segunda-feira, 31 de março de 2008

Santa reassume ponta e vê queda bem mais longe

Tricolor vence o Sete, por 1x0, lidera grupo da morte e abre nove nove pontos para área de degola

Elias Roma Neto

Especial para o JC

O futebol apresentado não foi dos melhores, mas um gol foi o suficiente para o Santa Cruz vencer o Sete de Setembro por 1x0, ontem, no Arruda. Com isso, o tricolor chegou à liderança isolada do Hexagonal da Morte do Campeonato Pernambucano com 24 pontos, afastando cada vez mais o fantasma do rebaixamento para a segunda divisão estadual – abre nove pontos para o Centro Limoeirense. Além disso, aumentou a crise do time de Garanhuns, que segue na lanterna com apenas 13 pontos ganhos.

O triunfo também deu fim a um jejum de vitórias dentro do Arruda, que durava cinco partidas – a última tinha sido no dia 27 de janeiro, contra o Vera Cruz, por 4x1. O alento vem em um momento importante do clube, um dia antes do grupo de oposição à diretoria coral tentar uma manobra para pedir o impeachment do presidente Édson Nogueira (ver matéria).

Contando com vários jogadores oriundos das divisões de base, o Santa começou com sua correria logo no começo. Após escanteio cobrado pelo lado esquerdo, a zaga do Sete não conseguiu cortar com eficiência e a bola sobrou para Thomas Anderson, que não deixou a bola cair, emendando de canhota para o fundo da rede. Este foi seu quinto gol na competição, tornando-se artilheiro coral.

Apesar do gol, os tricolores estavam afobados, errando passes em demasia e sem conseguir criar uma grande chance de destaque. Por volta dos 23 minutos, o goleiro Paulo Musse sentiu uma fisgada na coxa direita após um tiro de meta e teve que sair substituído.

A segunda etapa teve um Santa Cruz mais aplicado, tanto na marcação quanto no meio de campo. O estreante Bruno se achou ao lado de Alexandre Aguiar na cabeça-de-área, melhorando, de quebra, a saída de bola.

Aos 5, a primeira chance clara de gol perdida. Thiago recebeu lançamento de Miller, passou por Mondragon, que havia saído da área, mas bateu errado de canhota. O atacante coral se mostrou inspirado, procurando o jogo e recebendo a maioria das bolas lançadas de trás.

Em uma de suas jogadas, ele rolou para Thomas Anderson, mas o atacante errou chute na entrada da área. Thiago ainda deu outra bola na medida para Chiquinho, no final da partida, mas o lateral acabou isolando. Outra boa chance desperdiçada foi em um cabeceio de Marcelo Heleno, que Mondragon defendeu no reflexo.

Agora, o Santa tem pela frente o Porto, domingo, no Antônio Inácio, em Caruaru. Já o Sete segue seu calvário contra o Vera Cruz, no Carneirão.

FICHA DE JOGO

SANTA CRUZ 1
Paulo Musse (Jaílson), Rafael Mineiro (George), Marcelo Heleno, Memo e Chiquinho, Bruno, Alexandre Aguiar, Felipe (Gilberto), Thomas Anderson, Miller e Thiago
Técnico: Adilson Davi (interino).

SETE DE SETEMBRO 0
Mondragon, Suelinton, Brasa, Zaquei e Igor, Eduardo (Lourinho), Nandinho, Jean (Leo) e Thomas Anderson, Silas (Marcone) e Zé Carlos
Técnico: Marcelo Neveleff.

Local: Arruda. Árbitro: Eduardo Alcântara. Assistentes: Luciano Cruz e Marcelino Castro. Gol: Thomas Anderson, aos 2 minutos do 1º tempo. Cartões amarelos: Marcelo Heleno, Alexandre Oliveira e Miller (San), Silas, Zaqueu, Mondragon, Eduardo e Nandinho (Set). Expulsão: Leo, aos 40 do 2º tempo . Público: 7.162. Renda: R$ 10.035. Preliminar: Santa Cruz 3x0 Sete (juniores).

