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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Empate? Bom para o Sport


Clássico das emoções // Resultado de 2 x 2 tirou do Náutico e do Santa Cruz o poder de decidir o próprio destino no primeiro turno

Cassio Zirpoli e Marcel Tito // Diario
cassiozirpoli.pe@diariosassociados.com.br
marceltito.pe@diariosassociados.com.br

O resultado justo era a vitória do Náutico. De goleada, possivelmente. Mas no futebol a razão existe para ser contrariada. E, não fosse uma defesa de Eduardo no segundo tempo, seria ela mais uma vez desmoralizada nos Aflitos. Melhor para o Santa Cruz? Nem tanto. O empate em 2 x 2 no Clássico das Emoções foi um bom resultado diante das circunstâncias, mas tira das mãos do clube o poder de decidir o próprio destino. Agora, para conquistar o turno, o Tricolor precisa de um tropeço do Sport, além de uma vitória do Clássico das Multidões do próximo domingo. Está difícil.

Difícil como também era imaginar que o Santa Cruz poderia abrir o placar no clássico de ontem. A equipe de Márcio Bittencourt entrou preocupada exclusivamente em marcar. Não conseguia. O Náutico era veloz e envolvia a defesa tricolor com facilidade. Faltava a precisão de um matador para balançar as redes. Alguém tipo Marcelo Ramos, que aproveita qualquer oportunidade como fosse a única, a última. Marcelo estava do outro lado. E aproveitou a única chance tricolor do primeiro tempo. Nos Aflitos, ele fez Santa Cruz 1 x 0 aos 18 minutos.

O golpe foi duro, principalmente para os torcedores. O time permaneceu equilibrado, continou dominando. Chegava na área adversária, mas não conseguia concluir com eficiência. Tanto que o empate aos 41 começou num erro. O chute de Carlinhos Bala da intermediária saiu fraco, rasteiro, sem direção. A bola acabou sendo disputada por Lessa e Thiago Matias. Acabou nos pés de Gilmar. Estava fácil e ele não decepcionou: 1 x 1.

Os primeiros minutos do segundo tempo só aumentaram a injustiça que seria o Náutico deixar o campo sem conquistar os três pontos. O minuto inicial nem havia sido completado e o Timbu já tinha mandado uma bola na trave. O gol saiu logo, aos quatro minutos. Carlinhos Bala marcou aproveitando o cochilo dos defensores corais.

O domínio da partida, a vantagem no placar e o apoio da torcida tornaram o momento perfeito para o Náutico consolidar a vitória. Parecia simples, mas os pecados ofensivos voltaram a artomentar. Não por qualidade, mas por omissão. Parecia faltar vontade aos alvirrubros de balançar as redes. Pensavam, talvez, que o adversário estava morto - como de fato parecia. O Santa Cruz estava em campo apenas. Não criava nada ofensivamente.

Até a entrada de Pedro Henrique. Aos 14 minutos, o meia substituiu o apagado Leandro Gobatto e aproveitou o desleixo da defesa timbu. Aos 16 conseguiu cavar uma falta na entrada da área. Marcelo Ramos iria cobrar. Sandro pediu e o atacante cedeu a oportunidade. Lembrou a responsabilidade da chance única. Sandro não decepcionou. Era o empate. O gol esfriou o Náutico. O Timbu queria ganhar, mas faltava ânimo e qualidade. O Santa Cruz também queria, mas Eduardo não permitiu. O empate estava sacramentado.

Palavra dos professores

"A minha preocupação era chegar bem no clássico, e conseguimos. É claro que tivemos alguns erros, mas o rendimento foi bom. Me agradou na equipe a postura aguerrida e bem posicionada no campo. Não me agradou perder algumas chances no primeiro tempo, quando vencíamos por 1 x 0, com lances com de um contra um no contra-ataque. Mas saí satisfeito".

Marcio Bittencourt

"Mesmo se for disputar campeonato de dominó, só entro para vencer. Sabemos das dificuldades para conquistar o primeiro turno, mas iremos fazer nosso melhor nas próximas partidas"

Roberto Fernandes

Náutico 2

Eduardo; Carlinhos (Adriano Magrão), Vágner, Galiardo e Anderson Santana; Nunes, Johnny (Derley), Juliano (Dinda) e Carlinhos Bala; Gilmar e Anderson Lessa. Técnico: Roberto Fernandes.

Santa Cruz 2

André Zuba; Thiago Matias, Sandro e Leandro Camilo (Memo); Parral, Bilica, Wágner, Leandro Gobatto (Pedro Henrique) e Juca; Marcelo Ramos (Anderson) e Márcio. Técnico: Márcio Bittencourt.

Local: Aflitos. Árbitro: Wilson Souza. Assistentes: Jossemmar Diniz e Pedro Wanderley. Gols: Gilmar e Carlinhos Bala (N); Marcelo Ramos e Sandro (S). Cartões amarelos: Juliano (N); Leandro Camilo, Parral e Bilica (S). Cartão vermelho: Bilica (S). Público: 15.305. Renda: R$ 55.360,00.

O diálogo, o míssil e a homenagem ao pai

Santa // Sandro pediu a Marcelo Ramos para cobrar a falta que resultou no gol de empate

-Eu vou bater essa falta, anunciou Marcelo Ramos.

-Deixa eu chutar essa de pertinho, Marcelo. Pô, toda vez só deixam eu bater do meio-campo, pediu Sandro.

-É... Deixa mesmo, porque ele vai mandar por cima, alfinetou Carlinhos Bala.

-Tá certo, Sandro. Mas você vai ter que fazer o gol, respondeu Marcelo Ramos.

-Pode deixar comigo. E vou mandar um bomba para estourar esse gol, finalizou a conversa Sandro

A conversa acima antecedeu o gol de empate do Tricolor, aos 17 minutos do segundo tempo. Um míssil indefensável do veterano zagueiro, que completará 36 anos no próximo dia 17. O seu primeiro gol de falta desde 2006, quando defendia o Guarani. Na comemoração, Sandro simulou estar dirigindo no gramado, em uma homenagem ao pai, seu João, que mesmo aos 82 anos ainda trabalha como taxista no Engenho do Meio. "Eu fiz essa promessa em 1999, e todos os gols que eu faço são assim. Ele está feliz hoje (ontem), porque é tricolor. É um guerreiro também que conseguiu criar 14 filhos", afirmou o capitão, que achou justo o empate.

O zagueiro admitiu a dificuldade para tentar conquistar o primeiro turno (devido à distância de cinco pontos em relação ao Sport), mas ressaltou a importância para o grupo de um jogo de "igual para igual" contra um time da Série A (Náutico). "Fomos guerreiros até o final do jogo. Estamos evoluindo, mesmo com essa tabela na qual jogamos apenas duas das sete partidas em casa. O turno ficou um pouco difícil, mas temos um confronto direto contra eles e o Sport ainda vai pegar o Náutico".

Apesar de ter sido elogiado pela atuação, o atacante Marcelo Ramos - que abriu o placar nos Aflitos e chegou a cinco gols no Estadual - lamentou mesmo foi o "quase gol", quando o centroavante cabeceou no contrapé do goleiro Eduardo, que conseguiu evitar a virada com os pés. "Aquela foi a bola do jogo. O Náutico teve mais volume de jogo, mas fomos bem e poderíamos ter saído com a vitória. O jogo mostrou a força do nosso grupo, e estamos felizes com isso", completou Marcelo. Para o atacante, o time ganhou ainda mais moral paraenfrentar o Sport, no próximo domingo. O grupo coral deverá se reapresentar hoje à noite, no Arruda, onde os jogadores farão um treino regenerativo.

O árbitro

Conhecido como um árbitro rigoroso, Wilson Souza optou demasiadamente pela conversa com os jogadores no Clássico das Emoções. Em alguns lances, o cartão amarelo poderia ter saído do

bolso do juiz. No final, o diretor de futebol do Santa, Antônio Ruas Capella, ainda disparou contra Wilson, dizendo o árbitro teria intimidado os jogadores do Tricolor. "Ele foi rigoroso demais na expulsão de Bilica. Foi uma atuação desastrosa".

Minuto a minuto

1º tempo

4 min - Johnny chuta da entrada da área, com efeito. Zuba espalma na direção de Carlinhos Bala. O atacante tenta cabecear a bola, quase rasteira, e desperdiça a chance nas mãos do goleiro tricolor.

6 min - Juliano arranca em velocidade da intermediária, tabela com Carlinhos Bala e recebe na área. Na hora do chute, é travado por Juca.

12 min - Carlinhos Bala arranca da defesa e toca para Gilmar, na direita. O atacante se livra da marcação e chuta forte. Zuba desvia para escanteio.

17 min - O lateral Carlinhos cruza da direita. Anderson Lessa cabeceia sem direção, por cima do gol de Zuba.

18 min - Gobatto recebe lançamento na esquerda e cruza. Vágner não consegue interceptar e a bola cai no pé esquerdo de Marcelo Ramos, que com categoria faz 1 x 0.

34 min - Parral ganha dividida para Anderson Santana na defesa e avança com liberdade. É indeciso ao chegar na entrada da área timbu e chuta sem força. Eduardo defende.

40 min - Parral cruza rasteiro, Eduardo defende com facilidade.

41 min - Carlinhos Bala chuta rasteiro. Anderson Lessa divide com Thiago Matias de carrinho e a bola sobra para Gilmar. O atacante vence Sandro na velocidade e chuta forte, sem defesa para Zuba. Náutico 1 x 1 Santa.

46 min - Boa jogada de Parral pela direita. O lateral se livra de dois marcadores e deixa Gobatto livre para finalizar da entrada da área. A bola passa por cima.

2º tempo

1 min - Carlinhos cruza da direita e Sandro corta. Na cobrança de escanteio, Carlinhos Bala manda na cabeça de Gilmar, que manda a bola na trave tricolor.

4 min - Bala sofre falta na esquerda. Cobra rápido e, na tabela com Anderson Santana, invade a área e chuta. André Zuba se estica e ainda toca na bola, mas não consegue evitar a virada do Náutico: 2 x 1.

