quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Torcida acolhe o futuro presidente

Jedson Nobre



Fernando Bezerra Coelho recebeu o carinho dos tricolores ontem à tarde, no Arruda
Marco Maciel, que depositou voto simbólico, ao lado de Fernando e Bartolomeu Bueno
GUSTAVO LUCCHESI


Ontem, no último ensaio para a próxima terça-feira, dia marcado para a posse do novo presidente do Santa Cruz, as Repúblicas Independentes do Arruda já acolhiam, de braços abertos, o seu futuro comandante, o atual secretário de Estado, Fernando Bezerra Coelho. Bastante concorrida, a cerimônia para empossar o novo presidente do Conselho Deliberativo, o vice-presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Bartolomeu Bueno, foi rápida. Com o auditório do Mais Querido abarrotado por dezenas de torcedores e vários ex-dirigentes do clube, o atual mandatário coral, Édson Nogueira, o Edinho - bastante vaiado por alguns torcedores toda vez que ia falar ou até mesmo quando era apenas citados pelos membros da mesa -, deu abertura à solenidade, convocando o senador Marco Maciel (DEM) para representar toda a nação tricolor e depositar o único voto simbólico na urna, empossando Bueno no seu novo cargo.

No seu discurso, Bartolomeu exaltou bastante toda a corrente criada para tirar o Mais Querido da atual situação em que se encontra e, como todo torcedor coral, já começou a enxergar futuras comemorações de títulos. “O dia de hoje (ontem) representa uma nova Era que surge no Santa Cruz. A partir de agora, uma palavra vai caracterizar a nossa gestão: perseverança. Quero ver o Arruda lotado novamente e a torcida gritando é campeão!”, declarou o novo homem-forte do Deliberativo.

Apesar de só tomar posse do seu novo cargo no dia 7 de outubro, Bezerra Coelho já falou como presidente da Cobra Coral. “Estou ciente da responsabilidade que assumi, hoje (ontem) de maneira oficial, e vou me esforçar ao máximo para não decepcionar toda essa torcida”.

Com status de novo popstar do Arruda, o futuro mandatário do Terror do Nordeste deu até autógrafos para alguns torcedores e teve a maior paciência para atender a todos os pedidos dos tricolores que queriam tirar foto com ele. “Já vivi muitas emoções na minha vida política, mas essa é bem diferente e única. Porém, sei que o torcedor cobra muito mais que o eleitor e quero começar a trabalhar o mais rápido possível”, disse Bezerra Coelho, ainda informando que o diretor de futebol da sua gestão só será anunciado no final de outubro ou início de novembro.

Sobre os resultados da viagem da comitiva coral ao Rio Grande do Sul e a São Paulo, o novo comandante do Mais Querido se mostrou animado e anunciou novidades. “Aprendemos muito com a forma de trabalho do Internacional, que arrecada R$ 2 milhões por mês, só com os sócios. Com isso, darei início à contagem de todos os torcedores tricolores do Estado, lançando o Censo Tricolor no dia da minha posse. Já em São Paulo, a reunião com a Deloitte foi excelente, queremos pesquisar um pouco mais o mercado e vamos nos reunir com outra empresa, a Ernest Young, para aí sim decidirmos quem irá administrar o fundo de investimento da Santa Cruz S/A”, finalizou.

Dos aplausos às vaias no curto espaço de dois anos

Gustavo Bettini/Arquivo Folha
Edinho é levado nos braços dos tricolores, em 2006

Mesmo com tanta comoção e devoção dos tricolores em cima do nome de Fernando Bezerra Coelho, era praticamente impossível, pelo menos para os torcedores menos eufóricos, não sentir a sensação de estar assistindo a um filme repetido, bastando olhar para, o ainda presidente, Édson Nogueira, para esse sentimento chegar ao dia 8 de dezembro de 2006. Nesta data, num misto de tristeza e esperança, assim como nos dias atuais, os tricolores foram as urnas e cravaram um dos momentos mais históricos nas páginas do Mais Querido, ao eleger, pela primeira vez nos 94 anos de existência do clube, o primeiro candidato da oposição, com Edinho derrotando Alberto Lisboa, apoiado pelo então presidente, Romerito Jatobá.

Após deixar as Repúblicas Independentes do Arruda carregado nos braços da nação tricolor nesse dia e sendo anunciado como novo herói do Tricolor, Édson Nogueira conheceu, ontem, o outro lado da moeda. Mesmo com dois rebaixamentos nacionais nas costas e campanhas vexatórias na Copa do Brasil e no Estadual, Edinho preferiu encarar a revolta dos torcedores tricolores e fez questão de comparecer normalmente à cerimônia de posse do novo presidente do Conselho Deliberativo, Bartolomeu Bueno. Tentando dar abertura à solenidade, Edinho, bem diferente do que aconteceu naquele 8 de dezembro de 2006, sofreu com as vaias puxadas por alguns torcedores de uma torcida organizada do Mais Querido e engrossada cada vez mais forte por outros tricolores presentes ao auditório do clube, com a imprensa tendo dificuldade para escutá-lo em diversas situações. Nem mesmo quando era apenas citado por algum membro da mesa, Edinho era poupado.

Preparando-se para entregar o bastão para Bezerra Coelho, Edinho não se mostrou abatido em momento algum com as vaias e, até mesmo, com os xingamentos vindo de alguns torcedores, conseguindo driblar os insatisfeitos e dar prosseguimento à cerimônia. “Não posso dizer que achei bom, mas também não há nada de anormal nisso. Deixo o clube pela porta da frente e com a sensação de que me esforcei ao máximo para ajudar o Santa Cruz. Sempre agi pensando no melhor, mas, às vezes, as coisas não dão certo. Desejo toda a sorte ao Fernando (Bezerra Coelho) e quero que o filme dele tenha um final diferente do meu, pois antes de tudo, sou torcedor do Santa Cruz”, declarou Edinho, que deve deixar a sala da presidência este fim de semana, já que o secretário de Desenvolvimento do Estado toma posse na próxima terça-feira.

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