segunda-feira, 30 de junho de 2008

Príncipe franco-atirador

Último adversário do Santa Cruz na primeira fase, o Potiguar chega com um dos menores investimentos e sendo o azarão do grupo 5
José Gustavo
Da equipe do Diario


Futebol é um jogo. E como todo jogo tem sua parcela de sorte. Nem sempre vence o melhor ou o mais bem estruturado. Apesar da parcela de chance de um azarão conseguir ir de encontro a todas as lógicas são mínimas. O Potiguar se encaixa neste contexto. Último adversário do Santa Cruz no grupo 5 - enfrenta a equipe coral penas na terceira rodada -, o representante da rica Mossoró (RN) chega para a disputa da Série C como um verdadeiro franco-atirador. Um time que não tem nada a perder, melhor formulando, tem muito a ganhar.

Terceira força do Rio Grande do Norte, atual vice-campeão estadual - perdeu as finais para o ABC -, esperava-se um pouco mais do Príncipe, que é o mascote do clube. Até porque o seu arqui-rival, o Baraúnas, não passou nem perto de se classificar para a Série C. O mutirão em prol do alvirrubro na cidade não está existindo. Ruim para Mossoró, pior para o Potiguar.

Um clube que há quatro anos (2004) levantou, pela primeira vez na história, um título estadual. Um clube que, praticamente, não tem sede - a pequena casa no centro da cidade está desativada -, mas com muito esforço conseguiu adquirir uma ampla casa que vem servindo de concentração e alojamento para os atletas. Foi neste novo endereço que o Diario acabou sendo recebido pelo assessor de imprensa, Fábio Oliveira. Pois é. Ninguém acreditava que o Potiguar teria uma assessoria de imprensa. Foi nesta conversa, no terraço, que sentimos o esforço deles para diminuir os extremos e as contradições do clube.

Dono de uma torcida apaixonadíssima, o Potiguar sobrevive com a ajuda efetiva de alguns abnegados. A prefeitura municipal também ajuda com um montante que gira em torno de R$ 130 mil, mas dividido em seis cotas. Uma quantia irrisória levando-se em conta que a folha mensal dos jogadores chega aos R$ 70 mil (médias salarial de R$ 2,5 mil). Por sinal, de longe, a folha mais baixa dos quatro clubes do grupo 5.

"Estamos negociando alguns patrocínios suprir o déficit que temos na folha do elenco", disse Fábio Oliveira, antes de completar: "Além de subsidiar os gastos com deslocamento, alimentação e hospedagem do grupo nos jogos fora da cidade".

Mas, como diz a máxima, "quem trabalha, Deus ajuda". Por isso, a confiança é grande e cresce junto com a estrutura física do clube. A pequena sede do centro da cidade, onde tem um dos metros quadrados mais valorizados, será vendida para a compra de um terreno e construção de um Centro de Treinamento. Ousadia e criatividade são alguns lemas deles. Um bom exemplo foi a parceria com a prefeitura da cidade de Antônio Martins (a 140 km de Mossoró). Lá o clube realizou uma inter-temporada como preparação final da Série C. Portanto, vontade não faltará ao "azarão" Potiguar para tentar bater sua marca histórica: 9º colocado na Série C de 1999.

Ficha técnica

Associação Cultural e Desportiva Potiguar

Cidade: Mossoró - RN (a 463 km do Recife)

Fundação: 11 de fevereiro de 1945

Presidente: Stênio Max

Endereço: Rua Manoel Hemetério, 15 - Mossoró/RN.

Cores: Vermelho e branco

Mascote: Principe

Estádio: Leonardo Nogueira (Nogueirão)

Capacidade: 25 mil

Site Oficial: www.potiguardemossoro.com.br

Time Base: Toni; André Borges, Lúcio, Ricardo Braz e Everaldo; Adriano, Everton, Vasconcelos e Enoque; Canindezinho e Paulo Rangel.

Técnico: Miluir Macedo.

Nogueirão tem retoques finais

Uma parceria entre a Liga Desportiva de Mossoró e a prefeitura municipal deu uma nova roupagem ao estádio Leonardo Nogueira. Do lado de fora, a primeira impressão é a melhor possível. Com capacidade para 25 mil torcedores, a fachada externa do Nogueirão está toda reformada e o acesso às dependências internas também, principalmente, para autoridades, imprensa, equipes e quem adquire cadeiras cativas.

O campo de jogo, que mais importa para os atletas, apresenta um gramado bastante irregular, com piso duro, porém sem muitos buracos. Os pés de galinhas são facilmente encontrados, mas os funcionários do estádio confirmaram que até o início da Série C a situação do gramado estará bem melhor.

Quando o Diario visitou o Nogueirão, o primeiro corte na grama tinha iniciado. Era uma quinta-feira (19) e, no sábado (21), haveria um bingo no local. Por outro lado, os vestiários são bastantes amplos e, ambos, inclusive, com sala de massagem. As arquibancadas são um pouco elevadas, existe uma pista de areia que separa o gramado e o alambrado das arquibancadas afastando bastante o torcedor.

O oásis potiguar

Mossoró é uma espécie de oásis. A cidade fica estrategicamente colocada na metade do caminho entre Natal e Fortaleza. Encravada no Mesorregião do Oeste Potiguar. Impossível não se surpreender ao entrar nela. Não só pelas longas e amplas avenidas que levam ao centro, mas principalmente pela boa infra-estrutura que apresenta. Uma cidade rica. Mossoró é repleta de grandes concessionárias de veículos. Para se ter uma idéia, a frota de automóveis, incluindo, motocicletas, ultrapassou a marca dos 77 mil veículos. Número alto para um município com população estimada em cerca de 240 mil habitantes. Incrível média de um veículo a cada três pessoas.

Mas não é para menos. Mossoró é o maior produtor de petróleo, em terra, do Brasil. E mais ainda, também tem a maior marca em produção de sal marinho do país, abastecendo 95% do mercado nacional. Além do comércio forte, a indústria também vem crescendo a passos largos assim como o mercado da construção civil. A cidade conta com um dos maiores shoppings do Rio Grande do Norte, o West Shopping, com cerca de 140 lojas. O setor agrícola também tem destaque com a exportação de melão.

Dificuldade é o que não falta

Problemas não faltam ao técnico Miluir Macedo para fechar o grupo do Potiguar ainda nesta reta final de preparação. Com um número de jogadores reduzido, contando com alguns das divisões de base, o treinador vai fazendo das tripas coração para achar o seu melhor time. Para se ter uma idéia 90% da equipe que foi vice-campeã potiguar não permaneceu para a Série C.

