segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Santa Cruz na maior felicidade


Torcida tricolor compareceu para conferir a nova cara do estádio, assistiu a shows e, melhor ainda, viu o time vencer o Central por 2x1, passando a 5º lugar na classificação. Um dia em que tudo deu certo

Rafael Carvalheira
rvieira@jc.com.br


Não foi o futebol dos sonhos dos torcedores do Santa Cruz. Mas também não precisava. O espetáculo já havia sido oferecido antes do apito inicial, com roda de samba, orquestra de frevo, homenagens, apresentação de artistas tricolores das mais variadas tendências musicais e show pirotécnico. Reverências justas oferecidas ao Estádio do Arruda, o Mundão, o Colosso. Um dos maiores orgulhos da torcida coral estava reaberto por completo após três meses de reformas amplas. A exigência era somente pela vitória. Podia vir do jeito que fosse. E ela veio apertada. Um dramático 2x1 em cima do Central.

O desfecho perfeito para os adoradores do Santa Cruz, em um dos dias mais festejados da história recente do clube, valeu também mais três pontos para a equipe na classificação do primeiro turno do Pernambucano. Os heróis da vitória na data histórica foram o atacante Márcio e o meio-campista William, ainda no primeiro tempo do confronto, válido pela terceira rodada da fase. O meia Djalma, já no segundo tempo, descontou para os visitantes.

O Santa saiu da oitava colocação e agora está em quinto, com seis pontos. Os corais perdem uma posição para o Ypiranga por conta do saldo de gols. São dois gols negativos para o time da capital, enquanto o representante de Santa Cruz do Capibaribe acumula dois gols positivos. Quem assumiu o oitavo posto foi o Central, com três pontos. Na quarta-feira, os comandados de Márcio Bittencourt saem para enfrentar o Salgueiro, no Cornélio de Barros. A Patativa faz o clássico de Caruaru contra o Porto, no Luiz Lacerda.

O que se seguiu após o show montado pela direção para receber novamente os torcedores parece ter sido combinado também com os jogadores, como se estivesse previsto na programação. Palco desmontado, times em campo, e, com menos de dois minutos, a massa já dava vazão ao grito de gol. A explosão de alegria veio após uma boa jogada de Bilica pela esquerda. O volante cruzou para a área e encontrou o atacante Márcio livre para marcar de cabeça.

Quando o Central tomou conta do meio-de-campo e começou a ameaçar o gol dos donos da festa, veio mais o indício de que a história do jogo só pode ter sido escrita por um fanático coral, daqueles capazes de dedicar versos para o clube. Quem sabe Capiba, animado no céu com os acordes da Spok Frevo Orquestra antes do jogo. Eram 33 minutos, William pegou um daqueles chutes de primeira que o torcedor fala: “Nunca mais acerta outro”. Da entrada da área, de bate-pronto, o meia soltou um “canhão” para eletrizar ainda mais a nação tricolor.

O segundo tempo se desenrolou com muitos sustos. O maior deles veio aos 12 minutos, com o meia Djalma descontando de falta. O Central seguiu melhor o tempo inteiro. O Santa Cruz cansou e permitiu ao adversário atuar trocando passes na frente. Os contra-golpes também não funcionavam. Depois de tanto “frevo”, parecia que ninguém tinha mais pernas. O goleiro André Zuba tratou de segurar o placar defendendo a bola do jogo, aos 23 minutos. Após o apito final, entretanto, o Arruda virou Olinda novamente para o carnaval de cerca de 30 mil tricolores.

Bittencourt: “Jogamos acima do esperado”


A convicção do técnico Márcio Bittencourt é de que o time ainda precisa evoluir muito se quiser manter-se firme na disputa do título do primeiro turno. Mas o comandante tricolor, já nos vestiários após o confronto, considerou a atuação da equipe no primeiro tempo “acima do esperado”. Observou melhoras significativas na marcação e na criação das jogadas para finalização. Não faltaram, também, rasgados elogios à torcida do Santa Cruz.

Segundo Márcio, a melhora do padrão de jogo apresentada na etapa inicial, quando o condicionamento físico permitia uma melhor movimentação, foi fruto dos dois dias de trabalho que o elenco teve para treinar entre a derrota diante do Porto e a vitória de ontem. “Temos de ser humildes, ainda falta muito. Mas futebol é trabalho. Esses dois dias já fizeram efeito. Oferecemos dificuldades ao adversário e criamos bem”, analisou.

Tempo, entretanto, é o que o treinador tricolor não vai ter para a próxima rodada. Hoje, os jogadores que atuaram farão exercícios leves. A rigor, Márcio Bittencourt terá apenas amanhã para tentar ajustar alguns erros identificados. “É muito difícil. A competição é complicada, e nós estamos nos condicionado com o passar dos jogos. Quando faltaram pernas hoje (ontem), fomos naturalmente chamando o adversário para o nosso campo.”

CENTRAL

Do outro lado, o meia Djalma, um dos mais experientes da equipe, lamentou o gol tomado no início. “Isso não pode acontecer. Levamos o gol e demos uma caída. O Santa Cruz se aproveitou e fez logo o segundo. Corremos atrás o tempo inteiro. Estamos com dificuldades de entrosamento, principalmente porque o técnico foi contratado em cima da hora.”

FBC reforça importância da união coral

Enquanto o treinador e os jogadores suam para melhorar a qualidade do futebol apresentado em campo, o presidente Fernando Bezerra Coelho segue cobrando nos bastidores a reaproximação de tricolores que estão afastados. Durante a cerimônia de descerramento da placa de ex-presidentes em homenagem ao próprio FBC e aos presidentes do Conselho Deliberativo, Roberto Arraes, e da Comissão Patrimonial, José Augusto de Paula, o mandatário tricolor pregou ainda mais união.

A cerimônia foi realizada cerca de duas horas e meia antes do apito inicial, no corredor de acesso ao elevador dos camarotes e tribunas de honra. A homenagem foi pelos serviços prestados até o momento, sobretudo ao esforço pela recuperação do José do Rego Maciel. “Esta placa traduz o momento de unidade que o Santa Cruz está vivendo. Sem dúvidas, resultados de campo são importante, mas é preciso que todas as correntes estejam sempre unidas e participando”, declarou.

João Caixero estava representando os ex-presidentes na ocasião. FBC também estava ladeado pelo presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Carlos Alberto Oliveira. “Esse clube tem uma capacidade dentro da sociedade pernambucana que ninguém pode desprezar. Não precisamos de pesquisas ou qualquer tipo de número para provar que somos a maior torcida. Na história do Estado, somos nós que batemos todos os recordes dentro dos estádios”, afirmou o presidente.

Logo após a homenagem, o mandatário, saudado com entusiasmo por torcedores, seguiu para assistir ao show dentro do estádio pela reabertura do Arruda. Estava programada a sua participação no pontapé inicial simbólico da partida. Mas, por conta do atraso na programação, Fernando Bezerra Coelho não desceu ao gramado.

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