A demora de quase duas horas e meia entre o início e o fim da primeira reunião da equipe de trabalho do futuro presidente do Santa Cruz, Fernando Bezerra Coelho, realizada ontem à noite, já era um sinal que as coisas não estavam caminhando a contento. A suspeita foi confirmada pelo próprio Bezerra Coelho: “Não sabemos quanto devemos nem a quem devemos”.
Foi esta a primeira frase do próximo mandatário coral ao se dirigir à imprensa. De acordo com ele, as dívidas previdenciárias, fiscais e trabalhistas do tricolor, que giram em torno de R$ 40 milhões, não são os maiores problemas, mas sim os débitos sem registros apontados pela auditoria instalada por Bezerra Coelho assim que lançou sua candidatura à presidência coral no biênio 2009/10.
“As primeiras informações da auditoria não são positivas, pois existem várias transações financeiras nos quais os registros são precários, tanto de despesa como de receita. Por isso mesmo, não temos como fazer um balanço agora sobre as dívidas do clube. Vamos estender a auditoria por mais 120 dias e fazer uma revisão de todos os contratos assinados pelo clube”, enfatizou FBC.
Ainda de acordo com o futuro presidente, esse déficit “invisível” gira em torno de R$ 20 milhões. “Vamos propor o parcelamento de tudo o que estiver legalmente registrado, assim como foi com a Celpe. O dinheiro que vai entrar para o Santa Cruz será para a recuperação da estrutura física do estádio do Arruda e para a formação do time para a disputa das competições da próxima temporada”, disse Bezerra Coelho.
Uma das fontes de receita vislumbrada por FBC é um Fundo de Investimento, que será administrado por uma instituição financeira. “Ainda estamos definindo o valor desse Fundo, se R$ 15, R$ 30 milhões. Amanhã (hoje) vamos entrar em mais detalhes na apresentação do Conselho Consultivo Empresarial”, afirmou.
Os nomes dos 10 empresários que vão formar este Conselho, que terá a missão de prestar uma assessoria na formatação do novo modelo de gestão do Santa Cruz, serão anunciados hoje, em um jantar de adesão (R$ 40) no restaurante Boi Preto, no Pina, às 19h.
PRIORIDADESApós a posse, dia 7 de outubro, uma prioridade será o pagamento de um folha dos funcionários – os do futebol estão há seis meses sem receber, enquanto os do administrativo há nove. Depois, será instituído um cronograma para equacionar os atrasados. O outro “incêndio” a ser apagado com urgência será o pagamento dos salários dos atletas formados nas divisões do Santa. Isso porque, se a dívida chegar a três meses, os jogadores podem acionar o Santa na Justiça e conseguir a liberação contratual. O tricolor vai completar dois meses de atraso – o gasto mensal com o pessoal da casa é aproximadamente R$ 25 mil.
ARRUDAPresente à reunião, o futuro presidente da Comissão Patrimonial, José Augusto de Paula, adiantou que pretende deixar o estádio José do Rego Maciel de “cara nova” em 90 dias. “A partir do dia 30 (terça-feira), vamos definir um cronograma para a recuperação do Arruda. A prioridade, é claro, é o complemento da reforma do anel superior (que esteve interditado durante a Série C), a manutenção do anel inferior e a recuperação da iluminação, gramado, banheiros e vestiários”, disse Augusto. No entanto, ele confessou que ainda não tem um orçamento das obras. “Vamos usar a criatividade e contar com o apoio da torcida.”
Lista do novo Conselho Deliberativo é divulgadaA lista completa com os 250 membros do novo Conselho Deliberativo do Santa Cruz tornou-se pública. São 73 conselheiros beneméritos e 177 efetivos, que serão eleitos com o presidente Fernando Bezerra Coelho na aclamação da próxima terça-feira (30), já que ele é candidato único à presidência para o biênio 2009/10. A posse acontece no dia 7 de outubro.
Como já era previsto, o enxugamento – o órgão tinha 420 integrantes – não agradou a todo mundo. O ex-presidente Romero Jatobá Filho, Romerito, defendia um Deliberativo com 500 pessoas. “A nossa proposta era formar um Conselho com 500 membros, mas a proposta do futuro presidente foi trabalhar com um número menor para ter mais controle e vamos torcer para que tudo dê certo. Ele (Fernando Bezerra Coelho) está cheio de boas intenções e vamos nos colocar à disposição para ajudar”, disse Romerito.
A alegação de Romerito é que alguns ex-presidentes, que tinham algumas indicações para o Conselho, não foram atendidos. Foram os casos de Jonas Alvarenga, Mariano Matos e José Nivaldo de Castro. “O empresário (do ramo de material cirúrgico) Esequiel dos Santos, por exemplo, que ajudou bastante na minha gestão e na de Edinho, está como suplente”, exemplificou Romerito. Outras ausências sentidas foram do atual presidente da Comissão Patrimonial, João Braga, e dos diretores de futebol Jomar Rocha e Constantino Júnior. Edson Nogueira e Alexandre Ferrer, presidentes do executivo e do Deliberativo, respectivamente, estão entre os 177 conselheiros efetivos.