Destaques ficam por conta dos atacantes Canindezinho e Paulo Rangel, artilheiro da Copa RN (1º turno do estadual). O goleiro Mondragon, ex-Sete de Setembro, também está bem no clube, mas no início da semana acabou se hospitalizando por conta de uma infecção intestinal.

O problema mesmo aconteceu com o atacante Ribinha, que foi contratado no início da semana, dormiu uma noite em Mossoró e, pela manhã, sumiu sem dar satisfação. A diretoria do Potiguar contratou 15 jogadores e, até o início da terceira divisão, deve fechar com, no mínimo, mais três reforços. Os últimos contratados foram: Haroldo (volante, ex-Vasco da Gama) e Diogo (meia, ex-Central).

O sonho de Canindezinho

O sonho de se tornar jogador de futebol profissional chegou quando ele não mais acreditava ser possível. Apenas aos 23 anos, Francisco Canindé Alves da Costa, viu a oportunidade bater em sua porta. "Fui direto do ´rachão` ao profissional", confessou. Sem um mínimo trabalho de base, sem nenhum fundamento técnico, Canindezinho, como já era conhecido nas peladas da cidade de Pau dos Ferros (a 151 km de Mossoró), deixou de ser peladeiro para trilhar uma vitoriosa carreira profissional. "Sim, é isso mesmo. Sou um vitorioso", disse cheio de orgulho no auge dos seus 35 anos.

Do interior do Rio Grande do Norte ele alçou bons vôos. Passou pelo Souza-PB e América-RN até começar a melhor fase de sua carreira. Foi jogar no Ituano-SP e seguiu sua estrada até o sul do país. Atuou no Juventude-RS, Tubarão-SC e Santa Cruz do Sul-RS, quando voltou para o Nordeste para defender o Treze-PB e, finalmente, o Potiguar. "Eu só fazia estudar. Tudo aconteceu depois que eu terminei o segundo grau".

De fala mansa, pausada e entre uma brincadeira e outra dos companheiros, o veterano atacante do Potiguar - já somou sete anos entre idas e vindas no alvirrubro -, mostra ser muito querido por todos no elenco. Jogador de velocidade e bom chute, Canindezinho é um dos artilheiros do time e, também, um dos poucos remanescentes da equipe vice-campeã potiguar.

Enquanto amarrava a chuteira, pouco antes de iniciar o treinamento matinal na última semana de preparação, o jogador deu a receita para sua equipe deixar de ser o azarão da Série C: A simplicidade. "Aqui a união é uma coisa impressionante. Todos os jogadores se respeitam, não existe vaidade e o objetivo é um só: vencer". Que assim seja. Receita de uma equipe que tem como apelido "Time Macho".

Na ponta dos cascos

Sem perder o embalo do Pernambucano, Central entra na disputa do grupo 5 da Série C como favorito
José Gustavo
Da equipe do Diario


Segundo adversário do Santa Cruz no grupo 5, o Central deve começar a Série C do Brasileiro na ponta dos cascos. A equipe praticamente não parou as suas atividades ao final do Campeonato Pernambucano. Pelo contrário. Deu uma folga pequena ao elenco e retornou logo para uma inter-temporada na cidade de Bonito. Perdeu poucos atletas do grupo do Estadual (que ficou na 3ª colocação) e reforçou-se com cautela. Sem sombra de dúvidas sai na frente dos outros três concorrentes diretos - Santa Cruz, Campinense e Potiguar -, que começaram a preparação, efetivamente, há pouco mais de 20 dias. A Patativa é a grande favorita.

Todas as fichas do presidente do Central, Ronaldo Lima, estão sendo jogadas na disputa desta terceira divisão nacional. Por isso, a marca da ousadia. Há três anos, o clube estava praticamente abandonado na segunda divisão do Pernambucano. "Foi quando assumimos o poder no clube. A primeira coisa que fizemos foi tentar resgatar a auto-estima dos torcedores", disse o presidente. E ele conseguiu. Em algumas horas na Capital do Agreste, o Diario comprovou que os caruaruenses já vestem a camisa do clube com muito mais orgulho desfilando pelas ruas da cidade.

Para se ter uma idéia, durante o Campeonato Pernambucano, foram vendidas cerca de quatro mil camisas oficiais do clube. É claro que boa parte delas foram comercializadas nas semanas que antecederam ao jogo com o Palmeiras pela Copa do Brasil. Fato que não acontecia há 22 anos, quando ocorreram os últimos confrontos do Central contra os grandes do Sudeste do país (Brasileirão de 1986). Esse "novo" Central não encontra-se apenas fora de campo. As boas campanhas nos dois útlimos estaduais - foi vice-campeão em 2007 e ainda briga na Justiça pelo 2º lugar deste ano - resgataram também a credibilidade do clube no cenário regional e nacional.

"Ninguém queria vir jogar aqui no clube. Nós não tínhamos credibilidade alguma e erámos conhecidos como um clube que não pagava, sempre atrasava salários e não tinha estrutura. Hoje a situação é diferente. Pagamos em dia e temos um treinador de primeira linha", afirmou Ronaldo Lima.

Investimento - Sem muita preocupação com a folha administrativa - é totalmente bancada pelos aluguéis das lojas ao redor do estádio Luiz Lacerda -, o presidente centralino segue tentando fechar mais patrocínios para a folha do elenco profissional, que ficará entre R$ 100 mil e R$ 130 mil. Hoje, o clube conta com a ajuda de apenas dois patrocinadores fixos: a Prefeitura de Caruaru e a Rota do Mar, que também fornece o material esportivo do clube. Só esses dois investidores, cujo valor Lima não quis adiantar, não cobrem os gastos com o futebol.

"Estamos negociando espaço de publicidade no estádio e temos ainda a receita com as rendas dos jogos e os associados. O Central tem cerca de 3 mil sócios cadastrados, porém, apenas 200 adimplentes. "Mas eu não vou desistir. Formamos um time forte e vamos lutar, primeiro para ficar na Série C em 2009 e, depois, pelo acesso à Série B", completou.

A força da cidade

A duplicação da rodovia BR-232 ajudou bastante, pois o tempo de viagem entre Recife e Caruaru diminuiu bastante. Mas o crescimento do município vai muito além disso. A cidade é a que mais cresce no agreste pernambuco. Seu desenvolvimento urbano e econômico vem sendo alarmante. O pólo de confecções foi um dos responsáveis diretos por esse crescimento da conhecida "Capital do Agreste". Hoje, Caruaru conta com inúmeras pequenas e médias empresas ligadas ao setor de confecção. Sua proximidade de Toritama e Santa Cruz do Capibaribe também ajuda a escoar as fabricações pela sua excelente localização geográfica.

