quinta-feira, 17 de julho de 2008

Treinador muda o esquema tático


Após o primeiro treino à frente do comando técnico do Santa Cruz, na manhã de ontem, no Centro de Treinamentos do Intercontinental, Bagé fez duras críticas ao trabalho que vinha sendo desenvolvido até então. Apesar do pouco tempo, informou que precisará promover mudanças drásticas para o confronto do próximo domingo contra o Potiguar de Mossoró-RN, no Arruda, pela quarta rodada do Grupo 5 da primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro, praticamente uma final.

Bagé disparou sobretudo contra o sistema defensivo coral. Diante do representante do Rio Grande do Norte, portanto, vai colocar em campo um time mais seguro em relação ao que perdeu por 3x0 para o próprio Potiguar-RN, domingo passado, no Estádio Nogueirão, em Mossoró. A indicação é pela utilização de três zagueiros ou três volantes. Na última rodada, o time entrou com dois zagueiros, sendo um deles um volante improvisado, e dois cabeças-de-área.

Quem comandou o coletivo ontem foi o preparador físico Charles Muniz. A princípio a formação foi praticamente a mesma que iniciou no Nogueirão: Gledson, Marcos Vinícius, Leandro, Gonçalves e Esquerdinha, Memo, Garrinchinha, Ribinha e Juninho, Patrick e Edmundo. No decorrer da movimentação entraram Wecquisley no lugar de Garrinchinha, Rafael Oliveira na vaga de Ribinha, e Rafael Mineiro substituiu Marcos Vinícius. Alexandre, com uma tendinite, foi poupado do treino.

Atualmente, os corais estão na terceira colocação da chave, com três pontos conquistados em nove disputados. “A primeira impressão do time foi muito ruim. Precisaremos organizar a casa, principalmente na defesa. Uma equipe que quer se classificar não pode se expor desse jeito. Além disso, muitos jogadores estão correndo de forma errada. Com o que vi, precisaria de muito tempo para corrigir. Como não o temos, vamos tentar e pedir uma proteção divina”, disse Bagé.

“Quero quatro contratações”

Contratado na terça-feira para substituir Fito Neves no Santa, Bagé desembarcou com um discurso duro. Chegou por volta das 8h15 de ontem e seguiu para comandar o seu primeiro treino, no CT do Intercontinental, em Paulista. Reuniu-se com o elenco e repassou a linha adotada. “Não gosto de jogador que fica sentindo dorzinha após os jogos”. A afirmação dá a idéia de como Ronaldo Rodrigues Rangel pretende conduzir o grupo.

JC – O senhor conhece bem o atual elenco do Santa Cruz?

BAGÉ – Comandei o Salgueiro durante o Campeonato Pernambucano, razão pela qual conheço muitos desses jogadores que aqui estão. Sei as características dos meninos que vieram do Porto (Stanley, Gonçalves e Juninho) e do Ypiranga (Edmundo, Gedeil e Bruno), por exemplo. Também já me considero um conhecedor do futebol local, porque joguei contra praticamente todos os times no Estadual, como o Sport (somente contra os rubro-negros foram seis encontros) e o Náutico.

JC – Está faltando muita coisa para esse grupo tricolor engrenar na Série C do Campeonato Brasileiro?

BAGÉ – Acho que está faltando um pouco de disciplina no dia-a-dia. Estou aqui para corrigir essas coisas. Não sou tão rigoroso, mas gosto que os atletas joguem por si, pelo clube e também pelo treinador. Não aprecio jogador que fica com dorzinha após os jogos. Vamos trabalhar muito a obediência tática e a preparação ao extremo para as partidas. Futebol não é nada além do que prática e repetição.

JC – Serão necessárias contratações para qualificar o elenco durante a Terceira Divisão?

BAGÉ – Vou cobrar muita disciplina técnica e tática, sem dúvida, mas talvez somente isso não seja suficiente para levar o clube de volta à Série B do Campeonato Brasileiro. Estamos conversando com a diretoria e solicitando a vinda de pelo menos mais quatro novas peças se passarmos de fase. Mas têm de ser melhores do que as atuais. Não adianta trazer gente do mesmo nível do que temos atuando no momento. Não há posições específicas.

JC – Por que motivo o senhor deixou um time praticamente classificado à segunda fase (Icasa-CE, vice-líder do Grupo 6, com sete pontos contabilizados) para um outro que precisa se recuperar?

BAGÉ – Aceitei o desafio de me transferir para Pernambuco porque me identifico com clubes que possuem uma torcida de massa, circunstância que traz uma cobrança enorme, mas também muito carinho quando os resultados são os desejados por todos. Foi assim no Remo-PA, por exemplo. O Santa Cruz é a mesma coisa. Uma instituição que conta com uma torcida maravilhosa. Tem muita tradição e história para estar na Terceira Divisão.

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