segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vitória da família tricolor


Santa Cruz // Em um jogo no sufoco, a equipe coral conseguiu derrotar o Central por 2 x 1 na noite de ontem, na reabertura do Arruda

Cássio Zirpoli // Diario
cassiozirpoli.pe@diariosassociados.com.br


Foi no sufoco? Foi. Por sinal, é claro que teria que ser sofrido. Não bastava apenas fazer uma linda festa depois de cinco meses. O jogo precisava ser tenso. O grito da vitória tinha que ficar preso até o último minuto. Tudo no script. Começo, meio e fim. Mas, finalmente com um final feliz para o Santa Cruz. Diante de um público espetacular no Arruda, a Cobra-Coral, mesmo longe de ser um primor na partida, venceu o Central por 2 x 1, ontem à noite, e se recuperou no Campeonato Pernambucano. Se recuperou na classificação, subindo para o 5º lugar. Mas, principalmente, recuperou a auto-estima do povão. Que mostrou ser mesmo fiel. Foi difícil imaginar que o time havia sido goleado pelo Porto na última quarta-feira. Pelo volume de torcedores, o 4 x 0 no Lacerdão parecia ter sido a favor do Mais Querido.

No embalo da massa, o Santa tentou sufocar o Central logo no início do jogo de ontem. Falando assim, até parece que o gol sairia coral com até 15minutos de jogo. Pois saiu logo no primeiro. O suficiente para incendiar o Arruda, já em festa. Bilica avançou bem pelo lado esquerdo e cruzou na medida para Márcio Barros, que subiu bem e abriu placar. Depois, começou o sufoco. Apesar do baque pelo gol sofrido, o Central criou três boas chances. Cláudio errando por pouco, a bola passando perto, Zuba defendendo# Taticamente bem postado, o Santa manteve a calma para mudar o panorama da partida.

Apesar da pressão da Patativa, o Santa foi mais eficiente. Aos 34 minutos, Sandro cobrou uma falta na barreira. Mas a bola sobrou para William, que acertou um golaço, abrindo 2 x 0 no placar. No primeiro tempo, ainda ocorreu algo raro no futebol. O atacante centralino Fábio Silva foi expulso depois de ser substituído. Conseguiu a proeza de levar o cartão vermelho e mesmo assim deixar o time com 11 em campo. No segundo tempo, o Central começou assustando, com um gol de falta do experiente Djalma, aos 12 minutos. Cansado em campo, o Tricolor passou a deixar muito espaço para o adversário. Assim como no primeiro tempo, Cláudio perdeu boas chances. Nenhuma delas tão clara quanto a de Márcio Barros, que chegou atrasado em um rebote aos 24 minutos. Nos descontos, a cena final. Mais uma falta para Djalma. O meia bateu forte, mas André Zuba espalmou. Susto sim. Mas vitória garantida.

Vestiário - Contagiados pela torcida, os jogadores tricolores vibraram bastante no campo após o apito final do árbitro Cláudio Mercante. Foi a primeira partida de quase todos os jogadores no Arruda, vestindo a camisa do Santa. O ex-volante rubro-negro Bilica fez questão de agradecer o apoio da torcida. "Se a gente não vibrar com o estádio desse jeito, vai vibrar como? Aí tem que deixar o clube", afirmou o jogador, importante no sistema defensivo do Santa. Feliz com a sua atuação, o atacante Márcio Barros aproveitou para fazer uma auto-promoção. "O meu forte aqui sempre será isso, velocidade e força. Condicionamento físico em primeiro lugar", disse. O elenco do Santa Cruz irá se reapresentar na tardedesta segunda-feira no Estádio Ademir Cunha, em Paulista.

Na próxima rodada, o tricolor enfrentará o Salgueiro na casa do adversário, no Estádio Cornélio de Barros, na quarta-feira. O Central vai encarar o Porto no "Clássico Matuto", no Lacerdão, em Caruaru.

Santa Cruz 2

André Zuba; Parral (Juca), Sandro, Thiago Matias e Adilson; Bilica, Wágner, Elder (Miller) e William (Anderson); Marcelo Ramos e Márcio Barros. Técnico: Márcio Bittencourt.

Central 1

Davi; Russo, Sidney, Bebeto e Marquinhos Caruaru (Adeíldo); César Baiano, Mácio, Djalma e Danilo (Careca); Fábio Silva (Ailton) e Cláudio. Técnico: Lorival Santos.

Local: Arruda. Árbitro: Cláudio Mercante. Auxiliares: Erich Bandeira e Jossemmar Diniz. Gols: Márcio e William (SC); Djalma (C). Cartão vermelho: Fábio Silva (após ser substituído). Cartões Amarelos: Thiago Matias, Sandro e William (SC); Sidney, Bebeto, César Baiano, Cláudio e Ailton (C). Público e renda: Até o fechamento desta edição não foram divulgados

Uma partida para matar a saudade do "Mundão"

A saudade de frequentar o Arruda era visível no semblante dos torcedores presentes no estádio ontem. A movimentação intensa na Avenida Beberibe, já no início da tarde, parecia indicar que às 18h20 haveria um clássico daqueles no Mundão. Nada disso. Foi apenas o povão coral, marcante em todos os setores do Arruda.

Desde as 10h já havia gente no parque aquático, dando início aos shows programados para a festança pela reabertura do estádio. Depois, a festa passou a ser no campo, onde foi armado um palco. Nando Cordel, Canibal, maestro Spok# Artistas corais se revezeram nos shows, que prepararam o "terreno" para o time fazer a sua parte. A cada novo show, mais fotos. Registros do Mais Querido como nos velhos tempos. Celulares gravando vídeos do show pirotécnico na inauguração da nova iluminação. Tudo como se fosse a primeira vez. De fato foi, depois de cinco meses de "separação".

O médico Fábio Moura, 37 anos, chegou cedo ao setor das sociais com uma missão clara. Ele queria reaproximar o Santa dos seus três filhos: Lucas, 7 anos, Letícia, 4, e Tiago, de 1 ano e 9 meses. Os três devidamente uniformizados com o padrão tricolor. "Eu vim com a família toda. Tios, primos, minha esposa e meus filhos. A saudade do Arruda já estava grande demais. Tiago já é tricolor porque aqui a educação é desde pequeno", provocou Fábio. Apresentado na edição de domingo do Diario, na reportagem sobre o Arruda, "seu" Isael Trindade também estava presente ali nas sociais, sem esconder a alegria. "Estou emocionado com esta torcida. É ela que faz a diferença para o Santa", disse.

Atuações

André Zuba - Um pouco inseguro no primeiro tempo, principalmente na saída de bola. Na etapa final, fez uma bela defesa em um chute de Cláudio. 6,0

Parral - Buscou o apoio, mas sem muita precisão nos cruzamentos. 5,5 (Juca) - Entrou nos descontos. Fica sem nota.

Sandro - Boa saída de jogo. Experiente, soube 'parar' a partida nos minutos finais, esfriando o ímpeto alvinegro. 6,0

Thiago Matias - Bem superior a Memo, mesmo sem ritmo. Mostrou que tem condições de evoluir. 6,0

Adilson - Não avançou tanto, ficando um pouco preso na defesa. Perdeu muitas jogadas para Russo. 5,0

Bilica - Volante com pegada forte. Boa atuação. Cedeu espaços no segundo tempo, mas não comprometeu. 6,0

Wágner - Assim como todo o time, produziu mais no primeiro tempo. 5,5

Elder - Cadenciou o jogo no primeiro tempo, tocando bem a bola. No segundo, desgastado fisicamente e sem mobilidade, acabou sendo substituído. 6,0 (Miller) - Entrou depois ter o nome cobrado pela torcida. Miller entrou um pouco afobado em campo e pouco acrescentou.5,0

William - Marcou um golaço e por pouco não fez outro, também de fora da área. Taticamente, o jogador cumpriu bem o seu papel. 6,0 (Anderson) - Entrou para dar mais consistência ao setor defensivo. Cumpriu o seu papel. 5,0

Marcelo Ramos - Atuou como pivô no ataque, mas criaou poucas chances para o ataque. No segundo tempo, cansou. 5,5

Márcio Barros - Jogador rápido e forte. Deu bastante trabalho para a defesa da Patativa. Marcou o primeiro gol coral e teve gás até o final, brigando bastante pela bola. 7,5

Márcio Bittencourt - Soube reconhecer a fragilidade da equipe na rodada anterior, quando o time foi goleado, e mexeu bem na equipe. 6,5

Central - A Patativa criou bastante no setor ofensivo, principalmente no segundo tempo. O centroavante Cláudio teve pelo menos três boas chances, mas pecou nas finalizações. Mas o Central vendeu caro a derrota. 5,5

Minuto a minuto


1º tempo

1 min - Bilica cruzou pelo lado esquerdo para Márcio Barros, que cabeceou para as redes.

6min - Após saída atrapalhada do goleiro Zuba, a bola sobrou para o lateral Russo, que chutou para fora.

12min - Foi a vez do atacante Fábio Silva desperdiçar uma chance para o Central. O atacante bateu colocado, pra fora.

14min - Central chegando bem pela 3ª vez seguida, em uma cobrança de falta de Danilo. O meia bateu com efeito e Thiago Matias quase fez contra ao tirar a bola.

26min - Barros tabelou com Marcelo Ramos, que girou na pequena área e tocou para Elder, que, na marca do pênalti, bateu mal.

32min - Mais uma finalização de Cláudio, que mandou nas redes pelo lado de fora.

34min - Gol do Santa! Sandro cobrou falta da intermediária e a zaga afastou mal. William pegou o rebote, de fora da área, e fez belo gol.

39min - William arriscou de fora da área e por pouco não fez mais um golaço.

2º tempo

6min - Djalma mandou uma bomba de fora da área, assustando a torcida tricolor.

9min - Falta na meia-lua para o Tricolor. Marcelo Ramos cobrou bem, mas a bola passou raspando o travessão

12min - Central diminuiu em gol de falta do meia Djalma, que acertou chute indefensável.

16min - Danilo deixou Cláudio em ótima posição, mas foi desarmado no chute.

19min - Sandro mandou para as redes, aproveitando rebote, mas estava impedido.

23 min - Grande defesa de Zuba, em um chute de Cláudio na pequena área.

24min - Parral bateu rasteiro da direita e, por pouco, Márcio Barros não ampliou, chegando atrasado na conclusão.

45min - Última chance do Central. Djalma cobrou uma falta da intermediária, mas Zuba espalmou, garantindo a vitória coral.

Fala, Professor

"O nosso time foi quase perfeito taticamente no primeiro tempo. Criamos muitas oportunidades, mas o time cansou no segundo tempo. Começamos a cometer alguns erros e isso trouxe o Central para cima da gente. Ainda temos muito o que melhorar, como saber cadenciar melhor a partida com uma vantagem como a que nós tivemos. Mas o posicionamento já melhorou. Apesar de ter uma certa experiência no futebol, ainda me emociono. Neste jogo, a torcida foi grande demais. No banco, eu fiquei emocionado e imaginando como o time ficou em campo. Ela (torcida) foi responsável por 90% desta vitória".

Marcio Bittencourt, técnico do Santa Cruz

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