segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Santa Cruz frustra torcida coral

Marcos Pastich



Tricolor só não perdeu porque conseguiu um pênalti no final, selando o placar de 2x2
Salgueiro deu muito trabalho ao Mais Querido, que não conseguiu, novamente, ganhar no estádio do Arruda
Léo Lisbôa


Pelo segundo jogo consecutivo, a torcida do Santa Cruz não viu o seu time vencer dentro de casa. Ontem, diante do Salgueiro, o Santinha apenas empatou em 2x2, aumentando para três o número de jogos sem ganhar. Mas o resultado não foi dos piores. O Tricolor do Arruda perdia por 2x1 até aos 40 minutos do segundo tempo, quando o árbitro Cláudio Mercante marcou um pênalti inexistente, que originou o segundo gol tricolor. A chance do Mais querido voltar a ganhar é na próxima quarta-feira, diante do Campinense, em Campina Grande, às 20h30.

Por conta das fortes chuvas, que castigaram o Recife no último final de semana, o gramado do Arruda estava bastante encharcado, atrapalhando o toque de bola das duas equipes, principalmente os que atacavam em direção à rua das Moças. Alguns jogadores tinham até dificuldades em permanecer em pé no gramado. Mesmo com as condições de jogo desfavoráveis, o Salgueiro mostrou o porquê de ter sido o primeiro clube a se classificar para a Segunda Fase. Logo aos sete minutos, o lateral-esquerdo Oziel cobrou falta para grande área, e Alisson desviou de cabeça, obrigando Glédson a realizar uma linda defesa.

A resposta do Santa Cruz veio logo em seguida. Patrick iniciou a jogada tocando para Juninho, o meia encontrou Edmundo, impedido, e o “Animal do Arruda” cruzou para Rafael Mineiro, que livre de marcação abriu o placar. Em vantagem, o Tricolor recuou, cedendo espaços para os visitantes. Atuando com cinco atletas no meio de campo, os sertanejos dominavam o setor não deixando o donos da casa jogar. O Mais Querido quase ampliou aos 37. Juninho cobrou falta para a grande área, o goleiro Bruno falhou, e Edmundo, sozinho, não conseguiu empurrar para as redes. Três minutos depois, o estreante Renato Frota recebeu de calcanhar de Élvis. O volante avançou sem ser incomodado pelos defensores corais e mandou uma bomba, de fora da área, deixando tudo igual no placar.

No intervalo, o técnico Bagé tentou deixar o seu time mais ofensivo, colocando Cléo no lugar de Rafael Oliveira, mas quem marcou primeiro foi o Salgueiro. Logo aos quatro minutos, Oziel cobrou falta, a defesa coral ficou olhando a bola passar, e Rosivaldo, livre, escorou de cabeça, virando o marcador. Os donos da casa foram para cima, tentando o empate de qualquer maneira, mas pecavam na hora de chutar. Durante todo o segundo tempo, a única finalização certa aconteceu nos minutos finais, em cobrança de pênalti.

Quando o jogo se encaminhava para a vitória do Carcará, o árbitro Cláudio Mercante viu um pênalti de Alisson no atacante Edmundo. Após muita reclamação dos atletas sertanejos, o “Animal do Arruda” cobrou a penalidade em grande estilo. Goleiro de um lado, bola do outro. Antes do apito final houve tempo para mais um lance polêmico. Cléo caiu dentro da grande área, mas Mercante nada marcou, mandando o lance seguir.

