terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Santa apaga 95 velinhas com a esperança acesa


Tricolor já se prepara para o seu centenário e projeta volta à Série A para as próximas quatro temporadas

Os 95 anos de fundação do Santa Cruz Futebol Clube, comemorados hoje com uma série de eventos durante o dia, marcam também o início de duas contagens regressivas importantes para qualquer torcedor tricolor. Faltam cinco anos para o centenário da instituição. E o aniversário também soa cheio de simbolismo para quem pretende retornar à Série A do Campeonato Brasileiro dentro de quatro temporadas e, quem sabe, alcançar a “maioridade” em 2014 na elite do futebol brasileiro, junto novamente aos maiores clubes do Brasil.

As comemorações terão início já pela manhã. A partir das 9h, será celebrada uma missa na Igreja da Santa Cruz, no Bairro da Boa Vista, área central do Recife. Foi próximo à igreja que um grupo de meninos, no início da noite do dia 3 de fevereiro de 1914, fundou o clube com o nome de Santa Cruz Foot-Ball Club. As cores originais eram preta e branca. A vermelha foi acrescentada ao uniforme posteriormente por conta de choque com as cores do extinto Sport Club Flamengo, primeiro campeão pernambucano, em 1915.

A partir das 12h, está programada uma queima de fogos na sede, no Bairro de Beberibe, Zona Norte do Recife. Os eventos seguem a partir das 19h, também na sede tricolor, com direito a entrega e execução do frevo de rua Vulcão tricolor, composto pelo Maestro Forró e executado pela Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (programação completa no quadro abaixo).

FORNECEDOR

Durante as festividades pelos 95 anos do clube, o presidente executivo tricolor, Fernando Bezerra Coelho, pretende anunciar oficialmente o contrato com o novo fornecedor de material esportivo das equipes do Santa Cruz. O nome divulgado será provavelmente o da Penalty. A empresa também mantem parcerias com a Portuguesa de Desportos, o Criciúma, o Juventude, o Paraná e o Vila Nova-GO.

Time passa bem por “armadilha”

As previsões do técnico Márcio Bittencourt para o início do Campeonato Pernambucano eram de dificuldade. Contra o Santa Cruz também pesava a tabela. As reformas estruturais no Estádio do Arruda, sobretudo a troca do gramado promovida pela diretoria, forçaram o time a disputar cinco das sete primeiras rodadas do primeiro turno na condição de visitante. Só que nada atrapalhou a trajetória dos corais, que atravessaram o momento complicado com um rendimento acima das expectativas internas.

Até aqui, o Santa conquistou cinco vitórias, um empate e perdeu uma vez. É o único ainda em condições de desbancar o Sport na disputa do título do primeiro turno. Está na vice-liderança, com 16 pontos, cinco atrás dos rubro-negros. Colocou três de vantagem sobre o Náutico, o outro time da competição que integra a Série A do Campeonato Brasileiro.

Além disso, não dá indícios de que vá correr qualquer risco de ficar fora da primeira edição da Série D nacional. Os dois concorrentes mais próximos estão três e seis pontos atrás. São Porto e Cabense, respectivamente. Pernambuco terá dois participantes entre os 40 integrantes da divisão recém-criada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A quatro rodadas para o término do turno, os corais farão três jogos em casa. Amanhã, pegam o Serrano. Domingo, será a vez de enfrentar o Sport. Na quarta-feira da semana que vem, o adversário será o Petrolina, provavelmente no Estádio Cornélio de Barros, em Salgueiro. Dia 14, um sábado, fecha a etapa novamente em casa, contra a Acadêmica Vitória.

Emendadas às sete primeiras rodadas do segundo, o time comandado por Márcio Bittencourt vai atuar no José do Rego Maciel em oito das próximas 11 partidas do Campeonato Pernambucano. “A tabela foi muito boa no começo para o Sport e ruim para a gente. Agora, vamos ter a possibilidade de fazer mais jogos em casa. A situação de mandantes e visitantes vai se inverter para todas as equipes”, analisou o zagueiro e capitão tricolor, Sandro.

Para enfrentar o Serrano, a partir das 19h de amanhã, o treinador não contará com o volante Bilica, expulso no Clássico das Emoções, domingo passado, nos Aflitos. O também volante Elder segue em tratamento no joelho direito.

Vai, meu Santinha!

Samarone Lima

Era um dia de sol forte no Recife, naquele três de fevereiro de 1914. O mormaço de esperanças enchia o Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista. A gente mais simples, os descamisados, os humildes, ainda não tinham onde escorar a paixão, o amor futebolístico. Faltava algo na cidade. O pernambucano ainda tinha uma lacuna na alma.

Os demais clubes existiam somente para completar a paisagem. Após debates acalorados, surgiu o nome: Santa Cruz Futebol Clube. Depois de consultar o inventário das cores do universo, venceu a soma das três cores: preto, branco e vermelho.

Não sei quem estava lá. Não sei o nome desses santos homens, que serão louvados durante todo o dia, nas muitas cerimônias por todo o Estado.

Hoje deveria ser feriado oficial em Pernambuco. Motivo: aniversário do Mais Querido, o Santinha. Como não se lembraram do decreto, daremos o feriado íntimo, faremos a festa no coração.

Celebraremos com camisas, bandeiras, com o sorriso do renascimento, depois de amargos tempos. Nos últimos anos, atravessamos nosso deserto. Fomos de derrota em derrota até o subsolo. Neste período de vacas magras, cada tricolor calçou uma chuteira da esperança. Em nenhum instante desistimos. Aos poucos, levantamos do chão. Em todo o País, repetem que somos a torcida mais apaixonada do Brasil.

Ah, meus amigos, dizem que estamos completando 95 anos, mas o Santa Cruz existe antes da bola. Seus fundadores não imaginariam estar criando o clube das multidões, das massas. O clube dos poetas, do populacho. Capiba e Nelson Ferreira celebram no céu, nós celebramos aqui na terra.

Repito o que escuto emocionado nas arquibancadas, a cada jogo: “Vai, meu Santinha!”

Para Chico Science, grande tricolor.

» Samarone Lima é jornalista e cronista do Blog do Santinha (www.blogdosantinha.com)

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