quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Capixaba confessa ter sido “gato”

Robson Fernandes/AE



Folha de Pernambuco denunciou o caso em maio, e ontem o atacante assumiu o ato
Atualmente no Palmeiras, jogador confirmou que usou a identidade do irmão

SÃO PAULO (Folha de Pernambuco com AE) - Pouco mais de três meses depois de ter sido denunciado pela reportagem da Folha de Pernambuco como mais um “gato” do futebol brasileiro, o jogador Thiago Capixaba, que na época tinha deixado o Santa Cruz recentemente, finalmente confessou ter alterado sua identidade. Ontem, em entrevista à “Agência Estado”, o atacante, atualmente no Palmeiras e usando a alcunha de Thiago Cunha, revelou o segredo que carregava há anos e só foi desvendado pela Folha na edição do dia 27 de maio deste ano.

Thiago dos Santos Cunha tem 23 anos, mas em 2006 dizia ter 19 e se apresentava como Fábio. Estava desesperado, sem clube, e caiu no conto de um empresário, que prometeu botá-lo no Guarani contanto que reduzisse a idade em dois anos para jogar a Copa São Paulo de Juniores e ganhar um bom contrato.

Thiago topou. E virou mais um dos muitos “gatos” do futebol brasileiro. “Foi a maior burrada da minha vida”, admite hoje o jogador, recém-chegado ao Palmeiras. “Acreditei na palavra de um cara que só me atrapalhou. Não cumpriu nada do prometido e ainda me deixou com essa mancha no currículo”.

Foram tempos difíceis. “Fiquei seis meses no Guarani e saí. Estava deprimido. Passei quase um ano parado. Larguei tudo”. Thiago temia que a história viesse à tona. Jogava inseguro. “Usava a certidão de nascimento do meu irmão, Fábio. É claro que eu não queria isso para mim. E o pior é que nem precisava ter feito essa burrada. Com a idade que eu tinha, dava para ter jogado a Copa São Paulo. Só fiz isso porque o cara lá me disse que, com dois anos a menos, minha chance era maior”.

O “cara lá” é um empresário que Thiago se recusa a dizer quem é. “Não vale a pena falar. Ele pode ir atrás do meu pai para encher o saco de novo”. A história do “gato” foi revelada em maio, quando Thiago já tinha deixado de ser Fábio. “Voltei com meus documentos originais, joguei no Araçatuba, no Queimadense da Paraíba e aí cheguei ao Santa Cruz. Fiz oito gols em seis jogos. Mas aí me desentendi lá com o presidente. Ele dizia que ia vazar minha história para a imprensa. Foi quando a Folha de Pernambuco veio com a matéria.”

Em detalhes, a reportagem contava como Thiago já tinha sido Fábio. “Saí do Santa Cruz e coloquei o clube na Justiça. Não pagaram o que me prometeram. Rebateram com outra ação, alegando que abandonei o emprego”.

Já foram quatro audiências na Justiça do Trabalho de Pernambuco desde então. “Tenho uma liminar que me dá a liberdade de trabalhar aqui no Palmeiras.” Ele se sente respaldado. “Meus direitos foram comprados pela Traffic”.

Na CBF, porém, Thiago aparece como jogador do Iraty (PR) emprestado ao Palmeiras. Canhoto e veloz, ele já foi usado por Vanderlei Luxemburgo (outro “ex-gato”) no jogo contra o Internacional.

A história do “gato” é passado. O departamento jurídico do Palmeiras garante que o caso já prescreveu e não cabe punição. Para Thiago, ficou só a fama, que virou motivo de gozação. “Quando me vê, o (goleiro) Marcos começa a fazer ‘miau, miau’”.

Todo o esforço investigativo recompensado por um furo

GUSTAVO LUCCHESI

Apesar de uma meteórica passagem pelo Santa Cruz, onde ficou menos de um mês e meio, o atacante Thiago dos Santos Cunha, ou Thiago Capixaba, como se apresentou em Pernambuco, nunca imaginaria que dois anos depois de se livrar da falsa identidade de Fábio dos Santos Cunha, utilizada no Guarani, em 2006, enfrentaria problemas por ter resolvido se transformar em Fabinho dos Santos, como era chamado na imprensa campineira. Tendo como base pistas deixadas numa comunidade do Santa Cruz no Orkut - site de relacionamento da internet -, a equipe de reportagem da Folha de Pernambuco mergulhou a fundo no assunto para conseguir reconstituir os passos da carreira do atleta.

O primeiro ponto a chamar a atenção foi quando a ficha do jogador, puxada no site da CBF, não informava nenhuma passagem dele pelo Guarani/SP, tampouco o site da equipe campineira registrava a passagem de um Thiago Capixaba, ao contrário do histórico declarado pelo jogador no dia da sua apresentação no Arruda, quando afirmou ter jogado no Bugre.

Em seguida, ao checar os registros de saída e entrada de atletas do Brasil, outro fato determinante foi constatado: um documento informava o retorno de Thiago do Spartacus/ HUN, porém, não foi encontrado nenhum registro de saída do País. Além disso, o tal Fabinho “morreu” para o futebol no dia 27 de outubro de 2006, na sua última partida com a camisa do Guarani, não havendo mais notícias dele em nenhum outro clube. A partir daí, curiosamente, em abril de 2007, Thiago dos Santos Cunha “nascia” para o futebol.

Com todos os celulares do atleta incomunicáveis, a reportagem da Folha entrou em contato com um ex-empresário dele, um ex-lateral do Sport na década de 1990, atualmente morando no Espírito Santo, que teria sido o responsável em levá-lo ao Guarani. Ao ser questionado se tinha alguma informação sobre o paradeiro de Fabinho, o ex-jogador leonino afirmou: “Pelo que eu sei, ele está no Santa Cruz”. Ao ser informado pela reportagem que era Thiago quem estava no Tricolor, ele desconversou e desligou o telefone.

Com todas as evidências e mais fotos publicadas no “Correio Popular”, de Campinas, e na própria Folha, no dia da sua apresentação no Tricolor, a matéria “Thiago Capixaba ou Fabinho Santos?” foi publicada, com exclusividade, no caderno de Esportes no dia 27 de maio deste ano.

Santa Cruz pode ser rebaixado hoje à noite

GUSTAVO LUCCHESI

Mesmo com o Santa Cruz só entrando em campo no sábado, contra o Salgueiro, fora de casa, na sua despedida do Campeonato Brasileiro da Série C 2008, os torcedores tricolores podem se preparar para sofrer com fortes emoções já hoje à noite. Agonizando na UTI, rumo à Série D, o Mais Querido pode ter os seus aparelhos desligados logo mais, caso o Caxias/RS, atuando em casa, vença o clássico gaúcho diante do Brasil/RS, no estádio Centenário de Caxias. A partida está marcada para começar às 19h30.

E se depender do retrospecto das duas equipes nesta Terceirona, o fim do calvário coral será decretado nesta noite, com o ponto final da página mais triste dos 94 anos da Cobra Coral. É que nesta Série C, os times de Caxias do Sul e Pelotas já se enfrentaram três vezes, com duas vitórias para o Brasil e apenas uma para o Caxias.

Porém, nenhum dos dois times conseguiu derrotar o outro fora de casa, isto é, caso seja mantida a escrita, o Pingüim repetirá a sua única vitória diante dos seus rivais, com este trunfo tendo acontecido ainda na primeira fase da competição, quando os donos da casa golearam o Brasil por 3x0. Já nos outros dois jogos, placares apertados em favor da equipe de Pelotas, com duas vitórias por 1x0 e 2x1, respectivamente, no Bento de Freitas.

Entretanto, caso sirva de consolo e esperança para os tricolores, o Caxias perdeu seus últimos três jogos, justamente o inverso do Brasil, que conquistou três vitórias nas últimas três rodadas. Caso o confronto de logo mais termine empatado ou com vitória dos visitantes, o Santa Cruz joga sua sorte na rodada de sábado, tendo que golear o Salgueiro e torcer por uma combinação milagrosa de resultados para não ser rebaixado para a Série D.

Muitas conversas para formar as chapas


Gustavo Lucchesi

Um dia antes da tão esperada reunião do Conselho Deliberativo do Santa Cruz, onde será definida a data da eleição coral, os postulantes à vaga que será deixada por Édson Nogueira travam uma batalha para conseguir formar suas chapas. A Aliança Coral tenta um acordo com a Reconstrução, do advogado Felipe Rêgo, que se sentiu excluído e havia declarado que lançaria uma chapa própria para concorrer no pleito eleitoral. Um encontro está marcado para sábado.

Já o outro grupo da oposição, formado por Ricardo de Paula e Romerito Jatobá, tem almoço marcado para hoje, onde deverá ser definido os nomes que formarão o bloco. O empresário Rui Monteiro, 27, surgiu como novo pretendente ao cargo de presidente.

Por falta de pagamento, com a dívida girando em torno de R$ 16 mil, a empresa que fornecia o gerador de energia ao Santa Cruz levou uma peça do equipamento e deixou o Arruda às escuras. Apesar disso, a diretoria garante que o problema será resolvido hoje.

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