segunda-feira, 7 de julho de 2008

Começou de Novo


A Série C começa com as mesmas imagens dos dois últimos anos: decepção do Santa e alegria dos adversários

A torcida tricolor fez a sua parte. A carreata com mais de 40 ônibus, que saiu do Recife na manhã de ontem, invadiu Campina Grande, deixando o estádio Amigão completamente dividido, com um visual de 'clássico' entre as duas torcidas. Dentro de campo, um jogo de muita correria, polêmica e derrota do Santa Cruz na estréia do time pernambucano na Série C, diante do Campinense. A Raposa ganhou por 2 x 1, com o gol da vitória sendo marcado aos 41 minutos do segundo tempo. No entanto, os corais ficaram na bronca com a arbitragem, que anulou um gol legítimo de Edmundo, no primeiro tempo. Com a derrota, o Santa larga na lanterna do Grupo 5. Agora, o Santa cruz enfrentará o Central, nesta quarta-feira, às 20h30, no Arruda.

O Campinense começou mais agressivo. Aos 5 minutos, o meia Washington quase abriu o placar, mas Leandro conseguiu travar o chute. Melhor em campo, o Campinense seguiu pressionando. Aos 18, Glédson fez um verdadeiro milagre numa cobrança de falta de Washington. O técnico Fito Neves acabou perdendo apaciência com inoperância do ataque ainda no primeiro tempo. Ele sacou Thomas Anderson, aos 33, e colocou Gilberto.

Aos 38, porém, o esquema de Fito caiu por terra. Se aproveitando do enorme espaço dado pelo Santa no lado esquerdo, o Campinse acabou fazendo o primeiro gol por ali. Após mais um cruzamento na área, Wanderley testou no canto direito do goleiro tricolor, que não alcançou a bola. Cruzamento, aliás, foi o que não faltou na partida. O Tricolor ainda teve um gol mal anulado aos 45 minutos, quando o árbitro invalidou o tento de Edmundo alegando que a bola havia saído antes do cruzamento na área, como disse o assistente paraibano Griselildo de Souza. Depois, o árbitro afirmou o lance estava impedido. Nenhuma das hipóteses convenceu o time da Santa, que ficou revoltado com a decisão do juiz.

O Santa Cruz voltou melhor na etapa final, articulando as jogadas com mais qualidade. O Tricolor quase empatou aos 6 minutos, quando Alexandre Oliveira cobrou uma falta com categoria. Mas o gol finalmente saiu aos 10 minutos. Mais uma bola na área, dessa vez na cabeça de Gonçalves, que mandou para as rede em uma posição tão legal quanto naquela aos 45 minutos. O Santa continuou criando chances, principalmente pelas laterais.

Mas de tanto insistir nos minutos finais, a Raposa acabou marcando o segundo gol, aos 41 minutos, em mais uma cabeçada. Também desmarcado, Fábio subiu e marcou o gol da vitória do Campinense, em uma falha de posicionamento da defesa do Santa. Falha que não pode mais se repetir em uma fase com apenas seis jogos.


Campinense 2

Pantera; Fábio Santana, Ricardo Oliveira, Jadson e Evaldo Bahia; Charles Wagner, Marquinhos Mossoró (Barata), Jean Alisson (Paulinho Macaíba) e Washington; Wanderley e Paulinho Marília (Derley). Técnico: Freitas Nascimento

Santa Cruz 1

Gledson; Gonçalves, Memo (Miller) e Leandro; Rafael Mineiro (Gedeil), Alexandre Oliveira, Garrinchinha, Juninho e Esquerdinha; Thomas Anderson (Gilberto) e Edmundo. Técnico: Fito Neves

Local: estádio Ernani Sátiro, o Amigão (Campina Grande/PB). Árbitro: Carlos Alberto Nogueira (BA). Assistentes: Elias Silva de Almeida (PB) e Griselildo de Souza Dantas (PB). Gol: Wanderley e Fábio Santana (C); Gonçalves (SC). Cartões amarelos: Jean Alisson, Barata, Charles Wagner, Derley e Jadson (C); Gonçalves, Juninho e Leandro (SC). Público e Renda: não divulgados.

Minuto a minuto

1° tempo

5 min - Washington avançou em velocidade, passou por Memo, tentou driblar Leandro e chutou, mas a bola desviou para escanteio.

6 min - Jean cobrou escanteio pela direita na medida para Fábio, que desviou de cabeça. Wanderley se esticou todo, mas perdeu ótima chance.

10 min - Primeira chance do Santa. Alexandre cruzou na área, mas Edmundo cabeceou para fora.

12 min - Após um bate-rebate na área, Rafael Mineiro chutou rasteiro, mas o zagueiro afastou o perigo.

15 min - Por pouco o Campinense não abriu o placar. Após bola levantada da área, Marquinhos Mossoró bateu com consciência, mas a bola desviou para a linha de fundo.

18 min - Washington mandou uma bomba numa cobrança de falta, exigindo uma grande defesa de Glédson.