Mesmo com a sua economia baseada no comércio, as feiras livres (artesanatos, ervas, calçados e confecções) formam outro ponto forte na cidade. A tradicional Feira de Caruaru virou, inclusive, patromônio histórico brasileiro. A cidade também se destaca como um novo pólo industrial, além de ter uma excelente rede médica e boas instituições de ensino superior. A população de Caruaru, segundoo IBGE, gira em torno de 289 mil habitantes.

O andarilho atacante

Depois de passar por Náutico, Santa Cruz e Sport, Marco Antônio veste a camisa do Central da Série C

Só em Pernambuco ele já vestiu a camisa de Náutico, Santa Cruz, Sport e, agora, Central. Além desses, o andarilho atacante Marco Antônio passou por mais 11 clubes brasileiros e um sul-coreano (Chombcky). Lembra de todos eles nos mínimos detalhes. De alguns ainda leva boas lembranças no coração. Já outros tenta não lembrar muito. Com seu jeito descontraído de conversar, o novo atacante centralino diz que, com o passar do tempo, enxerga o futebol de maneira diferente. "Estou me desiludindo com o futebol. Acho que com mais dois anos eu vou pendurar a chuteira", deixou escapar.

Sem querer entrar em muitos detalhes, Marco Antônio, com apenas 29 anos, deixa nas entrelinhas que o desgaste com os constantes atrasos de salários nos clubes, pendências jurídicas são os fatores responsáveis pela sua desilusão. "Quando parar vou ser treinador. Isso já é certo", adianta, mostrando um misto de contradição.

Esse lado contraditório dele vem dos bons momentos. Em 2003, jogando pelo Ceará, lutou pela artilharia da Série B. Noano seguinte levou o Fortaleza de volta a Série A do Brasileiro. Já em 2005 virou ídolo do Santa Cruz. "Ah, e teve ainda o meu começo pelo São Paulo. Subi ao time principal pelas mãos do senhor Telê Santana", completou, mostrando todo o seu carinho e respeito pelo ex-treinador, já falecido. Isso tudo sem falar das convocações para quase todas as categorias de base da Seleção Brasileira.

E o Central? "Estamos fazendo um time forte", disse. "Aqui tem muita gente boa e querendo. Se encaixar direitinho vai longe", completou. E precisa ir longe mesmo. Se não chegar na terceira fase da competição, a Patativa não garante vaga na Série C do próximo ano. Marco Antônio sabe muito bem disso e quer usar a sua experiência para ajudar o time. "Já disputei duas vezes a Série C (pelo Náutico e Portuguesa Santista). Esta será a terceira. Nas outras eu era muito novo e corria bastante. Agora a situação é outra", relembra, sorridente. "Mas já conheço os atalhos do campo e não perdi o faro de gol".

Vivendo uma nova fase em Caruaru, Marco Antônio mostra-se bastante adaptado à cidade. O atacante mora apenas a 1 km do estádio Luiz Lacerda, local dos treinamentos, e vai ao trabalho, na maioria das vezes, andando mesmo. "O clima aqui, em Caruaru, é muito agradável. A torcida apoia bastante também, sabia? Sou muito assediado nas ruas", completou.

Ficha técnica

Central Sport Club

Cidade: Caruaru (a 134 km do Recife)

Fundação: 15 de junho de 1919

Presidente: Ronaldo Ferreira de Lima

Endereço: Avenida Agamenon Magalhães, s/n.

Cores: Preto e branco

Mascote: Patativa

Estádio: Luiz Lacerda(Lacerdão)

Capacidade: 20 mil

Site Oficial: www.centralsc.com.br

Time Base: Hudson; Jammerson, William Paraná (Alex Xavier), Bebeto e Vital; Williams, Júnior Paulista, Djalma e Doda; Leonardo e Marco Antônio.

Técnico: Marcelo Villar

Lacerdão mudou

Para quem viu o Luiz Lacerda no início do Campeonato Pernambuco deste ano e rever agora as mudanças são significativas. Porém, o Lacerdão ainda tem muito para melhorar. O gramado, totalmente refeito para o jogo com o Palmeiras pela Copa do Brasil, encontra-se ainda bastante castigado. O piso, apesar do trabalho diário dos funcionários do clube, ainda está desnivelado e duro em alguns locais do campo. Nos últimos 15 dias todos os treinamentos da equipe vêm sendo realizados no gramado do Luiz Lacerda. Diferentemente de anos anteriores, a grama deixou de ser pasto. Em alguns locais ainda se vê o barro batido. A diretoria do clube melhorou bastante o nível do campo, assim, como a drenagem completa do gramado.

Alguns problemas estruturais do estádio também já foram melhorados. A pedido do Corpo de Bombeiros, se ampliou o grade de proteção para o campo (alembrado), os corrimões foram colocados em algumas áreas de risco e também as saídas de emergências sinalizadas. A precariedade continua no vestiário do visitante, que permanece pequeno e estreito.

O elenco

A experiência será a tônica deste atual elenco do Central para o Brasileiro. A diretoria do clube tentou mesclar com a juventude, mas do provável time titular a média de idade chega a beijar os 29 anos. Se a opção foi a mais acertada só o tempo vai dizer. O fato é que a Patativa fez uma aposta em jogadores mais tarimbados e de qualidade inquestionáveis. Só que já vestiram a camisa do rival Santa Cruz, a equipe caruaruense têm quase um time inteiro, ou seja, dez atletas. São eles: Bebeto e Alex Xavier (zagueiros), Jammerson (lateral-direito), Vital (lateral-esquerdo), Williams e Nego (volantes); Djalma (meia), Marco Antônio (meia-atacante), Leonardo e Cláudio (atacantes). Boa parte destes ex-guerreiros corais fazem parte da "Tropa de Elite" do Central.

Por outro lado, o clube perdeu algumas peças importantes do time que disputou o Campeonato Pernambucano e luta na Justiça para reconquistar o vice-campeonato. Fato normal pelo destaque que esses jogadores tiveram no Estadual. Não conseguiram segurar três dos seus principais atletas: Celso (lateral-direito), Moacir (volante) e Edu Chiquita (meia). O importante é que a diretoria conseguiu manter uma boa base da equipe para o Brasileiro. O goleiro Hudson, por exemplo, ficou no time. A diretoria realizou oito contratações para qualificar um pouco mais o time. Destaque para o meia Djalma (ex-Santa e Sport), o lateral-direito Jammerson (ex-Santa) e o meia Ailton (ex-Náutico e São Paulo).

Na Série C, rivais são os “menores” obstáculos

Na segunda das sete matérias de aquecimento para a Série C do Campeonato Brasileiro, o Jornal do Commercio mostra as dificuldades financeiras dos clubes para participar da competição. Viagens longas de ônibus, muitos estádios precários, total ausência de patrocinadores oficiais, além do desleixo da própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Às vésperas da competição, quatro times pediram substituição. Um deles foi o pernambucano Ypiranga, que cedeu ao Petrolina a vaga conquistada no Campeonato Pernambucano.

