terça-feira, 15 de abril de 2008

Santa Cruz tenta se reerguer com pratas da casa

De Márcio Markman, especial para o Pelé.Net

RECIFE - Quando todos imaginavam que a crise técnica do Santa Cruz tinha chegado ao limite, com a queda para a Série C do Campeonato Brasileiro, eis que o início da temporada 2008 mostrou que o buraco do abismo do Tricolor pernambucano era ainda mais fundo. Como no ano passado, o time voltou a ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil, por uma equipe do norte do país, o Fast Club/AM, e realizou uma campanha pífia no Campeonato Pernambucano, onde foi obrigado a brigar para não cair para a série A-2.

JÁ DEIXARAM O SANTA CRUZ
Goleiros:
Ricardo Ribeiro, Bruno Colaço, Eduardo e Paulo Musse
Laterais:
Russo e Carlinhos Paulista
Zagueiros:
Cléberson, Josimar e Hugo
Volantes:
Amaral Pernambucano e Genalvo
Meias:
Noel, Juninho, Nildo e Carlinhos
Atacantes:
Diogo Tilico, Rafael Rebelo e Roma
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A crise técnica deste início de temporada foi o resultado de uma parceria que o clube do Recife montou com a empresa RT Pró-Sports, dos ex-jogadores Ricardo Rocha e Alexandre Torres. Com ela, foram contratados o técnico Zé do Carmo e 14 jogadores, que se juntaram a uma base que foi mantida da equipe de 2007 e ao meia Rosembrick, que estava emprestado ao Sport. Um elenco de visível baixa qualidade, que ainda chegou a estar entre os líderes do Estadual 2008, até a quinta rodada, e que depois despencou até o "Hexagonal da Morte".

"A RT vinha de um trabalho bem-sucedido com o CRB, na Série B, Ricardo Rocha é torcedor do Santa Cruz e uma pessoa séria, honesta, e a situação financeira do clube era, e ainda é, caótica. Eu pergunto: quem não aceitaria firmar uma parceria como essa?", indagou o presidente da agremiação do Recife, Édson Nogueira, o Edinho.

O fato é que os maus resultados geraram a queda do técnico Zé do Carmo e, com ele, a dispensa de vários atletas. Dos 14 trazidos pela RT Pró-Sports, dez foram embora: os goleiros Ricardo Ribeiro, Bruno Colaço, Eduardo e Paulo Musse, o último a deixar o clube, o zagueiro Cléberson, os meias Noel e Juninho e os atacantes Diogo Tilico, Rafael Rebelo e Roma. Outros sete jogadores que já estavam no clube desde o ano anterior também foram embora: os laterais Russo e Carlinhos Paulista, o zagueiro Josimar, os volantes Amaral Pernambucano e Genalvo e o meia Nildo. Além deles, o zagueiro Hugo e o meia Carlinhos Paraíba foram negociados.

PRATAS DA CASA DO SANTA
Goleiro:
Jaílson
Laterais:
George e Max
Volantes:
Leandro Biton, Memo, Alan Reuber e Bruno
Meias:
Miller e Felipe
Atacantes:
Thomas Anderson e Gilberto
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Quando parecia que o poço em que se encontrava o Santa Cruz não tinha mais fim, veio o início da virada. Uma virada demorada, que não impediu que o time chegasse a estar em situação ameaçadora em relação ao rebaixamento estadual e que batesse o recorde negativo de dez jogos sem vitórias pelo Campeonato Pernambucano. Hoje, a três rodadas do final do "Hexagonal da Morte", o Tricolor já assegurou a permanência na série A-1 e, o mais importante, deu rodagem a uma série de jogadores pratas da casa, que passaram a formar a base do grupo.

São nada menos que nove jogadores formados no Arruda que atuaram como titular e frequentemente participam das partidas: os laterais George e Max, os volantes Leandro Biton, Memo, Alan Reuber e Bruno, o meia Miller e os atacantes Thomas Anderson e Gilberto. Além deles, o goleiro Jaílson, de 20 anos, contratado ao futebol piauiense no início do ano, e o meia Felipe, cria do Arruda, mas que se transferiu para a Rússia, para jogar futsal, também atuaram em diversos jogos.

Para o técnico Fito Neves, lançar a garotada da forma como o Santa Cruz tem feito não é o ideal. Mas, diante da extrema necessidade, ele prefere enxergar a situação por um outro ângulo. "Eles estão tendo a oportunidade deles e estão sabendo aproveitar. Tudo na vida tem uma primeira vez. Hoje em dia eles já não sentem o peso de jogar em uma equipe de massa, como é o Santa Cruz. Amadureceram em meio às dificuldades, o que vai ser importante para a carreira de cada um deles", avaliou.

Os garotos admitem ter sentido a pressão, mas que a seqüência de jogos fez com que eles aprendessem a controlar a ansiedade e se acostumassem com o ritmo do futebol profissional. "Acho que o nervosismo de uma estréia é natural. Ainda mais diante de uma torcida grande como a do Santa Cruz. Mas, aos poucos, a gente vai ganhando confiança, os mais experientes nos orientam e a gente se sente mais à vontade", comentou o volante e zagueiro Bruno.

Um dos artilheiros do time na temporada, com seis gols, o atacante Thomas Anderson diz que já se sente como qualquer outro profissional e que é hora dos pratas da casa se firmarem no grupo. "A gente tem que procurar o nosso espaço. Nós somos novos, mas trabalhamos responsabilidade para tirar o Santa Cruz dessa situação difícil. Espero que todos correspondam às expectativas da diretoria e da torcida".

De olho no retorno que os garotos podem trazer ao clube, a diretoria renovou o contrato de todos eles, que agora terão vínculo com o Santa Cruz ao menos até o final de 2009. "A saída para o Santa Cruz é a construção de um centro de treinamentos, da sua fábrica de jogadores. Se um garoto estoura, resolve os problemas do clube", explicou Edinho.

Mas quem resumiu de forma definitiva o valor da garotada para o Santa Cruz, neste momento atual, foi o atacante Thiago Capixaba, que foi contratado durante as disputas do "Hexagonal da Morte", virou artilheiro do time no PE-08 e assumiu a condição de ídolo da torcida, espaço que ficou aberto desde a saída de Carlinhos Paraíba. "A torcida deve a volta do bom momento aos garotos. Eles tiveram personalidade para resolver uma situação que os jogadores experientes que foram contratados não conseguiram resolver", comentou.

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