37 min - Gol do Campinense. Jean foi lançado pela esquerda e cruzou da ponta da área. Livre, Wanderley mandou de cabeça no cantinho de Glédson.

44 min - Alexandre Oliveira fintou um adversário na meia-lua e bateu. A bola passou raspando o travessão.

45 min - Edmundo marcou o gol de empate após uma falha do goleiro, mas o árbitro anulou, alegando que a bola já havia saído no cruzamento. O que não aconteceu.

2° tempo

3 min - Árbitro anula mais gol, dessa vez do Campinense, e finalmente de forma correta.

7 min - Paulinho Marília aproveitou a bobeira de Memo, entrou livre na área, mas chutou por cima.

10 min - Gol do Santa. Juninho cobrou um falta com rapidez e tocou para Rafael Mineiro. O ala cruzou bem para Gonçalves, que cabeceou para decretar o empate.

22 min - Glédson fez uma grande defesa numa cabeçada Paulinho Marília.

27 min - Mais uma vez Glédson apareceu em grande forma, ao conseguiu espalmar um chute à queima roupa de Wanderley.

30 min - Alexandre Oliveira cobrou uma falta no ângulo, mas a bola passou rapando a meta de Pantera, que sequer se mexeu.

39 min - Jadson bateu forte, de longe, mas Glédson defendeu com segurança.

41 min - Após cobrança de falta pela direita, Fábio Santana subiu sozinho e cabeceou para desempatar o jogo.

Atuações

Gledson - Melhor jogador do Santa Cruz. Fez grande defesas e tentou ao máximo garantir o empate. Não teve culpa nos gols. 7,5

Gonçalves - O zagueirão marcou o gol de empate e foi bem nos desarmes. Falhou nas bolas aéreas na zaga coral. 5,0

Memo - No mesmo nível de Gonçalves. 5,0

(Miller) - O meia entrou bem. Disperso na marcação, Miller foi bem na criação de jogadas. 6,0

Leandro - Cedeu bastante espaço para o Campinense, que abusou da jogada aérea, fundamental na derrota tricolor. 4,5

Rafael Mineiro - O ala apoiou bastante pela direita. E foi dos pés dele que saiu o cruzamento para o gol coral. Acabou saindo após se machucar. 6,0

(Gedeil) - Deu mais força ao meio-campo, mas não contribuiu de maneira ofensiva. 5,5

Alexandre Oliveira - O capital coral procurou orientar bastante a zaga e teve uma atuação regular. 6,0

Garrinchinha - Forte, o volante marcou pesado no meio-campo, ganhando a maioria das jogadas, e ainda conseguiu trabalhar jogadas no ataque. 6,0

Juninho - Boa surpresa na partida. O meia de 23 anos,que estava se recuperando de uma lesão, foi o principal criador de jogadas da equipe. 6,5

Esquerdinha - Atuação discreta, ao contrário da finald a Copa Pernambuco, quando foi um dos destaques. 5,0

Thomas Anderson - Não acertou quase nada, e acabou sendo substituído ainda no primeiro tempo. 3,5

(Gilberto) - Entrou melhor que Thomas, se apresentando bem na partida. 5,5

Edmundo - Marcou um gol legítimo, mal anulado pelo juiz, e procurou abrir espaços durante toda a partida. 6,0

Fito Neves - Mudou bem o time no primeiro tempo. Alega ter treinado bastante a bola parada na intertemporada em Caruaru, mas não foi o que pareceu. 5,5

Campinense - O atual campeão paraibano tem um time que mostrou um bom vigor físico. A correria do primeiro tempo permaneceu em boa parte da etapa final. O time criou várias chances de gol e acabou sendo mais eficiente que o Santa na jogada aérea. 6,5

Arbitragem definiu primeiro fracasso

Jogadores e diretoria do Santa Cruz reclamam de gol anulado e perda de pontos

A derrota do Santa Cruz na estréia da Terceirona teve um único foco para os jogadores tricolores. Os corais não economizaram críticas à arbitragem da partida. O gol de Edmundo, mal anulado pelo árbitro Carlos Nogueira, que seguiu a indicação do assistente paraibano Griselildo de Souza, teria sido decisivo para mudar o panorama da partida, segundo os jogadores. "Era um gol para a gente começar o segundo tempo bem. Não existe isso o que ele fez (se referindo ao árbitro). No final, nós bobeamos na bola parada e infelizmente saiu o segundo gol. Vamos erguer a cabeça, porque quarta-feira tem mais", disse o zagueiro Leandro Biton, consciente de que a recuperação precisa acontecer diante do Central, pois na 1ª fase são apenas seis jogos.

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto Oliveira - que assistiu ao jogo no Amigão -, afirmou que irá entrar em contato com a CBF, para evitar que árbitros da sede do mandante - de outros estados - apitem jogos de clubes pernambucanos. "É triste ver a CBF designar bandeiras do mesmo estado para um jogo como esse. Essa economia não existe. Quem não tem dinheiro não pode disputar um campeonato brasileiro", disse Carlos Alberto, que deverá entrar em contato hoje com o diretor-técnico de arbitragem da entidade nacional, Sérgio Corrêa .

