CAMPINA GRANDE - Na primeira das batalhas dentro de campo que fará na Série C, o Santa Cruz sentiu o gosto amargo da derrota. A equipe perdeu por 2x1 para o Campinense, ontem à tarde, no Estádio Amigão, em Campina Grande, na Paraíba. O resultado foi uma decepção para a multidão que tomou conta do espaço na arquibancada reservado aos tricolores. E o empate entre Central e Potiguar/RN (0x0), em Caruaru, fez a Cobra Coral largar na lanterna do grupo 5, sem nenhum ponto conquistado. O próximo desafio do Santa Cruz será na quarta-feira, diante da Patativa, no Arruda.
O Tricolor pernambucano fez uma partida equilibrada contra o Rubro-negro paraibano. Talvez uma característica das partidas na Série C, os times não perderam tempo estudando o adversário. Ao invés disso, foram ao ataque, embora que, na maioria das vezes, de forma desordenada. Por isso, as primeiras chances claras de gol demoraram a aparecer.
A primeira ocorreu aos cinco minutos, e pertenceu ao Campinense. O meia Washington, que vestiu a camisa tricolor na Série A em 2006, passou por três adversários e chutou forte, mas a zaga coral afastou. Aos nove, o Santa Cruz respondeu, em uma cabeçada para fora de Edmundo, tentando aproveitar um cruzamento do meia Alexandre Oliveira.
Aos 37, o time paraibano abriu o placar com Vanderley, que se antecipou aos marcadores após cruzamento de Jean Alysson. Aos 45, o lance polêmico do jogo. Juninho lançou a bola para a área e encontrou o atacante Edmundo, que tocou para o fundo das redes. Entretanto, o assistente Griselildo de Sousa Dantas anulou, alegando que a bola havia saído de campo no momento do cruzamento.
No segundo tempo, o Santa Cruz entrou mais ligado, e chegou ao empate aos dez minutos, com o zagueiro Gonçalves, que não desperdiçou o cruzamento de Rafael Mineiro. A essa altura, o Tricolor estava melhor em campo, e parecia decidido a virar o jogo. Com uma postura mais ofensiva, passou a dominar as ações da partida. O problema é que, quando perdia a posse de bola, a Cobra Coral permitia ao Campinense armar contra-ataques perigosos.
Em pelo menos três deles, os pernambucanos poderiam ter sofrido gol, se não fosse a boa atuação do goleiro Gledson. O número 1 coral fez grandes defesas, se consagrando como o melhor em campo pelo lado do Santa Cruz. Em uma delas, o arqueiro segurou a bola após um chute a queima-roupa de Vanderley. Infelizmente, Gledson não teve como evitar o gol da vitória do Campinense, decretada aos 41 minutos da etapa final, por Fábio, que cabeceou com força após uma cobrança de falta de Washington.
Ficha Técnica
Campinense 2
Pantera; Fábio, Ricardo Oliveira, Jadson e Evaldo; Marquinhos Mossoró (Barata), Jean Alysson (Paulinho Macaíba), Washington e Charles Wagner; Paulinho Marília (Derley) e Vanderley. Técnico: Freitas Nascimento
Santa Cruz 1
Gledson; Gonçalves, Memo (Muller) e Leandro Bitton; Rafael Mineiro (Gedeil), Alexandre Oliveira, Garrinchinha, Juninho e Esquerdinha; Thomaz Anderson (Gilberto) e Edmundo. Técnico: Fito Neves
Local: Ernani Sátiro (Amigão). Árbitro: Carlos Roberto Gibaut Nogueira (BA)
Assistentes: Elias Silva Almeida e Griselildo de Souza Dantas (ambos da PB)
Gols: Vanderley (37 do 1° T) e Fábio (41 do 2° T) para o Campinense; Gonçalves (10 do 2°T) para o Santa Cruz
Cartões amarelos: Gonçalves, Leandro Bitton e Juninho pelo Santa Cruz; Jadson, Barata, Jean Alysson, Charles Wagner e Derley pelo Campinense
Público: 10.737 pagantes
Renda: R$ 124.880
Tricolores “invadem” Campina Grande
Robert Fabisak | Segundo PM da Paraíba, cerca de seis mil torcedores corais estiveram no Amigão |
A impressão era de que tinha mais pernambucanos na arquibancada do estádio | |
A invasão a Campina Grande, prometida ao longo da semana, foi cumprida à risca. Camisas e bandeiras do Santa Cruz podiam ser vistas em praticamente todas as ruas e praças do centro da cidade. As grandes churrascarias estavam tomadas pelos tricolores. O que ninguém sabe dizer ao certo é a quantidade de ônibus que saíram de Pernambuco. Algumas pessoas falaram em 50 veículos, outras em 60 e em até 70.
Na estrada, havia ônibus, vans e carros particulares no percurso desde o Recife até Campina Grande. A maioria das caravanas saiu do Arruda, onde funcionou a concentração. Somente da Torcida Organizada Inferno Coral, 15 ônibus foram ao estado vizinho. Mas saíram veículos de outros bairros e cidades, inclusive de João Pessoa.
À medida em que chegava a hora de a partida começar, aumentava o número de tricolores no lado de fora do estádio. A fila para entrar media algumas dezenas de metros. Dentro de campo, a divisão das torcidas foi feita meio a meio, e no setor de gerais, os corais eram maioria.
O reflexo da presença de torcedores do Santa Cruz pôde ser visto na hora da chegada do ônibus que trazia a delegação coral ao estádio. O veículo foi seguido por centenas de torcedores, que acenavam para os atletas, dentro dos ônibus. Os jogadores ficaram emocionados. “A gente fica muito grato por esse carinho”, disse Alexandre Oliveira, sem conseguir conter o semblante de surpresa. “Esperamos poder contar com eles no jogo da quarta-feira, contra o Central”, completou.
Confusão rolou solta fora e dentro do estádio
Robert Fabisak | |
Polícia teve muito trabalho para conter os torcedores | |
Os conflitos começaram bem antes de a bola rolar. Durante a chegada das duas torcidas, houve muito tumulto por causa do encontro entre grupos dos times adversários. Bombas e pedradas foram atiradas, e uma criança de 11 anos, que vestia a camisa do Santa Cruz, acabou sendo atingida por uma pedrada. O menino foi socorrido e, por sorte, não teve nenhum ferimento grave.
Mas foi dentro de campo que a violência se transformou em uma batalha assustadora. Durante o intervalo do jogo, uma equipe da PM que fazia o cordão de isolamento com a torcida do Campinense se deslocou em direção ao local onde estavam os tricolores. De repente, começou um confronto entre os policiais e torcedores do Santa Cruz, que durou até o início do segundo tempo. Os tricolores reclamaram de abuso de autoridade, enquanto que a Polícia Militar local defendeu-se, alegando que só usou a força quando foi preciso. Certo mesmo é que pessoas inocentes ficaram feridas.
As marcas da violência ficaram nos corpos da senhora Maria de Fátima e do senhor Luiz Carlos Pedrosa, dois dos tricolores que precisaram ser atendidos em uma ambulância localizada dentro do estádio. “Eu não tive nada a ver com isso, vim de tão longe, com a minha família, só para assistir o jogo”, lamentou Maria de Fátima. “Isso é um absurdo. Não precisava disso. Acho que houve um exagero”, opinou Luiz Carlos.
Misto de decepção com indignação
CAMPINA GRANDE - Um misto de decepção com indignação. Esse foi o sentimento dos atletas corais, após a derrota para o Campinense. A decepção, pelo fato de o time não ter dado a vitória de presente à multidão de tricolores que foi a Campina Grande ver o Santa Cruz estrear na Série C. A indignação, por causa do gol anulado de Edmundo, no final do primeiro tempo.
Os jogadores não se conformaram com o lance, e culpam o assistente paraibano Griselildo de Sousa Dantas, que disse que a bola havia ultrapassado a linha do campo após o cruzamento, de ter prejudicado a Cobra Coral. “Primeiro, o árbitro disse que a bola havia saído. Depois, disse que havia marcado impedimento. Ele não sabe nem o que marcou”, disse o volante Alexandre Oliveira. “A bola não saiu”, reclamou o técnico Fito Neves, que, visivelmente irritado, evitou falar após o final da partida.
Destaque do Santa Cruz na partida, o goleiro Gledson lamentou por não ter motivo para comemorar a sua boa atuação. “Eu preferia não ter feito nenhuma defesa importante, e a gente ter saído daqui com um bom resultado”, afirmou. O volante Leandro Bitton também lamentou a derrota, mas destacou o empenho do time durante o jogo. “Procuramos a vitória o tempo todo. Não faltou vontade. O time lutou e jogou bem, infelizmente levamos um gol bobo. Vamos convocar a torcida para quarta-feira”, afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário