terça-feira, 7 de outubro de 2008

O outro lado da despedida


Por Paulo Monte*

Hoje, sem festa, eu comemoro o dia que esperei durante meses. Afinal, mais do que um dia comum, hoje é um dia de despedida.

E, quase sempre, as despedidas têm um lado triste. Triste porque deixam saudades. Saudades do tempo em que éramos vencedores.

Hoje, paradoxalmente, ocorre a abolição de um Clube denominado de Repúblicas Independentes.

Alguém se achou capaz de, sozinho, se apoderar e permanecer no poder, graças às falhas de um estatuto antigo, de um clube quase secular. E a conseqüência foi a pior gestão da história de um presidente de um clube de futebol do Brasil.

Ninguém conseguiu superar tantas marcas em dois anos de “administração”: dois rebaixamentos seguidos; sexto e sétimo lugar no campeonato pernambucano; ter metade do estádio interditado ... e, ainda, ter confessado o depósito na conta de um “suposto agenciador” para manipular favoravelmente as arbitragens.

Infelizmente, a política, ainda arraigada no clube, impediu de expulsar este cidadão de uma vez por todas do clube, e ainda lhe premiou com uma cadeira no Conselho Deliberativo.

A torcida do Corinthians já conseguiu expulsar os irresponsáveis. As do Vasco, do Atlético Mineiro e do meu Santa Cruz ainda estão em processo.

Mas, talvez, não seja necessário. Seria, apenas, uma forma de expressar nossa raiva. A raiva não traz de volta o que perdemos.

Nós que fomos chamados de aproveitadores. Nós que fomos enganados com promessas nunca cumpridas. Nós que fomos excluídos de toda sua gestão... Nós que devemos ter mais cuidado do que é nosso!

Hoje, nos conforta apenas, em uníssono, transmitir uma mensagem ao maior perdedor da história do futebol brasileiro. Em homenagem a sua própria alcunha diminutiva, despedimo-nos: Até nuca mais, presidente(z)dinho!

Amanhã, eu espero voltar a ter um clube que me faça feliz. Afinal, eu sei que o outro lado da despedida é a felicidade de que o passado ficou pra trás ... e que nos resta todo um futuro pela frente.

Que se instaure, verdadeiramente, as Repúblicas Independentes do Arruda. Pois, um clube com um passado de glória como o nosso, não pode viver um presente que degrade sua própria história.

Paulo Monte é professor e tricolor*

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