NO ARRUDA // Atacante marca os três gols na vitória sobre o Ypiranga por 3 x 1 e o Tricolor mantém boa sequência no Pernambucano
Ana Paula Santos // Diario
anapaula.pe@diariosassociados.com.br
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O público no Arruda não foi o esperado, mas quem compareceu não se arrependeu. Os quase 25 mil espectadores viu, ou melhor, reviveu os melhores dias com Marcelo Ramos. A mansidão do atacante, baiano de nascença, não retratou em nada a frieza com que marcou os três gols do time coral diante do Ypiranga, pela quinta rodada do Pernambucano. Dois deles foram belíssimos.
E pensar que o domingo da massa coral teve momentos de aflição, com a equipe de Santa Cruz do Capibaribe saindo na frente. A reação tricolor só ocorreu no segundo tempo. Tardou, mas ele resolveu a parada. Reza a lenda que todo baiano traz a malemolência no corpo e nas atitudes. Ramos até que não nega suas raízes, mas em se tratando de agir em momentos cruciais - frente a frente com o goleiro - ele foge à regra.
Que o diga o goleiro Geday. No terceiro e último gol do Santa Cruz, ele teve toda tranquilidade do mundo para encobrir o arqueiro da Máquina de Costura. Não teve retorno de Geday certo para evitar a lenta trajetória da bola. "Sem dúvida foi o gol mais bonito do dia. Já pensou seu eu erro o chute. A bola poderia parar lá na arquibancada. Ainda bem que coloquei a força certa", explicou o artilheiro tricolor.
E vamos continuar a saga de Marcelo Ramos, que retornou ao Arruda após passagens pelo Atlético Paranaense e Bahia. Na etapa inicial do jogo, ele pareceu adormecido, devagar. Saiu para buscar o jogo, mas nada de arriscar uns chutes. Até errou troca de passes com os companheiros de ataque.
O despertar, no entanto, foi rapidinho. Ocorreu na volta para o segundo tempo, com menos de cinco minutos de bola rolando. A zaga do Ypiranga bobeou e lá estava ele dominando e chutando para dentro do gol. O time do interior até pediu impedimento, mas o árbitro terminou acatando o gol de empate. A expulsão do meia Luís Eduardo contribuiu e muito para a bola chegar ao pés de Ramos. O duelo, porém, era mesmo entre ele e Geday. A força do goleiro de nome inusitado, às vezes, até prevalecia. Em outras, sucumbia diante da impiedade de Marcelo Ramos. Aos 18min, o atacante acertou um potente chute de fora da área e a bola foi morrer no ângulo direito de Geday. De fato, a força não estava com Geday. Ele pode até ter aparecido na foto, mas quem comemorou foi o time do Santa Cruz e sua fiel e apaixonada torcida.
Santa Cruz 3
André Zuba; Parral, Sandro (Pedro Henrique), Thiago Matias e Adilson (Leandro Camilo); Bilica, Wagner, Elder (Anderson), Leandro Gobato; Márcio e Marcelo Ramos. Técnico: Márcio Bittencourt
Ypiranga 1
Geday; Bruno, Welton, Santiago e Luís Eduardo; Fagner, Júlio César, Jair (Júnior Xuxa), Assis (Romarinho); Lulinha e Rodrigão (Lima). Técnico: Pedro Manta
Local: Arruda Árbitro: Ricardo Tavares Assistentes: Jossemar Diniz e Roberto José Gols: Santiago (Y) e Marcelo Ramos (SC) Renda: R$ 134.690,00 Público: 24.993 Cartão amarelo: Márcio (SC) Cartões vermelhos: Luís Eduardo (Y) e Leandro Gobato (SC).
Minuto a minuto
1º tempo
5 min - Parral fez boa jogada pela direita, tocou para Marcelo Ramos, que acabou chutando em cima do zagueiro.
6 min - O atacante Márcio cruzou uma bola, procurando Marcelo Ramos, mas a zaga do Ypiranga afastou o perigo.
7 min - Wagner pegou um bonito chute de fora da área, obrigando o goleiro Geday a colocar a bola para escanteio.
