segunda-feira, 19 de maio de 2008

Russo vai acionar o Santa na Justiça

Desde que deixou o Santa Cruz em fevereiro deste ano, o lateral-direito Russo não jogou uma partida oficial. E não foi por falta de propostas dos clubes. O jogador foi procurado, mas optou por viajar a São Paulo para cuidar de uma tia que está doente. Nesse período longe dos gramados, o lateral decidiu acionar a Justiça contra o Santa Cruz já que, segundo ele, o clube lhe deve cinco meses de salários.

Russo chegou ao Santa Cruz no ano passado, após ser eleito o melhor lateral-direito do Campeonato Pernambucano, quando vestia a camisa do Central. No Tricolor, porém, não teve um mesmo desempenho. “Realmente não rendi o que deveria. O clube prometeu muitas coisas e não cumpriu. A gente acaba perdendo a motivação. Eu entrava em campo e tentava fazer o meu melhor por respeito à torcida do Santa Cruz”, declara Russo.

Como se não bastasse os salários atrasados e a má campanha do Santa Cruz na Série B, Russo ainda teve que lidar com a má fama de ser um atleta que não se cuida fora de campo, que exagera nas farras noturnas. “Eu não faço nem metade do que as pessoas falam. O problema é que, no Recife, se eu for visto num bar, apenas em uma noite, as pessoas inventam que eu estou saindo todos os dias”, declarou, em entrevista por telefone.

Russo reconhece, no entanto, que, quando era mais jovem, se empolgou demais com o mundo do futebol. Essa empolgação aumentou ainda mais quando foi convocado pelo técnico Zagallo para vestir a camisa da seleção brasileira em 98. “Naquela época, eu era solteiro. Se tivesse a cabeça que tenho hoje, ainda estaria defendendo a seleção brasileira”, afirma .

Russo foi revelado pelo Sport em 96. Depois, passou por Santos, Cruzeiro, Vasco da Gama e Vitória-BA. O lateral-direito não esconde que curte a noite e toma umas cervejas. Mas garante que nunca exagerou na dose. “A cada mil jogadores, um não bebe. Isso é normal. Agora, o atleta precisa saber sair na hora certa. As folgas servem para isso”, declara. “O jogador não tem condições de agüentar farras todos os dias. Ele não vai suportar os treinos. Mas, infelizmente, o torcedor e a imprensa gostam de falar mal sempre”, critica.

Para Russo, a imprensa e torcida deveriam se preocupar com o rendimento do jogador dentro de campo. “Se um dia for treinador, eu vou respeitar o atleta. Ele vai poder fazer o que quiser na sua folga. Porém, vou cobrar um bom rendimento no jogo”, afirma o lateral, que não tem planos para o futuro. “Por enquanto, estou pensando na minha família.”

Disputa dá mostra do acirramento político no Santa

Oposição mostra que deve formar chapa com apoio maciço para as eleições do dia 12 de dezembro. Presidente Édson Nogueira não se pronuncia sobre assunto

As duas últimas eleições do Santa Cruz foram marcadas por um clima de acirramento forte e troca de acusações entre os candidatos à presidência executiva do clube. A julgar pela movimentação das correntes políticas este ano – o pior da história esportiva do clube desde a fundação, em 1914 –, somente as peças devem ser alteradas no tabuleiro. Situação e oposição vivem às turras e já se enfrentam, inclusive, em ações judiciais. O próximo pleito, incluindo também o cargo de presidente do Conselho Deliberativo, será dia 12 de dezembro.

Na semana passada, com sete meses para as eleições, um grupo de mais de 400 sócios, cujo porta-voz vem sendo o conselheiro colaborador Fernando Veloso, tentou destituir o presidente Édson Nogueira via Assembléia Geral Extraordinária. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) havia suspendido o encontro. Mesmo foi assim, a manifestação foi realizada e ofereceu sinais de que uma possível chapa oposicionista terá apoio maciço. Edinho não esteve no local, e a sede social do clube permaneceu fechada durante o dia inteiro.

O desempenho do time na Série C do Campeonato Brasileiro, marcado para iniciar no dia 6 de julho, pode ser o combustível de Edinho para pensar em reeleição. Até o momento, o dirigente não se pronunciou sobre o assunto. Mas, sem contar com o apoio dos antigos aliados políticos, cobra resposta daqueles que deixaram o clube no meio do caminho. Um deles é justamente o vice-presidente executivo coral, Fred Arruda, licenciado do cargo desde o final do ano passado e atualmente um dos mais ferrenhos críticos da gestão em andamento nos quadros da oposição.

Ainda fora da linha de fogo, mas ligados indiretamente, outros dois grupos independentes formados recentemente podem ser decisivos na distribuição dos apoios. Um deles, composto por 12 pessoas, vem formulando novos conceitos de “sobrevivência” para o Santa Cruz. Conta com ex-dirigentes e influência tanto na oposição quanto na situação. O segundo, cujos integrantes preferem manter o anonimato no momento, apareceu na semana passada e está tentando ajudar de forma direta na gestão do departamento de futebol.

RETROSPECTIVA

A seqüência mais recente de eleições tensas começou no final de 2004. O então presidente Zé Neves, atual mandatário da Futebol Brasil Associados (FBA), lançou como sucessor Romero Jatobá Filho, tendo Edinho como vice. Do outro lado estava Antônio Luiz Neto. Zé Neves e Antônio Luiz Neto haviam travado, meses antes, disputa por vagas do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na Câmara Municipal do Recife. Em meio a troca de acusações, o primeiro elegeu o seu candidato à presidência coral, mas saiu derrotado para vereador. O outro, por sua vez, amargou a derrota dentro do tricolor, porém cumpre o último ano de mandato no legislativo.

Em dezembro de 2006, foi a vez de Romero Jatobá Filho, após uma ascensão à Série A do Brasileiro e em seguida uma queda à Série B, lançar Alberto Lisboa à sucessão. O próprio Edinho, que havia se afastado do Santa por incompatibilidade administrativa com Romerito, voltou nos braços da oposição como candidato. Tornou-se o primeiro oposicionista a sair vencedor nas urnas. A lua-de-mel não durou um ano sequer. Com os maus resultados na Série A1 do Campeonato Pernambucano e a queda à Série C, os mesmos que o apoiaram passaram a combatê-lo incessantemente. A briga desmedida promete se estender pelo menos até o dia 12 de dezembro.

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