Equipe bate Vera Cruz por 4x2 e está invicta há seis rodadas no Estadual, sua melhor marca no ano
Marcelo Sá Barreto
mhenrique@jc.com.br
Líder do hexagonal da morte com 30 pontos e terceiro colocado geral, o Santa Cruz fez mais uma vítima, ontem à tarde, ao bater o Vera Cruz, por 4x2, no Arruda. Com o triunfo, os tricolores superam a sua melhor marca na temporada, chegando a seis resultados positivos (quatro vitórias e dois empates). Esse foi o terceiro triunfo seguido. Além de ratificar bons números da equipe coral, o encontro se distinguiu pela marcação de três pênaltis para o time da casa, dois deles discutíveis – Rosembrik (2) e Marcelo Heleno marcaram. Com a bola rolando, Thomas Anderson fez o quarto. Pelo lado do adversário, descontaram Caio e Aílton.
Tão logo o árbitro Nielson Nogueira deu início à partida, os tricolores partiram para cima, compondo um lance rápido, envolvendo praticamente todo o seu ataque. Chegou na área do Vera Cruz e, por pouco, Thomas Anderson não abriu o placar. O começo avassalador causou boa impressão. A seguir, no entanto, veio a ressaca, com o tricolor expondo antigos defeitos. Exagero nos passes errados, mal distribuído e sem criatividade – seu principal articulador, Rosembrik, pouco comparecia na criação.
Desorganizado, coube ao lateral-direito Willian, escalado também como zagueiro, abrir espaços pelo seu setor. Habilidoso, em uma de suas subidas, entrou na área e foi derrubado. Pênalti, convertido com categoria por Rosembrik. Aproveitando uma das várias bobeiras do sistema defensivo coral, o Vera Cruz empatou em seguida, por meio de Caio, que testou para dentro da meta, após indecisão de Jean.
Aos 22, Nielson Nogueira viu outra falta dentro da área do Vera Cruz, sofrida por Gilberto. Novamente Rosembrik, ídolo da torcida, teve frieza para desempatar, num momento crucial do encontro.
Muito interessado em se defender até então, o Vera Cruz passou a investir no ataque. Comandado por Caio e Jaílton, começou a cair pela esquerda, aproveitando-se de uma tarde infeliz de Max. O Santa não deixou por menos e chegou algumas vezes ao ataque. Um exemplo foi a falta cobrada por Willian, aos 40, em que a bola se chocou no travessão. Delone ficou parado.
Com as equipes apostando no ataque, em detrimento da defesa, mais gols no primeiro tempo eram uma questão de tempo. Aos 44, Jaílton fez uma bela jogada pela direita, deixou os marcadores sem reação e cruzou perfeito para Aílton chutar de primeira, empatando. Um minuto depois, a arbitragem marcou pênalti de Tonhão em cima de Gilberto, falta duramente contestada pelos vitorienses.
A nota curiosa: em vez de Rosembrik, quem bateu a penalidade foi o zagueiro Marcelo Heleno, mesmo contrariando as ordens da comissão técnica. O Mago gesticulou bastante, discordou da atitude do companheiro, mas não houve jeito. Com calma, o defensor fez 3x2.
“Estava seguro e peguei a bola para cobrar o pênalti. Rosembrik já havia batido dois pênaltis. O goleiro deles poderia, como ele já havia convertido dois, até defender. Era melhor que fosse outro jogador para confundi-lo. Fui lá e fiz. Já cobrei pênaltis outra vezes. Não tem nada de mais”, explicou, no vestiário, Marcelo Heleno.
Ainda mais abertos, mais gols eram esperados na etapa final. Tanto o Santa Cruz como o Vera Cruz se revezavam na frente, embora o time de Vitória fosse mais perigoso. Aos 11 minutos, aconteceu o lance que mudaria a história do confronto. Caio roubou a pelota de Marcelo Heleno e entrou na área, livre, ficando de frente com Jean, que saiu nos seus pés e fez uma difícil defesa.
A partir daí, os adversários do tricolor perderam a confiança, e o Santa Cruz aproveitou a apatia dos visitantes. Aos 15, Rafael Mineiro arrancou pela direita, ganhou de Eliel e cruzou no segundo pau. Bem colocado, Thomas Anderson escorou para dentro da rede, acalmando a torcida, que começou a gritar, em êxtase. Com o apoio vindo das arquibancadas, o Santa soube se safar das melhores investidas dos visitantes, que perderam outras chances. No final, o veneno coral foi letal.
