sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A candidatura Fernando Bezerra Coelho


Por Márcio Markman*

Desde que surgiu a notícia de que Fernando Bezerra Coelho seria o candidato de consenso à Presidência do Santa Cruz, vários amigos da imprensa esportiva me ligaram. O sempre antenado titular deste blog foi um deles.

Como fiz parte da equipe de Bezerra Coelho na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, por mais de um ano, os colegas queriam saber o que eu achava do fato novo no processo eleitoral do Arruda.

Quando vi a notícia, ainda pela manhã, liguei para o secretário. Ele me garantiu que havia gente colocando a carroça na frente dos bois e que ele só será candidato se contar com o aval do governador Eduardo Campos.

FBC me lembrou que nunca teve ligação com o futebol e me perguntou o que eu achava daquilo tudo. “O senhor vai precisar de tempo”, respondi. E isso é justamente o que falta ao secretário todos os dias. Com a agenda cheia por causa do trabalho na Secretaria e na Presidência do Complexo de Suape, ele já precisaria que o dia tivesse mais que 24 horas. Imagine como será se estiver à frente do Santa Cruz.

Fernando Bezerra Coelho é um dos homens mais inteligentes, trabalhadores e habilidosos que eu já conheci. É o que chamamos de um sujeito preparado. Tem todas as condições de assumir o Santa Cruz e transformá-lo em uma potência. É pragmático, sabe trabalhar em grupo, delegar poderes e cobrar resultados. Ou seja, tem um perfil completamente diferente dos dirigentes centralizadores e desvairados que passaram pelo Arruda nos últimos anos.

Só enxergo um grande risco na candidatura de FBC. Sem tempo para se dedicar integralmente ao clube e sem um grande número de colaboradores de confiança, o que teve na Prefeitura de Petrolina e tem na atual gestão no Estado, a quem o futuro presidente delegaria poderes?

Aí basta lembrar o que aconteceu na gestão do deputado federal José Mendonça à frente do Santa Cruz, da qual passei um período como assessor de imprensa. Com o seu prestígio, Mendonça captou uma fortuna para o clube. Mas a (má) gestão do futebol, entregue aos dirigentes de sempre, não conseguiu traduzir os recursos em bom desempenho. E o final todo mundo sabe qual foi.

Também vejo outro ponto a ser analisado na postulação de Fernando Bezerra Coelho. Como tratá-la como candidatura de consenso? Aliás, como tratar qualquer candidatura como de consenso no Santa Cruz? Quem será capaz de juntar Romerito e Fred Arruda, Edinho e Fernando Veloso, José Neves e Rodolfo Aguiar?

Tenho uma posição diferente do discurso fácil que grande parte da imprensa pernambucana tem adotado. Não acho que o momento do Santa Cruz é de consenso. Muito pelo contrário. É hora de se opor idéias e projetos e, a partir daí, se tirar o direcionamento sobre o que deve ser posto em prática nos próximos anos.

Os últimos gestores que passaram pelo clube devem abrir espaço para uma renovação. Se realmente são tricolores de coração, devem dar todas as condições necessárias para um novo grupo assumir o comando do clube. Já passaram por lá e, se ganharam títulos ou não, todos eles colaboraram com a bancarrota que vimos hoje.

Se quiserem, já que são tricolores acima de tudo, podem colaborar de inúmeras formas, como todo torcedor do Santa Cruz deve fazer. Não na liderança do processo.

Os próximos dias vão mostrar se a candidatura de Fernando Bezerra Coelho é mesmo para valer. Se for, é torcer para que ele tenha tempo e equipe para fazer pelo Tricolor, o mesmo trabalho irreparável que tem feito por Pernambuco.

* Márcio Markman é correspondente do UOL Esporte em Pernambuco e é ex-coordenador de comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.

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