As dificuldades que cercam o caminho das equipes na Série C do Campeonato Brasileiro são muito maiores do que simplesmente enfrentar os adversários em campo. Em comparação com um clube tradicional como o Santa Cruz, a maioria dos times é desconhecida no cenário do futebol nacional, que só teve oportunidades em divisões superiores quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) inchou competições.

A participação de muitas equipes ficou comprometida após a própria entidade retirar o apoio financeiro que oferecia, em passagens e hospedagens, para alguns participantes, aqueles que mais se destacaram em seus respectivos Estaduais. O caso extremo foi o de Rondônia. Tinha direito a dois representantes, mas somente um entre os clubes locais garantiu condições de permanecer na disputa da competição.

Como não há a presença de patrocinadores oficiais, como ocorre com os primos ricos das séries A e B, os clubes precisam de total autonomia financeira para se manter. Ou seja, deve gerar recursos próprios via patrocinadores, parceiros, ações de marketing e outras estratégias. No caso do Santa, ele ainda conta com o convênio do programa governamental Todos com a Nota, que pode render até R$ 105 mil por jogo, via troca de notas fiscais por ingressos.

Mesmo assim, não há condições, pelo menos nas duas primeiras fases, de cumprir as distâncias para atuar na casa dos rivais de avião. No primeiro quadrangular, o Santa Cruz vai viajar de ônibus para Caruaru (134 km), para Campina Grande-PB (194 km) e para Mossoró-RN (540 km). As viagens para Paraíba e Rio Grande do Norte serão em veículos alugados, uma vez que o novo ônibus do clube chegará depois das três rodadas iniciais.

Se conquistar o acesso às próximas fases, entretanto, os corais precisarão desembolsar um pouco mais para pegar aviões. Já na segunda e terceira fases, há possibilidade de viagem para os estados do Ceará e da Bahia.

Para ter idéia das dificuldades, os tricolores estão fechando o elenco com a folha salarial mais barata do que durante a disputa do Campeonato Pernambucano, quando também havia a verba dos direitos de transmissão vendidos para a Rede Globo Nordeste. Os vencimentos somados passaram de pouco mais de R$ 250 mil para cerca de R$ 150 mil. Ainda há negociações em torno do televisionamento do time durante a Série C.

Time sonda meio-campistas

Na busca para qualificar as opções de meio-campistas do elenco que disputará a Série C do Campeonato Brasileiro, três nomes aparecem como possibilidades de contratação do Santa Cruz esta semana. Os corais estão mantendo contatos com Luís Fernando, ex-Juventude, Éder, ex-Sport, e Gláucio, que estava no futebol europeu. Por enquanto, os recursos financeiros permitem fechar com apenas um deles.

O diretor de futebol tricolor Constantino Júnior confirmou as negociações, mas também deixou no ar que o reforço pode não ser nenhum dos três. “Há outros nomes correndo por fora, em contato direto com o presidente. O certo mesmo é que precisamos qualificar o setor. O grande problema continua sendo dinheiro, todos eles só querem vir com dinheiro na mão. Estamos estudando.”

O Santa Cruz entra hoje na última semana de trabalho antes da estréia no Grupo 5 contra o Campinense-PB, próximo domingo, no Estádio Ernani Sátyro (Amigão), em Campina Grande. A partir de quinta-feira, os tricolores cumprem a última fase da preparação no Ninho do Gavião, centro de treinamento do Porto, em Caruaru, município do Agreste. De lá, seguem direto para a Paraíba.

COPA PERNAMBUCO

Os comandados de Fito Neves só não seguem antes para o interior do Estado porque ainda precisam jogar o segundo jogo da final da Copa Pernambuco. A partida contra o Atlético Pernambucano, clube recém-fundado e sediado na cidade de Carpina, está marcada para a tarde da próxima quarta-feira, no Estádio do Arruda.

Os corais levam a taça da competição organizada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF) com uma vitória por diferença mínima. Ontem à tarde, no Estádio Municipal de Carpina, as duas equipes não saíram do 0x0. Se o empate se repetir no Recife, independentemente do número de gols marcados, o campeão do torneio será conhecido por intermédio das cobranças de pênalti.

Com o time que vai iniciar o confronto diante do Campinense no próximo domingo, o Santa Cruz perdeu uma boa oportunidade de definir a final ontem mesmo. O Atlético Pernambucano atuou com um homem a menos desde os 43 minutos do primeiro tempo. Juninho fez falta no atacante Edmundo e recebeu o cartão vermelho. Mesmo assim, os corais não finalizaram com competência.

O inferno passa por aqui

Diario desbrava o caminho que o Santa Cruz vai trilhar a partir do próximo domingo, quando estréia na temida Série C

Não faz muito tempo. Há pouco mais de dois anos, os torcedores corais estavam no céu. Tinham recuperado a hegemonia no futebol pernambucano - com o título Estadual de 2005 - e estavam de volta à elite brasileira. O Santa Cruz, incontestavelmente, havia conseguido o acesso à primeira divisão nacional. Era o auge que coroava um trabalho bem planejado onde tudo acabou dando certo. Mas toda a euforia se transformou, rapidamente, em decepção. Como se estivessem pagando caro por um pecado que nem eles sabem quando cometeram e porque estariam sendo tão duramente castigados.

Em dois anos os tricolores viram sua equipe despencar da primeira para a segunda e, como se não existisse chão, bater direto na terceira divisão brasileira. Uma humilhação sem precedentes. Uma vergonha generalizada. Pela primeira vez em sua gloriosa trajetória de 94 anos, o Santa Cruz chegava ao fundo do poço. Todos eram unânimes em afirmar: "Fomos do céu ao inferno". E quem pensou estava certo.

Neste domingo, estamos a exatamente uma semana doinício da competição. Daqui a sete dias, a equipe coral vai até Campina Grande tentar dar o seu primeiro passo de volta. O adversário será o Campinense, atual campeão paraibano. Sair deste abismo não será nada fácil. O Diario de Pernambuco antecipou-se e caiu na estrada para fazer um raio-x dos adversários do Santa Cruz na primeira fase da competição e, também, dos prováveis concorrentes na segunda fase caso a equipe coral consiga ficar entre as duas primeiras no grupo 5.

A reportagem do Diario percorreu pouco mais de 2.450 km entre os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Durante uma semana, o trabalho era tentar "desbravar o inferno". Consistiu em visitar seis cidades e fazer um mapeamento total dos sete "possíveis" adversários do Santa Cruz - contando com os quatro do grupo 6, caso aconteça o cruzamento.