Comemoração e reflexão em vitória de alívio

Após a partida, o clima entre os jogadores era de comemoração e reflexão, principalmente do estreante volante Bruno, de 19 anos, oriundo das divisões de base. Ele demonstrou personalidade, principalmente no segundo tempo, quando melhorou sua atuação e por pouco não deixou o seu gol.

“Realmente, por pouco não fiz um gol. E logo na estréia, seria muito bom”, afirmou o jogador, após o jogo, referindo-se a uma bola que recebeu de Thiago, mas adiantou demais e foi desarmado pelo goleiro Mondragon.

O nervosismo da primeira etapa, onde se perdeu um pouco na marcação, acabou deixando o corpo e a mente de Bruno na volta do intervalo. “Estava um pouco tenso, é verdade, mas fui me soltando. É muito bom jogar ao lado de Alexandre Aguiar. Ele é o melhor jogador do Santa e me passa tranqüilidade”, revela.

Prata da casa, Bruno foi o nono jogador das categorias de base a ser “puxado” para o time principal na temporada, por causa da dificuldade de contratações (leia-se falta de dinheiro). Antes, subiram o zagueiro Eneíldo, o lateral-direito George, os volantes Memo e Alan, os meias de criação Felipe e Miller e os atacantes Gilberto e Yuri.

Miller e Felipe, inclusive, formaram o sistema de criação tricolor na noite de ontem. Apesar de não terem jogado um futebol de encher os olhos, aos poucos estão mostrando evolução. “Fomos bem, já temos entrosamento dos tempos de juniores. Agora temos que ganhar seqüência”, completou Miller.

Outro que apareceu bem no jogo foi o atacante Thomas Anderson. Depois do gol de ontem, tornou-se o artilheiro coral do ano, com cinco tentos. Mas o número poderia ser maior, se tivesse colocado para dentro as outras chances que teve. “A ansiedade atrapalhou um pouco, mas é a vitória que interessa e ela chegou na hora certa”, declarou.

Oposição tenta manobra para destituir Edinho

A confraria Ninho da Cobra, por meio do seu presidente Fernando Veloso, lidera hoje um movimento para pedir o impeachment do presidente Edson Nogueira. Veloso afirma que tem um requerimento contendo 300 assinaturas pedindo a destituição de Edinho, que será apresentado na reunião ordinária do Conselho Deliberativo, hoje à noite.

Apesar disso, o presidente do Conselho, Alexandre Ferrer, garantiu que o presidente do executivo não poderá responder a um processo de impeachment. Ferrer respalda sua decisão no próprio estatuto do clube. Ou seja, para ele, não há jurisprudência para tirar Edinho do cargo.

De acordo com o estatuto coral, o presidente do executivo só sofrerá um impeachment em cinco situações: condenação por crime doloso, falta de prestação de contas, falência, afastamento para cargo eletivo ou gestão irregular.

Segundo Veloso, não há mais uma possibilidade de acordo envolvendo o grupo de apoio a Edinho e a oposição, liderada por ele. “Em dezembro não pedimos a saída porque Rodolfo Aguiar tinha conversado com Edinho e ele tinha prometido as categorias de base para a nossa gestão. Depois ele disse que era mentira.”

Já Ferrer diz que a questão do impeachment não será tratada durante a reunião, que tem como pauta a apresentação do balanço financeiro de 2007 e uma homenagem aos jogadores que fizeram parte do elenco supercampeão pernambucano de 1957.

Mesmo assim, o grupo de oposição não arreda o pé. “O requerimento está pronto e vai ser apresentado de qualquer forma. Edinho é inajudável (sic). Ele é o Hugo Chavez do Arruda e para infelicidade do Santa Cruz, o que ele faz dá errado”, afirmou Veloso.

Fala, técnico

Tranqüilidade na tabela

“O time mostrou garra e muita vontade para ganhar. Tivemos alguns gols perdidos, mas o importante foi a vitória, que nos dá uma tranqüilidade maior sobre os outros adversários”, disse o assistente técnico Adílson Davi.

Não quis falar

Sentindo o peso de mais uma derrota e do rebaixamento iminente, o treinador do Sete de Setembro, o argentino Marcelo Neveleff, negou-se a falar com a imprensa após o jogo, ignorando as perguntas dos profissionais.

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