FICHA DE JOGO
SANTA CRUZ 4
Jean, William, Marcelo Heleno e Memo, Rafael Mineiro (Paulo Vítor), Bruno, Alexandre, Max (George) e Rosembrik, Thomas Anderson (Thiago Henrique) e Gilberto.
Técnico: Fito Neves.
VERA CRUZ 2
Delone, Joécio, Alexandre, Tonhão e Aílton, Eliel (Juninho), Washington, Caio (Careca) e Jaílton, Ricardo e Ney Paraíba.
Técnico: Adelmo Soares.
Local: Arruda. Árbitro: Nielson Nogueira. Assistentes: Ubirajara Ferraz e Roberto José Oliveira. Gols: Rosembrik, aos 18 e 23, Caio, aos 20, Aílton aos 44, e Marcelo Heleno, aos 47 do 1º tempo, Thomas Anderson, aos 15 do 2º. Cartões amarelos: Marcelo Heleno, Bruno, Thomas Anderson e Gilberto (S), Joécio, Alexandre, Tonhão e Ricardo (V). Renda: R$ 5.335. Público: 11.010. Preliminar: Santa 2x0 Vera Cruz (juniores).
Jean anuncia sua aposentadoria
Recém-chegado ao Santa Cruz e mais conhecido por estar em “eterna” preparação – principalmente física – do que pelas partidas que atuou como titular (três, apenas), o experiente goleiro Jean foi protagonista de uma cena raramente vista no futebol, ontem. Inseguro no primeiro tempo, deu motivos para que a torcida pedisse sua saída. Recuperou-se na etapa final, realizando uma ótima defesa. Ao final do confronto, saiu de campo chorando. Perguntado se era pela emoção de escutar o torcedor o chamando de “paredão”, ele foi honesto. “Não dá mais”. Foi indagado por um radialista: “Como assim?”. Respondeu: “Vou parar de jogar hoje (ontem)”, concluiu.
A entrevista pegou todo mundo de surpresa: direção, comissão técnica, torcedores e imprensa. Dentro do vestiário, com a cabeça mais fria, e em meio aos pedidos para permanecer, Jean faltou à entrevista, geralmente concedida pelos destaques de cada partida. Hoje, pela manhã – o horário é desconhecido –, falará sua decisão oficial, no Arruda, definindo seu futuro.
A algumas pessoas, Jean, que antes de chegar ao Santa Cruz estava no Corinthians, diz estar sentindo muitas dores. Mesmo treinando duro e tentando entrar em forma, está longe do seu melhor rendimento físico e técnico. Ontem, por exemplo, expôs defeitos banais. Esteve inseguro, deixou de sair em bolas suas e pareceu sem reflexo. Jean, entregue ao departamento físico, foi escalado de última hora para o jogo, por causa das dores na virilha esquerda, sentidas pelo então titular, Jaílson, de 20 anos.
Como tem uma partida contra o Petrolina, quarta, o Santa corre o risco de nem ter Jaílson, tampouco Jean. Vale lembrar, Paulo Musse pediu para sair do clube na quinta-feira, uma vez que, na Era Fito Neves, foi relegado à condição de terceiro goleiro, mesmo tendo sido um dos poucos destaques do time coral no início do certame.
Líderes, Marcelo Heleno e Alexandre falaram com cautela sobre o assunto. Para ambos, a saída de Jean, na atual conjuntura, é um questão preocupante. Não só pelo fato de o reduzido grupo estar perdendo outro atleta, mas também por causa da experiência do arqueiro.
“Ele é um dos líderes do nosso time e ajuda bastante fora de campo. Nossa equipe ganhou com sua chegada”, afirmou Alexandre. “Jean tem de ter calma antes de tomar qualquer decisão. Entendemos que ele passa por um momento não tão bom e já conquistou um bom padrão de vida. No entanto, ele faz o seu trabalho e vamos ter uma conversa e esperar pela decisão dele amanhã (hoje)”, diz Marcelo.
Fala, técnico
Fito calado
Hoje, Fito Neves volta a falar como técnico do Santa, depois de punição de 30 dias. Ele comandou o time das cadeiras e não quis fazer comentários sobre o jogo para evitar problemas com a Justiça. Quarta-feira, contra o Petrolina, ele volta a comandar o time do banco de reservas.
Arbitragem questionada
“Meu time perdeu gols decisivos. Era para ter matado. O árbitro, no entanto, foi infeliz com a marcação de dois pênaltis que não existiram. Pela sua qualidade, é inaceitável o que fez. Agora, temos de ir em busca da classificação contra o Centro”, afirma Adelmo Soares.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário