quarta-feira, 23 de julho de 2008
Central x Santa tem cara de final
Times pernambucanos enfrentam-se em duelo decisivo na Terceirona
Santa Cruz e Central jamais se enfrentaram em finais de Campeonato Pernambucano, tampouco se encontraram em decisões nacionais. Esta noite, porém, podem definir seus destinos na Série C do Campeonato Brasileiro. Uma vitória deve significar um bom passo para a classificação à segunda fase ou até mesmo a vaga antecipada no caso dos corais. Uma derrota, por outro lado, sedimenta o caminho para a recém-criada e novo inferno do futebol nacional Série D. A partida está marcada para as 20h30, no Estádio Luiz Lacerda, em Caruaru, e vale pela penúltima rodada do Grupo 5.
Apesar de atuar fora de casa, a situação do Santa Cruz é menos tensa. Com seis pontos e na vice-liderança da chave, os tricolores podem garantir uma das duas vagas em jogo no quadrangular da primeira fase com uma vitória. Basta que, na combinação de resultados, o Campinense-PB não perca para Potiguar de Mossoró-RN, no Estádio Amigão, em Campina Grande, no mesmo horário. Os paraibanos lideram com sete pontos e só precisam vencer para passar, independentemente dos outros. O Central está em terceiro lugar, com cinco pontos, enquanto o time do Rio Grande do Norte segura a lanterna, com quatro.
O clima de rivalidade entre os dois pernambucanos aumentou desde a segunda rodada. O Santa bateu o Central no Arruda por 3x0, com atuação contestada do árbitro pernambucano Emerson Sobral, que marcou um pênalti duvidoso a favor dos donos da casa. O representante de Caruaru, então, solicitou que o sorteio para o novo embate fosse composto por árbitros e assistentes vinculados a outras federações brasileiras. A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) enviou o pedido, e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acatou o apelo, o que não agradou os tricolores e os colocou em alerta.
Experiente diante da situação, o técnico coral procura apimentá-la ainda mais. Na véspera do confronto, Bagé trabalhou duas formações e preferiu não informar a escalação, tentando jogar dúvidas para o outro lado. Em uma parte do trabalho, montou o time com três volantes e um lateral-direito com boa noção de marcação, ficando numa espécie de 4-3-1-2. Num outro momento, pôs mais um atacante no lugar de um dos cabeças-de-área e trocou o lateral-direito por outro mais ofensivo, passando para o 4-3-3. O discurso dos jogadores, entretanto, é defensivo, deixando transparecer a preferência do comandante pela cautela.
Será somente a segunda partida da equipe sob o comando de Bagé. “As duas opções testadas são boas e me agradaram. Numa, ganho em poder de marcação. Na outra, fico um pouco vulnerável, mas ataco com mais potência. É preciso observar como vem o adversário”, declarou o técnico, que também trabalhou muito as bolas paradas defensivas. “Desde o Pernambucano, o Central trabalha muito bem as cobranças de falta nas proximidades da área. Precisaremos estar atentos a todos os detalhes. É o que decide os jogos equilibrados hoje em dia”, completou.
A diretoria do Central disponibilizou 12 mil ingressos para a partida de hoje. Desses, sete mil bilhetes são destinados para o programa Todos com a Nota. Todos foram trocados e já estavam nas mãos dos cambistas, que vendiam por R$ 5. Os outros cinco mil ingressos serão vendidos ao preço de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudantes).
Alexandre quer fazer história
Das arquibancadas do Arruda o volante Alexandre assistiu a partidas históricas do Santa Cruz, como o título do Campeonato Pernambucano de 1993, conquistado com uma virada espetacular sobre o Náutico, ou a permanência na Segunda Divisão, em 1998, com um gol do zagueiro Rau nos acréscimos do último jogo, contra o Volta Redonda. Esta noite, agora dentro do gramado, o torcedor e atualmente capitão do time terá oportunidade de participar de um confronto tão ou mais importante para a história do clube, fundado no dia 3 de fevereiro de 1914.
Alexandre correu o risco de não atuar contra o Central. Recuperou-se de um incômodo na região patelar do joelho esquerdo e foi liberado pelo departamento médico tricolor. “Poucos jogadores têm o privilégio de vestir a camisa do clube que tanto ama. Sou um deles. Mas a torcida agora é ainda maior. Marcos Mendes (volante recém-contratado e ainda não regularizado) também é tricolor. Para você ver a força da nação. Isso me faz dobrar o esforço dentro do campo. O torcedor do Santa Cruz merece todo o esforço”, destaca.
Raros foram os jogos, desde o Campeonato Pernambucano, em que a equipe não pôde contar com a presença do capitão dentro das quatro linhas. “Temos conversado entre nós que este será o jogo do ano para o clube. Uma derrota pode nos deixar em situação muito complicada para passar à próxima fase. Se a Série C já era um buraco, criaram a Série D para piorar ainda mais as coisas. Mas isso não vai acontecer conosco. Estamos brigando muito e trabalhando para buscar pelo menos um ponto em Caruaru.”