8 min - O goleiro André Zuba saiu mal com os pés, armando o contra-ataque adversário. Lulinha aproveitou a bobeada e chutou periogosamente. Zuba se esticou todo e botou a bola para escanteio.
13 min - Lulinha cobrou falta pelo lado direito, Santiago subou o tocou de cabeça para o fundo das redes de Zuba. 1 x 0 para o Ypiranga.
22 min - Lulinha, novamente, em cobrança de falta deixou Luís Eduardo próximo de marcar o segundo do Ypiranga no Arruda.
23 min - Wagner cobra falta e Geday falta boa defesa.
29 min - André Zuba fez defesa para lá de importante. Lulinha entrou sozinho na grande área, chutou e Zuba tirou com a mão direita.
37 min - Júlio César passou pela marcação coral, a zaga tricolor apenas acompanhou, mas o jogador do Ypiranga tocou na trave.
2º tempo
3 min - Confusão na marcação do primeiro gol do Santa Cruz. A bola sobrou na pequena área para Marcelo Ramos, que a dominou e tocou para as redes de Geday. Primeiramente, o assistente Roberto José marcou impedimento. O árbitro Ricardo Tavares o consultou, ele reconheceu o erro e validou o gol de Marcelo Ramos.
6 min - Assim que entrou no jgo, o atacante Pedro Henrique chutou cruzado, da esquerda, e bola foi por cima do gol de Geday.
10 min - Zuba voltou a aparecer na partida. Em outra cobrança de falta de Lulinha, o camisa do 1 do Santa Cruz garantiu a defesa.
13 min - Gobato testou Geday, mas a bola foi por fora.
18 min - Pintura de gol. Golaço de Marcelo Ramos. O artilheiro tricolor soltou uma bomba de fora da área. A bola entrou no canto superior direito de Geday, que não alcançou o belíssimo chute. 2 x 1 para os donos da casa.
19 min - Gobato foi expulso.
20 min - Zuba evitou, mais uma vez, o perigo.
29 min - O atacante Marcelo Ramos experimentou outro chute e Geday acabou fazendo a defesa.
37 min - Em grande estilo, Marcelo Ramos decretou a terceira vitória consecutiva do Santa Cruz. Ele recebeu passe de Márcio e, por cobertura, tocou e fez 3 x 1.
Atuações
Santa Cruz
André Zuba - A cada partida vem conquistando seu espaço na equipe e no coração da torcida. Fez importantes defesas, evitando o pior, principalmente no primeiro tempo - 7
Parral - Armou jogadas pela lateral e fez cruzamentos pertinentes - 6
Sandro - Bobeou em uma única jogada, mas comportou-se bem ao longo do primeiro tempo. Candeciou o jogo quando necessário e ainda arriscou uns chutes em cobrança de falta - 5,5
(Pedro Henrique) - Entrou no segundo tempo em lugar do zagueiro. Mudou o panorama morno do ataque. Mesmo que trombando com a defesa do Ypiranga, levou perigo ao gol de Geday - 5
Thiago Matias - Assumiu a braçadeira de capitão com a ausência de Sandro. Falou bastante com os companheiros e ajudou a segurar as jogadas ofensivas da Máquina de Costura - 6
Adilson - Muito esforçado em campo, mas a técnica anda um pouco distante na hora de colocar em prática fundamentos básicos. Os cruzamentos na área foram inexpressivos e os erros de passe complicaram seu rendimento. 4
Bilica - Não teve uma grande atuação, mas se comportou da maneira que o técnico Márcio Bittencourt desejou. 5
Wagner - Procurou municiar o ataque, apesar da muralha armanda pelo Ypiranga. Quando a zaga abriu, ele até chutou - 6
Elder - Também buscou armar jogadas ofensivas e servir os atacantes. Acabou sentindo o joelho direito e saiu ainda no primeiro tempo - 5
(Anderson ) - Ocupou a vaga de Elder e se limitou a ajudar na marcação - 4
Leandro Gobato - Muito se falou durante a semana sobre a entrada do meia. Ele mostrou que é ágil, mas não teve uma completa leitura do jogo. Ficou devendo - 5
