segunda-feira, 14 de julho de 2008
Santa perde e cai para terceiro
Tricolores jogaram com tamanha apatia que ouviram várias vezes o “olé” gritado pela torcida adversária. Acabou levando três gols
Marcelo Sá Barreto
mhenrique@jc.com.br
MOSSORÓ – Esqueça o dedicado Santa Cruz que venceu o Central, por 3x0, na segunda rodada da Série C do Campeonato Brasileiro, no Arruda. Ontem, diante do veloz Potiguar, no Estádio Leonardo Nogueira (Nogueirão), em Mossoró-RN, os tricolores se apequenaram, quando a torcida esperava assistir ao mesmo esquadrão destemido, em busca de sua volta à Série B. O resultado para tamanha apatia foi a derrota para os donos da casa. Se Juninho e Edmundo, em duas oportunidades claras, isolaram seus arremates, Bigu, Paulo Rangel e Marcelo Dias estufaram as redes para a alegria mossoroense.
Com a segunda derrota na Série C, os tricolores descem para a terceira posição, com três pontos. O líder é o Campinense, com sete. O vice é o Potiguar, com quatro, e o lanterninha, o Central, soma dois. O próximo encontro dos tricolores é no Mundão, novamente contra o time de Mossoró, dia 20.
Na Série C, geralmente é assim: os campos são ruins, duros e com areia para disfarçar as incorreções. Um adversário a mais para os visitantes. E o Santa Cruz sentiu na pele as condições precárias da cancha. O Potiguar, por outro lado, conhecia cada atalho do gramado. Até os 20 minutos, no entanto, o panorama era de igualdade.
O Santa Cruz tinha boa saída com Alexandre Oliveira, mas pouco conseguia criar na intermediária ofensiva. Bem marcado e jogando de costas para o gol, Juninho era facilmente desarmado. Por tabela, isolava os atacantes Edmundo e Patrick.
Após a metade da etapa inicial, a marcação do Santa Cruz se desmontou e o rápido time de Mossoró começou a acreditar no resultado positivo. Sem ter quem segurasse a bola na frente, a zaga coral passou a sofrer com as investidas dos potiguares. O gol era uma questão de tempo. Aos 27 minutos, Bigu tocou para Max e recebeu livre, na frente da meta. Só fez deslocar Gledson, abrindo o placar. O Santa Cruz se descontrolou e passou a receber pressão de toda ordem: cruzamentos na área, jogadas pelas laterais que por muito pouco não se transformaram em gols.
O técnico Fito Neves descartou mudanças no início da etapa final. Trouxe Juninho mais para o meio, para ganhar na saída de bola. O Potiguar, com o zagueiro Ricardo no lugar de Aroldo, se reforçou e passou a marcar o Santa Cruz no seu campo de defesa, aumentando o volume de jogo e sufocando as principais ações dos tricolores.
Sem criatividade, mesmo com a entrada de Rafael Oliveira no lugar de Ribinha, e com os mesmos defeitos da etapa inicial, cedeu espaços ao ponto de o Potiguar alugar o meio-de-campo. Sem posse de bola, os tricolores foram facilmente dominados. Na primeira jogada em velocidade, dentro da área, Esquerdinha derrubou Marcelo Dias. Pênalti cobrado com perfeição, por Paulo Rangel. Logo depois, Éverton lançou Marcelo Dias, no meio da defesa, e ele fuzilou: 3x0.
Atordoado, o Santa Cruz ficou mais exposto e sujeito a novas investidas. A apatia coral era tão nítida, que já aos 22 minutos, ecoavam gritos de “olé” por todo estádio. O Potiguar recuou para definir o confronto nos contra-ataques. Desorganizadamente, o tricolor lutava para diminuir a distância no placar. Perto do fim, as duas equipes pareciam satisfeitas com o resultado, deixando o jogo sonolento e sem competitividade.
Time aposta fichas nos jogos em casa
Faltou o algo a mais aos tricolores, segundo os próprios jogadores, ontem, após a derrota para o Potiguar. Eles destacaram a apatia generalizada diante do time da casa. O técnico Fito Neves, visivelmente chateado, também foi coerente, evitando dar desculpas. Doídos por causa da derrota, elenco e comissão técnica procuraram apostar todas as fichas nas partidas que terão no Arruda, contra o Potiguar e Campinense, nas próximas rodadas.
Com nove pontos, em caso de dois triunfos, os atletas teriam ainda de correr atrás de um empate contra o Central, no último embate da primeira fase, em Caruaru, para seguir na competição.
Para o treinador, as duas chances desperdiçadas por Juninho e Edmundo, no primeiro tempo, também foram determinantes para a derrota. Ele ainda criticou a postura defensiva do seu time. “Às vezes você pede as coisas aos jogadores e eles não fazem”, apontou. “Mas num todo, não dá para enganar, não merecíamos sequer o empate”, afirmou Fito.
O meia Juninho foi explícito. Segundo ele, o time foi disperso e mereceu a derrota. “Fizemos pouco. Vencemos o Central por 3x0 e pensamos que poderíamos vencer fácil, aqui. Não jogamos com a mesma pegada e eles nos venceram”, afirmou.
Desta vez, tricolores foram em paz
Ao contrário das cenas de violência vistas em Campina Grande-PB, quando torcedores da Inferno Coral trocaram socos e pontapés com a polícia, em Mossoró tudo ocorreu com tranqüilidade. Desde as 7h de ontem, policiais fizeram uma barreira na entrada da cidade, abordando ônibus com o intuito de encontrar armas e fogos de artifício. Nada foi encontrado. Além da Inferno, as torcidas Blog do Santinha, Turma da Tesoura e Mulheres que Amam o Santa Cruz Eternamente acompanharam a equipe em mais um jogo da Série C.
“Ficamos felizes por não termos registrado nada demais nas ações, podendo levar segurança às pessoas daqui e aos pernambucanos que queriam assistir à partida”, afirmou o tenente Emerson, da PM potiguar.
Ao todo, dez ônibus vieram de Pernambuco para acompanhar o Santa Cruz. Componente de uma das torcidas organizadas, Ana Maria Tenório é daquelas que se enfeitam da cabeça aos pés de vermelho, preto e branco. Do relógio ao colar. Ela concordou que o clima para o jogo contra o Potiguar estava ameno, diferentemente de quando esteve em Capina Grande. “Aqui tudo foi tranqüilo. Da viagem à vinda para o estádio”, esclareceu.
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