terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Santa Cruz: 95 anos nos braços do povo


Wladmir Paulino Do JC OnLine

Quintino Miranda Paes Barreto, José Luiz Vieira, José Glicéro Bonfim, Abelardo Costa, Augusto Franklin Ramos, Orlando Elias dos Santos, Alexandre Carvalho, Osvaldo dos Santos Ramos, Luiz Gonzaga Barabalho Uchoa e Augusto Câmara. Essa relação não consta em nenhuma ficha técnica de jogo de futebol, mas sim na ata de fundação do Santa Cruz Futebol Clube, datada de 3 de fevereiro de 1914.

Aqueles jovens senhores mal sabiam que naquele dia, na Rua da Mangueira, dariam ao mundo uma das maiores paixões do povo pernambucano. As primeiras reuniões para formar a nova agremiação começaram em frente à Igreja de Santa Cruz, daí o nome do clube. Hoje, 95 anos depois, o Santa batalha para retornar seu caminho de vitórias. Mas as glórias acumuladas nesse quase um século não merecem comemoração menos entusiasmada.

A curiosidade é que, ao nascer, o novo clube de futebol pernambucano nasceu sob as cores preta e branca. Mais tarde acrescentou o vermelho para diferenciá-lo do Flamengo, o primeiro campeão do Estado. O primeiro jogo do "time dos meninos" como era conhecido foi memorável. Diante do Rio Negro, o futuro tricolor atropelou por 7x0.

A escalação foi a seguinte: Waldemar Monteiro; Abelardo Costa e Humberto Barreto; Raimundo Diniz, Osvaldo Ramos e José Bonfim; Quintino Miranda, Sílvio Machado, José Vieira, Augusto Ramos e Osvaldo Ferreira. A partida foi disputada na campina do Derby.

O Rio Negro, então, pediu revanhce, mas a condição era de que o Santa não escalasse o atacante Sílvio Machado, artilheiro na primeira partida com cinco gols. Pedido atendido, Carlindo foi escolhido como substituto. Foi melhor que a encomenda. Carlindo fez seis dos nove tentos do Santa. O Rio Negro, outra vez, não marcou nenhum.

Em 1917, o Santa entrou para a Liga Pernambucana e ganhou o direito de disputar o campeonato estadual. Porém, o primeiro feito do clube-prodígio aconteceu em 1919, quando tornou-se o primeiro time do Nordeste a derrotar uma equipe carioca. A vítima da proeza foi o Botafogo, que caiu por 3x2.

As glórias e os dissabores

Do JC OnLine

Coincidência ou não, nos anos 1970, o Santa era comandado por um colegiado. Os mesmos dirigentes revezavam-se nos poderes executivo, deliberativo e na comissão patrimonial. Essa sequência foi quebrada no meio dos anos 1980, quando o advogado José Neves Filho foi eleito presidente.

No primeiro momento, a sina de vencedor não abandonou o clube. O tricolor sagrou-se bicampeão estadual, tendo conquistado os títulos em plena Ilha do Retiro, o que fez o então presidente apelidar o estádio rubro-negro de "Casa dos Festejos".

Mas, à medida que os anos passaram, o Santa passou a disputar menos títulos. Em 1988, voltou à segunda divisão e os estaduais de 1990, 1993 e 1995 foram apenas alentos. A esperança voltou a sorrir em 1999, quando o clube voltou à elite do futebol brasileiro com um time repleto de jogadores das divisões de base. Em 2001, nova queda, aliada a quatro derrotas seguidas em finais de Estaduais.

O jejum completaria dez anos se um velho ídolo não houvesse formado um grande time. O ano de 2005 teve no técnico Givanildo Oliveira o grando trunfo dos tricolores. A equipe não viu adversários em Pernambuco e sagrou-se campeã sem a necessidade de uma final. Para completar, garantiu, até com certa facilidade um novo acesso à Série A.

O que poderia marcar um novo renascimento, outra vez, transformou-se em desastre, só que, desta vez, sem precedentes. Em 2006, o Santa fez uma campanha pífia no Brasileiro. No ano seguinte, naufragou na Série B e, pela primeira vez, viu-se obrigado a disputar a terceira divisão do futebol brasileiro.

As coisas pioraram em 2008, quando o time não passou da segunda fase na Terceirona com uma desastrosa administração de Édson Nogueira, que, dois anos antes, era carregado em triunfo pela torcida como o primeiro presidente eleito por um grupo de oposição.

Retomada da credibilidade começa em 2009

Do JC OnLine

Com o clube à beira da falência, as principais lideranças saíram à caça de alguém que trouxesse de volta a credibilidade. E o nome não veio dos meios futebolísticos e sim do cenário político. O ex-prefeito de Petrolina e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, foi o escolhido. Um novo grupo de trabalho foi formado e várias metas estipuladas, tendo como primeiro plano de ação a recuperação da estrutura física.

O estádio do Arruda passou por ampla reforma, todo gramado foi retirado e replantado. Uma nova iluminação foi instalada, assim como banheiros e entradas do José do Rego Maciel. Uma dívida de conta de luz astronômica foi renegociada e o tricolor entrou em 2009 de "cara nova".

No futebol, havia menos de um time no elenco, a diretoria de futebol foi profissionalizada e os atletas chegando. Até agora, a equipe luta pelo primeiro turno do Estadual, mas o grande desfio será a classificação e uma campanha vitoriosa na recém-criada Série D.

Veja a relação de glórias tricolores

Confira algumas das principais conquistas do Santa Cruz:

Nacionais
Vice-Campeonato Brasileiro Série B: 2 vezes (1999 e 2005).

Regionais
Torneio Norte-Nordeste: 1967
Vice-campeonato da Copa Norte-Nordeste: 3 vezes (1948, 1991 e 1999).

Estaduais
Campeonato Pernambucano 24 vezes (1931, 1932, 1933, 1935, 1940, 1946, 1947, 1957, 1959, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1976, 1978, 1979, 1983, 1986, 1987, 1990, 1993, 1995 e 2005).
Vice-Campeonato Pernambucano: 30 vezes (1915, 1916, 1917, 1918, 1920, 1921, 1929, 1934, 1936, 1937, 1938, 1939, 1943, 1949, 1953, 1960, 1962, 1974, 1980, 1984, 1985, 1989, 1996, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2006).
Copa Pernambuco: 2008.
Torneio Início: 12 vezes (1919, 1926, 1937, 1939, 1946, 1947, 1954, 1956, 1969, 1971, 1972 e 1976).
Taça Recife: 1971.

Torneios internacionais
Torneio da Amizade: 1995.
Torneio Vinausteel (Vietnã) 2003.
Fita Azul Internacional: 1980.

Torneios regionais
Torneio Pernambuco/Bahia: 1961.
Taça Pernambuco/Paraíba: 1961.

Torneios estaduais
Taça Refinaria: 1995.
Taça Recife: 1971.
Torneio de Verão Cidade do Recife: 1997

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