Que inferno é esse? - Nos próximos sete dias a torcida tricolor terá um levantamento geral de como estão se preparando cada um desses clubes. Os elencos, os destaques de cada time,quanto planejam investir, os estádios e ainda as cidades em que estão inseridos. Um amplo levantamento na tentativa de esclarecer como pode ser a trajetória do Santa Cruz neste início de caminhada em busca do seu retorno à segunda divisão do futebol brasileiro.

Em termos de estrutura dos adversários, a Série C está mais para purgatório que inferno. Pelo que apurou nesta seqüência de reportagens, o Diario mostrará clubes com estruturas e estádios razoáveis e bons jogadores. Cidades pólos, com economias e culturas fortes.

Por outro lado, o Santa Cruz está pagando caro pelos seus erros. Essa edição da Série C é a mais cruel de todas. Pelo primeiro ano ela será classificatória para a própria terceira divisão. Por isso, sim, torna-se um verdadeiro inferno. O clube que não terminar entre os vinte primeiros da competição estará, automaticamente, rebaixado para a quarta divisão do futebol brasileiro, a recém criada Série D. E tem mais: todos os custos com passagens, hospedagem e alimentação das equipes ficam a cargo dos clubes. A Confederação Brasileira de Futebol não subsidiará, absolutamente, nada.

Os textos que mostram esse inferno são de José Gustavo. As fotos de Helder Tavares. A equipe ainda foi completada pelo motorista Gilson Bezerra, que ajudou a desbravar os caminhos quentes da Série C.

Campeonato Brasileiro Série C - Dados Gerais

Nordeste 21 clubes

Sudeste 16 clubes

Centro Oeste 10 clubes

Norte 8 clubes

Sul 8 Clubes

Estados com mais representantes*

7 clubes São Paulo

4 clubes Pernambuco e Rio de Janeiro

3 clubes Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Pará

2 clubes Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Piauí, Paraíba,

Maranhão, Ceará, Alagoas e Amazonas

1 clube Acre, Amapá, Tocantins e Roraima

*Rondônia ficou sem nenhum representante, pois todos os clubes desistiram de participar.

Norte 8 representantes

Acre

Rio Branco Campeão do 1º Turno do Estadual 2008

Amapá

Cristal Vice-campeão do Estadual 2007

Amazonas

Holanda Campeão do Estadual 2008

Fast Clube Vice-campeão Estadual 2008

Pará

Remo Rebaixado da Série B 2007

Águia de Marabá Campeão do 1° turno do Estadual 2008

Paysandu Campeão do 2° turno do Estadual 2008

Roraima

Progresso Vice-campeão do Estadual 2007

*herdou vaga do Baré, que desistiu da competição

Nordeste 21 representantes

Alagoas

CSA Campeão do Estadual 2008

ASA Vice-campeão do Estadual 2008

Bahia

Vitória da Conquista 1º melhor colocado da primeira fase do

Estadual 2008

Itabuna 2° melhor colocado da primeira fase do

Estadual 2008

Atlético-BA 3° melhor colocado da primeira fase do

Estadual 2008

Ceará

Icasa Campeão do 1° turno do Estadual 2008

Horizonte Vice-campeão do 2° turno do Estadual 2008

Maranhão

Bacabal Campeão da Taça Cidade de São Luís 2008

Sampaio Corrêa Vice-campeão da Taça Cidade de São Luís

2008

Paraíba

Treze Campeão do 1º turno do Estadual 2008

Campinense Campeão do 2º turno do Estadual 2008

Pernambuco

Santa Cruz Rebaixado da Série B 2007

Central 1° melhor colocado do Estadual 2008

Salgueiro 2° melhor colocado do Estadual 2008

Petrolina* 5° melhor colocado do Estadual 2008

* herdou vaga do Serrano e Ypiranga, que desistiram da competição

Piauí

Barras Campeão do Estadual 2008

Picos Vice-campeão do Estadual 2008

Rio Grande do Norte

Santa Cruz Vice-campeão do 1º Turno do Estadual 2008

Potiguar de Mossoró Campeão do 2º Turno do Estadual 2008

Sergipe

Sergipe Campeão do Estadual 2008

Confiança Vice-campeão do Estadual 2008

Centro Oeste 10 representantes

Distrito Federal

Dom Pedro 1° melhor colocado do Metropolitano 2008

Legião* 4° melhor colocado do Metropolitano 2008

*herdou vaga do Ceilândia e Brazlândia que desistiram da competição

Goiás

Itumbiara Campeão do Estadual 2008

Atlético Goianiense 2° melhor colocado do Estadual 2008

Anápolis 3º melhor colocado do Estadual 2008

Mato Grosso

Mixto Campeão do Estadual 2008

Luverdense Campeão da Copa Governador do Mato Grosso 2007

Mato Grosso do Sul

Águia Negra 1º colocado do Grupo A do Estadual 2008

Operário 1º colocado do Grupo B do Estadual 2008

Tocantins

Palmas Campeão do Estadual 2007

Sudeste 16 representantes

Espírito Santo

Serra Campeão do Estadual 2008

Linhares* 3ª melhor do Estadual 2008

* herdou vaga do Rio Bananal, que desistiu da competição

Minas Gerais

Tupi 1º melhor colocado do Estadual 2008

Ituiutaba 2º melhor colocado do Estadual 2008

América/MG 3º colocado na Taça Minas Gerais 2007

Rio de Janeiro

Madureira 1° melhor colocado do Estadual 2008

Boavista 2° melhor colocado do Estadual 2008

Macaé 3° melhor colocado do Estadual 2008

Duque de Caxias* 6º melhor da Copa Rio 2007

*herdou as vagas do Cabrofriense, Bangu, Nova Iguaçu e Olaria, que desistiram da competição

