quinta-feira, 3 de julho de 2008

Tricolores matam a saudade do grito de “é campeão!”

Marcos Pastich



Pouco importou se o título era da Copa Pernambuco. A torcida só quis festejar
Diante de 8.015 pessoas, Santa Cruz venceu o Atlético/PE, por 4x0, no Arruda
GUSTAVO LUCCHESI

Após três anos sendo bombardeado por vexames, o Arruda voltou a ecoar o grito de “é campeão!” entoado pela torcida tricolor, ontem, após o Santa Cruz golear o Atlético Pernambucano por 4x0, na decisão da Copa Pernambuco 2008. A última vez que o clube tinha comemorado um título foi em 2005, no Campeonato Pernambucano. Depois disso, o que se viu foi um festival de insucessos que pode ter comprometido a estrutura feita pelos 94 anos de conquistas históricas do clube.

Sabendo que essa saudade dos títulos movia os 8.015 fiéis torcedores presentes ao estádio ontem, os atletas tricolores não tomaram conhecimento do fraco Atlético Pernambucano, clube que tem como seu mandatário o ex-vice-presidente do Santa Cruz, Alberto Lisboa. Sem o meia Juninho, poupado para a estréia na Série C, domingo, contra o Campinense, em Campina Grande, o meia Miller cumpriu bem o papel de substituir um dos destaques do Tricolor na Copa Pernambuco. Tanto que, logo aos oito minutos do primeiro tempo, Esquerdinha fez boa jogada e cruzou. O goleiro Delone deu rebote, e o próprio Miller chutou para abrir o placar da decisão. Aos 19, o Atlético tentou mostrar que podia impedir a festa coral e quase marca, com um belo chute de Xaxá.

Porém, aos 40 minutos, Rafael Mineiro cruzou para o zagueiro Gonçalves mergulhar e ampliar a vantagem para 2x0. Animado com o gol, a Cobra Coral ainda conseguiu ir para o vestiário com mais um de folga, com Edmundo. Após passe de Garrinchinha, o “Animal do Arruda” chutou para fazer 3x0.

Com a taça de campeão praticamente nas mãos, o Tricolor voltou para a etapa final administrando a vantagem que tinha no placar. Com maior posse de bola e dominando o meio de campo, o Santa Cruz chegou ao quarto gol. Após cruzamento rasteiro, o prata-da-casa Éverton ajeitou para Gedeil chegar batendo. Ao apito final, a torcida do Mais Querido soltou o grito de campeão preso por três longos anos, e os jogadores comemoraram com tudo que tinham direito, inclusive com a tão aguardada volta olímpica.

CONTRATAÇÕES

Antes da partida de ontem, a diretoria coral anunciou a contratação de mais dois reforços para a disputa da Série C. Os meias Ribinha, que estava no Souza/PB, e Uéslei, que disputou o Estadual deste ano pelo Petrolina, inclusive marcando dois gols contra o Santa Cruz, devem se apresentar ao clube ainda esta semana. Já o zagueiro Sidraílson conversou com os dirigentes corais ontem e deve ter a sua situação resolvida hoje.


Santa Cruz
Glédson; Gonçalves, Memo (Éverton) e Leandro Biton; Rafael Mineiro, Alexandre Oliveira, Garrinchinha (Gedeíl), Miller e Esquerdinha; Thomas Anderson (Gilberto) e Edmundo
Técnico: Fito Neves

Atlético/PE
Delone; Lelé, Joécio, Eliel e Douglas; Washington, Xaxá, Fernando (Leandro) e Camargo (Marquinhos); Johnny (Diego Santos) e Ricardo
Técnico: Bernardo Felipe

Local: Arruda
Árbitro: Sebastião Rufino Filho
Assistentes: Élan Vieira e João Marcelo Albert
Gols: Miller (aos sete minutos do 1°T), Gonçalves (aos 41 minutos do 1°T), Edmundo (aos 42 minutos do 1°T) e Gedeíl (aos 36 minutos do 2°T)
Cartões amarelos: Delone, Ricardo e Douglas (Atlético)
Cartão vermelho: Douglas (Atlético)
Público: 8.015
Renda: R$ 36.465

Elenco comemora, mas adota postura de pés no chão
Filipe Assis e
Gustavo Lucchesi

Não foi uma festa apoteótica, mas o elenco tricolor comemorou a conquista da Copa Pernambuco, pegando o embalo da torcida. O discurso entre os jogadores após a partida era de que a competição teria sido positiva para ajudar na preparação do time. Além disso, segundo eles, levantar a taça é sempre um motivo para fazer festa.