8 min - Falta para o Náutico. Bala cobra, a bola desvia na barreira e sobra para Johnny. O volante chuta e a zaga corta mais uma vez.

16 min - Falta para o Santa Cruz na entrada da área. Sandro manda uma bomba. Eduardo tenta tirar, mas não consegue e o Tricolor empata o jogo: 2 x 2.

26min - Carlinhos Bala cruza da esquerda e Vágner, na segunda trave, cabeceia. André Zuba desvia para escanteio.

29 min - Pedro Henrique cruza da esquerda e Marcelo Ramos cabeceia. Eduardo realiza grande defesa com o pé direito.

42 min - Outra jogada individual de Parral pela direita. Mais uma vez, ele se atrapalha no momento de finalizar e Eduardo defende fácil.

47 min - Falta para o Náutico. Carlinhos Bala cruza da direita e Derley, na segunda trave, cabeceia para fora.

Atuação

Náutico

Eduardo - Fez uma defesa extraordinária aos 29 minutos do segundo tempo, a sua única intervenção real na partida. Não teve culpa nos gols. 6,5

Carlinhos - Estreia satisfatória. Caiu de rendimento na segunda etapa. 6

(Adriano Magrão - Apareceu em dois lances e não aproveitou. 4)

Vágner - Não conseguiu cortar a bola no primeiro gol tricolor. 5,5

Galiardo - Não acompanhou Marcelo Ramos no primeiro gol. Chegou atrasado em outros lances. 5

Anderson Santana - Bem no apoio, deixou brechas no sistema defensivo. 5,5

Nunes - Pecou na cobertura dos laterais apenas. 5,5

Johnny - Chegou várias vezes ao ataque com qualidade. 6

(Derley - Nos minutos que esteve em campo, atuou ainda mais avançado do que Johnny. Sem a mesma eficiência, porém. 5,5)

Juliano - Muito bem no início do jogo, criando os lances ofensivos com Carlinhos Bala. Sumiu do jogo e acabou substituído. 5,5

(Dinda - Teve duas oportunidades e não aproveitou. 5,5)

Bala - Participou do primeiro gol do Náutico e marcou o segundo. Se movimentou bastante. 7

Gilmar - Apareceu sempre com velocidade e marcou o primeiro gol. 7

Anderson Lessa - Sumido. Não conseguiu sair da marcação tricolor. 4

Santa Cruz

André Zuba - Isento de culpa nos gols alvirrubros. Fez pelo menos duas boas defesas. 6

Thiago Matias - Atuação regular. Esteve perdido no posicionamento em alguns lances. 5,5

Sandro - Perdeu o tempo na marcação de Gilmar no primeiro gol timbu. No mais, uma atuação precisa, coroada com um belo gol de falta. 7

Leandro Camilo - Deixou muitos espaços livres para o ataque alvirrubro. 4,5

(Memo - Entrou com a responsabilidade de anular Carlinhos Bala e cumpriu a sua missão. 6)

Parral - Puxou o time para o ataque, mas pecou quando preferiu finalizar 5,5

Bilica - Abusou das faltas. 4,5

Wágner - Se limitou a marcar. Deu liberdade aos meias alvirrubros. 5

Gobatto - Sua atuação fica restrita ao cruzamento para Marcelo no primeiro gol do Santa. 4

(Pedro - Melhorou - e muito! - a qualidade na saída de bola do Santa7)

Juca - Começou bem, mas se perdeu no posicionamento. 4

Marcelo Ramos - Teve duas chances. Fez na primeira e só não balançou as redes na outra por causa de Eduardo. 7

(Anderson - Entrou para reforçar a marcação no meio-campo. 5,5)

Márcio - Apagado. Nas vezes em que foi acionado, nada produziu. 4

Alvirrubros ficam abalados

Rodolfo Bourbon // Do Aqui Pe

"Por que não conseguimos ganhar?" O questionamento do zagueiro Galliardo, após o clássico, ressoou como uníssono entre os atletas alvirrubros, visivelmente abalados com o empate. Em função do resultado que praticamente eliminou as chances de conquista do primeiro turno do Estadual, o clima nos vestiários do Náutico beirou a melancolia e a busca por explicações. "Foi o melhor jogo do nosso time. Quando eu estava em campo, pensei que hoje seria o momento da reviravolta. Não dá para entender", lamentou o lateral-esquerdo Anderson Santana.

O atacante Carlinhos Bala disparou críticas ao recuo da equipe depois de marcar o gol da virada. "Deixei o time na frente, mas não soubemos cadenciar o placar. Faltaram calma e agressividade. Não podemos mais errar."

Sobre a motivação para a disputa das próximas rodadas, a opinião dos jogadores permaneceu divida. "Está um pouco distante, mas dá para sonhar", avaliou Galliardo. O goleiro Eduardo, em contrapartida, adotou discurso mais realista. "Perdemos o primeiro turno", enfatizou.

Já o treinador Roberto Fernandes deseja aproveitar o restante dos jogos da primeira fase para afinar o elenco. "No segundo turno, certamente estaremos mais preparados quanto a regularizações, entrosamento e aptidão física. Nesta partida fui forçado a realizar três alterações sem critério técnico ou tático. Juliano cansou, Bala pediu para sair e Johnny se lesionou", afirmou.

O lance que retirou o volante Johnny do duelo - chute no solado de um atleta do Santa Cruz - causou preocupação no jogador e na equipe médica do Timbu. "Ele achou que tinha quebrado o pé. Mas não constatamos a fratura. Fizemos a medicação e iremos esperar a evolução da contusão. É dúvida para o próximo jogo", frisou o médico alvirrubro Paulo Regueira.

Tricolores com ingresso do Todos com a Nota


Os tricolores não assistiam a um clássico há quase dois anos. Mesmo com a saudade de ver o time enfrentando os velhos rivais, os torcedores do Santa não ficaram muito dispostos para pagar R$ 40 por um ingressos de arquibancada ontem à tarde, nos Aflitos. Muitos deles (cerca de 1/3 do total) entraram no estádio com o ingresso da promoção Todos com a Nota, que foi exclusivo para a torcida do Náutico. Sendo assim, o acesso também foi pelo setor alvirrubro. O resultado disso? Muita confusão, com direito a 'corredor polonês', pancadaria e correria, em um episódio semelhante ao que aconteceu em 5 de feveiro de 2007, quando torcedores do Sport tiveram a mesma "ideia", também em um clássico nos Aflitos.

Ontem, porém, policiais militares do Batalhão de Choque, já esperavam a ação de parte da torcida coral (principalmente de integrantes da organizada Inferno Coral). Como seria difícil a identificação - já que todos os torcedores do Santa entraram sem a camisa do time na arquibancada timbu -, o jeito foi reunir todos ostorcedores e liberar o acesso. Para a revolta da torcida do Náutico, diga-se. Certamente, um motivo para explicar a renda bem abaixo do esperado (apenas R$ 55.360).

Empate ruim para Náutico e Santa Cruz

Robert Fabisak




Times ficaram no 2x2, ontem, nos Aflitos, e viram o Sport abrir vantagem na liderança
Em uma cobrança de falta, zagueiro Sandro decretou a igualdade no placar
GUSTAVO LUCCHESI


No tão esperado retorno do Clássico das Emoções ao calendário do futebol estadual, o Náutico empatou com o Santa Cruz em 2x2, ontem, nos Aflitos. Apesar do placar, a emoção esteve presente durante todo o confronto, com o Timbu saindo atrás no marcador, conseguindo a virada logo no início do segundo tempo, mas sofrendo um gol de empate no meio da etapa final e não tendo mais forças para buscar a vitória, mesmo com um a mais em campo nos 15 minutos finais de jogo.

Aos alvirrubros restou apenas lamentar, já que o time ficou oito pontos atrás do líder Sport e praticamente não têm mais chances de conquistar o primeiro turno. Do outro lado, os tricolores viram a distância para os rubro-negros aumentar de três para cinco pontos, apesar de conseguirem permanecer na vice-liderança da competição, com 16.

Ciente de que apenas a vitória o manteria vivo no turno, o Náutico resolveu adotar um esquema mais ofensivo do que os jogos anteriores, optando por um 4-3-3, com o trio de ataque formado por Carlinhos Bala, Gilmar e Anderson Lessa, com os dois primeiros se revezando na função de meia armador. Com isso, o Timbu conseguiu impor uma pressão nos minutos iniciais, com Johhny, aos quatro minutos, e Gilmar, aos 12, experimentando dois belos chutes de fora da área para duas belas intervenções de André Zuba.

Esquecido na partida e parecendo anulado pelo sistema defensivo alvirrubro, Marcelo Ramos deu uma aula de como ser um matador implacável, aos 18 minutos, quando recebeu cruzamento curto e num de seus primeiros toques na bola, dominou com a direita e com categoria tocou de esquerda no canto esquerdo de Eduardo, abrindo o placar e jogando um balde de água fria nos mandantes. Perdido e desorganizado em campo, o Timbu conseguiu chegar ao empate ainda no primeiro tempo, com Gilmar pegando a sobra de um chute torto de Bala.

O Náutico voltou a mil por hora para a etapa final. Logo com 40 segundos de jogo, o zagueiro Vágner subiu de cabeça e mandou a bola na trave de Zuba. Com o gol amadurecendo, Carlinhos Bala, aos quatro minutos, usou a malandragem, bateu falta rápido, recebeu de volta na frente e chutou rasteiro para virar o jogo e incendiar os Aflitos.

Apesar da pressão alvirrubra, os visitantes se mostraram tranquilos e não demoraram para conseguir o gol de empate. Aos 16 minutos, o veterano Sandro bateu falta na entrada da área e mandou uma bomba para decretar o resultado final. Aos 29, a bola do jogo esteve na cabeça de Marcelo Ramos, mas Eduardo fez incrível defesa e evitou a vitória tricolor.

Náutico

Eduardo; Carlinhos (Dinda), Vágner, Galiardo e Anderson Santana; Nunes, Johnny (Derley) e Juliano (Adriano Magrão); Carlinhos Bala, Gilmar e Anderson Lessa
Técnico: Roberto Fernandes

Santa Cruz

André Zuba; Thiago Matias, Leandro Camilo (Memo) e Sandro; Parral, Bilica, Wágner, Leandro Gobatto (Pedro Henrique) e Juca; Marcelo Ramos (Anderson) e Márcio
Técnico: Márcio Bittencourt

Local: Aflitos
Árbitro: Wilson Souza
Assistentes: Jossemmar Diniz e Pedro Wanderley
Gols: Marcelo Ramos (aos 18 do 1°T), Gilmar (aos 41 do 1°T), Carlinhos Bala (aos 4 do 2°T) e Sandro (aos 16 do 2°T)
Cartões amarelos: Juliano (Náutico); Parral, Bilica e Leandro Camilo (Santa Cruz)
Cartão vermelho: Bilica (Santa Cruz)
Público: 15.305
Renda: 55.360
Preliminar: Náutico 5x3 Santa Cruz (juniores).

Alvirrubros já pensam no 2º turno

Marcos Pastich


Empate complicou bastante a vida do Náutico nessa primeira parte do Estadual
Goleiro Eduardo: “Não temos mais chances nesse turno”
Gustavo Lucchesi

Sabendo que apenas uma vitória no Clássico das Emoções de ontem os manteriam na briga pelo título do primeiro turno, os alvirrubros eram só lamentações após o empate diante do Santa Cruz. Vendo a diferença para o líder Sport aumentar de seis para oito pontos, boa parte dos atletas já jogaram a toalha nesta primeira metade do Estadual e já admitem utilizar as quatro partidas restantes como “treinos de luxo” para conseguir entrar com força total para a disputa do segundo turno. “Acabou. Com esse empate de hoje (ontem) não temos mais chances nesse turno, mas nem por isso vamos relaxar ou deixar a seriedade de lado nesses jogos, pelo contrário, temos que continuar evoluindo, ganhando entrosamento e condicionamento físico. Essas partidas são fundamentais para nos preparamos, já que não tivemos tempo para pré-temporada”, comentou o goleiro Eduardo.

Já o treinador Roberto Fernandes não quis admitir com todas as letras que a sua equipe deixou a briga pelo primeiro turno, mas admitiu que utilizará os jogos restantes para testar algumas novas peças e possíveis formações a serem utilizadas futuramente. “Eu vou continuar entrando em campo para ganhar, mas a bem da verdade é que a situação é bastante delicada. Vamos aproveitar esses jogos para evoluirmos e entrarmos bem no segundo turno. Hoje (ontem), fizemos a nossa melhor partida na competição, mas não soubemos liquidar o jogo”, declarou Fernandes.

Sobre o “recesso” do Estadual, que após a última rodada do primeiro turno, no dia 15 deste mês, só retorna no dia 2 de março, o comandante alvirrubro comentou que poderá utilizar, nesta temporada, o mesmo método utilizado no ano passado, quando dividiu o elenco alvirrubro em G1 e G2, com os dois grupos tendo programações distintas. A intenção é colocar os atletas que estão melhores condicionados de um lado e do outro os que ainda não conseguiram atingir condições ideais de jogo. “Esses 15 dias servirão como nossa pré-temporada e os atletas vão ter que suar muito a camisa”, disse Roberto.

Bala foi um dos destaques da partida

Yuri de Lira
Especial para a Folha


Ontem, no Clássico das Emoções, o atacante Carlinhos Bala fez o seu primeiro gol contra o Santa Cruz vestindo a camisa de um arqui-rival. O atacante já havia marcado contra o Tricolor defendendo o Cruzeiro no Brasileirão de 2006, mas, em clássicos, nunca tinha balançado as redes do Mais Querido. Defendendo as cores do Sport, o Baixinho jogou contra o Santa Cruz por duas vezes, passando em branco em ambas. Após o gol, Bala preferiu evitar qualquer tipo de polêmica e não fez nenhuma comemoração diferente. “Quando marquei o gol, fiz uma homenagem a minha filha, comemorei de forma tranquila para não criar nenhum mal-estar”, disse ele, comedido.

Um dos melhores jogadores em campo por parte do Timbu, Bala lamentou o empate contra o Santa Cruz e disse que o Náutico não soube aproveitar a vantagem no placar. “Levamos o primeiro gol, empatamos e viramos. Depois, não soubemos tirar proveito dessa vantagem e acabamos cedendo o empate ao Santa’’, declarou o jogador.

Bala lembrou que no jogo de ontem o seu desempenho foi prejudicado após a entrada do volante Memo, que o marcou de forma implacável. ‘’Quando Memo entrou, eu já estava cansado e a marcação dele atrapalhou ainda mais a minha movimentação. Tentei levar essa marcação para as pontas para abrir espaço no meio, mas, infelizmente, não deu certo”, afirmou.

Apesar de já ter tido uma passagem pelo Náutico, o atacante disse que ainda está em fase de adaptação no Timbu, mas que com o tempo o seu desempenho tende a crescer. “Cheguei agora no Náutico e estou ainda me adaptando ao clube, mas com a sequência de jogos o meu rendimento vai melhorar ainda mais”, disse.

Sandro desencanta e faz o 1º gol com a camisa coral

Rômulo Alcoforado
Especial para a Folha


O último gol de falta dele havia sido no ano de 2006, quando ainda atuava no Guarani/SP. Não sabe de quem se trata? Pois bem, é o zagueiro Sandro, que no clássico de ontem finalmente desencantou e marcou seu primeiro tento com a camisa tricolor. “O Marcelo Ramos estava comigo na bola, então, eu falei: ‘Marcelo, deixa eu bater’. Ele disse: ‘pode chutar, mas tem que fazer o gol’. Eu respondi: ‘Deixa comigo que eu vou estourar o peito desse goleiro’”, contou sorrindo o capitão coral.

Além de explicar o que aconteceu nos momentos antes da falta, o experiente jogador fez, também, uma análise positiva do resultado da partida: “O Náutico era o favorito. Nós não queríamos dizer, mas eram, até pelo fato de estarem jogando em casa e pela questão do entrosamento. O importante foi que nós jogamos como time grande”.

O outro artilheiro do Santa Cruz na tarde, Marcelo Ramos, acredita que o placar foi justo e que, mesmo estando a cinco pontos do líder Sport, o time do Arruda ainda tem chance de conquistar o primeiro turno. “A gente está lutando. O empate não era o resultado ideal, mas aconteceu. A partir de agora, nós temos que vencer todos os jogos, principalmente o próximo clássico. Com certeza, ainda estamos na briga” sentenciou, recusando-se a jogar a toalha. O treinador Márcio Bittencourt, por sua vez, preferiu elogiar a raça do time. “O que me agradou bastante foi aquilo que a gente conhece da equipe: muito aguerrida, corre o jogo todo e não desiste de nenhuma bola”.

Jogadores elogiam o trabalho de Bittencourt

GUSTAVO PAES


Primeiro, o técnico Márcio Bittencourt escalou três zagueiros, que conseguiram segurar bem as investidas do ataque do Náutico, pelo menos até o momento do gol de empate. Depois, vendo que sua equipe estava desestabilizada, promoveu a entrada de Memo, que foi fundamental ao anular as ações de Carlinhos Bala. Por fim, colocou o atacante Pedro Henrique, que, além de criar boas oportunidades, ainda sofreu a falta que originou o gol de Sandro. Por tudo isso, Bittencourt foi destaque no Clássico das Emoções. “A nossa parte tática está sendo um grande diferencial nesse primeiro turno. Nós estamos no caminho certo. Nós confiamos muito no trabalho do Márcio Bittencourt”, declarou o atacante Marcelo Ramos.

O capitão Sandro também elogiou o comandante. “O Márcio está fazendo um grande trabalho. Está claro para todos que nós temos que nos ajudar dentro de campo, a preocupação tática é muito grande”, comentou. Ao saber dos elogios, Bittencourt brincou. “Tem certeza que eles elogiaram? Acho que não, eu só dou porrada neles”, disse. “Eu cobro bastante deles, porque sei o que eles podem oferecer”.

Times criticam atuação de Wilson

Robert Fabisak


Para Santa Cruz, árbitro intimidou seus jogadores. Náutico reclamou dois pênaltis
Wilson distribuiu cinco cartões no clássico, sendo um vermelho para o tricolor Bilica
GUSTAVO PAES
No Clássico das Emoções, o árbitro Wilson Souza de Mendonça conseguiu desagradar gregos e troianos. Durante as entrevistas coletivas, integrantes de ambas as equipes reclamaram do desempenho do juiz, que, segundo a visão dos entrevistados, apresentou deficiências tanto na parte disciplinar quanto na técnica. Pelo lado do Santa Cruz, quem fez duras críticas a Wilson foi o diretor de futebol do clube, Antônio Ruas Capella, que chegou a dizer que seus jogadores foram intimidados. “Nos últimos jogos, Wilson Souza tem deixado a desejar. O tempo todo ele ficou ameaçando os nossos jogadores e deixou Carlinhos Bala dominar a arbitragem. Foi uma atuação no mínimo desastrosa”, disse Capella.

Por outro lado, o técnico Márcio Bittencourt preferiu evitar polêmica e ainda elogiou o árbitro. “Não tenho nada para falar da arbitragem. Conheço o Wilson Souza faz tempo, ele teve uma boa atuação”, afirmou o treinador coral. Se o treinador do Santa Cruz não tinha queixas, o mesmo não se pôde dizer do técnico Roberto Fernandes, do Náutico. “Wilson Souza é o árbitro mais experiente que nós temos em Pernambuco. Não acredito em má intenção da parte dele, mas já soube que tivemos dois pênaltis ao nosso favor que não foram marcados, além de um contra-ataque nosso que ele matou, já que deveria ter aplicado a lei da vantagem, pois o Gilmar saiu na cara do gol. Mas todo mundo erra”, declarou Fernandes.

Os pênaltis reclamados pelo técnico alvirrubro aconteceram aos 26 minutos do primeiro tempo e aos três minutos da etapa final. Os dois lances, nas avaliações a olho nu, provocaram opiniões diversas entre os cronistas desportivos. No primeiro lance, o time timbu alçou uma bola na área, o zagueiro Galiardo disputou de cabeça e teria sido puxado por Vágner. No segundo, Anderson Lessa invadiu a área em velocidade, a zaga do Tricolor veio por baixo e o jogador acabou caindo na grande área.

Wilson Souza distribuiu três cartões amarelos para o Santa Cruz e um para o Náutico. Aos 37 minutos do segundo tempo, o árbitro deu o segundo amarelo a Bilica, quando a bola bateu na mão do jogador, outra decisão que gerou polêmica.

Folha flagra mais um ônibus sendo depredado

Marcos Pastich


Torcedor tricolor terminou levando a pior na confusão
GUSTAVO PAES
Na última terça-feira, a Folha de Pernambuco publicou, com exclusividade, uma reportagem sobre os prejuízos contabilizados pelo Grande Recife Consórcio, antiga EMTU, que divulgou a informação de que 225 ônibus foram danificados em apenas oito jogos realizados na Capital. Ontem, minutos antes do apito inicial para o Clássico das Emoções, a reportagem da Folha flagrou o momento em que mais um coletivo era depredado. Um torcedor do Santa Cruz, que estava dentro do veículo, trocou agressões com integrantes de uma torcida organizada do Náutico, que estavam a pé na avenida Rosa e Silva. Um “torcedor” alvirrubro quebrou o vidro do transporte com um soco e a polícia chegou logo depois para impedir que o tumulto prosseguisse, apesar de não ter conseguido capturar o culpado.

Amanhã, será realizada uma reunião na sede do Ministério Público para tentar cessar os atos de vandalismo. A ideia é criar um Juizado móvel, para julgar pessoalmente quem cometer o delito, assim como acontece dentro dos estádios.

Dentro de campo, o problema foi outro: vários torcedores do Santa Cruz compraram ingressos do programa Todos com a Nota, que é exclusivo para a torcida do time da casa. Como a entrada é única, muitos tricolores tiveram que ficar na arquibancada junto com os rivais. A polícia decidiu abrir o portão para que os corais pudessem se dirigir à arquibancada dos visitantes. Durante a transferência, mais tumulto e agressões.

Náutico e Santa empatam. Sport ri


Do alto de sua experiência o zagueiro tricolor Sandro resumiu bem a 7ª rodada, ontem, após o 2x2 no Clássico das Emoções. “Para o Náutico, foi horrível, para nós (o Santa), mais ou menos, e para o Sport, excelente”. O resultado, praticamente, excluiu o Timbu (4º, com 13) da luta pelo turno. Deixa o tricolor (2º, com 16) vivo, com chance remota, mas mais esperançoso no recém-montado time que empatou com um rival mais bem estruturado. E o líder Sport (com 21) festeja, afinal, pode ser campeão, domingo. Para lamentar, as cenas de violência que mais uma vez mancham o futebol. Ontem, um alvirrubro levou um tiro na coxa. No interior, destaque para o Vitória que bateu o Porto.

Santa até gostou do empate. Já o Náutico...

Resultado deixa o tricolor ainda na vice-liderança, mas a cinco pontos do Sport. O alvirrubro fica a oito do líder

Elias Roma Neto
eroma@jc.com.br
Rafael Carvalheira
rvieira@jc.com.br


Há sempre mais de uma forma de observar um mesmo fato. No caso do empate por 2x2 entre Náutico e Santa Cruz ontem à tarde, por exemplo, há pelo menos três pontos de vista diferentes. “Para o Náutico, foi horrível, para nós, mais ou menos, para o Sport, excelente”, resumiu o zagueiro e capitão coral, Sandro. A declaração está diretamente relacionada à classificação do primeiro turno do Pernambucano. A quatro rodadas do término da fase, os rubro-negros, que não estiveram diretamente envolvidos no emocionante jogo dos Aflitos, abriram cinco pontos de vantagem para os tricolores e oito para os alvirrubros.

Apesar das circunstâncias, o Náutico ainda não jogou a toalha na briga pelo título do turno. Está na quarta colocação, com 13 pontos. Perde uma posição para o Porto no número de vitórias (4 a 3). Os corais, por sua vez, passaram a não depender apenas de si para desbancar o Sport. Estão na vice-liderança, com 16 pontos. “Se quisermos ser campeões, precisamos vencer o Sport”, disse o atacante Marcelo Ramos. E ainda torcer por outra derrota do Leão no meio do caminho. “Mas não tem essa de jogar a toalha. Depois de domingo, conversamos de novo”, declarou Sandro, em referência ao Clássico das Multidões, no Arruda.

Antes de pegar o líder, entretanto, o Santa enfrenta o Serrano na próxima quarta-feira, no Arruda, às 19h. O Náutico joga diante da Acadêmica Vitória, no Estádio Carneirão, em Vitória de Santo Antão, às 20h30. A Cobra Coral chegou ao quinto jogo seguido de invencibilidade. Perdeu somente na segunda rodada da competição. São cinco vitórias e o empate de ontem. O Timbu, por outro lado, ainda não perdeu, contabilizando três vitórias e quatro empates.

Apesar de os treinadores terem feito mistério durante a semana de preparação para o confronto, o Clássico das Emoções não revelou surpresas, jogadas mirabolantes ou alguma invenção genial para revolucionar o esporte. Aconteceu o que todo mundo sabia que iria acontecer. O Náutico partiu para cima e pressionou com o objetivo de matar a partida no início. O Santa Cruz se retraiu e buscou os contra-ataques.

No começo, a estratégia alvirrubra até vinha se sobrepondo à tricolor. Até que, aos 18 minutos, a bola caiu nos pés do atacante Marcelo Ramos, dentro da área. Ou seja, nada mais previsível, bola na rede: 0x1. O Timbu seguiu obedecendo à risca os conselhos do técnico Roberto Fernandes. Com a pressão, naturalmente veio o empate, aos 41, com Gilmar.

No segundo tempo, mais do mesmo. O Náutico em cima e o Santa retraído. A virada veio aos quatro minutos, com Carlinhos Bala. Mas, aos 16, falta na entrada da área para os corais. “Ajeitei a bola, mas Sandro disse que ia mandar a cacetada. Falei: ‘beleza, mas faz o gol’”, revelou Marcelo Ramos. O pedido soou como ordem e o capitão obedeceu: 2x2. Até o fim, o Timbu atacou, a Cobra Coral teve Bilica expulso, os dois lados perderam pelo menos uma oportunidade clara, mas terminou tudo igual.

Tricolores eram só alívio e alegria

Não foi o resultado perfeito para o Santa Cruz. Mas a sensação de alívio e até de alegria com o empate nos Aflitos era fácil de se identificar a partir do gestual dos tricolores. Os jogadores se abraçaram dentro de campo, e a torcida cantou forte após o apito final do árbitro Wilson Souza de Mendonça. O sorriso de Sandro ainda no gramado, concedendo entrevistas, denunciava a felicidade por ter voltado a marcar um gol de falta após quase três anos de jejum.

O responsável direto pelo empate havia havia comemorado um gol de bola parada pela última vez em 2006, quando defendia o Guarani. “No Sport, no Botafogo e no Guarani, a ordem era para que eu batesse as faltas independentemente da distância. Em outras equipes, fiquei em desvantagem, porque só batia quando a falta era mais distante”, brincou o capitão. “Até me ligaram hoje cedo (ontem) para perguntar se eu faria um golzinho no clássico. Fiz um belo gol.”

Não fosse Pedro Henrique, entretanto, Sandro não teria tantos motivos assim para comemorar após o Clássico das Emoções. Foi ele quem arrancou da esquerda e sofreu a falta na entrada da área. “Pedro Henrique não está com 100% da sua condição, mas tem colocado fogo nos jogos quando entra”, disse o técnico Márcio Bittencourt. O atacante entrou aos 14 minutos do segundo tempo, no lugar do meia Leandro Gobatto.

SÉRIE D

O Santa abriu três pontos sobre o Porto e seis sobre a Cabense, dois concorrentes diretos na briga por uma das duas vagas de Pernambuco à primeira edição da Série D do Campeonato Brasileiro. O time de Caruaru perdeu por 1x0 para a Acadêmica Vitória, no Estádio Luiz Lacerda. O representante do Cabo de Santo Agostinho foi derrotado por 2x1 pelo Central, no Gileno de Carli. Outros seis clubes também lutam pelo acesso.

Lamentação é a rotina timbu

O discurso está ficando batido, mas os jogadores do Náutico voltaram a lamentar uma falta de melhor aproveitamento nos jogos em seus domínios. Ontem, os alvirrubros somaram o terceiro empate em quatro partidas disputadas nos Aflitos. Ainda assim, o time não jogou a toalha do primeiro turno, mesmo que suas chances tenham diminuído consideravelmente.

“Jogamos 90 minutos correndo, batalhando, mas o resultado não aconteceu. O clima fica um pouco ruim porque o primeiro turno está mais distante, mas, enquanto tivermos a possibilidade, vamos continuar tentando”, disse o zagueiro Galiardo.

O mesmo texto das lamentações foi pronunciado pelo lateral esquerdo Anderson Santana, com um pouco mais de frustração. “Fico p... com isso. Treinamos durante a semana. Mas na hora do jogo acontecem os erros. Temos de assumir nossas responsabilidades. É isso. Trabalhar para consertar”, declarou.

Para Carlinhos Bala, um dos poucos aplaudidos pela torcida ao fim do jogo, não houve falha da barreira ou do goleiro Eduardo no segundo gol sofrido. “Pensei que Marcelo Ramos iria bater. De repente veio o Sandro, com um chute forte e a bola acabou passando”, disse.

O atacante marcou o segundo gol do Náutico após cobrar falta com rapidez e tabelar com Santana, pelo lado esquerdo da área tricolor, e finalizar rasteiro. Bala também participou do primeiro tento – após chutar errado, ele viu Anderson Lessa brigar e a bola sobrar para Gilmar, que deu um toque para tirar o zagueiro Sandro da jogada e depois fulminou a meta de André Zuba.

Já Roberto Fernandes lamentou o resultado, mas exaltou uma melhora no futebol da equipe. “O time teve mais postura e pela primeira vez obteve mais posse de bola que o adversário. Houve uma evolução, infelizmente o resultado foi negativo”, avaliou.

JOHNNY

O médico Paulo Regueira afirmou que o volante Johnny é dúvida para o jogo de quarta-feira, contra o Vitória, no Carneirão. O jogador machucou o tornozelo esquerdo no segundo tempo, após chutar a sola do pé do atacante tricolor Pedro Henrique, e será reavaliado hoje.

O elenco se reapresenta à tarde, nos Aflitos. Amanhã, treina novamente à tarde no CT Wilson Campos, na Guabiraba e segue para Vitória apenas na quarta.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Emoção está de volta ao Estadual





Após quase dois anos, Náutico e Santa Cruz se reencontram neste tradicional clássico

Gustavo Lucchesi e Gustavo Paes

Após inacreditáveis quase dois anos sem se encontrar, Náutico e Santa Cruz voltam a se enfrentar neste domingo, às 16h, nos Aflitos, fazendo renascer o adormecido Clássico das Emoções. O reencontro dos dois velhos rivais acontece numa situação curiosa e, talvez, decisiva, já que ao Náutico só a vitória interessa, caso contrário, o time, segundo o próprio treinador Roberto Fernandes, dará adeus à briga pelo primeiro turno do Estadual 2009. Já o Tricolor, colecionando vexames nos últimos três anos, vem surpreendendo e chega ao duelo como vice-líder da competição, estando bem cotado para conseguir um bom resultado neste domingo.

Apesar de invicto, o Timbu soma 12 pontos na classificação, seis atrás do líder Sport (até o início desta rodada), e ocupa apenas a quarta colocação, com uma vitória sendo essencial para a sobrevivência da equipe nesta primeira etapa. Até mesmo um empate é visto como um péssimo resultado pelos alvirrubros. “Não tem mais cálculo. Temos que vencer todos os jogos que temos pela frente neste turno. Caso contrário, estamos fora”, disse Roberto Fernandes.

Um pouco mais animado pelo fato da regularização dos laterais-direito Carlinhos e Ângelo, além da absolvição de Anderson Santana e Derley, Fernandes não precisará improvisar nenhum atleta para este confronto, o que ainda não havia acontecido neste Estadual. A única dúvida do comandante do Timbu é em relação ao esquema que será utilizado neste domingo. Ele chegou a ensaiar um 4-4-2, com os meias Dinda e Juliano na armação, porém ele possui a opção de surpreender, colocando Gilmar no lugar de Dinda, ao lado de Carlinhos Bala e Anderson Lessa no ataque, num 4-3-3, formação que ele não descartou. “Tenho essa opção, mas só vou decidir minutos antes do jogo”, disse Fernandes.

Pelo mesmo caminho, segue o técnico tricolor, Márcio Bittencourt. Nos preparativos para o clássico, ele testou os esquemas 3-5-2 e o 4-4-2. Dúvida real ou forma de despistar o adversário? “Realmente precisamos fazer uma análise cautelosa. O time está mais acostumado a jogar no 4-4-2, mas temos que pesar tudo, pensar nas nossas necessidades”, disse o treinador do Mais Querido.

A formação com três zagueiros aparece como a mais provável, já que a defesa do Santa Cruz não tem como principal virtude a velocidade, ao contrário do ataque Timbu. Deixar os homens de defesa no mano a mano parece um plano muito arriscado, e, no Campeonato Pernambucano, Bittencourt tem demonstrado muita cautela, valorizando a marcação e contando com a força da dupla de ataque e o apoio dos laterais para resolver os jogos. No meio-campo, Leandro Gobatto está de volta para armar as jogadas. “É meu primeiro clássico, e a vontade de jogar é enorme. A responsabilidade do meia é muito grande, independente do jogo”, comentou Gobatto.

Ficha Técnica

Náutico

Eduardo; Carlinhos (Ângelo), Vágner, Galiardo e Anderson Santana; Nunes, Johnny, Dinda (Derley) (Gilmar) e Juliano; Carlinhos Bala e Anderson Lessa (Gilmar). Técnico: Roberto Fernandes

Santa Cruz

André Zuba; Thiago Matias, Sandro e Leandro Camillo (William); Parral, Vágner, Bilica, Leandro Gobatto e Adílson (Juca); Marcelo Ramos e Márcio. Técnico: Márcio Bittencourt.

Local: Aflitos
Horário: 16h
Árbitro: Wilson Souza
Assistentes: Jossemmar Diniz e Pedro Wanderley
Preliminar: Náutico x Santa Cruz, às 13h30 (juniores)
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)

Eles conhecem o caminho do gol

Gustavo Lucchesi e Gustavo Paes

Dois dos maiores ícones do futebol pernambucano dos últimos anos, os atacantes Marcelo Ramos e Carlinhos Bala são as grandes atrações do clássico deste domingo. De um lado, o artilheiro e ídolo maior da torcida coral. Do outro, o controverso, o andarilho que vestiu a camisa dos três grandes da Capital, o jogador de decisão. Marcelo, inclusive, foi o autor do gol do último Clássico das Emoções, quando o Náutico abriu 2x0, e o atacante coral descontou. “No último clássico, eu consegui fazer o gol, mas o Santa Cruz acabou perdendo o jogo. Desta vez, não faço questão de marcar gols, mas quero ajudar a minha equipe a conseguir a vitória”, comentou o jogador tricolor.

Acostumado com a pressão de disputar um clássico, Marcelo Ramos afirmou que não perde mais o sono na véspera desse tipo de jogo. “Pelo fato de ser um jogo especial, que envolve muita coisa fora de campo, é normal que exista um pouco mais de ansiedade antes de um clássico. Mas é muito menor do que no início da carreira”, disse o atacante. Ele afirmou ainda que uma vitória diante do rival pode colocar o Santa Cruz definitivamente na briga pelo título do primeiro turno. “Sabemos da dificuldade que vamos enfrentar. Porém, se ganharmos do Náutico, principalmente jogando fora de casa, vamos dar um grande passo na briga pelo primeiro turno”, declarou. “Quanto mais nós vencemos, mais a cobrança da torcida aumenta. Eles querem a continuidade no caminho das vitórias”, finalizou.

Do outro lado do ringue, o folclórico, o polêmico, o pequeno grande... Carlinhos Bala! Apesar de dispensar apresentações, o atacante garantiu que a idade e a maturidade lhe bateram a porta e que, caso marque algum gol, não haverá comemoração provocativa contra a torcida tricolor. “Fui aprendendo com os erros. Ia fazendo as coisas de cabeça quente e logo depois me arrependia. Caso marque gol, vou comemorar apenas com meus companheiros. Estou mais maduro e cansei de polêmicas”, disse Bala.

Sobre o fato de ser conhecido por sempre marcar gols em clássicos, principalmente quando atuava contra o Náutico, o atacante confirmou que, realmente, cresce em jogos importantes e que irá compensar os alvirrubros por ter marcado vários gols contra o Timbu. “Realmente, eu adoro clássico. É aquele jogo que você, perdendo ou ganhando, todo mundo na rua vai vir comentar com você. Vou me esforçar ao máximo para conseguir a vitória e, quem sabe, conseguir melhorar a conta com a torcida do Náutico”, brincou Carlinhos. Atuando contra o Santa Cruz, Bala só marcou uma vez, vestindo a camisa do Cruzeiro, em 2006.

Atenção com as organizadas

Daniel Leal

Com a expectativa de uma possível lotação dos Aflitos, foram tomadas algumas medidas de precaução em prol dos torcedores e cidadãos que estiverem nas redondezas da avenida Rosa e Silva. O policiamento será reforçado, algumas ruas interditadas e linhas de ônibus acrescidas.

Somando o policiamento da área interna, realizado pelo 13º BPM, com a área externa, feito pelo Comando de Policiamento da Capital, serão totalizados 260 oficiais. Segundo o major Carlos Azevedo, que está respondendo pelo comando do 13º BPM, as torcidas organizadas receberão uma atenção especial. “Fizemos uma reunião com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e com os representantes das organizadas para tentar evitar maiores problemas nesse jogo. Porém, mesmo assim, vamos manter uma atenção especial com a Fanáutico e a Inferno Coral”.

O monitoramento e interdições nas principais vias próximas ao estádio começam a partir do meio-dia. Trinta agentes da Companhia de Trânsito estarão nas proximidades orientando os motoristas e torcedores. Já em relação ao transporte, duas das principais linhas de ônibus da cidade receberão um pequeno acréscimo: os veículos que fazem a rota PE-15/Boa Viagem e PE-15/Joana Bezerra, que normalmente realizam juntas 233 viagens, no domingo, passarão a realizar 248 viagens, com intervalos de cerca de 15 minutos.

Tricolores não veem a hora do jogo começar

Torcedores estão muito ansiosos para o clássico deste domingo

PAULO FAZIO

Para o torcedor, não existe jogo mais especial do que um clássico. O clima antes e depois das partidas, as comemorações e até mesmo as lamentações fazem parte destes confrontos que acirram ainda mais as rivalidades locais. Mas, neste domingo, o Clássico das Emoções entre Náutico e Santa Cruz vai além destas questões. Contando os dias para o jogo desde que a tabela do Campeonato Pernambucano foi divulgada, a partida marca o reencontro dos, inegavelmente ansiosos, tricolores com os rivais dentro de campo. Também pudera, foram 679 dias de espera desde o último clássico, resumidos em apenas 90 minutos de bola rolando.

Para se ter a ideia da importância do confronto para a massa coral, teve até torcedor adiando a volta para casa para não perder nenhum duelo diante dos rivais neste primeiro turno de Estadual. É o caso do autônomo José Carlos Rodrigues. Residente nos Estados Unidos, desde 2001, o tricolor de 29 anos fez questão de mudar a sua data de passagem para a terra do Tio Sam a fim de acompanhar ao vivo as partidas diante de Náutico e Sport. “O último clássico que fui foi a final do Estadual de 2001, contra o Náutico. Desde então, acompanho apenas pela Internet. Venho matando as saudades, mas não vejo a hora do clássico começar”, disse, empolgado, Júnior, como é conhecido.

Assim como Júnior, seu amigo Claudemil Aragão, de 30 anos, não vê a hora da bola começar a rolar. A última vez que o empresário viu o Santa Cruz duelar diante de um arqui-rival foi no dia 28 de janeiro de 2007, quando o Tricolor bateu justamente o Náutico, com dois gols de Marcelo Ramos, coincidentemente o atual artilheiro coral na temporada. “Estou muito ansioso. Faz falta a brincadeira, a rivalidade. Com certeza, estarei nos Aflitos, como fui para praticamente todos os jogos do Santa Cruz este ano”, garantiu. Para ele, a atual situação do rival pode ser favorável para a dupla de ataque do técnico Márcio Bittencourt. “A zaga do Náutico não tem entrosamento. Com Marcelo Ramos e Márcio, que eu acho bom jogador, podemos vencê-los”. Quanto ao placar da partida, os dois amigos, coincidentemente, arriscaram o mesmo placar: “2x1, com gols de Marcelo Ramos e Márcio”.

Solidariedade e Carnaval em campo

Gustavo Lucchesi

Por uma causa mais do que nobre, somente neste domingo, o Clássico das Emoções irá ceder o seu tão tradicional nome para virar o Clássico da Solidariedade. O motivo é a pequena Clara Costa Pereira, de apenas um ano e quatro meses de vida, que luta para conseguir vencer a paralisia cerebral. E colocando a rivalidade de lado, os torcedores poderão vestir a camisa da solidariedade para ajudar Clarinha a vencer essa batalha pela vida. A tarefa é mais simples do que parece, já que neste domingo, urnas estarão localizadas na entrada das duas torcidas, e no acesso às sociais dos Aflitos, para que os interessados possam contribuir com qualquer valor.

Além disso, todos os 22 atletas titulares entrarão em campo vestindo uma camisa, com a foto da menina, com os dizeres “Eu ajudo Clara”, mesma peça de roupa que está disponível à venda, pelo preço de R$ 15, no site da campanha Um Real Por Um Sonho(www.umrealporumsonho.com.br), criado pelos pais da menina para conseguir arrecadar o valor necessário para o tratamento da doença.

Apenas oferecido por uma empresa de biotecnologia atuante na China, todo o processo (viagem, estadia e tratamento), feito à base de células-tronco, foi orçado em 40 mil dólares (equivalente a R$ 91 mil), já tendo sido arrecadado 58% deste valor. “Enquanto houver esperança, não vamos medir esforços para ajudar a Clarinha”, disse Aline Costa Pereira, mãe de Clara.

Além da solidariedade, a beleza e o frevo também entrarão em campo neste domingo, com o desfile, no intervalo da partida, dos 16 finalistas ao concurso de rei e rainha do Baile Municipal do Recife 2009, que acontecerá no dia 14 de fevereiro. Para saber a opinião do público, a organização do evento disponibilizará seis urnas de votação, três na entrada de cada torcida, para que os torcedores possam opinar. Este ano, toda a renda do baile será utilizada para a compra de uma nova sede para o abrigo O Recomeço, que acolhe mulheres em situação de risco e seus filhos.

Valeu a pena esperar tanto


Desde o dia 25 de março de 2007 que Náutico e Santa Cruz não se enfrentam graças ao regulamento do Estadual 2008 e à má campanha coral na competição. Mas hoje a espera acaba. Às 16h, nos Aflitos, começa o 373º Clássicos das Emoções em campeonatos pernambucanos. O tempero é dos mais apimentados. Ambos querem a vitória para manter viva a esperança de conquistar o primeiro turno. Vice-líder, o Santa Cruz precisa vencer o seu quinto jogo consecutivo para não deixar o Sport correr ainda mais solto rumo à primeira vaga na final. No Náutico é mais delicado. Quarto colocado, o alvirrubro nem pode sonhar com a derrota. Perder é praticamente dar adeus ao turno. Por isso, o Náutico deve ser mais ofensivo, enquanto o Santa vai esperar para tentar o contra-ataque.

Após tanto tempo, um duelo daqueles

Há quase dois anos sem se enfrentar, Náutico e Santa Cruz fazem hoje mais um clássico, onde perder pode significar o adeus à conquista do turno, principalmente para os alvirrubros

João de Andrade Neto
jneto@jc.com.br
Rafael Carvalheira
rvieira@jc.com.br


Foram 678 dias de espera. Um total de 16.292 horas de saudade. Desde que o árbitro Patrício Souza apitou o fim de Náutico 2x1 Santa Cruz, no dia 25 de março de 2007, alvirrubros e tricolores se distanciaram. Hiato provocado pelo regulamento do Estadual do ano passado – e a má campanha coral –, que não permitiu o encontro dos dois eternos rivais em 2008. Espera que chegará ao fim hoje, às 16h, nos Aflitos, quando Wilson Souza apitar o início do 373º Clássicos das Emoções em Campeonatos Pernambucanos. Um jogo repleto de histórias, polêmicas, festa, choro e que hoje, como muitos outros, terá o aspecto de decisão para as duas equipes.

Se quiserem ainda sonhar com a conquista do primeiro turno, uma vitória é essencial para os dois lados. Na vice-liderança, com 15 pontos, o Santa Cruz precisa do quinto triunfo consecutivo para seguir na cola do Sport. Desde 2006, o tricolor não tinha uma sequência tão longa de resultados positivos. No Náutico, a situação é mais complicada. Na quarta posição, com 12 pontos, um novo tropeço pode significar o fim da linha na luta pela primeira vaga na final. Curiosamente, o Timbu segue invicto na competição, com três vitórias e três empates.

O técnico Roberto Fernandes deve mandar a campo a formação mais ofensiva do Náutico nesse início de temporada, com dois meias ofensivos e dois atacantes. Além disso, com a estreia do lateral-direito Carlinhos, o treinador alvirrubro não precisará fazer improvisações. A novidade na equipe será a presença do jovem meia Dinda, 19 anos.

No setor de contenção, os volantes Johnny e Nunes retornam à equipe após cumprir suspensão. Com isso, Derley e Gilmar, que já atuou como ala-direito, meia e atacante, devem ficar como opção para o segundo tempo. “Esse jogo é de vida ou morte. Se não vencermos, podemos esquecer o turno”, decretou Johnny.

Do lado tricolor, a aposta é na volta do meia Leandro Gobatto, expulso na sua estreia e fora da vitória por 1x0 sobre a Cabense, quarta-feira passada, no Cabo de Santo Agostinho. O jogador leva sobre as costas toda a esperança de criatividade. O esquema, porém, será defensivo. Pela segunda partida consecutiva, os corais entram com três zagueiros e dois volantes.

A proposta do técnico Márcio Bittencourt será, provavelmente, esperar o Náutico no campo de defesa e tentar matar o confronto nos contra-ataques. A confiança no poder de decisão do artilheiro Marcelo Ramos tem dado certo. Afinal, o atacante não tem desperdiçado as poucas oportunidades que aparecem.

HISTÓRIA

Náutico e Santa fazem o clássico mais equilibrado em Pernambuco. Em 372 jogos, são 144 vitórias tricolores, contra 127 alvirrubras e 101 empates, uma diferença de 17 triunfos a favor dos corais. Mas em jogos nos Aflitos, o Timbu leva vantagem contra o Santa. Em 145 clássicos, são 56 vitórias do Náutico, contra 46 do Santa e 43 empates.

A primeira vez dos técnicos

O Clássico das Emoções desta tarde será o primeiro de vários alvirrubros e tricolores. Entre eles, os dois treinadores. Como o Santa Cruz ficou impossibilitado de enfrentar o Náutico no ano passado, o técnico Roberto Fernandes, no comando do alvirrubro desde o Brasileiro de 2007, terá a Cobra Coral pela primeira vez como adversário. Já Márcio Bittencourt, que pela primeira vez dirige uma equipe pernambucana, debutará em clássicos no Estado.

“Já enfrentei o Santa Cruz quando trabalhava em outros times, mas um clássico sempre tem um peso diferente. A presença das duas torcidas no estádio acende a partida. Lógico que a gente sente falta. No ano passado, sem querer tirar os méritos do título do Sport, é como se faltasse a cereja no bolo, sem os clássicos contra o Santa”, afirmou Roberto Fernandes. “Clássico é detalhe, ganha quem errar menos e é preciso atenção o tempo inteiro, aquilo que todo mundo já sabe”, comentou o comandante coral.

Até o momento, Márcio Bittencourt vem mantendo uma boa média de 83,3% de aproveitamento à frente do Santa. São cinco vitórias em seis rodadas. O único “acidente de percurso” foi a goleada por 4x0 sofrida na segunda rodada, no Luiz Lacerda, em Caruaru. Ainda em processo de montagem da equipe, o treinador vem priorizando uma marcação forte.

Já Roberto Fernandes fez sua primeira partida como técnico do Náutico no dia 3 de julho de 2007, com um empate por 1x1 contra o Atlético-PR. De lá para cá, acumula em 86 jogos, 43 vitórias, 19 empates e 24 derrotas, entre dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e dois Estaduais. Um aproveitamento de 57,3%.

Os dois treinadores, por sinal, começam a construir uma amizade fora de campo. Roberto Fernandes, inclusive, vem sendo uma espécie de “guia” para Márcio Bittencourt, ainda novato no Recife. “Desde quando desembarquei no Recife, tenho conversado muito com Roberto Fernandes. É uma pessoa que me recebeu bem e que considero um excelente profissional”, revela Bittencourt.

O momento do Santa Cruz é superior, tanto na classificação quanto na etapa de montagem da equipe. Ninguém no Arruda, porém, quer assumir favoritismo. “Assim como o Sport, o Náutico já vem de uma grande estrutura. Está na Primeira Divisão desde 2007. Nós pegamos o Santa Cruz praticamente do zero. Estamos lutando e vamos continuar lutando muito para chegar lá. Não adianta falar muito. Vamos seguir trabalhando e buscando a evolução no decorrer da competição”, finalizou Bittencourt.

“O nosso maior problema foi com relação à apresentação dos atletas. Tanto que só agora, na 6ª rodada, poderei escalar a equipe sem precisar fazer uma improvisação. Este clássico decide muita coisa. O Santa Cruz, apesar de ser vice-líder sabe que não pode perder, sob o risco de ficar para trás. Já nós não podemos nem pensar em empate. Será um jogo de equipes que ainda buscam a sua melhor formação”, enfatizou Fernandes.

Bala quer reduzir déficit

Quando defendia o Santa, Carlinhos Bala marcou 12 gols contra o Náutico. Agora tem chance de diminuir saldo devedor com torcida timbu

Quando vestia a camisa do Santa Cruz, o atacante Carlinhos Bala costumava infernizar a vida dos alvirrubros. Foram 12 gols marcados pelo tricolor contra o Náutico, sendo o 4º maior goleador coral no Clássico das Emoções, empatado com os ex-jogadores Siduca e Lua. Hoje, o baixinho espera começar a diminuir o saldo devedor para os timbus.

“Será a primeira vez que vou jogar este clássico pelo Náutico e espero diminuir esse meu saldo com a torcida alvirrubra. Marquei apenas um gol contra o Santa, quando estava no Cruzeiro”, recordou um sorridente Carlinhos, mostrando-se totalmente adaptado à nova casa. “Desde que cheguei aqui fui muito bem recebido. Na minha apresentação, a torcida me aplaudiu”, recorda o jogador, que, inclusive já foi até capitão da equipe em alguns jogos.

Na nova casa, Bala jura ter amadurecido. Tanto que não promete uma comemoração especial, caso marque um gol contra o clube que o revelou. Nunca é demais lembrar que o jogador já se envolveu em algumas polêmicas, principalmente em clássicos, quando fez gestos obscenos para a torcida do Sport (defendia o Santa) e comemorou com o “chororô” uma vitória sobre o Náutico (vestia a camisa do Leão). “Se marcar vou comemorar com meus companheiros. A gente amadurece. Às vezes, você faz uma comemoração sem maldade e é incompreendido. Em outras, você faz uma coisa de cabeça quente e se arrepende.”

Uma coisa, porém, Carlinhos Bala não nega. Adora atuar em clássicos. “Esse é o tipo de partida em que o jogador aparece. A repercussão depois de um clássico é diferente. Você é cobrado na rua quando perde e recebe elogios quando ganha”, destaca.

Dentro do seu novo estilo de se esquivar de polêmicas, o atacante timbu, autor de dois gols no Estadual, nega uma disputa pessoal com o astro coral Marcelo Ramos. “Já enfrentei ele algumas vezes. Trata-se de um excelente jogador. Mas não há duelo particular. Cada um vai fazer o máximo para dar a vitória à sua equipe”, pontuou.

Até quando o discurso politicamente de Bala vai durar, só o tempo dirá. O jogo desta tarde será um bom termômetro. Ainda mais se falando de um clássico. Ainda mais se tratando de um clássico com Bala. “Adoro jogar clássicos”, reforça.

Marcelo Ramos, o novo algoz timbu

Costumeiramente, o artilheiro de uma grande equipe naturalmente se dá muito bem diante de alguns adversários e não tanto com outros. É o caso de Romário, por exemplo, carrasco do Botafogo. Marcelo Ramos, por sua vez, quando vê uma camisa vermelha e branca pela frente não costuma desperdiçar oportunidades. Na primeira passagem do matador pelo Arruda, em 2007, atuou em dois Clássicos das Emoções e balançou as redes três vezes, o bastante para deixar assustado qualquer goleiro do outro lado do campo.

O primeiro encontro aconteceu no dia 28 de janeiro daquela temporada, pela quinta rodada do primeiro turno do Campeonato Pernambucano, no Estádio do Arruda. O Santa Cruz fazia uma campanha mediana, com duas vitórias, um empate e uma derrota, e precisava da vitória para se manter com chances de ainda brigar pelo título da fase. Ela veio com dois gols de Marcelo Ramos. No dia 25 de março, nos Aflitos, pela quinta rodada do returno, deixou mais um na derrota por 2x1, na última vez em que os times duelaram.

O atacante participou de 17 dos 18 jogos realizados pelo Santa Cruz no Estadual de 2007. Além dos três gols contra o Náutico, ainda fez mais 12 gols, conquistando a artilharia da competição. O time terminou na sexta colocação. “O clássico é sempre um jogo diferente, sem favoritos. Temos que manter a atenção o tempo inteiro. E, apesar do peso de uma partida dessas, é muito gostoso participar. Todo jogador adora jogar um clássico, as torcidas também ficam ansiosas”, declarou.

Na edição atual do Pernambucano, já são quatro gols em seis jogos. “Respeitamos demais o Náutico, mas também sabemos que os jogadores do outro lado nos respeitam. Não significa que o nosso pensamento não seja de vitória. A gente entra fortalecido, porém sem essa de favoritismo. Tomara que seja um clássico disputado, duro, mas jogado na bola. Também pedimos festa nas arquibancadas, com muita paz dentro e fora do estádio”, pediu.

De acordo com dados divulgados pelo site oficial do clube (www.coralnet.com.br), Marcelo Ramos participou de 41 partidas oficiais pelos profissionais do Santa Cruz: 17 pelo Pernambucano de 2007, seis pelo Pernambucano atual, duas pela Copa do Brasil de 2007 e outras 16 pela Série B do Campeonato Brasileiro de 2007. São 30 gols marcados e uma média de 0,73. Ele esteve presente ainda em um amistoso, tendo balançado a rede duas vezes.

Torcedores revivem clima do clássico

Fernando Barros
fcosta@jc.com.br


Quase dois anos. Esse foi o tempo que os torcedores de Náutico e Santa Cruz ficaram sem presenciar as sensações que envolvem um Clássico das Emoções. No entanto, essa espera chega ao fim com o duelo desta tarde, decisivo para ambos os clubes na luta pelo turno. Do lado alvirrubro, qualquer resultado que não seja a vitória vai minar as chances de o Náutico conquistar a primeira metade da competição. Já para o Santa Cruz, uma vitória deixaria a equipe mais forte para o clássico com o líder Sport, no próximo domingo, dia 8, no Arruda.

Esconder a ansiedade parece uma tarefa difícil para as torcidas dos dois clubes. Os alvirrubros não aguentam mais esperar para vencer um clássico, já que o Náutico está há mais de um ano sem ganhar uma partida do tipo. No Santa, a torcida acredita que derrotando o Timbu, o time vai encontrar motivação extra para vencer os jogos restantes e arrancar rumo à conquista do turno.

Para o alvirrubro Caio Azuirson, jogar contra o tricolor só traz boas recordações à torcida timbu. “Enfrentar o Santa é sempre ótimo. Afinal, o Santinha só nos faz lembrar o excelente início de século que nós tivemos”, recordou o torcedor, referindo-se às conquistas dos Estaduais de 2001, 2002 e 2004, todas vencidas em cima do rival de hoje. Já o também alvirrubro Evêncio Vasconcelos, destacou a importância de ver novamente o tricolor disputar um clássico: “É bom ver o Santa voltando a jogar clássicos, todo mundo sai ganhando”.

Já o tricolor Neto Fonseca, é só otimismo para a partida. “Disputar um clássico é algo diferenciado e estamos na expectativa por uma vitória. Com o time em ascensão, o clima para este jogo fica ainda melhor”, declarou.

Na hora de apostar nos candidatos a craque do jogo, as torcidas já elegeram seus ídolos. Carlinhos Bala foi o mais citado entre os alvirrubros, e Marcelo Ramos foi o preferido entre os tricolores. “O Náutico está nos devendo uma vitória em clássicos, e nós vamos vencer esse jogo por 2x0, com gols de Bala e Lessa”, arriscou o alvirrubro Alexsandro Lira. “Tenho certeza de nossa vitória, até porque com Marcelo Ramos em campo, não tem placar em branco”, brincou o tricolor Gustavo Menezes.

O último Clássico das Emoções aconteceu no segundo turno do Campeonato Pernambucano de 2007, nos Aflitos, com o Náutico vencendo o Santa por 2x1. Marcel e Alysson marcaram os gols do Náutico, enquanto Marcelo Ramos descontou para o Santa.

Última partida marcou fim de tabu alvirrubro

A última vez que Náutico e Santa Cruz se enfrentaram também marcou a quebra de uma longa invencibilidade coral sobre os alvirrubros, que durou exatos dois anos, nove meses e 12 dias. Com a vitória por 2x1, no dia 25 de março de 2007, nos Aflitos, o Timbu interrompeu a sequência de sete triunfos corais seguidos e um empate no Clássico das Emoções.

Marcel e Alysson marcaram os gols do Náutico, enquanto Marcelo Ramos fez o do Santa. O atacante coral, aliás, é o único jogador presente no embate de 2007 que começará atuando no duelo de hoje. Kuki, outro que atuou naquele dia, começará o confronto desta tarde no banco de reservas.

Além da quebra do jejum alvirrubro, o clássico ficou marcado pela confusão envolvendo Kuki e o lateral-esquerdo Marquinhos Caruaru, hoje no Central. Na descida para o intervalo, o atacante timbu partiu para cima do tricolor. O caso terminou na delegacia.

Náutico: Gléguer, Sidny, Índio (Breno), Alysson e Deleu, Elicarlos, Walker, Acosta (Cristian) e Marcel, Kuki e Felipe (Felipe Dias). Técnico: PC Gusmão. Santa: Gottardi, Adriano, Hugo e Juliano, Carlinhos, Romeu, Michel (Leandro Bitton), Marquinhos (Jairo) e Marquinhos Caruaru, Marco Antônio (Adauto) e Marcelo Ramos. Técnico: Charles Muniz.

Clássico para matar a saudade


Náutico e Santa voltam a se enfrentar após quase dois anos com vários ingredientes especiais que devem apimentar a rivalidade histórica

2 anos

Aquela tarde de domingo em 2007 ficaria marcada pela quebra de jejum do Náutico contra o Santa Cruz (com uma vitória por 2 x 1), que já durava quase três anos, traduzidos em sete derrotas e um empate. Mas o que ninguém poderia imaginar, ao deixar os Aflitos naquele 25 de março, é que a partir dali levaria quase dois anos para ver os dois times se enfrentando novamente. Depois disso, o Náutico disputou a Série A naquele ano, enquanto o Santa Cruz jogava a segunda divisão. No Estadual de 2008, o destemperado regulamento separou as duas equipes, que nem no segundo turno se enfrentaram. No Brasileiro, então, o abismo tornou-se ainda maior: os alvirrubros ainda na elite nacional, enquanto os tricolores jogavam a Série C. Foram 22 meses sem Clássico das Emoções, que devem finalmente chegar ao fim neste domingo.

Os times

Sem poder sequer empatar, Náutico e Santa Cruz devem adotar posturas ofensivas nesta tarde. O primeiro abandona o esquema com três zagueiros. Vágner e Galiardo serão a dupla de zaga. Na lateral-direita, pela primeira vez um especialista: Carlinhos ou Ângelo. O meio-campo será formado pelos volantes Nunes e Johnny e por dois meias. Juliano, Dinda e David disputam a posição. O ataque deve ser com Carlinhos Bala e Anderson Lessa. No Santa Cruz, a tendência é de manter o esquema 3-5-2, que foi usado contra a Cabense. Caso opte pela volta ao 4-4-2, o técnico Márcio Bittencourt deve segurar o meia William no time titular, para a saída do zagueiro Leandro Camilo. O meia Leandro Gobatto cumpriu suspensão e reassume seu lugar.

Vida ou morte

Náutico e Santa Cruz fazem um clássico de vida ou morte. Para os alvirrubros é a última chance de continuar vivo na competição e ainda sonhando em brigar pelo título do primeiro turno. Com 12 pontos, na 4ª posição na tabela, o Timbu está em uma situação delicada e precisa vencer para não ver o principal rival, o Sport disparar ainda mais na liderança. Já os tricolores estão um pouco mais folgados, mas não menos tranquilo. O Santa soma 15 pontos e ocupa o 2º lugar na classificação. Uma vitória neste domingo deixará vivo e dentro da briga com os rubro-negros. Um empate seria péssimo para os dois clubes, que, praticamente, morreriam abraçados. As chances de chegarem ao título do primeiro turno ficaram restritas. Por isso, a tendência é de um jogo bastante disputado.

Provocaçoes

Se para o Santa perder o clássico deste domingo trará um impacto na tabela, mas não chegará a ser o fim do mundo. Afinal, o Tricolor corre por fora neste estadual. Começou, literalmente, do zero formou uma equipe completamente nova e o seu objetivo mesmo na competição é buscar uma vaga na Série D. Porém, para os alvirrubros, a vitória do Santa seria uma desastre. As provocações não iriam parar até o próximo clássico, no Arruda, no segundo turno. Já imaginou um clube de Série A perdendo para outro que nem divisão tem ainda? As brincadeiras vão tomar conta das ruas e as piadas se multiplicarão. Além de toda a mística que envolve a partida desta tarde, o clima de rivalidade vai diminuir a distância, pelo menos no Brasileiro, entre alvirrubros e tricolores. É bom as torcidas começarem a encontrar desculpas para as piadas.

Náutico

Eduardo; Carlinhos (Ângelo), Vágner, Galiardo e Anderson Santana; Nunes, Johnny, Juliano e Dinda (David ou Derley); Carlinhos Bala e Anderson Lessa (Gilmar). Técnico: Roberto Fernandes

Santa Cruz

André Zuba; Thiago Matias, Sandro e Leandro Camilo (William); Parral, Bilica, Wágner, Leandro Gobatto e Adílson; Marcelo Ramos e Márcio Barros. Técnico: Márcio Bittencourt

Local: Aflitos. Horário: 16h. Árbitro: Wilson Souza. Assistentes: Jossemmar Diniz e Pedro Wanderley. Ingressos: R$ 40 (arquibancada); R$ 20 (dependentes de sócios e estudantes).

Sem espaço para ressentimentos
Ele era o grande ídolo do Santa Cruz, em 2007. Tinha conquistado a artilharia do Pernambucano com 15 gols, e já despontava como principal goleador do Brasileiro da Série B, com 10 gols em 17 jogos. Porém, o assédio do Atlético-PR acabou levando Marcelo Ramos do Arruda. Mas o sonho do atacante em voltar a ser ídolo em um clube de Série A acabou sendo frustrado pouco mais de seis meses depois. Seu rendimento caiu e a diretoria do clube acabou rescindindo seu contrato. Curiosamente, o treinador do Atlético-PR na época era Roberto Fernandes. E muito se falou que Fernandes teria sido o responsável pela saída de Marcelo Ramos.

Neste domingo, os dois estarão frente a frente no clássico entre Náutico e Santa Cruz, nos Aflitos. Sem ressentimentos, Marcelo Ramos desmistificou toda esta história mal contada. "O que aconteceu lá no Atlético foram os resultados que não vieram. O próprio Roberto veio falar comigo e disse que a minha saída era uma opção da diretoria do clube. E eu acreditei nele. E se fosse uma decisão dele também não tinha problema nenhum. Afinal, o treinador tem direito de escolher com quem ele quer trabalhar. Não tenho ressentimentos. Nossa relação sempre foi profissional e de muito respeito", disse artilheiro coral, que já balançou quatro vezes as redes neste Pernambucano.

Nos Aflitos, a mesma versão dada por Marcelo Ramos foi confirmada por Roberto Fernandes. "A responsabilidade pela saída dele (Ramos) do Atlético-PR foi toda de Petraglia (Mário Celso Petraglia, ex-presidente Executivo). Marcelo Ramos é um grande artilheiro e eu não tenho nada contra ele. Por mim, teria ficado lá", resumiu o treinador alvirrubro, sem querer polemizar.

O fato é que, na ocasião, o Furacão tinha interesse em trabalhar o garoto Pedro Oldoni, que vinha sendo uma revelação das categorias de base do clube. Os dirigentes do clube rubro-negro paranaense queriam Oldoni no time para negociá-lo em um futuro próximo. Assim, acabou sobrando para Marcelo Ramos.

Isso já é passado para o atacante coral. Hoje o objetivo dele é ajudar o Santa Cruz a vencer o clássico. Por sinal, Marcelo Ramos é uma espécie de algoz do Náutico. Nos dois últimos confontos com o Timbu, em 2007, o artilheiro tricolor marcou três gols. "Será uma partida difícil. Roberto Fernandes é um estrategista que estuda muito os adversários. Mas estamos bem preparados e em um bom momento. Espero ajudar o Santa a vencer e, de preferência, com um gol meu", completou, sorridente.

Paredão de um lado e do outro

Eduardo e André Zuba passam longe de coadjuvantes dos alvirrubros e tricolores e prometem ser obstáculos na vida dos atacantes neste domingo

Os atacantes, geralmente, são os principais destaques em apresentações para jogos importantes como este Clássico das Emoções. E não pode ser diferente. Afinal, o gol é o momento de êxtase do futebol. Mas os atacantes de Náutico e Santa Cruz terão uma dificuldade a mais no confronto deste domingo, nos Aflitos: os goleiros. Alvirrubros e tricolores contam, literalmente, com dois paredões. Com excelentes defesas na competição até o momento Eduardo e André Zuba, respectivamente, passam longe de coadjuvantes em suas equipes.

Os dois vivem momentos distintos em seus clubes. O experiente Eduardo já é ídolo no Náutico, apesar de ainda ter a resistência e desconfiança de alguns alvirrubros mais radicais. Porém, já salvou o Timbu várias vezes, principalmente, no Campeonato Brasileiro do ano passado. Sem dúvida foi um dos responsáveis direto pela permanência do Náutico na elite do futebol nacional.

Já André Zuba, 23 anos, ainda é garoto e vem buscando um lugar ao sol. Encontrou no Santa Cruz uma chance de jogar e crescer na profissão. Antes de ser contratado, o jogador era o terceiro goleiro do Palmeiras. Chegou com uma certa desconfiança dos torcedores, assim como todos os novos reforços da equipe, mas suas boas atuações acabaram o credenciando como titular. "Estou muito feliz em ter vindo jogar no Santa Cruz. Está sendo uma boa experiência. Acredito no planejamento do clube e espero continuar ajudando", disse o jovem goleiro.

Arrojo

As defesas arrojadas de Zuba mostraram sua qualidade logo na estreia diante do Sete de Setembro. Em todos os jogos, o goleiro defendeu, no mínimo, três ou quatro bolas de pagar ingresso. E agora no clássico? "A ansiedade é grande não só minha, mas de todos os companheiros por ser o primeiro clássico", afirmou entusiasmado. "Vivemos um bom momento na competição, porém, uma partida deste nível não tem favorito. Temos que ter muita atenção durante o jogo", avaliou.

Sobre seu arrojo em baixo da barra, Zuba foi enfático: "Trabalhamos muito forte aqui no Santa Cruz. Eu estou fazendo a minha parte, mas os méritos precisam ser divididos com todos no elenco e com a comissão técnica também", completou.

Eduardo, por sua vez, chegou ao Náutico há quase dois anos, mas terá sua primeira oportunidade de enfrentar o Santa Cruz. Clássicos pernambucanos ele já disputou cinco, mas todos contra o Sport. O atleta, uma liderança dentro do grupo desde sua primeira temporada no clube, espera que o jogo marque uma nova fase do Náutico na disputa do Campeonato Pernambucano. E cobra uma nova postura de sua equipe.

"Com certeza o título do primeiro turno ficou difícil. Não tanto pela matemática, mas pela forma como estamos jogando, sem vontade de vencer. Precisamos mudar isso, porque qualquer resultado que não seja a vitória contra o Santa Cruz não nos interessa", afirmou Eduardo, de 31 anos, que aponta o fato de não ter mantido uma base no grupo do ano passado como o principal obstáculo neste início de campeonato. "Por causa disso, precisamos treinar, além do físico, a parte técnica e tática do grupo. Estamos procurando evoluir agora", acrescentou o goleiro.