segunda-feira, 28 de julho de 2008

Santa dá 1º passo na luta por acesso


Mais de 20 mil tricolores empurraram o Santa Cruz contra o Campinense, ontem à tarde, no Arruda. Mas o time pernambucano não jogou bem e apenas empatou com o time paraibano, por 1x1. E só se classificou para a segunda fase da Série C do Campeonato Brasileiro graças à derrota do Central em Mossoró, por 3x0, para o já eliminado Potiguar. O Santa estará ao lado do Salgueiro, Icasa e do próprio Campinense, na próxima fase.

Santa tropeça, mas segue vivo graças ao Potiguar

Tricolor fica no 1x1 com o Campinense, porém é beneficiado com resultado em Mossoró

Não foi como sonharam os mais de 20 mil tricolores que compareceram ao Arruda ontem. O Santa Cruz não fez a sua parte ao empatar por 1x1 com o Campinense-PB, pela última rodada do Grupo 5 da Série C do Campeonato Brasileiro. Mas a classificação veio com a combinação de resultados. A vitória por 3x0 do Potiguar-RN sobre o Central, em Mossoró, deu a segunda vaga da chave para os corais, com oito pontos. Os paraibanos terminaram na primeira colocação, com 11 pontos.

Santa Cruz e Campinense-PB se juntam a Salgueiro e Icasa-CE para formar o Grupo 19 da segunda fase. Agora 32 dos 63 clubes que iniciaram a competição seguem vivos na luta contra o rebaixamento à recém-criada Série D e por uma das quatro vagas de acesso à Série B. A estréia na nova etapa será domingo, contra o Salgueiro, novamente no Arruda. Cearenses e paraibanos se enfrentam em Juazeiro do Norte-CE. Central, Potiguar e outros 29 times foram mandados ao novo inferno do futebol nacional.

O técnico Vanderlei Luxemburgo costuma dizer que o medo de perder tira a vontade de ganhar. E não foi o medo de perder o fator determinante para o empate de ontem em pleno Arruda, colocando em risco a classificação. Ao contrário, o técnico Bagé colocou em campo uma formação com três atacantes. Mas, como está no Recife somente há dez dias, ainda não entrosou devidamente os jogadores para atuar com tamanha ousadia. Os corais criaram boas chances, contudo ficaram vulneráveis demais aos contra-ataques adversários.

Os primeiros 15 minutos deram o tom do que aconteceria durante os 90 minutos em campo. Se o atacante Edmundo, o volante Alexandre e o atacante Cléo perderam oportunidades claras de colocar o Santa Cruz na frente logo no início, o atacante Marabá saiu na cara do goleiro e também não abriu o placar por incompetência na finalização. O jogo voltou a esquentar a partir dos 30. Novamente Cléo e Edmundo desperdiçaram lances incríveis. O susto veio com uma bola chutada na trave esquerda pelo lateral-esquerdo Raí.

Além dos jogadores, a arbitragem virou protagonista do espetáculo no primeiro tempo. O árbitro Antônio Hora Filho, longe da jogada por conta de um lançamento longo do meia Juninho, não observou um pênalti do goleiro Pantera em cima do atacante Patrick. Em compensação, o assistente João Albert marcou impedimento inexistente num contra-ataque de três jogadores da Raposa contra apenas um da Cobra Coral. O atacante paraibano estava cerca de cinco metros atrás do zagueiro pernambucano quando a bola foi tocada.

Com o empate por 0x0 entre Potiguar-RN e Central no intervalo, o técnico do Santa optou por continuar com a formação vulnerável. Foi o Campinense-PB quem ganhou o meio-de-campo na volta para o segundo tempo e dominou as ações no início. Aos 11, o meia Washington, de falta, fez 1x0 para os visitantes. Os corais ficaram mais organizados com a entrada do meia Miller no lugar de Patrick. Aos 27, Edmundo empatou o jogo em 1x1, de pênalti. Até o final, outras boas chances foram desperdiçadas, tanto de um lado quanto do outro.