Santa Cruz
Glédson; Rafael Mineiro, Sandro, Gonçalves e Camilo; Alexandre Oliveira, Gedeíl (Ribinha), Juninho e Rafael Oliveira (Cléo); Patrick (Bruno) e Edmundo
Técnico: Bagé

Salgueiro
Bruno; Rogério, Rodiney, Alisson e Oziel; Mazinho, Wendel, Rosivaldo (Ademir), Renato Frota (Murelândia) e Élvis; Marcelo Fumaça (Zé Paulo)
Técnico: Neco

Local: Arruda
Árbitro: Cláudio Mercante (PE)
Assistentes: Albert Júnior e Alcides Lira
Gols: Rafael Mineiro (aos nove min do 1º tempo), Renato Frota (aos 40 min do 1º tempo), Rosivaldo (aos quatro min do 2º tempo) e Edmundo (aos 42 min do 2º tempo)
Cartões Amarelos: Juninho, Cléo (SC), Alisson, Rodiney, Wendell, Rosivaldo e Élvis (S)
Público: 22.201
Renda: R$: 53.355,00

Árbitro Cláudio Mercante é criticado

Marcos Pastich


Sobraram críticas a Mercante após o final do jogo
Léo Lisbôa,
Brenno Costa e Daniel Leal
Especial para a Folha

Costumam dizer que juiz bom é aquele que não aparece. Ontem, no jogo entre Santa Cruz e Salgueiro, se teve alguém que não passou despercebido dentro do gramado foi o árbitro Cláudio Mercante. Do início ao fim da partida, Mercante foi o principal nome do jogo, mas não por ter feito uma excelente arbitragem, e sim por causa de alguns erros cometidos, dois deles em lances de gol.

No primeiro gol tricolor, Edmundo deu passe para Rafael Mineiro, impedido, abrir o placar. Já no segundo gol coral, no final do jogo, Mercante acabou assinalando um pênalti, no mínimo duvidoso, convertido por Edmundo. “Eu não gosto de criticar a arbitragem, mas cheguei à conclusão de que o Central estava certo em querer árbitro de fora. Ele (Cláudio Mercante) tirou três pênaltis nossos e deu um para o Santa”, afirmou o presidente do Salgueiro, José Guilherme. Ainda bastante chateado, o dirigente foi mais incisivo. “A arbitragem pernambucana está de luto. O que aconteceu, hoje, aqui, não existe. O pior é que a gente não pode sequer falar muito, senão acaba punido”.

Mesmo sendo beneficiado com dois gols decorrentes dos erros do trio de arbitragem, o Santa Cruz também fez críticas a Cláudio Mercante. “Era para ele ter expulsado um jogador do Salgueiro. O número três já tinha cartão amarelo e fez uma falta matando um contra-ataque. Era para ter sido expulso”, reclamou o técnico Ronaldo Bagé. Procurado pela Folha de Pernambuco, Mercante preferiu não se pronunciar a respeito da sua atuação. “Não posso falar agora”. Essas foram as únicas palavras do árbitro, que foi um dos personagens principais (ou o principal) do jogo de ontem.

“Falhamos na postura”, disse Bagé

Marcos pastich


Técnico acredita que o time poderia ter atuado melhor diante do Salgueiro
Para piorar a situação, treinador não poderá contar com Juninho, quarta-feira
Léo Lisbôa

O empate dentro de casa foi bastante lamentado nos vestiários do Santa Cruz. Antes da bola rolar, o pensamento era conquistar os três pontos para ter mais tranqüilidade nos confrontos seguintes, mas, dentro de campo, não foi o que se viu. Campo pesado, muitos erros de passes e dificuldades na marcação foram as principais falhas. Durante boa parte da partida, os jogadores do time visitante tiveram facilidades para jogar, pois não eram marcados de longe.

“O grupo é bom, tem qualidade, eles estão crescendo, mas poderia ter tirado mais deles. Falhamos na postura, e o campo pesado também atrapalhou. No primeiro tempo, os laterais e volantes deles saíam para o jogo. No intervalo, ajustamos isso e melhorou”, afirmou Bagé. Mas mesmo com os dois pontos perdidos, o treinador tricolor não desanimou. “Série C é assim mesmo. Não podemos desanimar. Do mesmo jeito que eles empataram aqui, nós podemos ir lá e roubar pontos também”, disse.

