Após quase dois anos, Náutico e Santa Cruz se reencontram neste tradicional clássico
Gustavo Lucchesi e Gustavo Paes
Após inacreditáveis quase dois anos sem se encontrar, Náutico e Santa Cruz voltam a se enfrentar neste domingo, às 16h, nos Aflitos, fazendo renascer o adormecido Clássico das Emoções. O reencontro dos dois velhos rivais acontece numa situação curiosa e, talvez, decisiva, já que ao Náutico só a vitória interessa, caso contrário, o time, segundo o próprio treinador Roberto Fernandes, dará adeus à briga pelo primeiro turno do Estadual 2009. Já o Tricolor, colecionando vexames nos últimos três anos, vem surpreendendo e chega ao duelo como vice-líder da competição, estando bem cotado para conseguir um bom resultado neste domingo.
Apesar de invicto, o Timbu soma 12 pontos na classificação, seis atrás do líder Sport (até o início desta rodada), e ocupa apenas a quarta colocação, com uma vitória sendo essencial para a sobrevivência da equipe nesta primeira etapa. Até mesmo um empate é visto como um péssimo resultado pelos alvirrubros. “Não tem mais cálculo. Temos que vencer todos os jogos que temos pela frente neste turno. Caso contrário, estamos fora”, disse Roberto Fernandes.
Um pouco mais animado pelo fato da regularização dos laterais-direito Carlinhos e Ângelo, além da absolvição de Anderson Santana e Derley, Fernandes não precisará improvisar nenhum atleta para este confronto, o que ainda não havia acontecido neste Estadual. A única dúvida do comandante do Timbu é em relação ao esquema que será utilizado neste domingo. Ele chegou a ensaiar um 4-4-2, com os meias Dinda e Juliano na armação, porém ele possui a opção de surpreender, colocando Gilmar no lugar de Dinda, ao lado de Carlinhos Bala e Anderson Lessa no ataque, num 4-3-3, formação que ele não descartou. “Tenho essa opção, mas só vou decidir minutos antes do jogo”, disse Fernandes.
Pelo mesmo caminho, segue o técnico tricolor, Márcio Bittencourt. Nos preparativos para o clássico, ele testou os esquemas 3-5-2 e o 4-4-2. Dúvida real ou forma de despistar o adversário? “Realmente precisamos fazer uma análise cautelosa. O time está mais acostumado a jogar no 4-4-2, mas temos que pesar tudo, pensar nas nossas necessidades”, disse o treinador do Mais Querido.
A formação com três zagueiros aparece como a mais provável, já que a defesa do Santa Cruz não tem como principal virtude a velocidade, ao contrário do ataque Timbu. Deixar os homens de defesa no mano a mano parece um plano muito arriscado, e, no Campeonato Pernambucano, Bittencourt tem demonstrado muita cautela, valorizando a marcação e contando com a força da dupla de ataque e o apoio dos laterais para resolver os jogos. No meio-campo, Leandro Gobatto está de volta para armar as jogadas. “É meu primeiro clássico, e a vontade de jogar é enorme. A responsabilidade do meia é muito grande, independente do jogo”, comentou Gobatto.
Ficha Técnica
Náutico
Eduardo; Carlinhos (Ângelo), Vágner, Galiardo e Anderson Santana; Nunes, Johnny, Dinda (Derley) (Gilmar) e Juliano; Carlinhos Bala e Anderson Lessa (Gilmar). Técnico: Roberto Fernandes
Santa Cruz
André Zuba; Thiago Matias, Sandro e Leandro Camillo (William); Parral, Vágner, Bilica, Leandro Gobatto e Adílson (Juca); Marcelo Ramos e Márcio. Técnico: Márcio Bittencourt.
Local: Aflitos
Horário: 16h
Árbitro: Wilson Souza
Assistentes: Jossemmar Diniz e Pedro Wanderley
Preliminar: Náutico x Santa Cruz, às 13h30 (juniores)
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Eles conhecem o caminho do gol
Gustavo Lucchesi e Gustavo Paes
Dois dos maiores ícones do futebol pernambucano dos últimos anos, os atacantes Marcelo Ramos e Carlinhos Bala são as grandes atrações do clássico deste domingo. De um lado, o artilheiro e ídolo maior da torcida coral. Do outro, o controverso, o andarilho que vestiu a camisa dos três grandes da Capital, o jogador de decisão. Marcelo, inclusive, foi o autor do gol do último Clássico das Emoções, quando o Náutico abriu 2x0, e o atacante coral descontou. “No último clássico, eu consegui fazer o gol, mas o Santa Cruz acabou perdendo o jogo. Desta vez, não faço questão de marcar gols, mas quero ajudar a minha equipe a conseguir a vitória”, comentou o jogador tricolor.
Acostumado com a pressão de disputar um clássico, Marcelo Ramos afirmou que não perde mais o sono na véspera desse tipo de jogo. “Pelo fato de ser um jogo especial, que envolve muita coisa fora de campo, é normal que exista um pouco mais de ansiedade antes de um clássico. Mas é muito menor do que no início da carreira”, disse o atacante. Ele afirmou ainda que uma vitória diante do rival pode colocar o Santa Cruz definitivamente na briga pelo título do primeiro turno. “Sabemos da dificuldade que vamos enfrentar. Porém, se ganharmos do Náutico, principalmente jogando fora de casa, vamos dar um grande passo na briga pelo primeiro turno”, declarou. “Quanto mais nós vencemos, mais a cobrança da torcida aumenta. Eles querem a continuidade no caminho das vitórias”, finalizou.
Do outro lado do ringue, o folclórico, o polêmico, o pequeno grande... Carlinhos Bala! Apesar de dispensar apresentações, o atacante garantiu que a idade e a maturidade lhe bateram a porta e que, caso marque algum gol, não haverá comemoração provocativa contra a torcida tricolor. “Fui aprendendo com os erros. Ia fazendo as coisas de cabeça quente e logo depois me arrependia. Caso marque gol, vou comemorar apenas com meus companheiros. Estou mais maduro e cansei de polêmicas”, disse Bala.
Sobre o fato de ser conhecido por sempre marcar gols em clássicos, principalmente quando atuava contra o Náutico, o atacante confirmou que, realmente, cresce em jogos importantes e que irá compensar os alvirrubros por ter marcado vários gols contra o Timbu. “Realmente, eu adoro clássico. É aquele jogo que você, perdendo ou ganhando, todo mundo na rua vai vir comentar com você. Vou me esforçar ao máximo para conseguir a vitória e, quem sabe, conseguir melhorar a conta com a torcida do Náutico”, brincou Carlinhos. Atuando contra o Santa Cruz, Bala só marcou uma vez, vestindo a camisa do Cruzeiro, em 2006.
Atenção com as organizadas
Daniel Leal
Com a expectativa de uma possível lotação dos Aflitos, foram tomadas algumas medidas de precaução em prol dos torcedores e cidadãos que estiverem nas redondezas da avenida Rosa e Silva. O policiamento será reforçado, algumas ruas interditadas e linhas de ônibus acrescidas.
Somando o policiamento da área interna, realizado pelo 13º BPM, com a área externa, feito pelo Comando de Policiamento da Capital, serão totalizados 260 oficiais. Segundo o major Carlos Azevedo, que está respondendo pelo comando do 13º BPM, as torcidas organizadas receberão uma atenção especial. “Fizemos uma reunião com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e com os representantes das organizadas para tentar evitar maiores problemas nesse jogo. Porém, mesmo assim, vamos manter uma atenção especial com a Fanáutico e a Inferno Coral”.
O monitoramento e interdições nas principais vias próximas ao estádio começam a partir do meio-dia. Trinta agentes da Companhia de Trânsito estarão nas proximidades orientando os motoristas e torcedores. Já em relação ao transporte, duas das principais linhas de ônibus da cidade receberão um pequeno acréscimo: os veículos que fazem a rota PE-15/Boa Viagem e PE-15/Joana Bezerra, que normalmente realizam juntas 233 viagens, no domingo, passarão a realizar 248 viagens, com intervalos de cerca de 15 minutos.
Tricolores não veem a hora do jogo começar
Torcedores estão muito ansiosos para o clássico deste domingo
PAULO FAZIO
Para o torcedor, não existe jogo mais especial do que um clássico. O clima antes e depois das partidas, as comemorações e até mesmo as lamentações fazem parte destes confrontos que acirram ainda mais as rivalidades locais. Mas, neste domingo, o Clássico das Emoções entre Náutico e Santa Cruz vai além destas questões. Contando os dias para o jogo desde que a tabela do Campeonato Pernambucano foi divulgada, a partida marca o reencontro dos, inegavelmente ansiosos, tricolores com os rivais dentro de campo. Também pudera, foram 679 dias de espera desde o último clássico, resumidos em apenas 90 minutos de bola rolando.
Para se ter a ideia da importância do confronto para a massa coral, teve até torcedor adiando a volta para casa para não perder nenhum duelo diante dos rivais neste primeiro turno de Estadual. É o caso do autônomo José Carlos Rodrigues. Residente nos Estados Unidos, desde 2001, o tricolor de 29 anos fez questão de mudar a sua data de passagem para a terra do Tio Sam a fim de acompanhar ao vivo as partidas diante de Náutico e Sport. “O último clássico que fui foi a final do Estadual de 2001, contra o Náutico. Desde então, acompanho apenas pela Internet. Venho matando as saudades, mas não vejo a hora do clássico começar”, disse, empolgado, Júnior, como é conhecido.
Assim como Júnior, seu amigo Claudemil Aragão, de 30 anos, não vê a hora da bola começar a rolar. A última vez que o empresário viu o Santa Cruz duelar diante de um arqui-rival foi no dia 28 de janeiro de 2007, quando o Tricolor bateu justamente o Náutico, com dois gols de Marcelo Ramos, coincidentemente o atual artilheiro coral na temporada. “Estou muito ansioso. Faz falta a brincadeira, a rivalidade. Com certeza, estarei nos Aflitos, como fui para praticamente todos os jogos do Santa Cruz este ano”, garantiu. Para ele, a atual situação do rival pode ser favorável para a dupla de ataque do técnico Márcio Bittencourt. “A zaga do Náutico não tem entrosamento. Com Marcelo Ramos e Márcio, que eu acho bom jogador, podemos vencê-los”. Quanto ao placar da partida, os dois amigos, coincidentemente, arriscaram o mesmo placar: “2x1, com gols de Marcelo Ramos e Márcio”.
Solidariedade e Carnaval em campo
Gustavo Lucchesi
Por uma causa mais do que nobre, somente neste domingo, o Clássico das Emoções irá ceder o seu tão tradicional nome para virar o Clássico da Solidariedade. O motivo é a pequena Clara Costa Pereira, de apenas um ano e quatro meses de vida, que luta para conseguir vencer a paralisia cerebral. E colocando a rivalidade de lado, os torcedores poderão vestir a camisa da solidariedade para ajudar Clarinha a vencer essa batalha pela vida. A tarefa é mais simples do que parece, já que neste domingo, urnas estarão localizadas na entrada das duas torcidas, e no acesso às sociais dos Aflitos, para que os interessados possam contribuir com qualquer valor.
Além disso, todos os 22 atletas titulares entrarão em campo vestindo uma camisa, com a foto da menina, com os dizeres “Eu ajudo Clara”, mesma peça de roupa que está disponível à venda, pelo preço de R$ 15, no site da campanha Um Real Por Um Sonho(www.umrealporumsonho.com.br), criado pelos pais da menina para conseguir arrecadar o valor necessário para o tratamento da doença.
Apenas oferecido por uma empresa de biotecnologia atuante na China, todo o processo (viagem, estadia e tratamento), feito à base de células-tronco, foi orçado em 40 mil dólares (equivalente a R$ 91 mil), já tendo sido arrecadado 58% deste valor. “Enquanto houver esperança, não vamos medir esforços para ajudar a Clarinha”, disse Aline Costa Pereira, mãe de Clara.
Além da solidariedade, a beleza e o frevo também entrarão em campo neste domingo, com o desfile, no intervalo da partida, dos 16 finalistas ao concurso de rei e rainha do Baile Municipal do Recife 2009, que acontecerá no dia 14 de fevereiro. Para saber a opinião do público, a organização do evento disponibilizará seis urnas de votação, três na entrada de cada torcida, para que os torcedores possam opinar. Este ano, toda a renda do baile será utilizada para a compra de uma nova sede para o abrigo O Recomeço, que acolhe mulheres em situação de risco e seus filhos.
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