Márcio Barros - Buscou seu espaço no ataque coral e na base da raça fez o toque para o terceiro gol de Marcelo Ramos. Precisa parar de fazer faltas no ataque - 6
Marcelo Ramos - O que dizer de um atleta que marca três gols em um só jogo e dois deles de puro talento. A torcida coral já grita que ele é novo rei do Arruda - 9
Ypiranga
A expulsão de Luís Fernando influenciou diretamente na queda de rendimento do Ypiranga, mas o meia Lulinha foi o verdadeiro destaque da equipe. Além de armar as jogadas, ele chegava com perigo ao gol de André Zuba. De bola parada, então, ele levava perigo sempre. O único gol da Máquina de Costura saiu dos seus pés, assim como as demais jogadas que poderiam ter terminado em gols, caso seus companheiros tivessem feito sua parte. O que não aconteceu - 5
O árbitro
"Ricardo Tavares mostrou-se bastante coerente ao consultar o assistente Roberto José e validar o coral tricolor, já que havia um jogador do Ypiranga dando condições de jogo. Não fosse algumas faltas que Ricardo deixou de marcar - ora em favor do Santa Cruz, ora do Ypiranga - seu desempenho teria boa avaliação. Não complicou, nem inventou. Se bem que o jogo foi fácil, sem grandes tumultos e jogadas desleais. 6
Palavra dos professores
Márcio Bittencourt
"Tivemos quatro oportunidades de fazer, mas aconteceu que tomamos o gol e o Zuba ainda nos salvou em outras oportunidades. Eles perderam um homem e quando descemos para o intervalo sabia que precisava mudar, mesmo correndo riscos. Mexemos bem. A torcida sabe que nós não somos covardes. Peço só mais um pouco de paciência ao torcedor porque o time está caminhando e podem esperar que vamos guerrear até o fim".
Pedro Manta
"A expulsão de Luís Eduardo matou nosso time. Foi determinante no rendimento da equipe. Perdi um homem de criação e isso faz a diferença quando se está jogando com um adversário grande e em seus domínios. A lambança da arbitragem no primeiro gol do Santa Cruz só acontece aqui mesmo. Estamos no século 21 e os árbitros continuam com esse tipo de erro. Agora, só nos resta organizar o time porque na próxima rodada teremos outra pedreira, que é o Sport".
"Nossa família está em formação"
Dos mais de 20 reforços anunciados para essa temporada, de longe, ele foi o mais festejado. Em 2007, o baiano Marcelo Ramos, de 35 anos, teve uma passagem marcante pelo Santa Cruz - foi artilheiro do Estadual com 15 gols. Ontem, deu provas de que deseja marcar seu nome da nova história coral.
Este foi o verdadeiro reencontro com a torcida coral?
Desde a estreia a expectativa era grande, sobretudo, pela forma que sai em 2007. Marquei muitos gols com a camisa do Santa Cruz e a torcida espera que seja igual. Só tinha marcado um gol, mas hoje (ontem) deu para voltar a marcar.
Você mostra uma técnica refinada. Já nasceu com ela?
Acho que todo jogador já nasce assim. Mas isso não quer dizer que relaxo porque sei que tenho uma boa técnica. Quando voltei aqui para o Santa Cruz estava com três quilos acima do peso e na minha posição isso pesa bastante. Hoje já me encontro melhor.
Você demonstra se sentir em casa e a torcida já canta que você é novo rei do Arruda...
Estou longe de ser rei (risos). Aqui, aindatenho que conquistar títulos. Quero retribuir todo esse carinho da torcida conquistando algum título. Sei que tenho o respeito do torcedor do Santa Cruz e isso só faz aumentar minha responsabilidade.
E o entrosamento ideal da equipe? Vai demorar a aparecer?
A torcida precisa ter um pouco mais de paciência. Todo mundo que está aqui não se conhece. Nossa família, como diz o professor, está em formação.
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