Time ciente que precisa melhorar

O discurso foi unânime. Nos vestiários, os jogadores do Santa Cruz disseram que o desempenho técnico precisa melhorar consideravelmente para conquistar o acesso. Diferentemente do que aconteceu no empate por 0x0 contra o Central, quarta-feira passada, em Caruaru, os atletas tricolores lamentaram o empate na decisão da vaga. Mas no final das contas, o sorriso veio com a notícia do resultado favorável em Mossoró e a classificação à segunda fase da Série C do Campeonato Brasileiro.

Na etapa inicial, o Santa Cruz acumulou duas derrotas – contra Potiguar-RN e Campinense-PB –, dois empates – diante do Central e do Campinense-PB – e duas vitórias – frente ao Central e ao Potiguar-RN. Dos 18 pontos disputados, o time somou oito. O aproveitamento apresentado até aqui é de 44,4%. Entre os 32 classificados, ninguém contabilizou menos pontos. Itumbiara-GO, Duque de Caxias-RJ, Noroeste-SP e Caxias-RS conseguiram a vaga com o mesmo rendimento.

A fórmula será repetida no segundo quadrangular. “Sem dúvida, queríamos uma vitória. Mas valeu pelo esforço dentro de campo e porque a classificação acabou acontecendo”, disse o capitão Alexandre. “Sabemos que a competição está afunilando e precisamos melhorar a nossa condição”, alertou o goleiro Gledson.

O lateral-direito Marcos Vinícius, que está sendo improvisado na esquerda, brincou com os adversários após o apito final. “Falava para eles: ‘não tem porque correr tanto, vocês já estão classificados’”, revelou o jogador. “Com uma torcida maravilhosa como é a nossa, merecíamos essa classificação”, concluiu. Ele não vai poder enfrentar o Salgueiro. Levou o terceiro cartão amarelo e cumpre suspensão.

Veterano Sandro deve reforçar o Santa na 2ª fase

Zagueiro, revelado pelo Sport no começo da década de 90, esteve ontem no Arruda e pode acertar com o clube tricolor para o restante da Terceirona

Quando desembarcou no Arruda, o técnico Bagé cobrou pelo menos quatro contratações em caso de classificação à segunda fase da Série C do Campeonato Brasileiro. O primeiro deles foi anunciado na semana passada: o lateral-esquerdo Camilo. Quem está próximo de fechar acordo com o Santa Cruz agora é o zagueiro Sandro, revelado pelo Sport na primeira metade da década de 90. Ontem, o jogador esteve no estádio e foi ao vestiário conversar com os dirigentes e a comissão técnica após o empate.

Segundo informou o diretor do departamento de futebol Constantino Júnior, o contrato de Sandro seria firmado o que no esporte costuma ser chamado como “contrato de risco”. O zagueiro, de 35 anos, receberia por produtividade no clube, à medida em que participa dos jogos. “Isso não significa que temos alguma desconfiança sobre as condições de Sandro. É um líder, se cuida muito fora de campo e talvez esteja com um preparo melhor do que vários jogadores que estão atuando no momento”, afirmou o dirigente.

Também surgiram rumores sobre uma possível contratação do meia Chiquinho, outro jogador revelado pelo Sport no começo da década de 90. “Sobre esse caso, posso garantir que é mera especulação da imprensa. Não existe nenhuma negociação aberta nesse sentido. Os meias que estão sendo contatados pela diretoria do Santa Cruz são outros, posso garantir”, negou Constantino Júnior. Sandro, Chiquinho e outros atletas sem clube vêm mantendo a forma com treinos e jogos no Centro de Treinamento do Intercontinental.

PROGRAMAÇÃO

Após a suada classificação, os jogadores do Santa Cruz ganharam a segunda-feira inteira de folga. A volta aos treinamentos está marcada para as 15h de amanhã. Será a primeira vez, desde o desembarque, que o técnico Bagé terá uma semana inteira para treinar e implementar seu método de trabalho. A equipe coral disputou três jogos nos últimos oito dias. O treinador já afirmou que precisaria de muito tempo para corrigir todos os erros identificados até aqui.

A maratona recomeça domingo. Do dia 3 de agosto, quando recebe o Salgueiro, ao dia 24, no fechamento do quadrangular contra o mesmo time no Sertão pernambucano, o Santa Cruz fará mais seis jogos. Serão três partidas na primeira semana, seis dias sem jogos e depois mais uma semana com três compromissos. Na segunda rodada, dia 6, os tricolores viajam para enfrentar o Campinense-PB. Dia 10, pegam o Icasa-CE no Arruda. Repetem o encontro dia 17, fora. No dia 20, pela quinta rodada, voltam para reencontrar a Raposa.

Os três adversários do Grupo 19 são mais do que conhecidos pelo técnico Bagé. O treinador estava no comando do Salgueiro durante a Série A1 do Campeonato Pernambucano. Antes de vir para o Santa Cruz, dirigiu o Icasa-CE nas três primeiras rodadas do Grupo 6. O Campinense-PB foi adversário tricolor no primeiro quadrangular. Mesmo assim, o goleiro Gledson ressaltou a necessidade de mais informações. “Não podemos dar brechas para surpresas. Conhecemos os times, mas precisamos trabalhar ainda mais duro.”

Bagé irritado com torcedores

Após o apito final, na partida de ontem, o técnico Ronaldo Bagé saiu irritado de campo com a atitude de alguns torcedores que xingaram o time durante o jogo. O comandante do Santa Cruz afirmou que este tipo de atitude só perturba o grupo.

“Estou aqui há apenas três jogos e não sou mágico. Não sei porque tantas pessoas vêm ao estádio de mau humor. Eles têm que ajudar e não ficar atrapalhando”, esbravejou Bagé, que está no comando do time há dez dias e contabiliza dois empates e uma vitória.

Apesar da classificação, a torcida do Santa Cruz está consciente de que o time precisa melhorar se quiser conseguir o acesso à Série B. Com dificuldades na defesa, no setor de criação e nas finalizações, o time Coral demonstrou muito empenho nesta primeira fase, mas não convenceu a massa tricolor. As principais reivindicações são para contratar laterais e meias-atacantes.

“A participação na Série C, até agora, é sofrível. O time tem que melhorar bastante para passar da próxima fase. Precisamos contratar uns quatro jogadores para não morrer na praia”, analisou o economiário Luiz Henrique Cavalcanti, 50 anos. “O time tem muita vontade e é aguerrido, mas tecnicamente é muito fraco”, completou. Para o engenheiro agrônomo Carlos Roberto Parísio, 27, o Santa ainda é heterogêneo e precisa de reforços. “Nós temos um grupo bom na frente e uma defesa precária. Conseguimos produzir, mas não colocamos a bola na rede. A torcida não merece isso”, comentou. “Com este elenco que esta aí, não tem condições de subir”, avisou.

IRREGULARIDADES

Além da entrada ilegal de bebidas no Arruda através de uma corda, em vários outros pontos vendedores arremessavam latas de cerveja da rua para dentro do estádio. De acordo com a proibição da Confederação Brasileira de Futebol, quem for flagrado vendendo ou consumindo bebida alcoólica nos estádios poderá ser multado e até suspenso.

Além disso, não era raro encontrar locais em que torcedores jogavam ingressos de dentro para fora do José do Rego Maciel, praticando o tradicional “ingresso iô-iô”, no qual bilhetes são reutilizados.

Para beber no Arruda

Os comerciantes da Rua das Moças deram um jeito para driblar a Lei Seca no Arruda. Com uma corda e um saco plástico (até um isopor foi usado), eles conseguiram levar bebidas para dentro do estádio, sem nenhuma dificuldade. E sem fiscalização

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