Ao final do jogo, inconformados com o resultado, alguns torcedores vaiaram o time, falando principalmente das alterações de Bagé no decorrer do confronto. “Os jogadores têm emocional. Se a torcida aplaude, o rendimento melhora. Mas quando vaiam, eles sentem. Nós precisamos de apoio”, afirmou Bagé. Quando questionado sobre as críticas da torcida a seu respeito, o treinador mostrou não estar muito preocupado. “Chamar de burro é normal no futebol”.

Para a próxima partida, Bagé não deverá contar com o meia Juninho, que sentiu uma contusão muscular na coxa direita. O jogador disse que jogou mais de 30 minutos com lesão muscular e é dúvida para a partida de quarta-feira. O provável substituto é Vágner Rosa. O volante, ex-Porto, apresentou-se no Arruda, na última quarta-feira, e já está regularizado.

Para os salgueirenses, placar teve gosto amargo

Daniel Leal
Especial para a Folha


Muita indignação com a arbitragem e a sensação de que poderiam ter saído com a vitória. Esses foram os sentimentos da comissão técnica, diretoria e dos jogadores do Salgueiro, após o time ter sofrido o gol de Edmundo, aos 42 minutos da etapa final, depois de um polêmico pênalti, assinalado pelo árbitro Cláudio Mercante.

O presidente do clube, João Guilherme, era o mais indignado com a atuação de Mercante. “Hoje, a atuação dele foi lamentável”, disparou. “Tudo é mais difícil no interior. Estamos em dia, mas o que aconteceu, hoje, desestimula até os atletas”, conclui João Guilherme, que quer, no mínimo, fazer com que o Salgueiro permaneça na Série C, em 2009. Já o meio-campista Rosivaldo, autor do segundo gol do Carcará, preferiu adotar um discurso mais tranqüilo. “O Cláudio se precipitou. Ele é de boa índole”, amenizou.

Quem estreou bem foi o meia Renato Frota, autor do primeiro gol do Salgueiro. O jogador, que se movimentou bastante durante o jogo, não ficou satisfeito com o resultado. “Merecíamos ganhar. Estivemos mais perto da vitória do que eles”, lamentou.

Mas teve também quem nem tocasse no nome de Cláudio Mercante, usando uma simples justificativa: “Não comento arbitragem”, afirmou o técnico do Salgueiro, Neco, logo após o jogo. Porém, ao contrário da maioria, que lamentava o empate, Neco preferiu comemorar. “Pelo que criamos e pelas circunstâncias do jogo, estamos levando um ponto para casa, e isso é o mais importante”, alegou. O próximo jogo do Salgueiro é quarta-feira, às 20h30, contra o Icasa/CE, no estádio Cornélio de Barros, em Salgueiro.

Sertanejos marcaram presença

Brenno Costa

Especial para a Folha


Pequena, mas otimista. Foi dessa maneira que a torcida do Salgueiro - pouco mais de dez pessoas - marcou presença no Arruda. O clima na arquibancada era típico de interior. A maioria dos torcedores se conhecia, já que o mesmo grupo costuma acompanhar as partidas do time do Sertão pernambucano.

O policial militar José Fábio Barros Vieira, 33, e o estudante de Direito Heyder Solano de Goes, 24, viajaram cerca de seis horas para acompanhar o time de coração. “Vou para a maioria dos jogos do Salgueiro, tanto em casa como fora”, conta José Fábio. “Quando o Carcará joga na Capital, sou presença certa”, afirma Heyder, que mora no Recife, mas é natural de Salgueiro.

No início da partida, o otimismo tomava conta da pequena torcida. Nem mesmo o primeiro gol do Mais Querido abalou a confiança. “Dá para virar”, comentou José Fábio. A reação prevista pelo policial militar se concretizou e, com muita vibração, a torcida comemorou os dois gols do Salgueiro.

Quando a partida se encaminhava para uma vitória do Carcará, o juiz Cláudio Mercante marcou um pênalti para o Santa Cruz, que foi convertido por Edmundo. Os sertanejos ficaram decepcionados com o placar final. “O Salgueiro veio para ganhar, mas o juiz deu o jogo para o Santa”, comentou José Fábio.

Nenhum comentário: