negros paraibanos estão em terceiro, com seis pontos, e vivos na busca de uma das duas vagas ao terceiro quadrangular. Com o empate por 1x1 no Romeirão, em Juazeiro do Norte, Icasa-CE e Salgueiro foram a oito. Os sertanejos pernambucanos levam a melhor na classificação no critério de saldo de gols (2x0).

No momento, 24 times entre os 32 que estão participando de um dos oito quadrangulares da segunda fase fazem melhor campanha que o Santa Cruz. Também é preciso levar em consideração que seis chaves estão defasadas em relação aos Grupos 19 e 18, ambos com a quinta rodada realizada. Nos Grupos 17, 21, 22 e 23 as equipes disputaram quatro jogos, no 20, foram três partidas, enquanto no 24 houve apenas duas rodadas. Julgamentos na Justiça Desportiva foram os motivos do atraso.

O retrospecto da competição não é nada agradável para os torcedores tricolores. A Série C está na terceira temporada seguida com a mesma fórmula. Tanto em 2006 quanto no ano passado, seis equipes entre as 16 eliminadas na segunda fase fizeram mais de seis pontos, pontuação máxima que o Santa pode alcançar na temporada atual. “É um momento difícil. Precisamos manter a cabeça fria. Sabemos que é quase impossível ficar na Série C”, analisou o diretor Jomar Rocha.

JOGO

Como somente a vitória manteria os tricolores na briga por uma das duas vagas à próxima fase, o Santa Cruz iniciou marcando no campo de ataque e pressionando o adversário. Não demorou para conseguir abrir o placar. Aos 11 minutos, o meia Rosembrik bateu uma falta da intermediária e encontrou o zagueiro Gonçalves em boas condições. O defensor pegou de primeira e marcou um bonito gol.

Mas, pressionado pelo jejum de seis jogos sem vitória e se vendo na frente, os corais trataram de recuar e abdicaram totalmente de atacar. Nem mesmo contra-ataques no aberto Campinense os corais conseguiram encaixar. Desta forma, os paraibanos martelaram, sobretudo com os avanços do lateral-esquerdo Fernandes. Aos 26, o atacante Vanderlei, de bicicleta, acertou o travessão de Glédson.

Com o apito do árbitro, a primeira metade da etapa estava cumprida. Ainda faltavam, porém, os outros 45 minutos. O Santa manteve a estratégia, enquanto o Campinense se abriu mais, beirando o desespero. E foi recompensado pelo “extinto” ofensivo. Com segundos para o cronômetro atingir os 45 minutos, Fernandes empatou o jogo e fez a festa dos visitantes.
FICHA DE JOGO SANTA CRUZ

Glédson, Rafael Mineiro, Gonçalves e Stanley, Marcos Vinícius, Alexandre, Vágner Rosa, Juninho (Uécslei) e Jefferson (Camilo), Rosembrik e Edmundo (Patrick). Técnico: Bagé.

CAMPINENSE

Pantera, Tiago, Jadson (Henrique), Cícero e Fernandes, Charles Vágner, Marquinhos Mossoró (Barata), Jean Alisson (Paulinho Macaíba) e Washington, Vanderlei e Marquinhos Marabá.

Técnico: Freitas Nascimento.

Local: Arruda. Árbitro: André Luís Lopes (MG). Assistentes: Ubiratan Viana (RN) e Luiz Carlos Camara (RN). Gols: Gonçalves, aos 11 minutos do 1º tempo, e Fernandes, aos 44 do 2º. Cartões amarelos: Stanley, Vágner Rosa, Marcos Vinícius, Rosembrik (S), Cícero e Vanderlei (C). Expulsão: Rafael Mineiro. Público: 17.455. Renda: R$ 18.515.

Bagé diz que sua culpa é pequena

Contestado pela torcida e mais uma vez chamado de burro ainda durante o jogo, o técnico gaúcho Ronaldo Bagé procurou se isentar de culpa pelos maus resultados e a conseqüente eliminação da equipe na Série C do Campeonato Brasileiro. O treinador está trabalhando no Arruda desde o dia 15 do mês passado e dirigiu o Santa Cruz em oito partidas da competição.

Bagé acumula uma vitória, cinco empates e duas derrotas. O índice de aproveitamento do time sob o seu comando é de 33,3%. “Fiz o máximo. O torcedor é inteligente e sabe que tenho pouca culpa nisso tudo porque não montei esse grupo. Trabalhei dentro do disponível. O elenco necessitava de jogadores mais qualificados. Agora estou sem coragem até de voltar para o Rio Grande do Sul”, disse o técnico.

A diretoria do Santa Cruz preferiu não oferecer declarações sobre a continuação de Bagé e também dos jogadores para o último jogo da competição. Uma reunião entre os dirigentes deve acontecer hoje. “Não quero culpar ninguém. Mas, dentre todos, Bagé é quem tem a menor parcela na eliminação. Não houve planejamento”, opinou o zagueiro Sandro.

Alexandre: dor da eliminação em dobro

Antes mesmo de o árbitro mineiro André Luís Lopes apitar o final do jogo, o volante Alexandre, 30 anos, derramou as primeiras lágrimas no gramado. Depois, o jogador não se conteve e deu as primeiras entrevistas aos prantos. O capitão do time é também um torcedor do Santa Cruz desde criança, que passou a mesma paixão para os três filhos. A dor em dobro pela eliminação foi tratada com um sentimento forte, comparada até ao falecimento do irmão Irinaldo Júnior, que, por problemas de saúde, não resistiu e morreu no dia 27 de abril do ano passado, aos 24 anos.

Ontem, quebrando um costume, Alexandre não levou o filho para entrar com o time como mascote e assistir ao jogo no Arruda. O menino ainda carrega as marcas da partida anterior, quando um grupo de vândalos tentou invadir os vestiários para agredir jogadores e seus familiares. “Ele sempre me perguntava quando nós voltaríamos a vencer. Queria presenciar novamente o time no estádio. Agora não sei nem com que cara vou olhar para os meus filhos”, disse o volante, que reside em Itamaracá.

Alexandre desembarcou no Arruda durante a disputa do Campeonato Pernambucano. Voltou para ficar mais próximo da família, até por conta da morte do irmão, e realizar o sonho de vestir a camisa do clube de coração. Antes, esteve defendendo a Portuguesa de Desportos por duas temporadas seguidas. “Vim aqui para recolocar o Santa Cruz na Série B. Aconteceu o contrário, criei essa dívida enorme com o clube. Inevitavelmente esse grupo criou uma imagem de derrotado.”

Na sala de entrevistas, o cabeça-de-área foi informado pelos repórteres sobre a possibilidade de permanência da equipe na Série C do Campeonato Brasileiro. “Não era para isso que queríamos lutar. Mas se é o que resta, vamos em busca para tentar vencer o Salgueiro lá dentro e pelo menos deixar o clube onde nós encontramos. Somos profissionais e, até o último jogo, vamos lutar da mesma forma de sempre”, garantiu.

O zagueiro Sandro também tem um envolvimento emocional com o Santa Cruz que extrapola os limites profissionais. “Tenho vários familiares que torcem para o clube e sei a dimensão dessa torcida. Não sei o meu futuro aqui, até por questões de diretoria. Mas essa é a última camisa que visto”, revelou Sandro, 35 anos, que não enfrentará o Salgueiro por conta de uma lesão na musculatura da coxa direita.

Polícia Militar impede nova invasão ao vestiário

Assim que o Campinense empatou o jogo, o corre-corre foi grande do lado externo do estádio José do Rêgo Maciel. Muitos torcedores do Santa Cruz se aglomeraram no portão do estacionamento que dá acesso aos vestiários para protestar. Pela ira de alguns manifestantes, a intenção era repetir o ato de duas semanas atrás, quando uma vidraça da sala de imprensa foi quebrada após a derrota por 1x0 para o Icasa.

Mas dessa vez, eles não conseguiram passar pelos policiais. O efetivo de aproximadamente 100 homens impediu que os torcedores tivessem acesso às dependências do clube. Na confusão, o porteiro Humberto Moraes do Nascimento levou um soco no rosto e foi atendido na policlínica Amauri Coutinho, na Campina do Barreto.

“Sabíamos que se o resultado não fosse favorável, a torcida do Santa Cruz se manifestaria. Por isso trabalhamos para impedir a entrada na parte interna do clube destes torcedores, que poderiam provocar um quebra-quebra”, disse o tenente-coronel Tenório Maranhão, do 11º Batalhão da PM.

O efetivo foi dividido em vários grupos. Cerca de 20 policiais do Batalhão de Choque fizeram uma barreira em frente à grade que isola os vestiários. Outro grupo ultrapassou o portão do estacionamento e partiu para dispersar os torcedores. Aos poucos, com o auxílio da Cavalaria, os manifestantes foram empurrados para a Rua das Moças e depois para a Avenida Beberibe. Pedras lançadas pela torcida quebraram vidros laterais de duas vans da PM.

Além de gritarem “time sem vergonha”, alguns torcedores ameaçaram o presidente Edson Nogueira. “Edinho, sua vida está em perigo”, bradou um tricolor que descia pela rampa que desemboca na Rua das Moças.

“A torcida do Santa Cruz não merecia isso. Quem deveria ser preso é esse presidente (Edson Nogueira). Colocou o Santa na Terceira Divisão e contratou um treinador de jogo de botão para comandar a equipe. O resultado agora é a quarta divisão”, desabafou o vigilante Chico da Cobra, 51 anos.

Vale a pena lembrar que o Santa Cruz ainda tem remotas chances de permanecer na Série C, se terminar com uma das quatro melhores campanhas, entre os 16 que não passarem à terceira fase. Atualmente, dos 32 clubes que disputam a segunda fase, o Santa tem a 25ª campanha. Tem mais um jogo para cumprir. Por precaução, uma viatura da PM ficaria de plantão no Arruda até a manhã de hoje.

ELEIÇÕES

Mesmo sob clima de tensão, Rubens Magalhães, integrante da Veneno Coral, afirmou que a facção tem uma reunião marcada para amanhã, às 19h30, no Empresarial Trade Center, na Avenida Rosa e Silva. A intenção é tratar do plano de ação do grupo, que pretende disputar as eleições do clube, no fim do ano. “Vamos pedir a antecipação do pleito, pois não há tempo a perder. Temos que começar a trabalhar já na montagem do time para a disputa do Campeonato Pernambucano, no qual precisamos nos classificar para a Quarta Divisão do Campeonato Brasileiro”, disse Magalhães.

Segundo ele, a chapa já está praticamente fechada. Fernando Veloso seria o nome para concorrer à presidência do executivo, com Osmundo Bezerra, na vice, e Sílvio Ferreira, no Conselho Deliberativo.