Esta noite Alexandre fará parte de um trio de volantes, ao lado de Memo e de Gedeil. “Sabemos que o Central vai querer nos pressionar a partir do apito do árbitro, porque eles também estão em clima de decisão e atrás na pontuação”, alertou. “Será um confronto em que precisaremos utilizar toda a inteligência. É necessário marcar sempre muito forte, tentar sair com qualidade nos contra-ataques e trabalhar a bola no meio-de-campo quando for preciso. Não dá para vacilar”, concluiu o jogador-torcedor.
Marco Antônio diante do ex-clube
Depois de vestir a camisa dos três grandes clubes da capital, sendo ídolo do Santa Cruz no Estadual de 2005, o atacante tem seu primeiro clássico regional defendendo o Central
Após vencer o Campinense, por 1x0, em Campina Grande, o Central ganhou uma nova vida na Série C do Brasil. Mas para seguir na competição, a Patativa terá que vencer o Santa Cruz, hoje, a todo custo. A partida também terá um outro atrativo. O atacante Marco Antônio vestirá pela primeira vez a camisa alvinegra diante do seu ex-clube.
Contratado como grande reforço do Central para a disputa da Série C, Marco Antônio ainda não conseguiu balançar as redes. Mas a seca de gols não o aflige. Afinal, segundo ele, a equipe está mostrando uma evolução no momento importante. “No início, a gente estava criando as chances e pecando nas finalizações. Mas futebol é assim: quando menos se esperava, o Central venceu o Campinense e está na briga pela vaga”, declarou.
O fato de encarar o Santa Cruz, seu ex-clube, não perturba o atacante. Marco Antônio diz que deixou o Arruda sem rusgas. “Não tenho nada ‘engasgado’ com o Santa. Então, não existe essa história de revanche. Respeito a torcida do Santa Cruz, mas, agora, estou defendendo o Central e farei de tudo para conquistar a vitória”, disse o atacante.
Para Marco Antônio, quem vencer a partida dará um passo importante para selar a classificação à próxima fase. “Principalmente para o Santa Cruz, que ainda terá uma partida para fazer em casa (contra o Campinense). A gente vai jogar fora na última rodada (Potiguar), portanto, vamos jogar para vencer”, afirmou, não escondendo sua motivação por defender as cores do Central. “Fui bem recebido na cidade e o grupo é muito bom”, completou.
Exatamente pelo fato de a Patativa precisar da vitória que o técnico Marcelo Villar deve mandar a campo uma equipe ofensiva. Portanto, é possível que o atacante João Neto seja improvisado na lateral-esquerda, na vaga de Júnior Paulista, que cumpre suspensão. Porém, o volante Gaspar pode também ser utilizado no setor durante a partida.
O atacante Leonardo, com estiramento muscular, continua vetado pelo departamento médico. Nas demais posições, a equipe é praticamente a mesma que vem atuando nos jogos da Série C.
Central despachou o Santa da Série B em 95
Há quase 13 anos, Santa Cruz e Central também viviam um clima de decisão. Os dois times se encontraram pela última rodada do Grupo F da segunda fase da Série B de 1995. Quem vencesse seguiria adiante. E deu Central. A Patativa venceu o tricolor por 2x1, no mesmo Luiz Lacerda, em Caruaru, despachando o Santa da competição e classificando-se para a fase seguinte. No quadrangular final, entretanto, o alvinegro perdeu o acesso para a Série A do Brasileiro para os paranaenses Atlético e Coritiba.
O detalhe é que o Santa Cruz era comandado pelo treinador Fito Neves, curiosamente demitido do clube na semana passada. Bagé entrou em seu lugar. Já os centralinos eram dirigidos por Ivan Gradin. O Central abriu 2x0, com gols de Everaldo, aos 13, e Jaílson, aos 20 minutos do segundo tempo. No desespero, Sorato descontou para o Santa, aos 44, após ajeitar a bola com a mão. O árbitro Wilson Souza não viu e ainda deu nove minutos de acréscimo, para desespero dos centralinos. Já no final, até o goleiro Marco Aurélio, hoje em Portugal, foi para área tentar o empate, sem sucesso.
O Central acabou com os mesmos oito pontos do Santa, mas teve oito gols pró contra apenas seis do tricolor. O Remo foi o primeiro do grupo, com 13 pontos. Com apenas quatro pontos, a Tuna Luso também foi desclassificada.
Central: Ricardo, Carlão, Humberto, Janduir e Romero, Júnior (Alemão), Romildo, Everaldo (Reginaldo) e Adeíldo, Jaílson e Marquinhos.
Santa Cruz: Marco Aurélio, Paulo Ricardo, Missinho, Amarildo e Wellington, Zé do Carmo, Da Silva e Gil Sergipano (Celinho), Serginho (Everton), Sorato e Zé Roberto.
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