É o caso do atacante Edmundo, que, ontem à tarde, ficou regularizado, após resolver uma pendência de documentação com o seu clube de origem, o Cruzeiro de Itaporanga/PB.

“Eu tenho um motivo a mais para comemorar. Agora eu fico mais tranqüilo, depois de saber que chegou essa liberação”, afirmou, antes de comentar a importância de o clube ter conquistado a Copa Pernambuco. “A Série C vai ser mais ou menos assim, como esses adversários que a gente enfrentou”, acrescentou.

Segundo o técnico Fito Neves, a Copa Pernambuco não deve iludir o torcedor. Ao mesmo tempo, ele acredita que a competição foi salutar ao elenco. “Não dá para servir como parâmetro, mas serve para incentivar o elenco”, disse. “Foi uma boa partida. A equipe deles vendeu caro a derrota”, comentou, sobre o jogo decisivo.

Mais de oito mil torcedores corais prestigiaram o time

Marcos Pastich


Tricolores deram uma prévia de como será na Série C
“Mulheres que amam o Santa Cruz” apoiaram a equipe
Filipe Assis

O jogo tinha tudo para atrair um público modesto. Era um dia de semana, às 15h, contra um adversário com pouca expressão, e até ameaçava chover, como de fato aconteceu, durante a partida. Mas a torcida do Santa Cruz, outra vez, contrariou a lógica. Pouco mais oito mil pessoas estiveram no Arruda ontem. Mais do que uma prova de amor, foi um recado: não vai faltar apoio ao time, mesmo na Série C.

Faltando dez minutos para a partida começar, as bilheterias da rua das Moças estavam lotadas, e a fila para compra de ingressos chegava quase na metade da avenida Beberibe. Enquanto isso, dentro da sede, dezenas de sócios faziam outra fila, a de pagamento de mensalidades.

Dentro de campo, havia gente no setor de arquibancada, nas sociais, e até nas cadeiras. Apesar da má fase do time, os tricolores demonstravam orgulho pelo clube do coração. Um exemplo disso foi a presença das “mulheres que amam o Santa Cruz”. O grupo surgiu esse ano, na reta final do Pernambucano.

Elas vestem uma camisa branca, com o nome do grupo, e abusam nos adereços tricolores - brincos, colares, pulseiras e relógios. “É uma prova de amor. Um amor eterno. O Santa Cruz é maior do que tudo. É maior do que o presidente, do que a Primeira Divisão, a Segunda e a Terceira”, disse Maria Fátima de Matos. “Vemos uma luz no túnel, para que volte a ser como era antes”, completou Emília Rosina.

CARPINA

Na arquibancada do lado do canal, um pequeno grupo de torcedores apoiava o Atlético Pernambucano. Eram moradores de Carpina, onde o clube manda seus jogos. “Foram mais ou menos 60 pessoas, mas uns eram tricolores, e foram lá para a torcida do Santa Cruz”, disse o carpinense Edmílson João dos Santos.

Corais devem invadir Campina Grande
FILIPE ASSIS

O torcedor que pensa em viajar a Campina Grande para apoiar o time na estréia da Série C deve se apressar. As várias excursões criadas para o confronto contra o Campinense, no próximo domingo, estão praticamente lotadas. Até o momento, 35 ônibus estão cheios, podendo chegar a 55. Segundo os tricolores, esta deve ser a maior caravana já montada pela torcida na história do clube.

Existem ônibus disponibilizados pela Santapaz, pela Força Jovem, pela Turma da Tesoura, pelos Corais do Orkut, pela Avante Santa, pelo Veneno Coral e pela Inferno Coral, além de outras independentes. A maioria deles sairá do Arruda, no domingo de manhã, e retornam ao Recife após o jogo.

O presidente da Associação das Torcidas Organizadas do Santa Cruz, Geraldo Arruda, é um dos mais animados. “Faz 31 anos que eu trabalho com isso, e nunca vi nada igual. A maior caravana que a gente tinha organizado foi em 1981, quando levamos 23 ônibus para Campina Grande, em um jogo contra o Treze, pelo Brasileiro da Primeira Divisão. Agora, já temos 35 ônibus lotados, e a expectativa é chegar a 55”, frisou.

Somente juntando as caravanas da Força Jovem com a da Santapaz, já são nove ônibus lotados. A Turma da Tesoura tem mais quatro. A Inferno Coral estima ter mais dez veículos cheios. Alguns grupos de tricolores montaram caravanas sem ligação com torcidas organizadas. Uma das maiores foi a da tricolor Danielle Leal, que lotou três ônibus, um deles com 71 lugares, e dois com 55 vagas.

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