São Paulo

Paulista Rebaixado da Série B 2007

Ituano Rebaixado da Série B 2007

Guaratinguetá 1° melhor colocado do Estadual 2008

Mirassol 2° melhor colocado do Estadual 2008

Noroeste 3° melhor colocado do Estadual 2008

Guarani 4° melhor colocado do Estadual 2008

Linense Vice-campeão da Copa FPF 2007

Sul 8 representantes

Paraná

Toledo 1° melhor colocado do Estadual 2008

Iraty 2° melhor colocado do Estadual 2008

J. Malucelli Campeão da Copa Paraná 2007

Santa Catarina

Metropolitano 4° colocado do Estadual 2008

Marcílio Dias Campeão da Copa Santa Catarina 2007

Rio Grande do Sul

Inter de Santa Maria 1° melhor colocado do Estadual 2008

Caxias 2° melhor colocado do Estadual 2008

Brasil de Pelotas Vice-campeãoda Copa Rogério Amoretty 2007

Todos os Campeões

Ano Clube Estado

2007 Bragantino São Paulo

2006 Criciúma Santa Catarina

2005 Remo Pará

2004 União Barbarense São Paulo

2003 Ituano São Paulo

2002 Brasiliense Distrito Federal

2001 Etti Jundiaí São Paulo

1999 Fluminense Rio de Janeiro

1998 Avaí Santa Catarina

1997 Sampaio Corrêa Maranhão

1996 Vila Nova Goiás

1995 XV de Novembro São Paulo

1994 Novorizontino São Paulo

1992 Tuna Luso Pará

1990 Atlético Goianiense Goiás

1988 União São João São Paulo

1987 Americano Rio de Janeiro

1981 Olaria Rio de Janeiro

As distâncias em detalhes

O DIARIO traz detalhadamente para os torcedores corais, que queiram acompanhar o Santa Cruz em todos os seus jogos longe de casa, e não serão poucos, uma base do que vão percorrer, o tempo gasto e a quantidade de combustível utilizado nas duas primeiras fases da competição.

1ª Fase

De recife para: Distância Tempo Combustível / litros**

Campina Grande-PB 217 km 02h25 22 (G) / 27 (A) / 43(D)

Caruaru-PE 134 km 01h29 13 (G) / 17 (A) / 27 (D)

Mossoró-RN 463 km 05h09 46 (G) / 58 (A) / 93 (D)

2ª Fase

Juazeiro do Norte-CE 658 km 06h45m 65 (G) / 79 (A) / 131 (D)

Salgueiro 520 km 05h47 52 (G) / 65 (A) / 104 (D)

Santa Cruz-RN 271 km 03h01 27 (G) / 34 (A) / 54 (D)

Campina Grande-PB 217 km 02h25m 22 (G) / 27 (A) / 43 (D)

* Cálculo realizado pela distância mais curta entre as cidades, levando em consideração um automóvel 1.0

** (G) gasolina; (A) Alcool e (D) Disel

Fonte: Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Investimento invejável

Primeiro adversário do Santa Cruz, o Campinense, está respaldado pelo título estadual e por ter uma estrutura que poucos verão ao longo da disputa da Terceirona

"Pode dizer lá para preparar a sacola. O Santa Cruz vai tomar uma enfiada aqui". Foi com essas palavras que o comerciante Jacks Thomaz, um dos responsáveis pela loja oficial do Campinense, recebeu o Diario na manhã do último sábado (21), em Campina Grande. A confiança dele é a mesma da esmagadora torcida do rubro-negro da Borborema. E não poderia ser diferente. O Campinense é o atual campeão paraibano e manteve praticamente todo o seu elenco. Mostra-se um clube organizado e apresenta-se como um dos candidatos a passar para a segunda fase da competição, onde apenas dois seguem adiante.

O investimento da diretoria do clube para conseguir o seu objetivo - chegar à terceira fase da Série C (que lhe garantiria entre os 16 que disputarão a Série C, em 2009) e, posteriormente, ir buscar o acesso à Série B - não está sendo pouco. Só a folha de pagamento dos jogadores e comissão técnica está orçada em R$ 200 mil. Isso sem falar em premiações por vitórias e conquistas. Um valor considerado alto para a terceira divisão.

Três são os principais patrocinadores do clube: Oi (empresa de telecomunicações), Central da Construção e a RedePharma. Esses duas últimas empresas da cidade. Esses três investidores vão render um apanhado de R$ 400 mil para toda a competição. Esse valor será diluído em cotas, que não foram especificadas pelos dirigentes do clube.

Considerando o clube avançar até o octogonal final da Série C, o Campinense terá um gasto em torno de R$ 1 milhão só com a folha do departamento de futebol. "Além desses R$ 400 mil que chegam dos patrocínios macros temos uma série de empresários abnegados que cooperam com o clube e já se comprometeram em ajudar. Esse dinheiro vai entrar e vamos quitando as dívidas com eles aos poucos", afirmou Saulo Tasso Miná, presidente do clube. As outras fontes de renda do clube vêm da paixão dos torcedores. "As rendas nos jogos sempre ajudam. Aqui a casa é cheia sempre", disse o presidente do clube. A lojinha oficial, por exemplo, tem uma receita média mensal de R$ 15 a 20 mil.

O mandatário do Campinense estima ainda que os gastos com a Série C, por jogo, vão girar em torno de R$ 20 mil por partida fora de casa. "Neste caso estão computados todos os gastos com a delegação. É viagem, hospedagem e alimentação. Não é fácil. Estamos nos auto-financiando para tentar, primeiro, primeiro permanecer na Série C do próximo ano", completou confiante.

Ficha técnica

Campinense Clube

Cidade: Campina Grande - PB (a 217 Km do Recife)

Fundação: 12 de abril de 1925

Presidente: Saulo Tasso Miná

Endereço: Rua Rodrigues Alves s/nº, Campina Grande (PB)

Fone: (83) 341 0384

Cores: Vermelho e Preto

Mascote: RaposãoEstádio: Ernani Sátiro (Amigão)

Capacidade: 40 mil

Site oficial: www.campinenseclubeoficial.com.br

Time base: Pantera; Fábio Santana, Cícero, Jádson e Evaldo Bahia; Charles Wagner, Marquinhos Mossoró, Washington e Jean Alisson; Paulinho Maríla e Paulinho Macaíba. Técnico: Freitas Nascimento.

Maestro do time é velho conhecido

Encontramos o meia Washington na concentração do Centro de Treinamento do Campinense, o Renatão. Contamos com a sorte de achar, um pouco antes, Jacks Thomaz, um torcedor rubro-negro apaixonado - um dos responsáveis pela loja oficial do clube - e que serviu como uma espécie de guia na cidade. Foi Jacks o responsável por nos levar até o personagem do seu clube do coração. "Washington, tem um pessoal de Recife querendo fazer uma matéria contigo. O cara é legal", disse.

Não demorou muito para o jogador aparecer e abrir um velho sorriso. "Fala cara? O que tais fazendo por aqui?". Washington me reconheceu na hora. Trabalhamos juntos no Santa Cruz, em 2006, durante a Série A do Brasileiro. Ele como atleta do clube e eu como setorista do Diario. O futebol deixa algumas raras amizades.

O jogador quis saber as novidades do seu ex-clube e quando questionado se sentia saudade do Arruda foi enfático na resposta: "Com exceção do torcedor, que sempre me deu apoio, eu não tenho nenhuma saudade do Santa Cruz". A declaraçãoreflete quanto foi frustrante sua passagem pelo Tricolor. "Foi o pior momento da minha carreira", afirmou antes de completar: "Eu tinha uma proposta do Juventude-RS, mas resolvi ir para Recife pois ficaria mais próximo de minha família", disse, visivelmente, arrependido.