Apesar das reclamações, o revés não diminuiu o ânimo do elenco do Santa. Para o capitão Alexandre Oliveira, a equipe tem uma chance de conseguir um bom resultado contra o Central. "Quem acompanha o nosso dia-a-dia sabe que estamos evoluindo. Todos viram isso. É só ter um pouco de cuidado com algumas situações que aconteceram aqui no Amigão, como por exemplo os gols sofridos. Fazendo isso, acho que iremos se recuperar na tabela", comentou o volante. Apontado como um dos melhoes em campo, o goleiro Glédson disse que o Santa perdeu uma enorme chance de pontuar fora na Série C. "Mostrei o meu trabalho, para tentar ajudar o time, mas eu queria era sair com os três pontos hoje (ontem). Mas valeu pela nossa torcida, que veio em peso. Essa massa tem que ir quarta também". O time se reapresentará hoje à tarde, no Arruda.

Ingressos

Devidamente convocada pelos jogadores, a torcida do Santa Cruz só tem até as 14h de hoje para reservar um bilhete da promoção Todos com a Nota para o confronto da próxima quarta-feira, contra o Central, no Arruda. Até o momento já foram trocados 15 mil dos 30 mil bilhetes promocionais. O torcedor pode reservar através do telefone (81) 2121-8181. É necessário informar o número do CBF à atendente. A troca dos bilhetes será amanhã, entre 8h e 13h.

Palavra do professor

"A nossa equipe teve qualidade no jogo, e tivemos momentos de superioridade. Trabalhamos bem as jogadas. O segundo gol deles foi numa falta de atenção nossa. Tinhamos trabalhado esse lance ontem (sábado) por mais de uma hora. Ficamos marcando a bola ao invés do jogador, em uma falta praticamente morta no meio-campo. Enfrentamos um time que já tinha uma base, e só perdemos o jogo porque não tivemos atenção no final. Futebol é assim".

Fito Neves

Árbitro

A atuação do árbitro Carlos Alberto Nogueira (BA) comprometeu diretamente no resultado do jogo. A anulação do gol legítimo marcado por Edmundo aos 45 minutos do primeiro tempo foi inexplicável. Nogueira seguiu a orientação do assistente Griselildo de Souza, da federação paraibana, mas no final da partida não ficou claro se ele marcou impedimento no lance ou se a bola tinha saído antes do cruzamento. E não aconteceu nem um nem outro. Não foi sequer falta no goleiro Pantera, caso uma 3ª justificativa seja criada hoje.

Invasão, festa e confusão

Milhares de torcedores do Santa Cruz viajaram mais de 200 km para apoiar o time em Campina Grande
Jamilton Soares
Diário da Borborema


Parecia um clássico local. A arquibancada geral do estádio Amigão, em Campina Grande, estava dividida de forma quase simétrica. Metade ocupada pela fanática torcida do Campinense. A outra metade, tomada pela fiel torcida do Santa Cruz. A estimativa é de que algo em torno de 40 ônibus e 60 vans, além de incontáveis carros particulares percorreram 217 quilômetros de estrada entre o Recife e a cidade do agreste paraibano. Uma verdadeira invasão. Festa, confusão e - no final - frustração marcaram a passagem dos milhares de tricolores por Campina Grande.

Antes mesmo de começar o jogo, a torcida do Santa Cruz ecoava gritos de incentivo aos atletas, que faziam o trabalho de aquecimento nas dependências do Amigão. Já com a bola rolando, os torcedores do Santa Cruz tentavam competir com os rubro-negros sobre quem chamava mais atenção.

Mas essa "competição" não se resumiu aos gritos de incentivo ao time. O fato negativo foram os incidentes acontecidos antes e durante a partida. Nointervalo do jogo, o contingente policial teve que entrar em ação, evitando um confronto entre os torcedores que estavam na arquibancada geral. Em contrapartida, alguns deles tentaram revidar, atirando alguns celulares em direção aos policiais. Até mesmo um bomba de fabricação caseira explodiu em meio a torcida do Santa Cruz.

Apesar dos problemas, ninguém foi preso, acontecendo apenas algumas detenções - com os capturados sendo liberados após o término da partida. Nesse período, Valmir, torcedor do Santa Cruz, foi atendido em um dos hospitais de Campina Grande. Para a nossa reportagem, Valmir comentou ter sido atingido por gás de pimenta.

Na verdade, a chegada dos pernambucanos ao estádio já foi tumultuada. Por voltas das 14h, houve o primeiro confronto violento entre as duas torcidas, com pedras sendo atiradas de ambos os lados. Após o incidente, o contingente policial, composto por 60 policiais da Cavalari, Choque e Rotan (Rondas Ostensivas Táticas com Apoio Motorizado) chegou ao local.

Mesmo assim, outrosproblemas aconteceram, resultando na detenção de dez torcedores (oito do Santa Cruz e dois do Campinense), que foram liberados ao término do jogo.

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