Apesar de ser potiguar, de Natal, Washington Martins de Lemos, 27 anos, 1m71 e 67kg, aparenta estar em casa no Campinense. Lá ele é uma espécie de "Rei". Essa é a segunda passagem dele pelo clube rubro-negro. A primeira foi em 2002. Titular absoluto, ídolo maior da torcida e com um respaldo imenso junto à diretoria, o meio-campista, de muita habilidade e chute forte, mostra-se tranqüilo com sua nova fase na carreira. "As coisas aqui são muito boas. O clube paga direito, tem uma boa estrutura e formamos um elenco forte. Vamos brigar pelo acesso à Série B pode ter certeza", avaliou.

Envergando a camisa 10, Washington é a principal referência no time do Campinense. Dos seus pés saem as principais jogadas ofensivas da equipe. É a espécie de "homem a ser marcado" ou, ainda, "o cérebro da equipe" da equipe. Desde que chegou no clube, para o início do segundo turno do Paraibano, o meia mudou completamente a maneira da equipe jogar e foi um dos responsáveis direto pelo título do estadual 2008.

Estádio não é estilo caldeirão

Com pouco mais de 30 anos, o Estádio Governador Ernani Satiro, mais conhecido como Amigão, precisa urgentemente de reparos. Sua capacidade é de 40 mil torcedores, mas sua estrutura física apresenta várias infiltrações, principalmente nos vestiários onde, em dias de chuva, as poças de água se formam com muita facilidade. É normal a utilização de bombas d`águas para diminuir o nível da água no local. O Diario comprovou tudo ao acompanhar o amistoso entre Campinense e Santa Cruz-RN, no sábado (21), em Campina Grande.

O gramado apresenta-se um estado razoável e mostra-se bem parecido com o do Arruda. A diferença são as ondulações existentes no terreno e a quantidade de buracos distribuídos no campo também pelo excesso de jogos. A drenagem do gramado é o diferencial do estádio. Mesmo em dias de chuvas torrenciais, em um intervalo de 30 minutos as poças são facilmente escoadas. Os vestiários, apesar das infiltrações, são amplos e idênticos tanto para o time da casa como para o visitante.

Apesar da torcida em Campina Grande ser bastante apaixonada por Campinense e Treze, os adversários não precisam ter receio de jogar em um caldeirão. Entre o alambrado e o campo de jogo estão um foço e ainda uma pista de cooper, em areia. Isso deixa o torcedor um pouco distante do gramado.

Base campeã foi mantida

Ao contrário de 90% das equipes que disputarão a Série C, o Campinense manteve praticamente todo o seu elenco campeão estadual para disputa do Brasileiro. De um grupo de aproximadamente 30 jogadores apenas quatro atletas deixaram a equipe. A espinha dorsal do time foi mantida, apesar de ter perdido alguns dos seus principais jogadores como, por exemplo, os atacantes Fábio Júnior e Marabá.

A diretoria correu para buscar reforços. Para o ataque trouxe dois Paulinhos: o Marília e o Macaíba. Ambos, inclusive, já participaram de amistosos preparatórios para a Série C. Paulinho Marília é um dos destaques da equipe. O jogador chegou a ser artilheiro da terceira divisão nacional, em 2005, pelo América-RN. É um atacante de muita movimentação e bom posicionamento na área.

Além dele, o Campinense tem dois volantes de muita pegada (Charles Wágner e Jean Allísson). O goleiro Pantera também se destaca. O ponto negativo do time é a dupla de zaga pesada e o setor direito com o lateral Fábio, que tem baixa qualidade técnica. Além do meia Washington, cérebro do time, o Campinense ainda conta com mais dois ex-jogadores corais: Anderson (goleiro) e Elvis (meia-campista).

Santa fica no empate sem gols

Nem Santa Cruz, nem Atlético Pernambucano. O primeiro jogo da final da Copa Pernambuco terminou no empate sem gols entre o tricolor do Recife e o time de Carpina. O jogo foi no Estádio Municipal de Carpina. A segunda partida será nesta quarta-feira, às 15h, no Arruda. Um novo empate levará a decisão para os pênaltis. A diretoria do Santa vai colocar 10 mil ingressos à venda, ao preço único de R$ 5.

O Santa deixou escapar uma grande chance de jogar no Recife com vantagem, já que ficou com um homem a mais desde os 43 minutos do primeiro tempo. O leteral Juninho, do Atlético, derrubou Edmundo - que partia com tudo para a grande área - e foi expulso pelo árbitro Gilberto Castro Júnior. O tricolor insistiu até o final (o juiz deu quatro minutos de acréscimo no segundo tempo), mas não conseguiu marcar.

No primeiro tempo, o Santa teve chances de abrir o marcador com Juninho, que mandou uma bomba por cima do travessão, e com Edmundo. Sozinho na pequena área, o atacante chutou nas mãos do goleiro Delone. O Atlético ficou perto de marcar depois que Marquinhos cobrou falta na linha de fundo e Ricardo cabeceou. A bola passou raspando a meta do Santa.

Ainda no final do primeiro tempo, o técnico Fito Neves aproveitou para trocar Thomas Anderson por Gilberto no ataque tricolor. Antes dos 15 minutos da segunda etapa, o técnico fez a segunda substituição, colocando Neílton na lateral direita no lugar de Marcos Vinícius. Logo em seguida, tirou o volante Reinaldo e colocou o meia Miller, mandando o Santa para o ataque. A equipe obedeceu, mas sem sucesso.

Santa Cruz fica no 0x0 contra o Atlético/PE

Marcos Pastich/Arquivo Folha



Foi o primeiro jogo da decisão do título da Copa Pernambuco
Partida que decidirá o campeão do torneio será quarta-feira no Arruda. Novo empate força penalidades
Alexandre Barbosa

Na reta final de preparação para o Campeonato Brasileiro da Série C, o Santa Cruz ficou apenas no empate em 0x0 com o Atlético Pernambucano, ontem, no estádio Municipal de Carpina, pela primeira partida da final da Copa Pernambuco. No jogo, o técnico Fito Neves escalou sua força máxima, inclusive o atacante Edmundo, que era dúvida para o confronto. A disputa da finalíssima será na quarta-feira, às 15h, no Arruda. Quem vencer, fica com o título. Novo empate leva a decisão para os pênaltis.

O jogo iniciou equilibrado com lances de ataque dos dois lados. O Santa Cruz assustou com um chute de Juninho e uma cabeçada de Edmundo, enquanto o Atlético/PE chegou bem com uma bomba de Juninho e uma boa tentativa de cabeça de Ricardo, após cobrança de falta de Washington. As boas chances, porém, pararam no fim do primeiro tempo, já que as equipes diminuíram o ritmo que vinha sendo imposto desde o primeiro minuto de partida.

Aos 43 minutos, Juninho, do Atlético/PE, fez falta em Edmundo e acabou sendo expulso pelo árbitro Gilberto Castro Júnior. Com a vantagem, Fito Neves resolveu mexer no time, colocando Gilberto no lugar de Thomas Anderson. Na volta para o segundo tempo, o Tricolor foi para cima e usava, principalmente, o lado direito do campo, através das jogadas com Rafael Mineiro. Aos 19, a equipe coral ficou ainda mais ofensiva, com a entrada do meia Miller na vaga do volante Reinaldo.

Mesmo bastante ofensivo e com um homem a mais, o Santa Cruz não conseguiu transformar as pouquíssimas oportunidades criadas em gols. Seu principal artilheiro, Edmundo, não estava num bom dia. Restava aos tricolores tentar os chutes de fora da área. Assim fizeram, sem sucesso, Stanley, Gilberto, Miller e Alexandre Oliveira. Como o Atlético/PE não oferecia nenhum perigo, a partida acabou mesmo com o 0x0 no placar.

Ao final do jogo, Fito Neves, que na semana passada havia reclamado do desgaste dos jogadores na semana final de preparação para a estréia na Série C (que ocorre no próximo domingo, contra o Campinense, em Campina Grande), garantiu que vai continuar utilizando a força máxima, pois o objetivo é a conquista da Copa Pernambuco - há três anos, o Tricolor não ganha nenhum título. Os ingressos para esta partida serão vendidos aos preço de R$ 5,00.

Ficha Técnica

Atletico - PE 0
Delone, Juninho, Joécio, Eliel e Washington; Douglas, Xaxá, Netinho e Jonhny (Edvaldo); Ricardo (Leandro) e Marquinhos (Lelé)

Santa Cruz 0
Gledson; Gonçalves, Alexandre Oliveira e Stanley; Rafael Mineiro, Garrinchinha, Reinaldo (Muller), Juninho e Marcos Vinícius (Neilton); Thomas Anderson e Edmundo. Técnico: Fito Neves.

Local: Municipal de Carpina
Árbitro: Gilberto Castro Júnior
Assistentes: Roberto José Oliveira e Marcelo Neves
Cartões amarelos: Washington, Joécio (A), Stanley, Muller e Neílton (SC)
Cartão Vermelho: Juninho (A)
Público e renda: Não divulgados.

Série C mandará 43 ao novo inferno do Nacional

Durante os próximos sete dias, o JC publica matérias de aquecimento para a Série C, a primeira do Santa Cruz em 94 anos de fundação. Pernambuco ainda conta na competição, com início dia 6 de julho, com Central, Petrolina e Salgueiro. Jamais o Estado teve tantos representantes no torneio de pouca visibilidade, muitos times desconhecido e recursos financeiros escassos.

A grande novidade da 17ª edição da Série C do Campeonato Brasileiro é o rebaixamento. Por causa da criação da Série D por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – competição que começará a ser disputada em 2009 – 43 dos 63 clubes integrantes da Terceira Divisão atual serão rebaixados.

A intenção da entidade é repetir a fórmula de pontos corridos adotada pelas Séries A e B. Em 2009, somente as 16 melhores campanhas entre os times que não conquistarem acesso este ano estarão garantidos na Série C. Estas equipes se juntarão aos quatro rebaixados da Segunda Divisão.

Assim como nas temporadas recentes, os participantes serão divididos em grupos de quatro na primeira fase. Com a impossibilidade da Federação Rondoniense de confirmar um dos seus dois representantes, o Grupo 1 é o único que contará com três times: Luverdense-MT, Rio Branco-AC e Fast-AM.

De 6 de julho a 27 do mesmo mês, as equipes se enfrentarão em turno e returno dentro das próprias chaves. Ao término das seis rodadas, os dois melhores de cada grupo seguem em frente. Ou seja, 31 participantes ficam já ao término da primeira fase e estarão automaticamente rebaixados.

Os 32 sobreviventes serão reorganizados em outros oito quadrangulares. Novamente, os dois primeiros de cada chave passam. Mais 16 equipes serão eliminadas. A diferença é que, nesta etapa, aqueles que obtiverem as quatro melhores campanhas entre os eliminados pelo menos garantem permanência.

Ainda brigando mas, na pior das hipóteses, já com vaga assegurada na Série C, os 16 classificados para a terceira fase formarão mais quatro grupos, enfrentando-se em turno e returno. A quarta e última fase será um octogonal. Os quatro melhores da competição estarão na Série B da próxima temporada.

O Santa foi sorteado para o Grupo 5, ao lado do paraibano Campinense, do Potiguar de Mossoró e do pernambucano Central. A estréia será no próximo domingo, contra o Campinense, no Amigão. O reencontro com a torcida após o Estadual, que terminou no dia 23 de abril, será três dias depois, contra os centralinos.

Mais dois times de Pernambuco participam da competição. No Grupo 6, o Salgueiro disputa contra o Santa Cruz-RN, o Icasa-CE e o Treze-PB. A estréia será contra o Treze, no Cornélio de Barros, em Salgueiro. No Grupo 7, o Petrolina disputa com Confiança-SE, Atlético-BA e ASA-AL, este o primeiro adversário, fora de casa.

Começa a decisão da Copa PE

Embora contra a vontade do técnico Fito Neves, o Santa Cruz inicia a final da Copa Pernambuco diante do Atlético Pernambucano, a partir das 15h de hoje, em Carpina, com os seus jogadores principais. O comandante gostaria de só treinar durante a semana que antecede a estréia na Série C, mas o clube cedeu à pressão da Federação Pernambucana de Futebol (FPF).

A segunda e decisiva partida está marcada para a tarde da próxima quarta-feira, no Arruda. Durante as duas fases anteriores, o Santa Cruz alternou jogos utilizando os titulares e uma mescla com reservas e integrantes dos juniores. “O ideal seria ter a semana livre para trabalhar. Já que vamos jogar, precisamos entrar com espírito de final para vencer”, disse Fito Neves.

Como o Santa Cruz marcou apenas um amistoso de preparação contra uma equipe profissional, a decisão da Copa Pernambuco é a última oportunidade que o treinador terá de ver os jogadores em ação. Na quinta-feira passada, o time empatou por 3x3 com o CSP-PB, da segunda divisão da Paraíba.

Desde a última partida na Série A1 do Campeonato Pernambucano até a estréia na Terceira Divisão serão dois meses e meio de intervalo. Mas, por causa da crise financeira, os dirigentes ainda não fecharam o elenco. Fito cobra pelo menos um goleiro, dois meias e um atacante.